Um assunto suscitado por
várias pessoas e que intriga
os espíritas diz respeito à
vida no planeta Marte, sobre
o que existe divergência
clara de pensamentos entre o
que Kardec escreveu e o que
alguns autores desencarnados
disseram por meio de Chico
Xavier.
Na Revista Espírita há
referências a quatro
planetas do sistema solar.
Vênus e Júpiter seriam
mundos mais adiantados do
que a Terra; Mercúrio e
Marte, inferiores ao nosso
planeta. As referências a
Marte aparecem no volume de
1858 (pp. 70 e 71) e no
volume de 1860 (pp. 332 a
334), em que Marte é
descrito como um mundo bem
inferior à Terra, onde os
seres, embora tendo a forma
humana, são rudimentares e
sem nenhuma beleza.
Duas obras recebidas por
Chico Xavier, assinadas por
Humberto de Campos e Maria
João de Deus, trazem
informações diferentes. Por
que a contradição? Não
sabemos responder.
O que podemos, sim, afirmar
é que todas as informações
relacionadas com as
condições de vida e com a
natureza dos habitantes dos
diferentes planetas não
constituem assunto
pertinente à Doutrina
Espírita, visto que lhes
faltam o critério da
universalidade do ensino e a
possibilidade de
comprovação. Como sabemos,
no âmbito da Ciência, as
opiniões relativas à
existência ou não de vida em
outros mundos são
divergentes. Há cientistas
que crêem nessa
possibilidade, mas a maioria
pensa de forma diferente.
Devemos entender, pois, como
opiniões pessoais ou como
revelações singulares o que
Kardec e os dois Espíritos
citados escreveram. O
consenso universal, ou seja,
a concordância entre as
várias comunicações obtidas
por meio de médiuns diversos
em diferentes lugares, é um
dos critérios que definem se
determinado ensinamento de
natureza mediúnica faz parte
ou não da Doutrina Espírita.
Em O Evangelho segundo o
Espiritismo, Introdução,
item II, Kardec trata com
clareza desse assunto.
Ora, havendo divergências
tão claras como as aqui
citadas, o tema foge ao
arcabouço da Doutrina
Espírita e, por isso, não
deveria merecer maior
atenção por parte dos
espíritas.