RICARDO BAESSO
DE OLIVEIRA
kargabrl@uol.com.br
Juiz de Fora,
Minas Gerais
(Brasil)
Ter razão
Ferreira Gullar
escreveu na
Folha de São
Paulo, na
sua coluna de
domingo: “Numa
de minhas
intervenções, na
Flip, em Paraty
(RJ), em agosto
passado, afirmei
que uma das
piores coisas do
mundo é querer
ter razão.
Referia-me,
implicitamente,
à guerra entre
judeus e
palestinos, mas
exemplifiquei
com as brigas de
casais. O cara
insiste em ter
razão, discute
com a mulher,
ela
contra-argumenta,
os dois se
exaltam e daqui
a pouco estão
amuados, cada um
no seu canto.
Cheios de razão,
mais infelizes.
Não quero ter
razão, disse eu,
quero ser
feliz”.
O pensamento
desse
conceituado
intelectual
brasileiro é
profundamente
cristão e
remete-nos a
algumas
reflexões.
Por querer ter
razão nós
infernizamos a
vida dos outros,
humilhamos
afetos sinceros,
desprezamos
relações que
sempre nos foram
caras.
Por querer ter
razão nós nos
exaltamos,
ofendemos, nos
encolerizamos e
agredimos.
Por querer ter
razão nos
magoamos com
facilidade e
construímos
antipatias.
Por querer ter
razão perdemos
boas
oportunidades de
estarmos bem, em
paz com os
outros e com a
nossa
consciência.
Conviver
pacificamente
com pessoas que
pensam de forma
diferente é
indiscutível
sinal de
amadurecimento
emocional.
Deixar que os
outros digam a
última palavra e
acreditem que
venceram a
discussão é
evidência
notável de que
estamos vencendo
o nosso ego
inflado e nos
preparando para
vôos espirituais
mais altos.
Calar diante do
tolo, quando a
sua fala não vai
prejudicar
ninguém, nos dá
uma prazerosa
sensação de que
estamos
avançando no
árduo caminho da
ascensão
espiritual.
Afinal, o que
conta mesmo é o
que trazemos
dentro de nós,
os valores que
cultivamos e as
idéias boas que
acalentamos em
nosso mundo
íntimo. Quando
nos preocupamos
excessivamente
com a opinião
dos outros
significa que
damos mais
importância a
eles que a nós
mesmos.