A Revue Spirite
de 1859
(9a Parte)
Allan Kardec
Continuamos o
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1859. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 10
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. A prece é útil aos
mortos?
Sim. A um dos assinantes
da Revue, adepto
do protestantismo, que
disse a Kardec que em
sua Igreja jamais se
orava pelos mortos,
porque o Evangelho não o
ensina, Kardec respondeu
afirmando que a prece é
útil e agradável a todo
aquele por quem é feita,
e citou, a propósito, o
Rev. Pe. Félix, que
disse: “Se os mortos
não têm o conhecimento
claro das preces que por
eles fazemos, é certo
que sentem os seus
salutares efeitos".
(Revue Spirite, pp. 357
a 360.)
B. Nas mortes violentas
a separação entre o
corpo e o perispírito é
mais rápida?
Não. Kardec diz que a
separação entre o corpo
e o perispírito se opera
gradativamente, não de
modo brusco, e nas
mortes violentas e nos
casos em que o indivíduo
viveu mais a vida
material do que a vida
moral, a separação é
mais lenta ainda, porque
o apego à matéria retém
a alma. (Obra citada,
pp. 364 e 365.)
C. Em que se funda a
metempsicose ensinada
pelos Hindus?
Os Hindus pensam que as
almas foram criadas
felizes e perfeitas e
depois se rebelaram,
sendo as almas falidas
obrigadas a reencarnar
em corpos de animais. A
metempsicose deles está,
pois, fundada sobre o
princípio da degradação
das almas, enquanto que
a reencarnação ensinada
pelos Espíritos está
fundada no princípio da
progressão contínua.
Para os Hindus, a alma
começou pela perfeição
para chegar à abjeção.
Para o Espiritismo dá-se
o contrário. (Obra
citada, pp. 367 e 368.)
D. Que advertência à
juventude foi feita pelo
Espírito de Privat?
Esse Espírito, após
deparar com a realidade
da vida pós-morte,
afirmou que os moços
precisam de leituras
sérias, lembrando que
aquele que na primavera
da vida só pensou no
prazer prepara para mais
tarde terríveis
remorsos, visto que verá
que os tempos perdidos
jamais se recuperam.
(Obra citada, p. 379.)
Texto para leitura
193. Pauline Roland
escreve sobre os
convulsionários de
Saint-Médard e sobre as
curas ali obtidas,
atribuídas erradamente
ao Espírito do padre
François Pâris, até que
as autoridades fechassem
o cemitério em janeiro
de 1732. Evocado, o
padre Pâris explica que
nada teve a ver com as
curas e que os fenômenos
cessaram porque Deus
quis que terminassem,
visto que haviam
degenerado em abuso e
escândalo. O meio foi a
ordem da autoridade. (P.
348)
194. Em resposta ao
crítico Oscar Comettant,
Kardec diz que os
Espíritos têm um corpo,
um envoltório invisível,
e é por esse
intermediário
semimaterial que agem
sobre a matéria. (P.
352)
195. Kardec diz que se a
crença em Deus se
arraigasse no coração de
todos, nada deveriam
temer uns dos outros.
Foi por isto que
determinado sacerdote
disse, a respeito da
Doutrina Espírita: "O
Espiritismo conduz à
crença em alguma coisa.
Ora, eu prefiro aqueles
que acreditam em alguma
coisa aos que em nada
acreditam, pois estes
não crêem nem mesmo na
necessidade do bem".
(P. 355)
196. O Espiritismo –
ajunta Kardec – é a
destruição do
materialismo. É a prova
patente e irrecusável
daquilo que certas
pessoas chamam
futilidades, a
saber: Deus, a alma, a
vida futura feliz ou
infeliz. (PP. 355 e 356)
197. Um dos assinantes
da Revue, dizendo-se
protestante, diz que em
sua Igreja jamais se ora
pelos mortos, porque o
Evangelho não o ensina.
Kardec responde
afirmando que a prece é
útil e agradável a todo
aquele por quem é feita,
e cita, a propósito, o
Rev. Pe. Félix. (PP. 357
e 358)
198. "Se os mortos
não têm o conhecimento
claro das preces que por
eles fazemos, é certo
que sentem os seus
salutares efeitos",
afirma o Rev. Félix. (P.
359)
199. Kardec concorda e
acrescenta que a prece
pode até abreviar os
sofrimentos. É que a
prece real incita o
Espírito ao
arrependimento e
desenvolve-lhe os bons
sentimentos, animando-o
a fazer o bem e a
tornar-se útil, com o
que poderá ele sair do
atoleiro em que se
encontra. (P. 360)
200. Um assinante da
Revue relata um curioso
fato de aparição em que
o Espírito ignorava a
própria desencarnação,
passados mais de três
meses. "Não consigo
levantar nada",
disse o Espírito.
"Depois do sono que
experimentei durante a
doença, fiquei mudado:
não sei mais onde me
encontro; sinto-me num
pesadelo." (P. 363)
201. Kardec esclarece
que a separação entre o
corpo e o perispírito se
opera gradativamente, e
não de modo brusco. Nas
mortes violentas e nos
casos em que o indivíduo
viveu mais a vida
material do que a vida
moral, a separação é
mais lenta, porque o
apego à matéria retém a
alma. (PP. 364 e 365)
202. Sr. Tug..., em nota
comunicada à Sociedade
Espírita de Paris, fala
sobre a crença dos
Hindus, que pensam que
as almas tinham sido
criadas felizes e
perfeitas e depois se
rebelaram, sendo as
almas falidas obrigadas
a reencarnar em corpos
de animais. (PP. 367 e
368)
203. A metempsicose dos
Hindus está fundada
sobre o princípio da
degradação das almas. A
reencarnação ensinada
pelos Espíritos está
fundada no princípio da
progressão contínua.
Para os Hindus, a alma
começou pela perfeição
para chegar à abjeção.
Para o Espiritismo dá-se
o contrário. (P. 368)
204. A Sra. Ida Pfeiffer
relata em Segunda
Viagem ao Redor do Mundo
um acontecimento
interessante ocorrido em
Java, na residência de
Chéribon, onde os
Espíritos apareciam e, à
noite, choviam pedras de
todos os lados, sem
ferir a nenhum dos
moradores. As
autoridades fizeram de
tudo para descobrir a
causa dos fenômenos, que
mesmo assim
prosseguiram, até que o
governador mandou
demolir a casa. (PP. 368
e 369)
205. Evocada por Kardec,
Ida Pfeiffer diz ter
sido trazida ali, de
súbito, sem o perceber,
graças a um arrastamento
irresistível. (Ver
sobre o assunto os casos
Dirkse Lammers e Michel
François.) (PP. 369,
370 e 382)
206. Falando sobre os
fatos de Java, Pfeiffer
diz que as pedras eram
transportadas pelos
Espíritos, e seu
objetivo foi atrair a
atenção e fazer
constatar um fato do
qual se tinha de
procurar a explicação.
(P. 371)
207. Evocado cerca de 19
dias após sua morte,
Privat d'Anglemont,
conhecido homem de
letras, não tinha ainda
consciência clara de sua
atual situação e não
podia ver as coisas
claramente como quando
vivo. (P. 373)
208. Uma semana depois,
ele estava melhor e
disse que cada homem tem
a sua missão na Terra. "Infeliz
daquele que não a
desempenha com fé!",
acrescentou o Espírito.
(P. 377)
209. Três semanas mais
tarde, Privat fez uma
advertência à juventude.
Os moços precisam de
leituras sérias, disse
ele, lembrando que
aquele que na primavera
da vida só pensou no
prazer, prepara para
mais tarde terríveis
remorsos, porque verá
que os tempos perdidos
jamais se recuperam. (P.
379)
210. Falando de si
mesmo, o Espírito diz
que suas ocupações são
quase nulas, em virtude
da vida que levou na
Terra. "Aquilo que me
parecia um prazer no
vosso mundo – disse
ele – é agora uma
pena para mim." (P.
380)
211. O Espírito de
Vicente de Paulo, após
dizer que o amor é a lei
da atração para os seres
vivos e organizados,
ensina que o Espírito,
seja qual for o seu grau
de adiantamento e a sua
situação, seja numa
reencarnação ou seja na
erraticidade, está
sempre colocado entre um
superior, que o guia e
aperfeiçoa, e um
inferior, perante o qual
tem os mesmos deveres.
(P. 384)
212. O Espírito de Júlio
César conta que teve que
expiar suas faltas em
várias existências
miseráveis e obscuras e,
da última vez que viveu
na Terra, foi Luís IX.
(P. 385)
213. O Espírito de São
Basílio diz que aquele
que pretender levantar
uma barragem à marcha da
verdade, será por ela
arrastado
inevitavelmente, qual
uma criança ante um
regato impetuoso e
rápido. (P. 386)
214. O Espírito de São
Lucas narra a parábola
dos três cegos e a moeda
do ouro, comparando a
sociedade aos cegos e o
Espiritismo ao ouro. (P.
387) (Continua
no próximo número.)