A Revue Spirite
de 1860
(5a
Parte)
Allan Kardec
Damos continuidade ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1860. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 11
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. É verdade que Kardec
também enfrentou um caso
de mistificação?
Sim. Em plena reunião da
Sociedade Parisiense de
Estudos Espíritas,
presidida por Kardec, um
Espírito impostor falou
como se fosse São Luís.
O Codificador percebeu o
fato e pediu explicação
para tal ocorrência. São
Luís, na sessão
seguinte, explicou o
ocorrido. "Tu te admiras
do que se passou”,
disse-lhe São Luís. “Mas
examinaste bem o rosto
dos que te escutam,
quando fazes essa
invocação? Mais de uma
vez não viste o sorriso
de sarcasmo em certos
lábios?" E advertiu: "É
por isso que vos digo
que não recebais o
primeiro que vier;
evitai os curiosos e os
que não vêm para se
instruírem". O fato
mostra como a prudência
e a seriedade são
essenciais à eficácia
das sessões mediúnicas.
(Revue Spirite de
1860, pp. 172 e 173.)
B. Ao conversar com a
alma de um jovem idiota
ainda encarnado, que
lições extraiu Kardec?
O jovem se chamava
Charles de Saint-G...,
contava 13 anos de idade
e suas faculdades
intelectuais eram de uma
tal nulidade que nem
conhecia os pais. Na
conversa com Kardec ele
mostrou, porém, que
tinha consciência do seu
estado e sabia por que
nascera assim. "Sou um
pobre Espírito ligado à
terra, como uma ave por
um pé." Comentando o
caso, Kardec diz que a
imperfeição dos órgãos é
apenas um obstáculo à
livre manifestação das
faculdades, mas não as
aniquila, o que mostra
que as crianças que
chamamos de
excepcionais ou
especiais, embora
muitas vezes não possam
manifestar-se, têm
ciência do que ocorre ao
seu lado. (Obra
citada, pp. 181 a 183.)
C. Todos os médiuns
estão sujeitos a serem
enganados pelos
Espíritos?
Segundo a médium Sra.
Duret, são poucos os
médiuns que não o são.
Ela mesma reconheceu,
depois de desencarnar,
que havia sido enganada
mais de uma vez, o que
Francisco Cândido Xavier
também admitiu haver
enfrentado. Esse fato,
diz a Sra. Duret,
depende muito do médium
e daquele que interroga,
e a primeira condição
para isso é não atrair
os maus Espíritos por
sua fraqueza ou por seus
defeitos. (Obra
citada, pp. 183 e 184.)
D. Que defeitos do
médium mais acesso dão
aos maus Espíritos?
Os defeitos que dão mais
acesso aos maus
Espíritos são o orgulho
e a inveja. Num médium
em que haja orgulho,
inveja e pouca caridade
há mais chances de ser
enganado. (Obra
citada, pp. 186 e 187.)
Texto para leitura
101. São Luís diz: Sede
muito prudentes no que
respeita a teorias
científicas, pois é aí
sobretudo que deveis
temer os Espíritos
impostores e os
pseudo-sábios. Tratai,
sobretudo, de vossa
melhora. É o essencial.
(P. 171)
102. Kardec pede a São
Luís que explique por
que na semana anterior
ele deixou que um
Espírito impostor
falasse em seu nome,
embora estivesse
presente. A resposta
faz-nos pensar e merece
ser meditada. (PP. 172 e
173)
103. São Luís lhe diz:
"Tu te admiras do que se
passou. Mas examinaste
bem o rosto dos que te
escutam, quando fazes
essa invocação? Mais de
uma vez não viste o
sorriso de sarcasmo em
certos lábios?" E
adverte: "É por isso que
vos digo que não
recebais o primeiro que
vier; evitai os curiosos
e os que não vêm para se
instruírem". (P. 173)
104. Kardec diz que o
Espiritismo encontrou
desde o princípio grande
oposição na Inglaterra,
e atribui o fato à
influência das idéias
religiosas de certas
seitas, aferradas mais à
letra que ao espírito de
seus dogmas. A Doutrina
Espírita pareceu-lhes
contrária às suas
crenças. (PP. 175 e 176)
105. Passado algum
tempo, vendo que as
idéias espíritas têm sua
fonte nas idéias
cristãs, nada mais se
opôs ao progresso das
idéias novas, que se
propagam naquele país
com rapidez admirável, o
que deu surgimento ao
periódico mensal "The
Spiritual Magazine",
lançado em maio de 1860.
(P. 176)
106. Em seguida, Kardec
transcreve do citado
jornal inglês um curioso
artigo assinado por S.C.
Hall relatando fatos
espíritas ocorridos em
1820, no litoral
francês, muito parecidos
com os das irmãs Fox.
(PP. 176 e 177)
107. Uma noite, quando
as batidas se fizeram,
como era comum naquela
casa, alguém teve a
idéia de perguntar: "Se
és um Espírito, bate
seis pancadas" e
imediatamente os seis
golpes foram ouvidos.
(P. 178)
108. Um dia, além das
batidas, todos ouviram
uma voz humana: era o
Espírito que cantava
quando eles, encarnados,
também cantavam. Depois,
a voz passou a
falar-lhes em francês e
o Espírito disse
chamar-se Gaspard. (P.
178)
109. De Marselha chegou
a Kardec a notícia de um
rapaz falecido há oito
meses que, evocado pela
família, costuma
comunicar-se com o
auxílio de uma cesta.
Cada vez que ele
aparece, um cãozinho, de
que ele gostava muito,
salta sobre a mesa e se
põe a cheirar a cesta,
soltando ganidos. (PP.
179 e 180)
110. Charlet explica que
o cão é dotado de uma
organização muito
particular. Ele
compreende o homem,
sente-o e segue-o em
todas as suas ações com
a curiosidade de uma
criança. (P. 180)
111. O Espírito de
Georges informa que, por
suas fibras nervosas, o
cão é posto em relação
direta com os Espíritos,
quase tanto quanto com
os homens. O cão percebe
as aparições; dá-se
conta da diferença
existente entre elas e
as coisas terrenas, e
lhes tem muito medo. (P.
181)
112. Kardec evoca
Charles de Saint-G...,
um jovem idiota, de 13
anos, ainda encarnado,
cujas faculdades
intelectuais são de uma
tal nulidade que nem
conhece os pais. (P.
181)
113. Charles tem
consciência do seu
estado e sabe por que
nasceu assim. "Sou um
pobre Espírito ligado à
terra, como uma ave por
um pé", definiu ele.
Kardec, comentando o
caso, diz que a
imperfeição dos órgãos é
apenas um obstáculo à
livre manifestação das
faculdades; não as
aniquila. (PP. 182 e
183)
114. A médium sra.
Duret, desencarnada em
maio, evocada por
Kardec, diz-lhe que fora
muitas vezes enganada
pelos Espíritos e que há
poucos médiuns que não o
são mais ou menos. (P.
183)
115. Tal fato, diz ela,
depende muito do médium
e daquele que interroga,
quer dizer, é sempre
possível preservar-se
dos maus Espíritos. E a
primeira condição para
isso é não os atrair
pela fraqueza ou pelos
defeitos. (P. 184)
116. Falando sobre
obsessão, a sra. Duret
diz que a morte não
liberta o homem da
obsessão dos maus
Espíritos, que continuam
a persegui-lo. (P. 185)
117. As comunicações
espíritas são tanto mais
seguras quanto mais
sérias as qualidades do
médium. Os defeitos que
dão mais acesso aos maus
Espíritos são o orgulho
e a inveja. Num médium
em que haja orgulho,
inveja e pouca caridade
há mais chances de ser
enganado. (PP. 186 e
187)
118. Kardec é
peremptório: Todo
conselho ditado ou todo
sentimento inspirado
que reflita o menor
pensamento mau, é, por
isso mesmo, de origem
suspeita, sejam quais
forem as qualidades do
estilo. (P. 187)
119. A sra. Duret disse
que também os médiuns
videntes podem ser
enganados pelos
Espíritos, quando não
inspirados por Deus. (P.
187)
120. A médium, falando
de sua desencarnação,
disse que a partir da
agonia perdera a
consciência de si mesma,
fato que perdurou por
cerca de 15 a 18 horas e
varia de pessoa a
pessoa. (P. 188)
121. Os Espíritos que
ela evocara em vida
foram revê-la, o que a
tocou muito. A sra.
Duret exclamou então:
"Se soubésseis como é
agradável reencontrar
os amigos neste mundo!"
(P. 189)
122. O mundo dos
Espíritos lhe pareceu,
então, uma coisa nova,
fato que, apesar de
surpreendente, é muito
comum e Kardec explica.
(P. 189)
(Continua no próximo
número.)