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Clássicos do Espiritismo
Ano 2 - N° 60 - 15 de Junho de 2008

ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

O Fenômeno Espírita
 
(9a
Parte)
 
Gabriel Delanne
 

Continuamos o estudo do clássico O Fenômeno Espírita, de Gabriel Delanne, conforme o texto da 4a edição publicada pela Federação Espírita Brasileira com base em tradução de Francisco Raymundo Ewerton Quadros. O estudo será aqui apresentado em 12 partes.

Questões preliminares  

A. Como Delanne conceitua o perispírito e suas características?

R.: O perispírito é o molde fluídico no qual se incorpora a matéria durante a vida. É ele que, sob o impulso da força vital, mantém o tipo específico e individual, porque é invariável no meio do fluxo incessante da matéria orgânica. Eis algumas características do perispírito, conforme Delanne: I) o perispírito não se destrói na morte; II) é nele que se acham gravadas as conquistas da alma, permitindo a ela recordar-se do passado; III) acumulando nele a força vital suficiente, o Espírito pode dar-lhe uma vida momentânea; IV) concretando-se, o perispírito pode deixar impressões em moldes de parafina, na argila ou em folhas de papel enegrecido. (O Fenômeno Espírita, págs. 174 a 177.)

B. Onde e de que maneira surgiu a idéia de se obter moldes das formas materializadas?

R.: A idéia parece haver surgido com o professor Chiaia que, não satisfeito de fotografar Espíritos, quis conservar uma lembrança mais comprobativa: a própria forma da aparição. Inicialmente ele valeu-se de um prato de farinha; depois teve a idéia de utilizar a argila dos escultores, perguntando se o Espírito poderia moldar ali uma cabeça. Essas experiências reproduziram-se muitas vezes e a moldagem deu sempre resultado análogo ao pedido feito.  Os moldes de parafina, que Delanne descreve no livro, foram concebidos inicialmente pelo Sr. Denton, professor de Geologia conhecido na América. Foi em 1875 que ele obteve, pela primeira vez, o molde de um dedo. (Obra citada, págs. 176 a 183.)

C. Que conclusão se pode tirar dos fenômenos de materialização de Espíritos, como o de Katie King, que respirava e apresentava todos os caracteres fisiológicos de um ser vivo?

R.: A conclusão é clara: o perispírito, invólucro fluídico da alma, é o molde em que se incorpora a matéria terrena durante a encarnação. Com a morte, os elementos que formam o corpo físico voltam à natureza, mas o invólucro espiritual subsiste e conserva todas as aptidões e propriedades que tinha na Terra. Forneça-se-lhe matéria e força vital, e logo esse organismo entra em função e reproduz o indivíduo. Essa vida é, porém, momentânea e temporária. (Obra citada, pág. 185.)

D. Que interpretação dava Lombroso aos fatos espíritas, antes de aderir à tese espírita?

R.: O célebre estudioso italiano entendia então que os fatos podiam ser explicados à luz da neuropatologia. Eusápia Paladino, segundo ele, era  neuropata, e também eram neuropatas médiuns admiráveis como Home, Slade etc. Anos depois, Lombroso aderiu à tese espírita. (Obra citada, págs. 186 a 194.) 

Texto para leitura

132. O perispírito, conforme o ensino espírita, é o molde fluídico no qual se incorpora a matéria durante a vida. É ele que, sob o impulso da força vital, mantém o tipo específico e individual, porque é invariável no meio do fluxo incessante da matéria orgânica. (PP. 174 e 175)

133. Eis algumas características que, a respeito do perispírito, refere Delanne: I) o perispírito não se destrói na morte; II) é nele que se acham gravadas as conquistas da alma, permitindo a ela recordar-se do passado; III) acumulando nele a força vital suficiente, o Espírito pode dar-lhe uma vida momentânea; IV) concretando-se, o perispírito pode deixar impressões em moldes de parafina, na argila ou em folhas de papel enegrecido. (P. 175)

134. Zöllner verificou, mesmo antes de obter-se formas materializadas dos Espíritos, que estes podiam deixar impressões provando a sua tangibilidade. As experiências feitas por Zöllner com o médium Slade são descritas por Delanne, que relata ainda as realizadas pelo professor Chiaia, de Nápoles, com a célebre médium Eusápia Paladino. (PP. 175 a 177)

135. O professor Chiaia, não satisfeito de fotografar Espíritos, quis conservar uma lembrança mais comprobativa: a própria forma da aparição. Inicialmente ele valeu-se de um prato de farinha; depois teve a idéia de utilizar a argila dos escultores, perguntando se o Espírito poderia moldar ali uma cabeça. Essas experiências reproduziram-se muitas vezes e a moldagem deu sempre resultado análogo ao pedido feito. (PP. 176 e 177)

136. As experiências comprovaram, desse modo, que o perispírito é bem o molde fluídico do corpo e que, no espaço, ele não perde nenhuma das suas propriedades plásticas: basta fornecer-lhe a força vital e a matéria para que o corpo material se reproduza total ou parcialmente. (N.R.: No livro “O Espiritismo perante a Ciência”, Delanne estuda longamente o perispírito e expõe minuciosamente as provas da sua existência durante a vida e depois da morte.)  (P. 177)

137. Os moldes de parafina, que Delanne descreve neste livro, foram concebidos inicialmente pelo Sr. Denton, professor de Geologia assaz conhecido na América. Foi em 1875 que ele obteve, pela primeira vez, o molde de um dedo. Os moldes obtêm-se assim: duas vasilhas, uma com água fria e outra com água quente, são colocadas na sala. Na superfície da última flutua uma camada de parafina fundida. Pede-se ao Espírito que mergulhe sua mão materializada na parafina e, em seguida, na água fria, repetindo por várias vezes essa operação. Forma-se desse modo na superfície da mão uma luva de certa espessura. Quando a mão do Espírito se desmaterializa, deixa um molde perfeito que se enche de gesso. Basta mergulhar tudo em água fervente para que, fundindo-se a parafina, fique a reprodução exata da mão materializada. (P. 178)

138. Operando dessa forma os pesquisadores obtiveram moldes de mãos inteiras e de pés dos mais diversos tamanhos e conformações. (P. 180)

139. Como a crítica acreditava que nessas experiências poderia haver fraude, o professor Denton recorreu a uma prova interessante: pesou a massa de parafina antes e depois da sessão, achando o mesmo peso nos dois casos. Sua experiência foi repetida por três vezes, publicamente, diante de grande número de pessoas, em Boston, em Charlestown, Portland, Baltimore etc., sempre com êxito completo. (P. 180)

140. Para afastar de vez a possibilidade de artifícios por parte do sensitivo, a médium foi, certa vez, encerrada num saco, fortemente amarrado ao seu pescoço. Como isso ainda assim suscitasse suspeitas, decidiu-se que o molde deveria ser produzido dentro de uma caixa fechada, devidamente preparada segundo as indicações do Dr. Gardner. Delanne relata a experiência, feita em maio de 1876, atuando como médium a Sra. Hardy. (PP. 181 e 182)

141. Depois de quarenta minutos de espera, uma série de pancadas anunciou que alguma coisa fora obtida. Erguido o véu, viu-se, flutuando no balde d’água, o molde perfeito de uma grande mão. (P. 182)

142. Na Inglaterra, o Dr. Nichols, servindo Eglinton como médium, fez uma experiência em condições idênticas. Em artigo no “Spiritual Record”, de dezembro de 1883, Dr. Nichols descreve a sessão, na qual as moldagens obtidas representavam mãos que foram reconhecidas por ele como sendo de sua falecida filha Willie.  (PP. 183 e 184)

143. Comentando essas experiências, Delanne lembra que a fabricação desses moldes é inteiramente impossível, porque a mão enluvada com a parafina não pode sair do molde sem quebrá-lo, visto o punho ser mais estreito que a mão. Admitindo-se, porém, a materialização e a posterior desmaterialização do Espírito, o fato é facilmente assimilável. (P. 183)

144. Cumpre lembrar – diz Delanne – que o Espiritismo não inventou nenhuma teoria para explicar os fatos: foram os próprios Espíritos que descreveram o seu estado no espaço e, assim, pelas experiências a que prestavam seu concurso, estabeleceram as condições em que vivem depois de terem abandonado a Terra. (P. 185)

145. Verificamos como Katie King, o Espírito materializado ante os olhos de Crookes, era verdadeiramente uma mulher e soubemos que ela respirava, que seu coração batia, que tinha, em suma, todos os caracteres fisiológicos de um ser vivo. (P. 185)

146. Que podemos concluir desses fatos? A resposta é clara: o perispírito, invólucro fluídico da alma, é o molde em que se incorpora a matéria terrena durante a encarnação. Com a morte, os elementos que formam o corpo físico voltam à natureza, mas o invólucro espiritual subsiste e conserva todas as aptidões e propriedades que tinha na Terra. Forneça-se-lhe matéria e força vital, e logo esse organismo entra em função e reproduz o indivíduo. Essa vida é, porém, momentânea e temporária, e raramente atinge a intensidade observada por William Crookes. (P. 185)

147. Examinando alguns fatos espíritas produzidos com a médium Eusápia Paladino, o professor Lombroso admitiu os fatos como verdadeiros, mas deu-lhes interpretação diversa da ensinada pelo Espiritismo. Delanne relata os pormenores das experiências feitas pelo célebre estudioso italiano, que entendia então que os fatos podiam ser explicados à luz da neuropatologia. Eusápia Paladino, segundo ele, era  neuropata, e também eram neuropatas médiuns admiráveis como Home, Slade etc. (N.R.: Só mais tarde, em 1909, Lombroso aderiu à tese espírita, como aliás foi previsto por Delanne.) (PP. 186 a 194)

148. Delanne rebate com toda a ênfase a teoria aventada por Lombroso e lembra que, em geral, os cientistas são bastante cuidadosos quando formulam hipóteses em sua área de atuação, mas, quando se trata de Espiritismo, toda essa prudência desaparece e arrojam-se a construir sistemas, cada qual mais inverossímil do que o outro. (P. 194)

149. Por exemplo, quando se refere às fotografias de Espíritos, Lombroso diz ter visto muitas, mas acrescentou que  não tinha confiança em nenhuma delas. “Enquanto eu mesmo não tiver obtido uma – asseverou o professor italiano –, não poderei emitir juízo sobre o assunto.” (P. 192) (Continua na próxima edição.)
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita