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Estudando as obras de Kardec
Ano 2 - N° 53 - 27 de Abril de 2008

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

A Revue Spirite de 1859

(9a Parte)

Allan Kardec
 

Continuamos o estudo da Revue Spirite correspondente ao ano de 1859. O texto condensado do volume citado será aqui apresentado em 10 partes, com base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

Questões preliminares

A. A prece é útil aos mortos?

Sim. A um dos assinantes da Revue, adepto do protestantismo, que disse a Kardec que em sua Igreja jamais se orava pelos mortos, porque o Evangelho não o ensina, Kardec respondeu afirmando que a prece é útil e agradável a todo aquele por quem é feita, e citou, a propósito, o Rev. Pe. Félix, que disse: “Se os mortos não têm o conhecimento claro das preces que por eles fazemos, é certo que sentem os seus salutares efeitos". (Revue Spirite, pp. 357 a 360.)

B. Nas mortes violentas a separação entre o corpo e o perispírito é mais rápida?

Não. Kardec diz que a separação entre o corpo e o perispírito se opera gradativamente, não de modo brusco, e nas mortes violentas e nos casos em que o indivíduo viveu mais a vida material do que a vida moral, a separação é mais lenta ainda, porque o apego à matéria retém a alma. (Obra citada, pp. 364 e 365.)

C. Em que se funda a metempsicose ensinada pelos Hindus?

Os Hindus pensam que as almas foram criadas felizes e perfeitas e depois se rebelaram, sendo as almas falidas obrigadas a reencarnar em corpos de animais. A metempsicose deles está, pois, fundada sobre o princípio da degra­dação das almas, enquanto que a reencarnação ensinada pelos Espíritos está fundada no princípio da progressão contínua. Para os Hindus, a alma começou pela perfeição para chegar à abjeção. Para o Espiritismo dá-se o contrário. (Obra citada, pp. 367 e 368.)

D. Que advertência à juventude foi feita pelo Espírito de Privat?

Esse Espírito, após deparar com a realidade da vida pós-morte, afirmou que os moços precisam de leituras sérias, lembrando que aquele que na primavera da vida só pensou no prazer prepara para mais tarde terríveis remorsos, visto que verá que os tempos perdidos jamais se recuperam. (Obra citada, p. 379.)

Texto para leitura

193. Pauline Roland escreve sobre os convulsionários de Saint-Médard e sobre as curas ali obtidas, atribuídas erradamente ao Espírito do padre François Pâris, até que as autoridades fechassem o cemitério em janeiro de 1732. Evocado, o padre Pâris explica que nada teve a ver com as curas e que os fenômenos cessaram porque Deus quis que terminassem, visto que haviam degenerado em abuso e escândalo. O meio foi a ordem da autoridade. (P. 348)

194. Em resposta ao crítico Oscar Comettant, Kardec diz que os Espíritos têm um corpo, um envoltório invisível, e é por esse intermediário semimaterial que agem sobre a matéria. (P. 352)

195. Kardec diz que se a crença em Deus se arraigasse no coração de todos, nada deveriam temer uns dos outros. Foi por isto que determinado sacerdote disse, a respeito da Doutrina Espírita: "O Espiritismo conduz à crença em alguma coisa. Ora, eu prefiro aqueles que acreditam em alguma coisa aos que em nada acreditam, pois estes não crêem nem mesmo na necessidade do bem". (P. 355)

196. O Espiritismo – ajunta Kardec – é a destruição do materia­lismo. É a prova patente e irrecusável daquilo que certas pessoas chamam futilidades, a saber: Deus, a alma, a vida futura feliz ou infeliz. (PP. 355 e 356)

197. Um dos assinantes da Revue, dizendo-se protestante, diz que em sua Igreja jamais se ora pelos mortos, porque o Evangelho não o ensina. Kardec responde afirmando que a prece é útil e agradável a todo aquele por quem é feita, e cita, a propósito, o Rev. Pe. Félix. (PP. 357 e 358)

198. "Se os mortos não têm o conhecimento claro das preces que por eles fazemos, é certo que sentem os seus salutares efeitos", afirma o Rev. Félix. (P. 359)

199. Kardec concorda e acrescenta que a prece pode até abreviar os so­frimentos. É que a prece real incita o Espírito ao arrependimento e desenvolve-lhe os bons sentimentos, animando-o a fazer o bem e a tornar-se útil, com o que poderá ele sair do atoleiro em que se encontra. (P. 360)

200. Um assinante da Revue relata um curioso fato de aparição em que o Espírito ignorava a própria desencarnação, passados mais de três meses. "Não consigo levantar nada", disse o Espírito. "Depois do sono que experimentei durante a doença, fiquei mudado: não sei mais onde me encontro; sinto-me num pesadelo." (P. 363)

201. Kardec esclarece que a separação entre o corpo e o perispírito se opera gradativamente, e não de modo brusco. Nas mortes violentas e nos casos em que o indivíduo viveu mais a vida material do que a vida moral, a separação é mais lenta, porque o apego à matéria retém a alma. (PP. 364 e 365)

202. Sr. Tug..., em nota comunicada à Sociedade Espírita de Paris, fala sobre a crença dos Hindus, que pensam que as almas tinham sido criadas felizes e perfeitas e depois se rebelaram, sendo as almas falidas obrigadas a reencarnar em corpos de animais. (PP. 367 e 368)

203. A metempsicose dos Hindus está fundada sobre o princípio da degradação das almas. A reencarnação ensinada pelos Espíritos está fundada no princípio da progressão contínua. Para os Hindus, a alma começou pela per­feição para chegar à abjeção. Para o Espiritismo dá-se o contrário. (P. 368)

204. A Sra. Ida Pfeiffer relata em Segunda Viagem ao Redor do Mundo um acontecimento interessante ocorrido em Java, na residência de Chéribon, onde os Espíritos apareciam e, à noite, choviam pedras de todos os lados, sem ferir a nenhum dos moradores. As autoridades fizeram de tudo para descobrir a causa dos fenômenos, que mesmo assim prosseguiram, até que o governador mandou demolir a casa. (PP. 368 e 369)

205. Evocada por Kardec, Ida Pfeiffer diz ter sido trazida ali, de súbito, sem o perceber, graças a um arrastamento irresistível. (Ver sobre o assunto os casos Dirkse Lammers e Michel François.) (PP. 369, 370 e 382)

206. Falando sobre os fatos de Java, Pfeiffer diz que as pedras eram transportadas pelos Espíritos, e seu objetivo foi atrair a atenção e fazer constatar um fato do qual se tinha de procurar a explicação. (P. 371)

207. Evocado cerca de 19 dias após sua morte, Privat d'Anglemont, conhecido homem de letras, não tinha ainda consciência clara de sua atual situação e não podia ver as coisas claramente como quando vivo. (P. 373)

208. Uma semana depois, ele estava melhor e disse que cada homem tem a sua missão na Terra. "Infeliz daquele que não a desempenha com fé!", acrescentou o Espírito. (P. 377)

209. Três semanas mais tarde, Privat fez uma advertência à juventude. Os moços precisam de leituras sérias, disse ele, lembrando que aquele que na primavera da vida só pensou no prazer, prepara para mais tarde terríveis remorsos, porque verá que os tempos perdidos jamais se recuperam. (P. 379)

210. Falando de si mesmo, o Espírito diz que suas ocupações são quase nulas, em virtude da vida que levou na Terra. "Aquilo que me parecia um prazer no vosso mundo – disse ele – é agora uma pena para mim." (P. 380)

211. O Espírito de Vicente de Paulo, após dizer que o amor é a lei da atração para os seres vivos e organizados, ensina que o Espírito, seja qual for o seu grau de adiantamento e a sua situação, seja numa reencarnação ou seja na erraticidade, está sempre colocado entre um superior, que o guia e aperfeiçoa, e um inferior, perante o qual tem os mesmos deveres. (P. 384)

212. O Espírito de Júlio César conta que teve que expiar suas faltas em várias existências miseráveis e obscuras e, da última vez que viveu na Terra, foi Luís IX. (P. 385)

213. O Espírito de São Basílio diz que aquele que pretender levantar uma barragem à marcha da verdade, será por ela arrastado inevitavelmente, qual uma criança ante um regato impetuoso e rápido. (P. 386)

214. O Espírito de São Lucas narra a parábola dos três cegos e a moeda do ouro, comparando a sociedade aos cegos e o Espiritismo ao ouro. (P. 387)  (Continua no próximo número.)  


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita