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Correio Mediúnico
Ano 2 - N° 67 - 3 de Agosto de 2008
 

Lutas da irritação

Cornélio Pires


Em carta você pergunta,

Prezada Rita Frazão,

Como se anotam no Além

As lutas da irritação.

 

Pode crer. A irritação

Quando envolve a criatura

É um pedaço de caminho

Para a morte prematura.

 

A cólera é sempre um mal

Embora pareça um bem,

Espinheiro de azedume

Não dá proveito a ninguém.

 

São muitos os casos graves,

Que a fúria estende por si,

Tanto nos atos da Terra

Quanto nos fatos daqui.

 

Tanto se irava por nada

Nhô Totico das Candeias,

Que se matou sem querer

Trancando o sangue nas veias.

 

Enraivecido, Nhô Juca,

Na Roça dos Enjeitados,

Morreu grudado na chusma

De espíritos atrasados.

 

Enfurecia-se à toa,

O nosso Carlos Monteiro...

Ao irar-se no volante

Rolou no despenhadeiro.

 

Gritando desorientado

Contra tia Felisbela,

Nhô Ramos morreu de um bife

Engastalhado na goela.

 

Recorde o caso sabido

De Aninha de Nhô Vicente,

Caiu e morreu com raiva

Num tacho de água fervente.

 

Outra história muito triste

A morte de Adão Galeno,

Cego de raiva trocou

Sal amargo por veneno.

 

Sempre irritado na praça,

Tião do Sítio da Lua,

Fazendo compras na loja,

Morreu de briga na rua.

 

Outro caso doloroso

O de Chiquinha dos Matos,

Afogou-se na cisterna,

Querendo bater nos gatos.

 

Nhá Tina em fúria constante

Na Tapera do Riacho,

Quando surrava um cachorro,

Finou-se de escada abaixo.

 

Derrame acabou com Júlio

Na Fazenda da Floresta...

O pobre espantava as moscas

Com murros na própria testa.

 

Tenha calma e tolerância,

Não siga impulso violento,

A cólera, em qualquer parte,

É chuva de sofrimento.

 

Irritação? Fuja disso,

Não se esqueça, minha irmã,

Ante os entraves de hoje

Que a vida volta amanhã.

 



Poema psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, constante do cap. 18 do livro Retratos da Vida.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita