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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 67 - 3 de Agosto de 2008

WELLINGTON BALBO
wellington_plasvipel@terra.com.br
Bauru, São Paulo (Brasil)

A pesquisa da revista IstoÉ e a juventude espírita


A pesquisa realizada pela revista IstoÉ, pertinente ao assunto  juventude e sua relação com o Criador causou alvoroço no meio espírita. Alguns confrades levantaram-se contra a reportagem exigindo atitudes de reparação por parte da revista, outros, como o amigo de Londrina e editor da revista eletrônica O Consolador – ver www.oconsolador.com –  Astolfo Olegário Filho, portaram-se de forma distinta e tocaram em ponto importante: a pouca instrução doutrinária desses jovens que se dizem espíritas e, no entanto, desconhecem os mais básicos princípios da codificação kardequiana, que é contrária à pena de morte e o aborto, este último consentido no caso de perigo para a vida da gestante.

Todavia, a pesquisa realizada pela revista é um assunto que se desdobra a novas frentes e raciocínios. O que mais nos chamou a atenção foi o baixo índice dos jovens que se dizem espíritas. Uma porcentagem pífia, irrisória, cerca de 1,4% dos jovens, segundo a revista IstoÉ, se dizem espíritas. Ora, em realidade o número é bem menor, porquanto a qualidade de conhecimento doutrinário desses jovens inexiste, e, inexistindo, naturalmente não podem ser espíritas.

Diante disso, surgem duas situações:

1º O número de jovens espíritas no Brasil é pequeno, o que demonstra a carência da divulgação espírita para essa faixa etária.

2º Estamos com dificuldade na transmissão das idéias espíritas. É preciso, sem dúvida, sermos mais claros e objetivos no que compete à comunicação espírita, principalmente para crianças e jovens.

Uma pergunta: será que estamos repassando Kardec aos jovens que chegam aos centros espíritas? Será que os fundamentos kardequianos vêm sendo estudados com afinco e coerência pela juventude? É necessário, antes de mais nada, fazer uma real avaliação: os jovens de hoje não são os jovens de ontem, logo se faz mister promover a divulgação das obras de Kardec de forma compatível à juventude de hoje, adaptando a divulgação aos novos tempos.

É uma questão prática e urgente: ou nos mobilizamos e fazemos um planejamento para a divulgação maciça e coerente do Espiritismo para a faixa etária envolvendo os jovens e crianças, ou corremos o risco de vermos os esforços de Kardec e dos filósofos da espiritualidade tardarem um pouco mais para serem implantados, adiando ainda mais o despertar da consciência humana para as realidades que vão além da efêmera existência física.

Nesse sentido, é grande a responsabilidade de quem esposa a tarefa de transmitir os princípios espíritas a crianças e jovens, porquanto serão os jovens os herdeiros do Espiritismo e responsáveis por levar adiante as lições da espiritualidade, sensibilizando, consolando, instruindo, esclarecendo...

Imperioso que os dirigentes espíritas reforcem o ensino espírita nos centros que estão sob sua coordenação, que ofereçam cursos de estudos e reciclagem para aqueles que se arvoram na sublime tarefa de se relacionar com os jovens e crianças. A Codificação deve ser respeitada e estudada, de forma simples, objetiva, dinâmica e atual. Importante falar a linguagem da juventude, demonstrando a aplicabilidade dos princípios espíritas no mundo em que estamos inseridos, dentro do contexto de mudanças e rápida evolução.

A grande questão é: não podemos falar de Espiritismo para os jovens de hoje como falávamos para os jovens de ontem porque as situações se apresentam de forma distinta e conforme as conveniências dos novos tempos. Não se trata de modificar a Codificação, nada disso. A sua base é irretocável, no entanto é preciso trazê-la para a atualidade, porquanto suas diretrizes são atuais e moldam-se às exigências do mundo contemporâneo. Este foi um dos grandes legados de Kardec: deixar a Codificação flexível e adaptável à realidade em que estão mergulhadas as pessoas.

Dentre as grandes virtudes do codificador estavam sua capacidade de comunicação e o espírito visionário que enxergava além de seu tempo. Essas virtudes deixaram o campo aberto para as novas gerações, ou seja, o Espiritismo não anda engessado ao século XIX, mas aberto às perspectivas e situações do século XXI e seus posteriores. Portanto, importante fazer uma leitura da pesquisa realizada pela revista e utilizá-la como elemento para planejamento das atividades doutrinárias, pois do contrário o Espiritismo corre sério risco de ficar ainda mais afastado dos jovens e das crianças.

Pensemos nisso.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita