Um amigo nos indaga o que
pensamos a respeito da
ortotanásia, um assunto que
tem provocado acaloradas
discussões nos meios médicos
e jurídicos desde que o
Conselho Federal de Medicina
baixou a Resolução 1.805, de
28/11/2006, na qual
estabeleceu: “É permitido ao
médico limitar ou suspender
procedimentos e tratamentos
que prolonguem a vida do
doente em fase terminal, de
enfermidade grave e
incurável, respeitada a
vontade da pessoa ou de seu
representante legal”.
Segundo a citada Resolução:
O médico tem a obrigação de
esclarecer ao doente ou a
seu representante legal as
modalidades terapêuticas
adequadas para cada
situação. A decisão tomada
deve ser fundamentada e
registrada no prontuário. É
assegurado ao doente ou a
seu representante legal o
direito de solicitar uma
segunda opinião médica.
No art. 2º da Resolução, o
CFM diz: “O doente
continuará a receber todos
os cuidados necessários para
aliviar os sintomas que
levam ao sofrimento,
assegurada a assistência
integral, o conforto físico,
psíquico, social e
espiritual, inclusive
assegurando-lhe o direito da
alta hospitalar”.
As inúmeras discussões em
torno do tema advêm do fato
de que juristas de renome
entendem que ortotanásia
equivale à eutanásia passiva
e, portanto, não teria, no
Brasil, o amparo da lei.
Evidentemente, quem nos fez
a pergunta deseja saber o
que achamos do assunto em
termos espíritas, o que nos
leva, então, a valer-nos do
pensamento emitido pelo
confrade e médico Júpiter
Villoz Silveira, que,
respondendo sobre o que
achava da ortotanásia, não
tergiversou:
“Sou contra. Como médico,
sou favorável à chamada
paliação, que considera
morte tranqüila aquela em
que a dor e o sofrimento são
minimizados por cuidados
adequados (cuidados
paliativos), no qual o
paciente não é abandonado ou
negligenciado. Ou seja, a
paliação procura aumentar o
conforto e manter a
dignidade do paciente, mas
sem interferir na sobrevida,
pois não tem caráter
curativo. Suas ações não
visam apressar ou retardar a
morte, mas fundamentalmente
dar conforto ao paciente,
tendo como foco as
necessidades psicológicas e
espirituais do doente
terminal e da sua família.
Além disso, a paliação
considera o paciente
terminal não como uma
máquina, cujas peças estão
avariadas e comprometidas,
mas como um ser cumprindo
sua destinação em acordo com
uma visão holística, que
entende essencial
compreender o Espírito
naturalmente ora encarnado,
ora desencarnado, sendo esta
visão também estendida aos
familiares que o cercam.
Ora, o ambiente espiritual
que envolve o doente
terminal é fundamental para
que ele possa
desvencilhar-se dos laços
que o prendem à matéria com
serenidade, tranqüilo para
receber ajuda dos bons
Espíritos e, desse modo,
prosseguir sua jornada em
equilíbrio. Infelizmente,
isso freqüentemente não
ocorre pelo apego e
desespero vividos tanto pelo
paciente quanto pelos
encarnados que o cercam,
embora munidos dos mais
diversos conhecimentos
religiosos”.
A entrevista
concedida pelo Dr. Júpiter
Villoz Silveira pode ser
vista na íntegra na edição
43 de “O Consolador” –
http://www.oconsolador.com.br/43/principal.html
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