De: Leda Flaborea (São Paulo, SP)
Domingo, 17 de agosto de 2008, às 12:43
Vejam parte de uma interessante entrevista concedida pelo astronauta americano Edgar Mitchell, que foi o sexto homem a pisar na lua.
Leda
Nota do Editor:
Eis o texto enviado por nossa companheira Leda:
O americano Edgar Mitchell participou da missão Apollo 14 e foi o sexto homem a pisar na lua. Enquanto estava no espaço, Mitchell teve uma experiência espiritual que mudou seus paradigmas: "Olhando para o espaço, tive um sentimento de estar profundamente conectado com tudo".
De volta à Terra, ele fundou o Instituto para Ciências Noéticas, cujo principal objetivo é promover o estudo e prática da ciência de um ponto de vista cósmico. Para ele, os cientistas e místicos têm o mesmo objetivo: entender a galáxia. "Os místicos, porém, têm feito isso há milênios, e os cientistas são novatos", afirma Mitchell.
Ele cita Descartes como o responsável pela profunda influência do pensamento dualista na sociedade ocidental: “Descartes foi o primeiro a defender que razão e espírito estavam separados. E assim têm sido desde então, por longos 400 anos. É isso que nos permite ir a Igreja aos domingos e pedir perdão, e na segunda-feira continuar estragando o mundo." “Por causa do cartesianismo, o progresso espiritual do ocidente sempre foi muito lento. Mas isso mudou nos últimos anos. Agora, estamos finalmente entendendo como a mente e a consciência estão conectadas com o Universo."
Segundo ele, a experiência esotérica - isto é, a experiência interna de unidade com o cosmos - está ao alcance de qualquer um.
Em entrevista coletiva, Mitchell disse:
Pergunta - Fala-se que a física quântica explica a espiritualidade. Como assim?
Edgar Mitchell - De acordo com a teoria quântica, existe o não-lugar. Este não-lugar não se baseia somente em partículas, mas numa onipresença. O não-lugar está em toda a parte. Os estudos do holograma quântico estão levando a ciência a afirmar basicamente isso. A manifestação que não é local, do aqui e agora, é um não-lugar, está em toda a parte. Os místicos já vinham dizendo isso há muito tempo, e a ciência só agora está chegando a essa conclusão.
Pergunta - O que você acha das teorias que dizem que a consciência cria a realidade?
Mitchell - Existem duas escolas filosóficas. Uma que afirma que a matéria é a realidade absoluta e a outra que diz que a consciência é a realidade absoluta. O que nos parece agora é que nenhuma das duas está inteiramente correta. As duas coisas evoluem ao mesmo tempo, simultaneamente. E antes da matéria e da consciência o que existe é o que se chama de campo de quantum zero, que poderia ser chamado de Deus. Ou seja, o que não é criado. A partir disso surgem as duas realidades simultâneas, a matéria e a consciência. E evoluem juntas, interagindo. Sabemos agora que o universo vazio não está vazio. Existem flutuações quânticas em toda a parte, e em cada pequena partícula quântica existe energia suficiente para a criação de todo o universo.
Pergunta - Para que a sociedade mude, é preciso que os governantes comecem essa mudança?
Mitchell - O sistema político tem que seguir as mudanças. É preciso haver uma perspectiva espiritual primeiro. Uma mudança interna e individual precisa acontecer para depois haver uma mudança política. Não estou falando de levar teologia à política, estou falando de levar uma visão espiritual que vai causar impacto na forma pela qual a política pensa.
Pergunta - Alguns cientistas afirmam que a saída para a humanidade é colonizar outros planetas. O que o senhor acha disso?
Mitchell - Acho que precisamos aprender a viver melhor aqui na Terra. A taxa de crescimento da população e a forma pela qual estamos nos comportando não é adequada para a preservação do planeta. Se continuarmos assim realmente iremos destruir a Terra. Mas o correto não é escapar para outros lugares, e sim saber viver bem aqui. Ao mesmo tempo, o nosso destino é a exploração, nós inevitavelmente vamos explorar outros espaços. Inclusive porque o nosso sistema solar tem um tempo limitado, mais ou menos cinco bilhões de anos, para existir. Depois ele vai se desfazer, é parte da evolução cosmológica.
Pergunta - O senhor acha que religiões são fundamentais na busca espiritual?
Mitchell - Talvez os líderes religiosos não gostem muito dessa afirmação, mas são eles que seguram, pelo poder, a informação de que nós podemos falar com Deus diretamente, sem nenhum intermediário atrapalhando essa comunicação.
Pergunta – Por que a ciência está tentando entender a espiritualidade?
Mitchell - A verdadeira procura é entender a realidade, da qual a espiritualidade é parte. Durante 400 anos acreditamos que eram coisas separadas, mas agora nossa ciência está mostrando que isso não é verdadeiro. Estamos trazendo de volta o que tínhamos erradamente pensado que era separado. Tentar entender a natureza da realidade é uma antiga busca da humanidade. Se você é um artista, deve conhecer o material que usa para pintar, e também tem que criar algo a partir disso. Se você apenas observa a arte, você não tem que entender nada sobre a tinta ou a tela. O que isto está nos dizendo, por mostrar que corpo, mente e espírito estão juntos, é que não somos apenas observadores da arte, nós somos os artistas. Então, precisamos entender tudo. |