MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
No Mundo Maior
André Luiz
(5a
Parte)
Damos prosseguimento ao
estudo da obra
No Mundo Maior,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier,
publicada em 1947 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Os cérebros são
idênticos ou variam
conforme a pessoa?
R.: Eles variam de
criatura a criatura, em
virtude da
multiplicidade das
posições na escala
evolutiva. Nem os símios
ou os antropóides, a
caminho da ligação com o
gênero humano,
apresentam cérebros
absolutamente iguais
entre si. Cada
individualidade
revela-o consoante o
progresso efetivo
realizado. O selvagem
apresenta um cérebro
perispiritual com
vibrações muito diversas
das que o homem
civilizado apresenta. O
encéfalo de um santo
emite ondas que se
distinguem das que são
emitidas pela fonte
mental de um cientista.
(No Mundo Maior, cap.
4, pp. 55 e 56.)
B. Como se processa a
evolução espiritual ou
anímica?
R.: A evolução
espiritual ou anímica
requer fixação,
aproveitamento e
continuidade. O
princípio espiritual,
desde o obscuro momento
da criação, caminha sem
detença para frente.
Afastou-se do leito
oceânico, atingiu a
superfície das águas
protetoras, moveu-se em
direção à lama das
margens, debateu-se no
charco, chegou à terra
firme, experimentou na
floresta copioso
material de formas
representativas,
ergueu-se do solo,
contemplou os céus e,
depois de longos
milênios, durante os
quais aprendeu a
procriar, alimentar-se,
escolher, lembrar e
sentir, conquistou a
inteligência. Segundo
Calderaro, ele viajou do
simples impulso para a
irritabilidade, da
irritabilidade para a
sensação, da sensação
para o instinto, do
instinto para a razão.
Inúmeros milênios
transcorreram desde
então. Estamos, em todas
as épocas, abandonando
esferas inferiores, a
fim de escalar as
superiores. “O cérebro
é o órgão sagrado de
manifestação da mente,
em trânsito da
animalidade primitiva
para a espiritualidade
humana." (Obra
citada, cap. 4, pp. 56 a
59.)
C. Quando teremos a
reminiscência integral
do nosso passado?
R.: Essa faculdade só
será adquirida mais
tarde, quando nossa alma
estiver escoimada de
todo e qualquer
resquício de sombra. No
momento, o cérebro
físico não suportaria a
carga de uma dupla vida
e desempenha, assim,
função amortecedora,
como quebra-luzes,
atuando beneficamente
para que a alma
encarnada trabalhe e
evolva. Nascimento e
morte, na esfera carnal,
são, para a generalidade
das criaturas, choques
biológicos,
imprescindíveis à
renovação. O instrutor
Calderaro lembra, porém,
que não há total
esquecimento na Crosta
Terrestre, nem
restauração imediata da
memória nas províncias
da existência, que se
seguem ao campo da
atividade física. Todos
os homens conservam
tendências e faculdades,
que quase equivalem a
efetiva lembrança do
passado; e nem todos, ao
atravessarem o sepulcro,
podem readquirir,
repentinamente, o
patrimônio de suas
reminiscências. "Quem
demasiado se
materialize,
demorando-se em baixo
padrão vibratório, no
campo de matéria densa,
não pode reacender, de
pronto, a luz da
memória.” (Obra
citada, cap. 4, pp. 60 e
61.)
Texto
para leitura
24. O obsessor agia
por vingança - Logo
que serenados os ânimos,
o homicida retirou-se,
discreto, para grande
centro industrial, onde
aplicou os recursos
econômicos em atividades
lucrativas. O rapaz
conseguira ludibriar os
homens, mas não pôde
iludir a si mesmo, nem à
entidade desencarnada,
que, concentrando a
mente na idéia de
vingança, passou,
perseverante, a segui-lo
e aferrou-se à sua
organização psíquica, à
maneira de hera sobre
muro viscoso. Tudo fez o
homicida para atenuar
esse assédio constante.
Desdobrou-se nos
empreendimentos
materiais, ansiando
esquecimento de si mesmo
e pondo em prática
iniciativas que lhe
fizeram afluir ao cofre
enormes quantias;
contudo, a boa situação
econômica não lhe
arrefecia a
intranqüilidade e o
sofrimento. Decidiu
então casar-se,
desposando uma jovem de
alma extremamente
elevada, que lhe deu
cinco filhos. No clima
espiritual da mulher
escolhida, conseguiu de
certo modo
equilibrar-se, conquanto
a vítima nunca o
largasse. As leis
divinas, porém, jamais
falecem. O desventurado
homicida manteve
enclausuradas, no porão
da personalidade, todas
as impressões
destruidoras recolhidas
no instante da queda.
Repugnava-lhe a idéia de
confessar publicamente o
crime cometido, o que de
certo modo lhe mitigaria
a angústia, liberando
energias nefastas, que
arquivara. (Cap. 4, pp.
52 e 53)
25. O problema do
remorso - A mente
criminosa, assediada
pela presença invariável
de sua vítima, passou a
fixar-se na região
intermediária do
cérebro, porque a dor do
remorso não lhe permitia
fácil acesso à esfera
superior do organismo
perispirítico. Vivendo
mentalmente na região
intermediária do
cérebro, em caráter
quase exclusivo, só
sentia alguma calma
agindo e trabalhando, de
qualquer maneira, mesmo
desordenadamente. Ele
intentava a fuga através
de todos os meios ao seu
alcance. Deitava-se,
extenuado pela fadiga do
corpo, levantando-se, no
dia seguinte, abatido e
cansado de inutilmente
duelar com o
perseguidor invisível,
nas horas de sono. Como
conseqüência, provocou o
desequilíbrio da
organização
perispiritual, o
que se refletiu na zona
motora, implantando o
caos orgânico.
Examinando atentamente o
doente, André Luiz teve
a impressão de que o
córtex fosse um robusto
dínamo em funcionamento:
parecia um aparelho
elétrico de estrutura
complicada. Calderaro
falou-lhe então sobre o
corpo perispiritual,
explicando que todo o
campo nervoso da
criatura constitui a
representação das
potências
perispiríticas,
vagarosamente
conquistadas pelo ser,
através de milênios e
milênios. Na encarnação,
o corpo sutil – que é no
mundo espiritual de
extrema leveza e
extraordinária
plasticidade –
submete-se às leis de
recapitulação,
hereditariedade e
desenvolvimento
fisiológico, em
conformidade com o
mérito ou demérito da
pessoa e com a missão ou
o aprendizado
necessários. (Cap. 4,
pp. 53 a 55)
26. O cérebro varia
de pessoa a pessoa -
Calderaro lembrou a
complexidade do cérebro
real, que varia de
criatura a criatura, em
virtude da
multiplicidade das
posições na escala
evolutiva. Nem os símios
ou os antropóides, a
caminho da ligação com o
gênero humano,
apresentam cérebros
absolutamente iguais
entre si, afirmou o
Instrutor. Cada
individualidade
revela-o consoante o
progresso efetivo
realizado. O selvagem
apresenta um cérebro
perispiritual com
vibrações muito diversas
das que o homem
civilizado apresenta.
Sob esse ponto de vista,
o encéfalo de um santo
emite ondas que se
distinguem das que são
emitidas pela fonte
mental de um cientista.
Na realidade, todo o
aparelhamento nervoso é
de ordem sublime. A
célula nervosa é
entidade de natureza
elétrica, que
diariamente se nutre de
combustível adequado.
"Há neurônios
sensitivos, motores,
intermediários e
reflexos", asseverou
Calderaro. "Existem os
que recebem as sensações
exteriores e os que
recolhem as impressões
da consciência",
acrescentou. E a mente é
a orientadora desse
universo microscópico,
em que bilhões de
corpúsculos e energias
multiformes se consagram
a seu serviço. Dela
emanam as correntes da
vontade, determinando
vasta rede de estímulos,
reagindo ante as
exigências da paisagem
externa, ou atendendo às
sugestões das zonas
interiores. (Cap. 4, pp.
55 e 56)
27. Evolução anímica
- Indagações diversas
povoavam a mente de
André Luiz. Calderaro
falou-lhe então sobre a
química espiritual, que
existe do mesmo modo que
existe a química
fisiológica, havendo,
contudo, extrema
dificuldade em
definir-lhes os pontos
de ação independente.
Era tarefa quase
impossível
determinar-lhes a
fronteira divisória,
porquanto, asseverou o
Instrutor, "o espírito
mais sábio não se
animaria a localizar,
com afirmações
dogmáticas, o ponto onde
termina a matéria e
começa o espírito". No
cérebro – informou
Calderaro – inicia-se o
império da química
espiritual. Os elementos
celulares são, aí, dificilmente
substituíveis, porque o
trabalho da alma requer
fixação, aproveitamento
e continuidade. O
Instrutor fazia aí uma
alusão à evolução
anímica: "O princípio
espiritual acolheu-se no
seio tépido das águas,
através dos organismos
celulares, que se
mantinham e se
multiplicavam por
cissiparidade. Em
milhares de anos, fez
longa viagem na esponja,
passando a dominar
células autônomas,
impondo-lhes o espírito
de obediência e de
coletividade, na
organização primordial
dos músculos.
Experimentou longo
tempo, antes de ensaiar
os alicerces do
aparelho nervoso, na
medusa, no verme, no
batráquio, arrastando-se
para emergir do fundo
escuro e lodoso das
águas, de modo a encetar
as experiências
primeiras, ao sol
meridiano". (Cap. 4, pp.
56 a 58)
28. A
evolução constitui uma
longa viagem
- As informações
causavam em André enorme
perplexidade. O que
Calderaro queria,
contudo, dizer é que o
princípio espiritual,
desde o obscuro momento
da criação, caminha sem
detença para frente.
Afastou-se do leito
oceânico, atingiu a
superfície das águas
protetoras, moveu-se em
direção à lama das
margens, debateu-se no
charco, chegou à terra
firme, experimentou na
floresta copioso
material de formas
representativas,
ergueu-se do solo,
contemplou os céus e,
depois de longos
milênios, durante os
quais aprendeu a
procriar, alimentar-se,
escolher, lembrar e
sentir, conquistou a
inteligência... "Viajou
do simples impulso para
a irritabilidade, da
irritabilidade para a
sensação, da sensação
para o instinto, do
instinto para a razão",
acrescentou o Instrutor.
Inúmeros milênios
transcorreram desde
então. "Estamos, em
todas as épocas, – disse
ele – abandonando
esferas inferiores, a
fim de escalar as
superiores. O cérebro é
o órgão sagrado de
manifestação da mente,
em trânsito da
animalidade primitiva
para a espiritualidade
humana". (Cap. 4, pp. 58
e 59)
29. Lá ou cá, o
trabalho construtivo é
uma bênção - O homem
das últimas dezenas de
séculos representa a
humanidade vitoriosa,
emergindo da
bestialidade primária.
Dessa condição
participam milhões de
desencarnados,
espíritos ainda pesados,
por não haverem alijado
todo o conteúdo de
qualidades inferiores de
sua organização
perispiritual, o que os
compele a viverem, após
a morte física, em
formações afins, em
sociedades realmente
avançadas, mas
semelhantes aos
agrupamentos
terrestres. Nesses dois
lados da existência –
acentuou o Instrutor
Calderaro – o trabalho
construtivo é a nossa
bênção, aparelhando-nos
para o futuro divino. A
atividade na esfera
espiritual é, para
quantos se conservam
quites com a Lei, mais
rica de beleza e de
felicidade, pois a
matéria é mais rarefeita
e mais obediente às
solicitações de índole
superior. Passando,
porém, o rio do
renascimento, somos
todos surpreendidos
pelo duro trabalho de
recapitulação para a
necessária
aprendizagem. Semeamos
na Crosta para colhermos
no mundo espiritual,
aprimorando,
reajustando e
embelezando, até atingir
a messe perfeita, o
celeiro farto de grãos
sublimes, de modo a nos
transferirmos, aptos e
vitoriosos, para "outras
terras do céu". (Cap. 4,
pp. 59 e 60)
30. Esquecimento do
passado - O problema
do esquecimento do
passado intrigava
André.
Calderaro lembrou-lhe
que eles mesmos, que
possuíam relativa
condição de
espiritualidade, não
dominavam o processo de
reminiscência integral
dos caminhos
percorridos. Não
estamos, disse o
Instrutor, munidos de
suficiente luz para
descer com proveito a
todos os ângulos do
abismo das origens. Essa
faculdade só será
adquirida mais tarde,
quando nossa alma
estiver escoimada de
todo e qualquer
resquício de sombra. No
momento, o cérebro
físico não suportaria a
carga de uma dupla vida
e desempenha, assim,
função amortecedora: são
quebra-luzes, atuando
beneficamente para que a
alma encarnada trabalhe
e evolva. Nascimento e
morte, na esfera carnal,
são, para a generalidade
das criaturas, choques
biológicos,
imprescindíveis à
renovação. "Em verdade,
– afirmou Calderaro –
não há total
esquecimento na Crosta
Terrestre, nem
restauração imediata da
memória nas províncias
da existência, que se
seguem, naturais, ao
campo da atividade
física. Todos os homens
conservam tendências e
faculdades, que quase
equivalem a efetiva
lembrança do passado; e
nem todos, ao
atravessarem o sepulcro,
podem readquirir,
repentinamente, o
patrimônio de suas
reminiscências". "Quem
demasiado se
materialize,
demorando-se em baixo
padrão vibratório, no
campo de matéria densa,
não pode reacender, de
pronto, a luz da
memória. Despenderá
tempo a desfazer-se dos
pesados envoltórios a
que inadvertidamente se
prendeu." (Cap. 4, pp.
60 e 61)
(Continua no próximo
número.)