Aos tristes
Cruz e Souza
Alma triste e infeliz
que se tortura
No tormento que punge e
dilacera,
Para quem nunca trouxe a
Primavera
Dos seus pomos dourados
de ventura;
Sou teu irmão, e
intrépido quisera
Trazer-te a luz que
esplende pela Altura,
Afastando essa dor que
te amargura
Nas ansiedades de uma
longa espera.
Mas há quem guarde as
gotas do teu pranto
No tesouro sublime e
sacrossanto
Dos arcanos de luz da
Divindade!
Há quem te faça ver as
cores do íris
Da fagueira esperança,
até partires
Nas asas brancas da
Felicidade.
Cruz e Souza, natural de
Santa Catarina, nasceu
em 1861 e desencarnou em
1898, no Estado de
Minas. Poeta de
emotividade delicada,
soube, mercê de um
simbolismo
inconfundível, marcar
sua individualidade
literária. Sua vida foi
toda dores. O soneto
acima, psicografado por
Francisco Cândido
Xavier, integra o livro
Parnaso de
Além-Túmulo.