A Revue Spirite
de 1860
(6a
Parte)
Allan Kardec
Damos continuidade ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1860. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 11
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. Por que Kardec diz
que as idéias espíritas
podem reduzir as causas
da loucura e do
suicídio?
Após explicar que a
loucura decorre de uma
predisposição natural e
tem como causa primeira
uma relativa fraqueza
moral, que torna o
indivíduo incapaz de
suportar o choque de
certas impressões como a
mágoa, o desespero, o
desapontamento e todas
as tribulações da vida,
Kardec diz que a
Doutrina Espírita dá ao
homem a força necessária
para ver essas coisas
com indiferença e,
desse modo, atenua a
causa mais freqüente que
o leva à loucura e ao
suicídio. (Revue
Spirite, pp. 192 e 193.)
B. Devemos corrigir os
erros ortográficos
contidos nas
comunicações espíritas?
Sim. Se a forma da
mensagem contiver erro,
devemos corrigi-la. Essa
a opinião de Kardec, que
diz que cabe aos homens
esse cuidado. A mensagem
somente deve ser
conservada intacta
quando o fato puder
servir de ensinamento.
(Obra citada, p.
196.)
C. Que ocorre ao
Espírito nos casos de
idiotia?
No caso da idiotia, o
Espírito está como que
aprisionado e sofre essa
constrição, mas nem por
isso deixa de pensar
como Espírito. O idiota
é um ser dotado de
razão, como todo mundo,
apenas enfermo de
nascença pelo cérebro,
como outros o são nas
pernas. (Obra citada,
pp. 210 e 211.)
D. A que devemos a
prevalência dos
instintos animais no
homem?
Isso se deve à
imperfeição do seu
Espírito, ainda não
depurado, o qual, sob a
influência da matéria,
dá preponderância às
necessidades físicas
sobre as morais.
(Obra citada, p. 213.)
Texto para leitura
123. Nova carta do dr.
Morhéry relatando as
curas obtidas pela srta.
Désirée Godu. "A srta.
Godu não é sonâmbula.
Jamais consulta à
distância, nem mesmo em
meu domicílio, senão sob
minha direção e meu
controle", informou o
médico. "Quando estamos
de acordo, o que
acontece quase sempre,
começamos o
tratamento..." A médium
faz então os curativos e
age como uma enfermeira,
com um zelo sem
precedentes, na modesta
casa de saúde
improvisada. (P. 190)
124. Na maioria dos
casos, a srta. Godu
aplica um tópico
extrativo, composto de
uma ou duas matérias,
encontradas por toda
parte, na cabana como no
castelo. Outras vezes,
vale-se de um ungüento
tão simples, mas que
produz efeitos seguros
e variadíssimos. (P.
191)
125. A loucura decorre
de uma predisposição
natural e tem como causa
primeira uma relativa
fraqueza moral, que
torna o indivíduo
incapaz de suportar o
choque de certas
impressões, em cujo
número figuram, ao menos
em três quartos dos
casos, a mágoa, o
desespero, o
desapontamento e todas
as tribulações da vida.
(P. 192)
126. Dar ao homem a
força necessária para
ver essas coisas com
indiferença, é atenuar a
causa mais freqüente que
o leva à loucura e ao
suicídio. Ora, a
Doutrina Espírita lhe dá
essa força. (P. 192)
127. Um dos efeitos do
Espiritismo é dar à alma
a força que lhe falta em
muitas circunstâncias, e
é nisto que ele pode
reduzir as causas da
loucura e do suicídio.
(P. 193)
128. Kardec transcreve
do livro "Três Anos
na Judéia" um
curioso fato ocorrido
com o profeta Esdras
que, guiado por um anjo,
escreveu de forma
ininterrupta o texto que
compõe a Torá ou
Pentateuco mosaico. (PP.
194 e 195)
129. Um erro de
ortografia cometido pelo
Espírito de Channing
numa mensagem obtida
por escrita direta
suscitou o protesto do
Sr. Mathieu e o seguinte
comentário de Kardec: Se
a forma da mensagem
contiver erro, devemos
corrigi-la; cabe ao
homem esse cuidado. E só
devemos conservá-la
intacta, quando o fato
pode servir de
ensinamento. Não era
esse o caso. (P. 196)
130. A vaidade, diz
Georges, mancha todos os
pensamentos; penetra o
coração e o cérebro.
Planta má, abafa a
bondade em seu germe, e
todas as qualidades são
aniquiladas por seu
veneno. Para lutar
contra ela, é preciso
usar a prece, porque só
esta nos dá humildade e
força. (P. 197)
131. Só os Espíritos
superiores, diz Alfred
de Musset, podem
comunicar-se
indistintamente por
todos os médiuns e
manter com todos a mesma
linguagem. Quando nos
comunicamos por um
médium, a emanação de
sua natureza se reflete
mais ou menos sobre nós.
(P. 200)
132. As comunicações
elevadas não dependem da
cultura do médium,
porque só a essência de
sua alma se reflete
sobre os Espíritos. (P.
200)
133. A Revue informa que
se publica em Gênova o
periódico "L'Amore
del Vero", dirigido
pelo dr. Pietro Gatti,
diretor do Instituto
Homeopático de Gênova e
adepto esclarecido do
Espiritismo. (PP. 200 e
201)
134. Na Sociedade
Espírita de Paris lê-se
uma carta que diz que em
certas localidades o
clero se ocupa
seriamente com o estudo
do Espiritismo e que
membros esclarecidos da
Igreja falam dele como
de uma coisa chamada a
exercer grande
influência nas relações
sociais. (P. 206)
135. Kardec diz que há
muita tendência a ver no
Espiritismo um meio de
adivinhação, o que é
contrário ao seu
objetivo. (P. 207)
136. Reportando-se ao
caso de um rapaz de 13
anos que oferecia um
curioso assunto para
estudo, por sua
originalidade, São Luís
aconselha que tais
fenômenos não sejam
provocados e sugere à
Sociedade continuar
ocupando-se, como fez
até então, em aprofundar
as questões importantes;
do contrário, ocorreria
o afastamento dos
Espíritos sérios. (P.
208)
137. Kardec fala sobre a
frenologia, a
ciência que trata das
funções atribuídas a
cada parte do cérebro,
fundada pelo dr. Gall, e
critica o materialismo
dos que pensam que os
órgãos cerebrais são a
própria fonte das
faculdades humanas. (P.
209)
138. No louco, se o
órgão que servia às
manifestações do
pensamento está
desarranjado por uma
causa qualquer, o
pensamento não pode
manifestar-se de maneira
regular. Ora, o cérebro
é o instrumento do
pensamento, como o olho
é o instrumento da
visão. Se o instrumento
está deteriorado, não se
dá a manifestação,
exatamente como quem
perde os olhos não mais
pode ver. (P. 210)
139. No caso da idiotia,
o Espírito está como que
aprisionado e sofre essa
constrição, mas nem por
isso deixa de pensar
como Espírito. Isolando
o Espírito da matéria,
prova-se que os órgãos
não são a causa das
faculdades, mas simples
instrumentos. (P. 211)
140. No conceito
materialista, que é um
idiota? Nada; apenas um
ser humano. Mas ele é um
ser dotado de razão,
como todo mundo, apenas
enfermo de nascença pelo
cérebro, como outros o
são nas pernas. (P. 211)
141. A fisiognomonia
é baseada no princípio
incontestável de que é o
pensamento que põe os
órgãos em jogo, que
imprime certos
movimentos aos
músculos. (P. 211)
142. Os instintos
animais do homem
devem-se à imperfeição
do seu Espírito, ainda
não depurado e que, sob
a influência da matéria,
dá preponderância às
necessidades físicas
sobre as morais. (P.
213)
143. Um Espírito, ao
reencarnar, não traz
qualquer semelhança com
o corpo habitado
anteriormente, pois é
raro que o Espírito não
venha em nova existência
com disposições
sensivelmente
modificadas. Assim, dos
sinais fisiognomônicos
não é possível tirar
qualquer indício das
existências anteriores.
(PP. 213 e 214)
(Continua no próximo
número.)