ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
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Guarani, Minas Gerais (Brasil)
O Consolador
prometido
Kardec dedicou
um capítulo de
O Evangelho
segundo o
Espiritismo
para analisar
duas promessas
de Jesus. Aliás,
é o menor
capítulo daquele
livro.
As promessas
estão relatadas,
uma por Mateus,
no capítulo XI,
vv. 28 a 30 de
seu evangelho e
outra, por João
no capítulo XIV,
vv. 15 a 17 e 26
de seu
evangelho.
O objetivo do
capítulo é
duplo: a)
mostrar que
Jesus Cristo foi
o maior
consolador que a
humanidade
conheceu e b)
demonstrar que o
Espiritismo é o
cumprimento da
promessa que ele
fizera de que,
quando as coisas
permitissem, ele
nos enviaria um
outro consolador
que daria
seqüência ao seu
pensamento e
faria revelações
novas que
influiriam no
progresso da
Humanidade.
Vejamos os dois
textos.
Diz Jesus em
Mateus, capítulo
XI:
“Vinde a mim,
todos vós que
estais aflitos e
sobrecarregados,
que eu vos
aliviarei. (Mas
para isso) Tomai
sobre vós o meu
jugo e aprendei
comigo que sou
manso e humilde
de coração e
achareis
descanso para
vossas almas,
pois suave é o
meu jugo e leve
o meu fardo”.
Como se vê,
Jesus não
promete a cura.
Promete alívio,
anestesia,
capacidade de
suportar as
dores, de
resolver os
problemas,
superar as
dificuldades. A
nossa cura
depende
exclusivamente
de nós. Nós
somos os médicos
de nós mesmos.
As dificuldades,
os problemas de
toda ordem fazem
parte do
tratamento; são
medicamentos que
a vida nos
propõe para a
nossa cura
definitiva, para
nossa
libertação.
Mas, para que o
processo de
libertação se
efetive, Jesus
nos dá a
receita. Qual é
a receita? Tomar
sobre nós o seu
jugo (a sua lei,
os seus
ensinamentos, o
roteiro que nos
apresentou e, na
aplicação desse
roteiro, ser
manso e humilde
de coração),
lembrando ainda
que o seu jugo é
suave e o fardo
que está posto
aos ombros de
quem queira
servi-lo é muito
leve.
Deus não quer de
nenhum de nós
sacrifícios
insuportáveis.
Jesus foi claro
ao dizer isso.
“Misericórdia
quero, não
sacrifício!”.
Deus quer de nós
somente aquilo
que podemos dar.
Ele sabe de que
somos capazes.
Todos nós temos
instrumentos
para servir. Uns
mais; outros
menos. E a
comparação de
que Deus se
utiliza não
envolve a
quantidade que
se dá, mas a
capacidade de
quem dá. O óbolo
da viúva foi a
oferenda maior,
embora
monetariamente
insignificante.
Ninguém se
julgue, pois,
incapaz de
servir. Basta
que se disponha
a isso; basta
querer, basta
dizer sim quando
a vida o chama
para isso.
Uma advertência,
porém: para
servir é preciso
que tenhamos
manso o coração
e brandas, as
atitudes; sereno
o nosso
comportamento;
tolerantes;
compreensivos,
solidários,
afetuosos,
fraternos. É
incompatível o
espírito de
serviço com a
intolerância,
com a
brutalidade, com
a impaciência,
com as
cobranças. E que
sejamos sempre
humildes. São os
pequenos e
necessitados que
mais necessitam
de nós.
Precisamos da
humildade para
abrir-lhes o
caminho até nós.
Chico queria que
toda casa
espírita fosse
sempre uma casa
acolhedora,
simples, sem
luxo, para que o
pobre, o
necessitado, não
tivesse vergonha
de nela
penetrar. Para
que ele se
sentisse em
casa, à vontade,
sem preocupações
de ordem menor
que tanto
separam as
pessoas umas das
outras.
Mansuetude e
brandura no
coração e
humildade em
todas as
atitudes. A
nossa cura
começa por aí.
A outra promessa
está em João,
capítulo XIV,
vv. 15 a 17 e
26. Diz o texto:
“Se me amais,
guardai os meus
mandamentos; eu
rogarei a meu
Pai e ele vos
enviará outro
Consolador, a
fim de que fique
eternamente
convosco: o
Espírito de
Verdade, que o
mundo não pode
receber porque o
não vê e
absolutamente
não o conhece.
Mas quanto a
vós,
conhecê-lo-eis,
porque ficará
convosco e
estará em vós. O
Consolador, que
meu Pai enviará
em meu nome, vos
ensinará todas
as coisas e vos
fará recordar
tudo o que vos
tenho dito”.
“... vos fará
recordar tudo o
que tenho
dito...” De
fato, as
religiões ditas
cristãs
introduziram
tantas coisas em
sua doutrina que
nada têm com o
ensino de Jesus;
acrescentaram
tantas
estranhezas ao
pensamento do
Mestre, que
seria preciso
alguém vir
redizer as
coisas que o
Cristo disse,
relembrar seus
ensinamentos
esquecidos e
trazer novos
esclarecimentos
para ajudar a
Humanidade a
crescer.
Jesus não deu
ênfase à
sobrevivência do
Espírito embora
todo seu ensino
acene para uma
vida futura. No
sermão da
montanha, o mais
belo resumo de
seu pensamento,
a vida futura
está
intensamente
refletida e as
bem-aventuranças
só são
entendidas se se
aceitar a
existência da
vida futura.
Jesus não se
preocupou com a
comunicação
entre vivos e
mortos, mas não
só não repetiu a
proibição de
Moisés, como fez
vir à sua
presença e à de
três de seus
discípulos os
Espíritos de
Moisés e de
Elias, na
transfiguração
do monte de
Tabor. Jesus
referiu-se
vagamente à
reencarnação no
encontro com
Nicodemos e nas
conversas sobre
a vinda ou não
do profeta Elias
preparando-lhe o
caminho. Falou
da existência de
muitas moradas
na casa do Pai.
Todos esses
ensinamentos
foram
desfigurados nas
doutrinas
cristãs que
vieram depois.
A promessa do
novo consolador,
entenderam
nossos irmãos de
outras crenças
que ela ocorreu
cinqüenta dias
depois da morte
de Jesus na
festa do
pentecostes,
onde fenômenos
mediúnicos muito
sérios eclodiram
na praça pública
diante da
multidão
estupefata.
O Espiritismo
retomou o ensino
de Jesus e
deu-lhe
seqüência,
avançando um
pouco mais com
novas revelações
e tirando da
letra que mata o
espírito que
vivifica a
Doutrina de
Jesus. É o
momento novo em
que se retoma o
ensino de Jesus
e se caminha um
pouco mais,
unindo religião
e ciência para,
ao lado da
filosofia,
esclarecer nosso
Espírito e
iluminar a nossa
consciência.
Fiel a essa
idéia,
apresenta-se-nos
o Espírito da
Verdade que, ao
superintender a
obra da
codificação,
sugere-nos dois
ensinamentos
fundamentais
para a nossa
caminhada como
espíritas. Diz
ele: Espíritas,
amai-vos,
este o primeiro
ensinamento;
instruí-vos,
este o segundo.
O amor, essência
da vida, está
presente em
todas as
palavras e
atitudes de
Jesus; a
instrução, meta
universal, é um
dos objetivos
primeiros da
encarnação a que
todos estamos
sujeitos, na
difícil
caminhada da
evolução.