MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Obreiros da Vida Eterna
(9a
Parte)
André Luiz
Damos continuidade ao
estudo da obra
Obreiros da Vida Eterna,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e publicada em 1946 pela
editora da Federação
Espírita Brasileira, a
qual integra a série
iniciada com o livro
Nosso Lar.
Questões preliminares
A. Como explicar que um
instituto como a Casa
Transitória de Fabiano
pudesse alçar vôo a tão
grande altura?
R.: Padre Hipólito
explicou a André Luiz
que, ali, eles se
encontravam noutros
domínios vibratórios. "As
leis da matéria densa,
nossas velhas conhecidas
da Crosta Planetária"
– disse Hipólito –, "não
são as que presidem aos
fenômenos da matéria
quintessenciada que nos
serve de base às
manifestações também
transitórias." "A
matéria e as leis, em
nosso plano, permanecem
bastante diferenciadas,
embora emanem da mesma
Origem Divina",
acentuou o padre.
(Obreiros da Vida
Eterna, cap. 10, pp. 157
a 159.)
B. No atendimento aos
sofredores que pedissem
abrigo, como os
socorristas sabiam quem
reunia as condições de
transformação moral
necessárias?
R.: Foi o instrutor
Jerônimo quem dirimiu
essa dúvida explicando
que os sofredores já
modificados para o bem
apresentam círculos
luminosos
característicos em torno
de si mesmos, logo que
concentrem suas forças
mentais no esforço pela
própria retificação. Os
outros, os impenitentes
e mentirosos
sistemáticos, ainda que
pronunciem comovedoras
palavras, não apresentam
esses sinais e, devido a
isso, permanecem
confinados nas nuvens de
treva que lhes cercam a
mente endurecida no
crime. (Obra citada,
cap. 10, pp. 159 a 166.)
C. Que espécie de
energia permitiu que a
Casa Transitória se
movimentasse com êxito,
fugindo assim ao fogo
devorador?
R.: A Casa Transitória,
para movimentar-se com
êxito, não necessitava
apenas de forças
elétricas, mas também
das emissões
magnético-mentais dos
cooperadores presentes,
as quais atuariam como
reforço no impulso
inicial de subida. A
oração e a leitura de um
Salmo foram recursos
utilizados com tal
propósito. Diz então
André Luiz que a leitura
do Salmo ia em meio
quando o instituto, qual
vigorosa embarcação
aérea, principiou a
elevar-se. (Obra
citada, cap. 10, pp. 167
a 171.)
D. Em que consistiria a
tarefa socorrista a ser
realizada na Crosta pelo
grupo liderado por
Jerônimo?
R.: A tarefa do grupo
consistiria em prestar
assistência a cinco
amigos prestes a se
desfazerem dos elos
corporais e a Casa
Transitória seria o seu
principal ponto de
referência no trabalho.
(Obra citada, cap.
11, pp. 172 a 181.)
Texto
para leitura
61. A
imperfeição dos sentidos
humanos
- Como fora avisado, a
Casa Transitória deveria
alçar vôo no dia
seguinte, para fugir da
área de alcance do fogo
purificador. Era
interessante saber que
aquele instituto poderia
voar a grande altura.
Padre Hipólito explicou
a André Luiz que, ali,
eles se encontravam
noutros domínios
vibratórios. "As leis
da matéria densa, nossas
velhas conhecidas da
Crosta Planetária" –
disse Hipólito –, "não
são as que presidem aos
fenômenos da matéria
quintessenciada que nos
serve de base às
manifestações também
transitórias."
Somente àquela época
()
é que os homens
começavam a perceber
determinados problemas
inerentes à energia
atômica. Entretanto, as
descargas elétricas do
átomo etérico ensejavam
ali realizações quase
inconcebíveis à mente
humana. Isso não era
para causar surpresa,
porque, na verdade, o
homem comum conhece
apenas, por enquanto,
uma oitava parte do
plano onde vive. Sua
vidência e sua audição
são excessivamente
limitadas. Em se
tratando das cores, por
exemplo, a maioria das
pessoas nada enxerga
além das últimas cinco
(azul, verde, amarelo,
laranja e vermelho), não
percebendo o índigo e o
violeta. Há, porém,
outras cores no
espectro,
correspondentes a
vibrações para as quais
o olho humano não possui
capacidade de sintonia:
os raios infravermelhos
e ultravioletas podem
ser identificados, mas
não vistos. O mesmo se
dá com a audição. O
ouvido humano assinala
apenas os sons que se
enquadram na tabela de
"16 vibrações sonoras a
40.000 vibrações por
segundo": as ondas mais
lentas ou mais rápidas
escapam-lhe totalmente.
Desse modo, os
movimentos de trabalho
no plano espiritual não
podem ser vistos com a
mesma deficiência de
exame de que o homem se
vale na Crosta. "A
matéria e as leis, em
nosso plano, permanecem
bastante diferenciadas,
embora emanem da mesma
Origem Divina",
acentuou o padre. (Cap.
10, pp. 157 a 159)
62. De repente, um
clarão varou o nevoeiro
- Chamava a atenção de
André o esforço hercúleo
que os trabalhadores da
Casa Transitória faziam
para o deslocamento do
instituto. "A tarefa
exigia decisão e boa
vontade, assombrando o
ânimo mais forte",
observou André Luiz.
Todo o pessoal
disponível fora
convocado ao trabalho
dos motores e os
Espíritos visitantes
foram convidados a
auxiliar nas defesas
magnéticas. As faixas de
defesa não eram ali
altas e verticais, como
nas fortificações
terrestres, mas
horizontalmente
estendidas, formadas de
substância escura, e
emitiam forças elétricas
de expulsão num raio de
cinco metros de largura,
aproximadamente,
circulando toda a casa.
Focos de luz permaneciam
acesos. O serviço dos
vigilantes era velar
pelo funcionamento
regular dos aparelhos
geradores de energia
eletromagnética,
destinados à emissão
constante de forças
defensivas, além de
receber todos os
sofredores que se
apresentassem renovados,
facultando-lhes ingresso
ao pátio interno. André
estava, porém,
intrigado: Como saber se
os transviados que se
aproximassem do
instituto reuniam as
condições de
transformação moral
necessárias? Jerônimo o
socorreu explicando: "Os
sofredores, já
modificados para o bem,
apresentarão círculos
luminosos
característicos em torno
de si mesmos, logo que,
estejam onde estiverem,
concentrem suas forças
mentais no esforço pela
própria retificação. Os
outros, os impenitentes
e mentirosos
sistemáticos, ainda que
pronunciem comovedoras
palavras, permanecerão
confinados nas nuvens de
treva que lhes cercam a
mente endurecida no
crime". O
esclarecimento era
bastante significativo:
André compreendia mais
uma vez a grandeza da
purificação
consciencial, em lugar
dos protestos
verbalísticos que se
fazem através dos jogos
brilhantes da palavra. E
ele meditava tranqüilo
sobre o assunto quando
indescritível choque
atmosférico abalou o céu
escuro. Um clarão de
terrível beleza varou o
nevoeiro de alto a
baixo, oferecendo, por
um instante, assombroso
espetáculo. Era ele
diferente do relâmpago
conhecido na Crosta: a
tormenta de fogo ia
começar, metódica e
mecanicamente. Jerônimo
informou então que
aquilo era o primeiro
aviso da passagem dos
desintegradores. De
fato, à distância de
muitos quilômetros,
viam-se os clarões da
fogueira ateada pelas
faíscas elétricas na
desolada região. (Cap.
10, pp. 159 a 161)
63. Entidades
maléficas cercam o
instituto -
Decorridos alguns
minutos, chegaram novos
reforços para a guarda.
Todos os servos do bem
em trânsito na Casa
Transitória foram
chamados a cooperar na
vigilância. O instituto
socorrista deveria
partir dentro de quatro
horas e nesse tempo
seria grande o número de
infortunados que
buscariam abrigo. Em
seguida, novo trovão
ribombou nas alturas. O
fogo riscou em diversas
direções, muito longe
ainda, mas André teve a
nítida impressão de que
a descarga elétrica não
se detivera na
superfície. "Penetrara
a substância sob nossos
pés, porque espantoso
rumor se fez sentir nas
profundezas",
observou André Luiz, que
parecia intranqüilo
diante daquele fenômeno.
Jerônimo procurou
tranqüilizá-lo
explicando que o
trabalho dos
desintegradores
etéricos, invisíveis aos
seus olhos, tal a
densidade ambiente,
evitava o aparecimento
das tempestades
magnéticas "que
surgem, sempre, quando
os resíduos inferiores
de matéria mental se
amontoam excessivamente
no plano". O
instituto entrou, a
partir de então, em fase
anormal de trabalho.
Servidores iam e vinham,
apressados. Dentro,
ultimavam-se as
derradeiras medidas
relativas ao vôo próximo
e organizavam-se
acomodações para os
necessitados que
chegariam em bando.
Aparelhos de comunicação
funcionavam em ritmo
acelerado, anunciando o
fato, em direções
várias, avisando
peregrinos da
espiritualidade
superior, a fim de não
se aproximarem da zona
sob regime de limpeza.
Sucederam-se outros
ribombos ameaçadores,
despejando fogo na
superfície e energias
revolventes no interior
do solo. Ondas maciças
de sofredores aterrados
começaram, então, a
alcançar as defesas. Era
dolorosa a contemplação
da turba amedrontada que
clamava por socorro,
enquanto alguns
ameaçavam os servidores
do abrigo, dizendo que
iriam tomá-lo à força.
Ao atingirem, no
entanto, as faixas
horizontais, eles
recuavam espavoridos. Os
sofredores, a seu turno,
não podiam ser
recolhidos, porque
exibiam escuros círculos
de treva em torno de si.
E o quadro exterior
tornava-se ainda mais
dramático, porque
fogueiras enormes
dilatavam-se em direções
diversas e raios
fulgurantes eram
metodicamente despejados
do céu, exigindo vasta
dose de paciência de
todos para conter a
multidão furiosa. (Cap.
10, pp. 161 a 164)
64. A
importância da renovação
para o bem
- Impressionavam a todos
as formas monstruosas e
miseráveis que se
arrastavam vestidas de
sombra, quando começaram
a chegar entidades
aureoladas de luz.
Trajavam farrapos, mas
traziam comovedores
sinais de sofrimento.
Desejando isolar a mente
das centenas de
revoltados que ali se
congregavam em ativo
movimento de
insurreição,
contemplavam o Alto e
cantavam hinos de
reverência ao Senhor, em
regozijo da própria
renovação, cânticos
esses abafados pela
algaravia dos rebeldes
agitados. Formavam
agrupamentos de
formosura singular!
Sublimes quadros de
paraíso, no inferno de
atrozes padecimentos!
Vinham de mãos
entrelaçadas, como a
permutar energias, a fim
de que se lhes
aumentasse a força para
a salvação, no minuto
supremo da batalha. Esse
processo de troca
instintiva dos valores
magnéticos infundia-lhes
prodigiosa renovação de
poder, porquanto
levitavam, sobrepondo-se
ao desvairado
ajuntamento. Sua fronte
era emoldurada por belos
círculos de luz, com
brilho mais ou menos
uniforme. Enquanto tipos
sinistros lhes dirigiam
insultos, elas cantavam
hosanas ao Cristo,
entoando louvores que,
de certo modo, lembravam
os júbilos dos primeiros
cristãos flagelados nos
circos romanos. Para se
recolherem na Casa
Transitória,
necessitavam passar
rente aos vigilantes,
que lhes abriam passagem
prazerosamente.
Entretanto, para
alcançarem o átrio da
instituição, eram
compelidas à quebra da
corrente de energias
magnéticas recíprocas,
mantendo-se de mãos
separadas, e os
recém-chegados, em sua
maioria,
desvencilhando-se uns
dos outros, tombavam
enfraquecidos após
prolongado esforço, logo
aos primeiros passos na
região interna do
instituto,
assemelhando-se às aves
esgotadas em laboriosa
excursão, depois de
atingirem o objetivo...
Enfermeiros e macas
estavam, porém, a
postos, para os socorros
imediatos. As quatro
horas se escoaram
penosamente, exigindo
ingentes esforços de
todos, que contemplavam
lá fora vultos aflitos e
genuflexos em súplicas
comovedoras, em estranho
contraste com a condição
mental em que se
mantinham, a
impossibilitar-lhes o
socorro imediato. A
paisagem, nesses
instantes finais, era
ainda mais sufocante,
mais terrível...
Serpentes de fogo caíam
do céu e penetravam o
solo, que começou a
tremer. O calor era
asfixiante. Quando tudo
fazia supor não
houvesse, nas
vizinhanças, entidades
em condições de serem
socorridas, soou a
clarinada equivalente ao
toque de recolher e os
vigilantes, abandonando
os aparelhos de defesa,
afastaram-se apressados
em direção ao interior
da Casa Transitória.
(Cap. 10, pp. 164 a 166)
65. A
Casa Transitória alça
vôo a um lugar diferente
- Sorvedouros de chamas
surgiam próximos, e
tamanha gritaria se
verificava em derredor,
que se tinha perante os
olhos perfeita imagem de
vasta floresta
incendiada, a desalojar
feras e monstros de
furnas desconhecidas.
Quando os motores foram
ligados, viu-se que lá
fora espessos bandos de
entidades perversas
tentavam ainda romper os
obstáculos, para invadir
o abrigo prestes a
partir. André Luiz
estava aflito. Ele temia
também a queda contínua
de faíscas flamejantes,
que poderiam atingir a
organização. Dentro do
instituto reinava,
porém, absoluta ordem.
Os sofredores foram
alojados em acomodações
simples, mas
confortadoras. As portas
de acesso fácil ao
interior foram
hermeticamente fechadas.
Zenóbia reuniu os
servidores na sala
consagrada à oração e
esclareceu que a Casa
Transitória, para
movimentar-se com êxito,
não necessitava apenas
de forças elétricas, mas
também das emissões
magnético-mentais dos
cooperadores presentes,
as quais atuariam como
reforço no impulso
inicial de subida.
Zenóbia fora breve e,
com exceção dos
companheiros que se
dedicavam a assistir os
recolhidos e dos que
cuidavam da maquinaria
em funcionamento, todos
se concentraram na
câmara da prece,
enquanto lá fora rugiam
os elementos em atrito.
Zenóbia, após convidar
os companheiros a
transfundir vibrações
mentais, em
reconhecimento ao
Senhor, abriu a Bíblia e
leu o Salmo 104, em voz
alta, pausada e solene.
A leitura do Salmo ia em
meio quando o instituto,
qual vigorosa embarcação
aérea, principiou a
elevar-se. No Salmo
referido há uma curiosa
referência ao fogo
devorador, de que o
Senhor às vezes se vale,
o que prova que o
salmista conhecia os
mecanismos daquele
estranho fenômeno... A
casa Transitória, que se
deslocara vagarosamente
no início, pôs-se depois
em movimento rápido, em
sentido vertical, por
quase uma hora,
alcançando uma região
clara e brilhante, onde
o Sol mostrava-se com
toda a sua majestade. A
fase perigosa havia
passado e, desde esse
momento, a instituição
movimentou-se em sentido
horizontal, viajando
sobre os elementos do
plano. Das pequenas
janelas, os servidores
contemplavam as
coloridas auréolas do
fogo devorador. Todos
conversavam agora
animadamente. Foi quando
André declarou que "se
os homens encarnados
entendessem a beleza
suprema da vida! se
aprendessem,
antecipadamente, algo
dos horizontes sublimes
que se nos apresentam
depois da morte do
corpo, certamente
valorizariam, com mais
interesse, o tempo, a
existência, o
aprendizado!" Algum
tempo depois, a Casa
Transitória começou a
descer suavemente,
retornando ao círculo de
substância densa, embora
menos pesada e menos
escura. Haviam sido
gastas na viagem três
horas e trinta e cinco
minutos. (Cap. 10, pp.
167 a 171)
66. O carinho do
plano espiritual pelo
obreiro fiel -
Jerônimo e seus pupilos,
conduzindo equipamento
indispensável ao
trabalho, rumaram em
direção à Crosta. A
tarefa do grupo
consistiria em prestar
assistência a cinco
amigos prestes a se
desfazerem dos elos
corporais, e a Casa
Transitória seria o seu
principal ponto de
referência no trabalho.
Jerônimo, a uma pergunta
de André, esclareceu que
nem todas as criaturas
precisam de amparo
direto na desencarnação.
reencarnações e
desencarnações, de modo
geral, obedecem
simplesmente à lei. Há
princípios biogenéticos
orientando o mundo das
formas vivas ao ensejo
do renascimento físico,
e princípios
transformadores que
presidem aos fenômenos
da morte, em obediência
aos ciclos da energia
vital, em todos os
setores de manifestação.
Nos múltiplos círculos
evolutivos há
trabalhadores para a
generalidade.
Entretanto, o Assistente
informou, "assim como
existem cooperadores que
se esforçam mais
intensamente nas
edificações do progresso
humano, há missões de
ordem particular para
atender-lhes as
necessidades". Não
se trata de prerrogativa
injustificável, nem de
compensações de favor. O
fato revela tão-somente
ordenação de serviços e
aproveitamento de
valores. "Se
determinado colaborador
demonstra qualidades
valiosas no curso da
obra, merecerá, sem
dúvida, a consideração
daqueles que a
superintendem,
examinando-se a extensão
do trabalho futuro. No
plano espiritual,
portanto, muito grande é
o carinho que se
ministra ao servidor
fiel...",
acrescentou Jerônimo. O
principal objetivo seria
preservar o Espírito
devotado da ação
maléfica dos elementos
destruidores, que
insuflam o desânimo e o
desestímulo entre as
criaturas. André Luiz
achou que havia nisso
certa contradição,
porquanto na Terra as
criaturas de mais subido
valor moral, que
conhecera, eram
constantemente
assediadas pelo mal,
lembrando que isso
ocorrera também com os
discípulos de Jesus e
com o próprio Mestre...
Jerônimo replicou
dizendo que a concepção
humana do socorro divino
é viciada há muitos
séculos. Muitos aguardam
estimam e entendimento,
mas desdenham servir,
estimar e entender,
quando não seja em
retribuição. "O
subsídio celeste
traduz-se por benditas
oportunidades de
trabalho e renovação;
chega, muitas vezes, ao
círculo da criatura,
como se foram gloriosas
feridas, magníficas
dores, abençoados
suplícios",
esclareceu o Assistente.
"O que quase sempre
parece sofrimento e
tentação, constitui
bem-aventurança
transformando situações
para o bem e para a
felicidade eterna."
(Cap. 11, pp. 172 a 174)
67. Visita aos
enfermos que se
despediam da Crosta
- O grupo foi levado
então por Jerônimo a
visitar os cinco
companheiros que
receberiam sua
assistência nos momentos
derradeiros da vida
terrestre. O primeiro a
ser visitado foi Dimas,
assíduo colaborador dos
serviços de assistência
ligados à colônia "Nosso
Lar", que desenvolvera
faculdades mediúnicas
apreciáveis na Terra,
colocando-se a serviço
dos necessitados e
sofredores. Residindo em
casa humilde em pequena
cidade do interior,
Dimas apresentava-se em
lamentáveis condições,
atacado de cirrose
hipertrófica. Como se
fizera credor feliz de
inúmeras dedicações,
pela renúncia com que
sempre se conduziu no
ministério do bem, era
chegado para ele o tempo
do descanso construtivo.
Quando o grupo penetrou
em seu quarto, Dimas se
apercebeu da presença
dos visitantes, através
da vidência mediúnica, e
animou-se sorrindo.
Devido ao
enfraquecimento físico,
o médium conseguia
deixar o aparelho
corporal com
extraordinária
facilidade. André Luiz
foi convidado a
aplicar-lhe passes
magnéticos de alívio e,
depois, o grupo
dirigiu-se à cidade do
Rio de Janeiro,
valendo-se da volitação.
Um cavalheiro na idade
madura, deitado em
pequeno divã,
apresentava os terríveis
sinais da tuberculose
adiantada. Era Fábio, um
companheiro que, desde a
juventude, sempre
colaborou com dedicação
nas obras do bem,
destacando-se como
ministrador de energias
magnéticas. Formosa
expressão de luz
aureolava a sua mente.
Quando o grupo chegou à
sua casa, ele conversava
com seus dois filhos,
que aparentavam seis e
oito anos,
respectivamente. O
assunto girava em torno
da morte e Fábio
explicava-lhes que
ninguém desaparece para
sempre por causa da
morte. Ele mesmo sentia
que em breve também
partiria... Um dos
meninos quis saber para
onde ele partiria e o
pai lhes disse: "Para
um mundo melhor que
este, para lugar, meu
filho, onde seu pai
possa ajudá-los num
corpo são, embora
diferente". E
acrescentou: "Possivelmente,
seremos até mais felizes",
recomendando às crianças
que demonstrassem
coragem e confiança em
Deus quando chegasse
esse momento, para que
ele, assim, ficasse mais
corajoso e confiante.
(Cap. 11, pp. 175 a 179)
68. O mérito da
pessoa independe de seus
títulos -
Jerônimo aproveitou o
ensejo para informar que
Fábio, consagrando-se há
muitos anos ao estudo
das questões
transcendentes da alma,
formara-se na academia
do esforço próprio, para
ser útil à obra dos
benfeitores espirituais.
Em casa, ele instituíra,
desde os primeiros dias
do matrimônio, o culto
doméstico da fé viva,
preparando a esposa, os
filhinhos e outros
familiares no
esclarecimento dos
problemas essenciais da
compreensão da vida
eterna. "Em virtude
da perseverança no bem
que lhe caracterizou as
atitudes, sua libertação
ser-lhe-á agradável e
natural. Soube viver
bem, para bem morrer",
esclareceu o Assistente
Jerônimo. Aproximando-se
do enfermo, André
percebeu que a
tuberculose minara-lhe
os pulmões, contudo,
embora o abatimento
natural, Fábio estava
tranqüilo e confiante. O
grupo dirigiu-se, em
seguida, a confortável
apartamento em moderno
edifício de elegante
bairro. No leito,
permanecia respeitável
senhora de idade
avançada, com evidentes
sinais de moléstia do
coração. Era a irmã
Albina, filiada a
organizações superiores
da colônia "Nosso Lar"
que, na Crosta,
desenvolvera grande
trabalho no seio da
Igreja Presbiteriana.
Viúva desde cedo, Albina
consagrou-se ao labor
educativo, formando a
infância e a juventude
no ideal cristão.
Via-se, desse modo, que
a bondade do Pai não
fazia distinção segundo
o rótulo ou os títulos
religiosos ou sociais
das criaturas. O que
importava era a
fidelidade ao bem,
independentemente dos
títulos e das
vinculações religiosas.
Jerônimo, aproximando-se
dela, tocou-lhe a fronte
com a destra e Albina,
feliz ao contacto
daquela mão bondosa e
acariciante, exclamou
para uma das
companheiras que a
assistiam: "Eunice,
dá-me a Bíblia. Desejo
meditar um pouco".
Ante os protestos da
filha, que queria que
ela descansasse, Albina
declarou: "A Palavra
do Senhor dá
contentamento ao
espírito, minha filha!"
Ajudada, sem saber, por
Jerônimo, a irmã abriu o
livro exatamente no cap.
11 do Evangelho de João,
alusivo à ressurreição
de Lázaro. Albina leu-o,
pausadamente, em alta
voz, comovendo-se com a
mensagem. (Cap. 11, pp.
179 a 181) (Continua
no próximo número.)