Em razão do
processo (1)
proposto (de
ranço religioso)
no Supremo
Tribunal Federal
contra o artigo
que trata da
manipulação de
células-tronco
embrionárias
para fins
terapêuticos,
defendemos o
argumento de que
a ciência e o
direito à vida
precisam
prevalecer sobre
a religião na
decisão final.
Ressaltamos, por
oportuno, que a
Secretaria
Especial dos
Direitos Humanos
da Presidência
da República
ratificou a
decisão do
Congresso
Nacional, que
aprovou, por
ampla maioria de
deputados e
senadores, a
permissão de
pesquisas com
células-tronco
embrionárias no
Brasil. É
importante
frisar, também,
que “defender
a liberação das
pesquisas com
células-tronco
embrionárias
para fins
terapêuticos
mais do que um
posicionamento
técnico-científico
é a defesa dos
Direitos
Humanos, da
Dignidade da
Pessoa Humana”.
(2)
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Essas células
são conhecidas
pela sigla ES,
do inglês
embryonic stem
cells
(células-tronco
embrionárias).
Esse sonho
biotecnológico
tornou-se um
pouco mais real
em 1998, quando
o biólogo James
Thomson
(foto) e sua
equipe
conseguiram, na
Universidade de
Wisconsin
(Estados
Unidos),
imortalizar
células ES de
embriões
humanos.
Lembrando ao
amigo leitor
que o Congresso
dos Estados
Unidos autorizou
recentemente
o uso
de
células
ES
humanas nas
pesquisas
|
financiadas
pelo
National
Institutes
of Health
(NIH). |
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O geneticista
Oliver Smithies
(foto), de
82 anos, prêmio
Nobel de
Medicina e
Fisiologia em
2007, tem
alertado que o
Brasil deve
acelerar o
processo de
pesquisas com
células-tronco,
a começar pela
liberação da lei
em discussão no
Supremo Tribunal
Federal (STF).
Caso contrário,
ficará para trás
no processo
científico
mundial.
Smithies
trabalha com
células-tronco
há mais de 20
anos. Afirmou
ontem, em São
Paulo, que “um
país, que não tomar parte nas
pesquisas
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com células-tronco
embrionárias,
perderá a
oportunidade de
oferecer sua
contribuição à
humanidade”. Com
sua experiência
de 60 anos como
biólogo
molecular,
disse, ainda,
que “Existe
muita discussão
sobre matar
embriões. Mas,
na verdade,
trata-se de
preservar a vida
do embrião.” O
cientista
acredita que os
primórdios de
qualquer campo
de pesquisa
costumam ser
controversos,
mas, com o
tempo, as
restrições,
inclusive
religiosas,
tendem a
diminuir e
desaparecer. (3) |
Segundo
pesquisas,
existem no
Brasil 3.219
embriões
congelados
há mais de três
anos
Sobre pesquisa
com
células-tronco
embrionárias, as
informações
instrutivas dos
Benfeitores
Espirituais não
são abundantes.
Porém,
reconhecemos que
o projeto
demonstra o
esforço da
ciência humana.
Para quem não
sabe, “as
pesquisas com
células-tronco
só poderão ser
realizadas se
elas forem
obtidas através
de fertilização
in vitro e
estiverem
congeladas há
mais de três
anos”. (4) O
censo realizado
pela SBRA
(Sociedade
Brasileira de
Reprodução
Assistida)
revela a
existência de
9.914 embriões
congelados nas
15 maiores
clínicas
brasileiras de
reprodução.
Desses, 3.219
estão congelados
há mais de três
anos, critério
essencial para a
utilização em
pesquisas com
células-tronco (CTs)
embrionárias
aprovado pela
Lei de
Biossegurança.
Colocado o
assunto
controverso, uma
questão se
apresenta:
teriam os
embriões
congelados, nos
quais se
encontram as
células-tronco
embrionárias,
potencial de
vitalidade que
não se pode
transformar?
Alguns crêem ser
um "aborto", mas
não percorremos
nessa direção.
Segundo os
cientistas,
seriam usados,
apenas, embriões
descartados
pelas clínicas
de fertilização
e que, mesmo se
implantados no
útero de uma
mulher,
dificilmente
resultariam em
uma gravidez.
Portanto,
embriões que,
provavelmente,
nunca se
desenvolverão.
Seguindo nosso
argumento sobre
a relação corpo
físico/Espírito,
temos a pergunta
356, em “O Livro
dos Espíritos”,
cuja resposta
esclarece o
seguinte: “há
corpos que
jamais
tiveram um
Espírito
designado”, ou
seja, há corpos
físicos que se
desenvolvem sem
que haja a
finalidade da
reencarnação.
(5) Se há um
planejamento
reencarnatório
com o concurso
de Espíritos
superiores, por
que eles iriam
designar um
Espírito, com
provas a
cumprir, a um
conjunto de
células que
seria, apenas,
matéria orgânica
e que não teria,
em sua
finalidade, a
evolução da
gestação?
Se constitui um
conjunto de
células amorfas,
descartado após
algum tempo,
então, devemos
repensar essa
aversão mórbida
às
transformações,
que podem ser
operadas com os
embriões
congelados. Por
bom senso
doutrinário,
utilizar
células-tronco
embrionárias,
nesse sentido,
não será uma
afronta às Leis
naturais, mas
uma enorme
contribuição
científica para
a Humanidade,
possibilitando
melhorar a vida
física dos seres
reencarnados.
Kardec desejava
um Espiritismo
que caminhasse
pari passu
com a Ciência e
não um
Espiritismo
estático, como
acontece com
algumas
religiões. Não
se pode
encabrestar a
Ciência. Quanto
à neurastenia
sobre o uso
impróprio das
células-tronco
embrionárias,
mantenhamos a
calma, pois a
Ciência,
colaboradora
inconteste do
progresso,
saberá lidar
cada vez melhor
com as técnicas
que envolvem o
tema.
Há diferença
entre
células-tronco
embrionárias e
células-tronco
adultas
no tratamento de
um paciente
As
células-tronco
embrionárias têm
grande potencial
de formar todos
os tecidos
humanos. Elas
podem ser
retiradas dos
embriões
excedentes,
daqueles
descartados
pelas clínicas
de fertilização,
por não terem
qualidade para
implantação ou
por terem sido
congelados por
muito tempo e
aproveitadas
pela técnica de
clonagem
terapêutica. A
clonagem
terapêutica,
muitas vezes
confundida com
terapia celular,
é a
transferência de
núcleos de uma
célula para um
óvulo sem
núcleo. Ela nada
mais é do que um
aprimoramento
das técnicas,
hoje, existentes
para culturas de
tecidos, que são
realizadas há
décadas.
As
células-tronco
são
classificadas
como:
totipotentes ou
embrionárias (são
as que conseguem
se diferenciar
em todos os 216
tecidos -
inclusive a
placenta e
anexos
embrionários que
formam o corpo
humano);
pluripotentes
(6) ou
multipotentes (são
as que conseguem
se diferenciar
em quase todos
os tecidos
humanos, menos
placenta e
anexos
embrionários);
oligopotentes (aquelas
que conseguem
diferenciar-se
em poucos
tecidos) e
unipotentes (as
que conseguem
diferenciar-se
em um único
tecido).(7)
Cabe aqui
explicar que há
diferença entre
células-tronco
embrionárias e
células-tronco
adultas no
tratamento de um
paciente. As
células adultas
têm uma
capacidade
limitada de se
transformarem em
tecidos. Já as
células
embrionárias
podem dar origem
a todos os
tecidos do corpo
humano.
Concluo, fazendo
minhas as
palavras de meu
amigo Astolfo
Olegário: “É
preciso
considerar que
todas as
opiniões sobre o
tema são
opiniões
pessoais; não
são posições da
Doutrina
Espírita. Mas,
considerando
como são
formados os
embriões
resultantes da
fertilização in
vitro, é-nos
difícil entender
que a todos eles
estejam ligados
Espíritos, visto
que, para um
mesmo casal,
produzem-se
diversos
embriões – 6, 8
ou mais –, dos
quais alguns são
implantados e os
outros mantidos
em baixíssima
temperatura. Se
tudo correr bem
na gestação, é
comum que os
embriões
congelados sejam
esquecidos e,
por conseguinte,
jamais
utilizados. Em
alguns países,
como a
Inglaterra, a
lei estipula um
prazo, findo o
qual eles são
eliminados.
Esses são os
dados postos na
mesa. Mas, seja
qual for a
opinião que
tenhamos, é
preciso deixar
claro que não se
trata de uma
posição do
Espiritismo, e
sim uma opinião
pessoal que será
futuramente
confirmada ou
não pelos fatos”.(8)
Referências:
1. A
ação pede a
exclusão do
artigo 5º da Lei
de
Biossegurança. O
artigo permite a
utilização em
pesquisas de
células-tronco
embrionárias
fertilizadas in
vitro e não
utilizadas.
2. Barone,
Alexandre, “A
proximidade de
uma esperança
adiada”, artigo
disponível em<http://www.olhardireto.com.br/artigoseopinioes/artigo.asp?cod=1714>acesso
em 11/03/2008-
Barone é
presidente do
Conade -
Conselho
Nacional dos
Direitos da
Pessoa Portadora
de Deficiência.
3. Disponível emhttp://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL344213-5598,00-USO+DE+CELULASTRONCO+PRESERVA+A+VIDA+DIZ+NOBEL.htmlacesso
em 21/3/08.
4. Revista
Veja editada
em 03 de Março
de 2005.
5. Kardec,
Allan. O
Livro dos
Espíritos,
Rio de
Janeiro:Ed. FEB,
2001, perg. 356.
6. As
células-tronco
embrionárias são
denominadas
pluripotentes,
porque podem
proliferar
indefinidamente
in vitro sem se
diferenciar, mas
se diferenciam
se forem
alteradas as
condições de
cultivo.
7. As
células-tronco
totipotentes e
pluripotentes
(ou
multipotentes)
só são
encontradas nos
embriões.
8. Nota de
Astolfo O. de
Oliveira Filho,
Diretor de
Redação da
Revista O
Consolador
Ano 1 - N° 48 -
23 de março de
2008 - In
Cartas.