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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 58 - 1° de Junho de 2008

RICARDO BAESSO DE OLIVEIRA
kargabrl@uol.com.br
Juiz de Fora, Minas Gerais (Brasil)
 

Ter razão

Ferreira Gullar escreveu na Folha de São Paulo, na sua coluna de domingo: “Numa de minhas intervenções, na Flip, em Paraty (RJ), em agosto passado, afirmei que uma das piores coisas do mundo é querer ter razão. Referia-me, implicitamente, à guerra entre judeus e palestinos, mas exemplifiquei com as brigas de casais. O cara insiste em ter razão, discute com a mulher, ela contra-argumenta, os dois se exaltam e daqui a pouco estão amuados, cada um no seu canto. Cheios de razão, mais infelizes. Não quero ter razão, disse eu, quero ser feliz”. 

O pensamento desse conceituado intelectual brasileiro é profundamente cristão e remete-nos a algumas reflexões.

 

Por querer ter razão nós infernizamos a vida dos outros, humilhamos afetos sinceros, desprezamos relações que sempre nos foram caras.

 

Por querer ter razão nós nos exaltamos, ofendemos, nos encolerizamos e agredimos.

 

Por querer ter razão nos magoamos com facilidade e construímos antipatias.

 

Por querer ter razão perdemos boas oportunidades de estarmos bem, em paz com os outros e com a nossa consciência.

 

Conviver pacificamente com pessoas que pensam de forma diferente é indiscutível sinal de amadurecimento emocional. Deixar que os outros digam a última palavra e acreditem que venceram a discussão é evidência notável de que estamos vencendo o nosso ego inflado e nos preparando para vôos espirituais mais altos. Calar diante do tolo, quando a sua fala não vai prejudicar ninguém, nos dá uma prazerosa sensação de que estamos avançando no árduo caminho da ascensão espiritual.

 

Afinal, o que conta mesmo é o que trazemos dentro de nós, os valores que cultivamos e as idéias boas que acalentamos em nosso mundo íntimo. Quando nos preocupamos excessivamente com a opinião dos outros significa que damos mais importância a eles que a nós mesmos.

 

E a respeito deles, o que eles pensam ou dizem importa apenas a eles mesmos e mais cedo ou mais tarde a própria evolução fará por eles o que a sua “cabeça dura” não deixou que a lógica e a lucidez fizessem agora.
 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita