JORGE
HESSEN
jorgehessen@gmail.com
Brasília,
Distrito
Federal
(Brasil)
Deus,
causa primordial
do
Universo
Deus é uma coisa
palpável, não por Ele
mesmo, mas através de
Sua criação, do mesmo
modo que átomos não são
"coisas" em sua forma
atômica, mas um grande
número deles, colocados
juntos repentinamente,
se torna visível e
objeto reconhecível. No
século XIX Kardec
indagou dos Espíritos,
"Onde se pode encontrar
a prova da existência de
Deus?". A resposta chega
de forma simples e
objetiva, com a
profundidade
característica dos
Espíritos superiores:
"Num axioma que aplicais
às vossas ciências. Não
há efeito sem causa.
Procurai a causa de tudo
o que não é obra do
homem e a vossa razão
responderá”. (1)
Portanto, o conhecimento
dos pensadores não pode
encontrar outra
conclusão, senão a de
que Deus existe e é a
inteligência suprema do
Universo.
A Doutrina Espírita
rejeita a fé cega,
defendendo, com
argumentos, a fé
raciocinada, conduzindo
as pessoas a não
acreditarem,
simplesmente por
acreditar, mas a saber
por que acreditam em
algo. E a principal
delas é defender a prova
da existência de Deus.
Tanto foi o cuidado de
não personificá-lo que a
primeira pergunta que
Kardec endereçou aos
Espíritos foi com a
expressão "Que é Deus?"
Em substituição à
clássica e
antropomórfica
indagação: "Quem é
Deus?"
Ante a majestática obra
do Criador, o Espírito
Emmanuel explica que o
homem "observa as
dimensões diminutas do
Lar Cósmico [Terra] em
que se desenvolve.
Descobre que o Sol tem
um volume de 1.300.000
vezes maior; a Lua dista
mais de 380.000
quilômetros; Marte,
distante de nós cerca de
56.000.000 de
quilômetros na época de
sua maior aproximação,
Capela é 5.800 vezes
maior, Canópus tem um
brilho oitenta vezes
superior ao Sol" (2). O
Sistema Solar possui
apenas 9 planetas com 57
satélites no total de 68
corpos celestes. E para
que tenhamos noção de
sua insignificância
diante do restante do
Universo, nosso Sistema
Solar compõe um
minúsculo espaço da
pequena Via Láctea" (3)
ou seja, um aglomerado
de cerca de 100 bilhões
de estrelas, com pelo
menos cem milhões de
planetas e, segundo Carl
Seagan, no mínimo cem
mil deles com vida
inteligente e mil com
civilizações mais
evoluídas que a nossa.
(4)
Além do Big Bang –
Cosmologia Quântica e
Deus
é o livro publicado pelo
cientista Willem B.
Drees, Doutor em Física
Teórica e Matemática
pela Universidade
Utrecht e em Teologia
pela Universidade de
Gröningen (Holanda), que
procura demonstrar sobre
a existência de um
interesse crescente pela
investigação científica
baseada na certeza da
existência de Deus.
A teoria mais moderna do
início do Universo nos
remete não apenas para o
Big Bang (a
grande explosão),
princípio de tudo, mas
para a idéia de vários
big bangs, com
Universos cíclicos,
através de quatrilhões
de anos. Diante destes
números, pensaríamos
haver chegado à idéia do
que é o Universo; ledo
engano, pois estas
áreas, ou melhor,
volumes, representariam
apenas 3% do que seria a
totalidade de tudo
dentro do tridimensional
e espaço/tempo como
conhecemos. Os espaços
interplanetários,
interestrelares e
intergalácticos,
obviamente, formariam a
maior parte daquilo que
chamamos de Universo."
(5)
O grande desafio da
astrofísica, atualmente,
é a chamada energia
escura, e as lentes do
telescópio espacial
Hubble flagraram o
comportamento dessa
energia, um dos maiores
enigmas cósmicos. "Ao
observar supernovas, que
são explosões de
estrelas, o telescópio
registrou o efeito da
aceleração da luz. A
descoberta deve ajudar a
explicar o que é a
energia escura que cobre
quase todo o cosmos, uma
força que pode ser
responsável pela
contínua e acelerada
expansão do Universo,
também chamada de
partícula Deus.” (6)
A nossa compreensão de
Deus muda na mesma
proporção em que a nossa
percepção sobre a vida
se amplia. É uma tarefa
difícil, quando o
limitado tenta alcançar
o Ilimitado, ou o finito
entender o Infinito.
Assim somos nós diante
de Deus. As opiniões
científicas ainda estão
divididas quanto à
origem do universo, mas
há unanimidade num
ponto, existe ordem no
universo.
Todos fomos criados por
Deus para a glória
celeste, caminhando
pelos proscênios
terrestres,
onde desenvolvemos
potencialidades
interiores que nos são
heranças divinas
esculpidas.
"A dedução que se
pode tirar da certeza
inata que todos os
homens trazem em si, da
existência de Deus, é a
de que Ele existe; pois,
donde lhes viria esse
sentimento, se não
tivesse uma base?" (7)
E, "sendo Deus a
essência divina por
excelência, unicamente
os Espíritos que
atingiram o mais alto
grau de
desmaterialização o
podem perceber”. (8)
Assinalamos aqui uma
pequena digressão: é
interessante notar que,
geralmente, nós
imaginamos Deus como
alguma coisa
absolutamente externa.
Pensamos em Deus como um
ser ou algo separado de
nós, advindo muitos
conflitos. Ora! Se o
Todo-Poderoso também
está dentro de nós,
podemos mudar por nossa
própria vontade. Mas se
acreditamos que o Pai
celestial está
exclusivamente do lado
externo, então, supomos
que só Ele pode nos
mudar e não nos
transformamos pela nossa
própria vontade.
Achamo-nos, então,
constantemente, em
presença da Divindade;
nenhumas das nossas
ações lhe podem subtrair
ao olhar; o nosso
pensamento está em
contato ininterrupto com
o seu pensamento,
havendo, pois, razão
para dizer-se que Deus
vê os mais profundos
refolhos do nosso
coração.
Albert Einstein, físico
alemão de origem
judaica, que dispensa
apresentações, "quando,
em 1921, perguntado pelo
rabino H. Goldstein de
New York se acreditava
em Deus, respondeu:
"Acredito no Deus de
Spinoza, que se revela
por si mesmo na harmonia
de tudo o que existe, e
não no Deus que se
interessa pela sorte e
pelas ações dos homens"
(9). Nesta mesma
ocasião, muitos líderes
religiosos diziam que a
teoria da relatividade
"encobre com um manto o
horrível fantasma do
ateísmo, e obscurece
especulações, produzindo
uma dúvida universal
sobre Deus e sua
criação”. (10) Tese que
discordamos
integralmente, pois
Einstein confessou a um
assistente que, no
fundo, seu único
interesse era descobrir
se no instante da
criação Deus teve
escolha de fazer um
universo diferente e,
caso tenha tido opção,
por que é que decidiu
criar esse universo
singular que conhecemos
e não outro qualquer?
Dizia ainda: "Minha
religião consiste em
humilde admiração do
Espírito superior e
ilimitado que se revela
nos menores detalhes que
podemos perceber em
nossos Espíritos frágeis
e incertos. Essa
convicção, profundamente
emocional na presença de
um poder racionalmente
superior, que se revela
no incompreensível
universo, é a idéia que
faço de Deus”. (11)
Da megaestrutura dos
astros à infra-estrutura
subatômica, tudo está
mergulhado na substância
viva da mente de Deus. O
físico americano Paul
Davies, no seu livro
intitulado Deus e a
Nova Física, afirma
categoricamente que o
universo foi desenhado
por uma consciência
cósmica. (12) O
Universo, portanto,
constituído por esses
milhões de sóis, regido
por leis universais,
imutáveis, completas, às
quais acham-se sujeitas
todas as criaturas, é a
exteriorização do
Pensamento Divino.
FONTES:
1- Kardec, Allan. O
Livro dos Espíritos,
Rio [de Janeiro]: FEB,
1994, Questão 4.
2- XAVIER, Francisco
Cândido. Roteiro.
Ditada pelo Espírito
Emmanuel. Rio [de
Janeiro]: FEB, 1994,
Cap. 1.
3- As últimas
observações do
telescópio Hubble (em
órbita) mostram o número
de galáxias conhecidas
de 50 milhões.
4- Em 1991, em
Greenwich, na
Inglaterra, o
observatório localizou
um quasar (possível
ninho de galáxias) com a
luminosidade
correspondente a um
quatrilhão de sóis.
5- Que é Deus?
Paulo Roberto Martins:
Artigo publicado no
Jornal Espírita de
Pernambuco, Julho/2000.
6- Revista ISTOÉ/1775, 8
de Outubro de 2003,
página 100.
7- Kardec, Allan. O
Livro dos Espíritos,
Rio de Janeiro: Ed FEB,
2004, item 5.
8- Kardec, Allan. A
Gênese, Rio de
Janeiro: Ed FEB, 2001,
Cap. II - A Providência,
item 34.
9- Citado em Golgher, I.
O Universo Físico e
humano e Albert Einstein,
B.H: Oficina de Livros,
1991, p. 304.
10- Citado em Idem,
ibidem, pp. 304-305.
11- Einstein, Albert.
Extraído do livro "As
mais belas orações de
todos os tempos".