R.: Nas sociedades
protestantes a instrução
é mais desenvolvida, as
conversações são mais
sérias, a maledicência
mais atenuada. Na
maioria dos povos
católicos, a religião é
uma mera questão de
forma, um partido
político, antes que uma
convicção, e a moral
evangélica é por eles
cada vez menos
observada. O
Protestantismo, em seu
culto e em suas
prédicas, aproxima-se da
simplicidade e das
concepções dos primeiros
cristãos. Não despreza a
razão, como faz o
Catolicismo. Sua moral é
mais pura e sua
organização é sem
fausto. O Protestantismo
estabelece o livre
exame, a livre
interpretação das
Escrituras, favorecendo
assim o entendimento e a
instrução, considerada
perigosa pela Igreja.
Contudo, por maior que
seja a obra da reforma
do século XVI, ela não
poderia satisfazer as
necessidades atuais do
pensamento, pois
conservou dos dogmas da
Igreja muita coisa
inaceitável. (Obra
citada, cap. VIII, pp.
119 a 124.)
C. Por que os estudiosos
espíritas consideram o
materialismo um perigo
real?
R.: Segundo as teorias
materialistas, o homem
não passa de máquina
governada por instintos.
Ora, uma máquina não tem
liberdade, nem
responsabilidade, nem se
sujeita a leis morais,
sem o que a idéia do
dever inexiste. É por
isso que o materialismo
e o ateísmo conduzem à
depressão das forças
sociais e, muitas vezes,
até à anarquia e ao
niilismo, lançando no
domínio do pensamento
uma noção acabrunhadora
do futuro, o que faz com
que o fardo das misérias
se torne mais pesado ao
homem e as perspectivas
da existência mais
sombrias. A escola
materialista nega o
livre-arbítrio e a
sobrevivência do ser,
nega Deus, o dever, a
justiça e todos os
princípios sobre que
repousam as sociedades
humanas, sem se
preocupar com o que pode
resultar de semelhantes
idéias. Os materialistas
ignoram que a vida do
Espírito é eterna, que a
morte não é mais que uma
transição, que o
Universo é o campo de
educação do espírito
imortal, e a vida, o seu
conduto de ascensão para
um ideal mais belo.
Basta isto para ver
nessas doutrinas um
perigo concreto.
(Obra citada, cap. VIII,
pp. 134 a 137.)
Texto para leitura
91. A Igreja ensina que
um primeiro homem
apareceu na Terra, há
seis mil anos, em estado
de felicidade, de que
decaiu em conseqüência
do pecado. A
Antropologia
pré-histórica faz recuar
a existência da
Humanidade a épocas
muito mais remotas e nos
mostra o homem, a
princípio, no estado
selvagem. (P. 112)
92. A Igreja que,
durante tantos séculos,
ensinou, regeu, dirigiu
o mundo, sempre ignorou,
na realidade, as
verdadeiras leis da vida
e do Universo. Seu
ensino sobre a ordem e a
estrutura do Universo, a
vida da alma e os
poderes psíquicos do
ser, foi sempre errôneo.
(P. 113)
93. É, todavia, uma
imperiosa necessidade
que todos os homens
possuam uma noção
precisa do objetivo da
existência, o que são,
donde vêm, para onde
vão, como e por que
devem agir, visto que
esse conhecimento pode
guiá-los e ampará-los
nas horas difíceis. (P.
116)
94. O catecismo tem sido
o único meio de educação
moral ao alcance de
todos, mas esse ensino
no âmbito da Igreja é
todo superficial e de
memória, e por isso não
penetra na alma humana,
deixando-a à mercê das
idéias materialistas.
(P. 117)
95. Os povos latinos,
nos quais a educação
católica desenvolveu o
sentimento e a
imaginação em detrimento
da razão, se entusiasmam
facilmente e adotam
idéias não pensadas com
critério, que muitas
vezes os levam à perda e
à ruína. (P. 119)
96. Esses defeitos não
se encontram no mesmo
grau nas sociedades
protestantes. Nelas a
instrução é mais
desenvolvida, as
conversações são mais
sérias, a maledicência
mais atenuada. Na
maioria dos povos
católicos, a religião é
uma mera questão de
forma, um partido
político, antes que uma
convicção, e a moral
evangélica é por eles
cada vez menos
observada. (P. 119)
97. Seria injusto, sem
dúvida, atribuir à
Igreja todos os defeitos
dos latinos; mas é
indubitável que o
Catolicismo agravou
esses defeitos,
aniquilando, com sua
doutrina da fé cega, o
emprego da razão e o
espírito de observação.
(P. 120)
98. A doutrina de Jesus,
tal como se expressa nos
evangelhos e nas
epístolas, é doutrina de
liberdade. Foi por terem
desconhecido esse fato
que os chefes da Igreja
oprimiram as
consciências e impuseram
a fé , fazendo da
história do Catolicismo
o calvário da
Humanidade. (P. 122)
99. O Protestantismo, em
seu culto e em suas
prédicas, aproxima-se da
simplicidade e das
concepções dos primeiros
cristãos. Não despreza a
razão, como faz o
Catolicismo. Sua moral é
mais pura e sua
organização é sem
fausto. (P. 124)
100. O Protestantismo
estabelece o livre
exame, a livre
interpretação das
Escrituras, favorecendo
assim o entendimento e a
instrução, considerada
perigosa pela Igreja.
Contudo, por maior que
seja a obra da reforma
do século XVI, ela não
poderia satisfazer as
necessidades atuais do
pensamento, pois ela
conservou dos dogmas da
Igreja muita coisa
inaceitável. (P. 124)
101. Lutero proclamava a
divindade de Jesus;
Calvino impunha os
dogmas da Trindade e da
predestinação. A
“Declaração de la
Rochelle” afirma o
pecado original, o
resgate pelo sangue do
Cristo, as penas eternas
e a condenação das
crianças mortas sem
batismo. (P. 125)
102. Às aspirações
modernas são necessárias
outras expressões,
outras formas, outras
manifestações
religiosas. (P. 126)
103. Vimos quais foram
as conseqüências da
educação religiosa em
nosso país (França).
Deduz-se então desse
estado de coisas que o
ensino leigo lhe é
preferível? Sem dúvida
que o ensino leigo
produz efeitos opostos
aos que indicamos, pois
confere aos homens o
espírito de
independência,
eximindo-os da tutela
governamental e
religiosa; mas ao mesmo
tempo enfraquece a
disciplina moral, sem a
qual não se pode manter
coesa a sociedade. (PP.
127 e 128)
104. O materialismo e o
Positivismo reinam quase
exclusivamente nas altas
esferas políticas,
repletas de
inteligências buriladas
pelo ensino superior, e
contribuem, como o
Catolicismo, para
deprimir os caracteres e
as vontades. (P. 129)
105. É em vão que se
preconiza a moral,
independente de qualquer
crença ou religião.
Quanto mais se espalham
as concepções
materialistas e
ateístas, mais se
subtraem as consciências
aos princípios de
moralidade. O Sr. Emílio
Ferrière confessa em sua
obra “A causa
primária” que a
ciência materialista é
incapaz de organizar um
plano lógico de moral.
(P. 129)
106. Reação vigorosa e
inevitável contra os
dogmas e as
superstições, o
materialismo penetrou em
todas as camadas da
sociedade francesa. Nos
espíritos cultos ele se
adorna com o nome de
Positivismo. (P. 130)
107. Em compensação, no
domínio da Ciência, as
idéias materialistas
perderam em grande parte
a influência, graças às
experiências da moderna
Psicologia, que têm
demonstrado sobejamente
que tudo não é apenas
matéria. (P. 131)
108. Segundo as teorias
materialistas, o homem
não passa de máquina
governada por instintos.
Ora, uma máquina não tem
liberdade, nem
responsabilidade, nem se
sujeita a leis morais,
sem o que a idéia do
dever inexiste. (PP. 134
e 135)
109. É por isso que o
materialismo e o ateísmo
conduzem à depressão das
forças sociais e, muitas
vezes, até à anarquia e
ao niilismo, lançando no
domínio do pensamento
uma noção acabrunhadora
do futuro, o que faz com
que o fardo das misérias
se torne mais pesado ao
homem e as perspectivas
da existência mais
sombrias. (P. 135)
110. A escola
materialista nega o
livre arbítrio e a
sobrevivência do ser,
nega Deus, o dever, a
justiça e todos os
princípios sobre que
repousam as sociedades
humanas, sem se
preocupar com o que pode
resultar de semelhantes
idéias. (P. 136)
111. Os materialistas
ignoram que a vida do
Espírito é eterna, que a
morte não é mais que uma
transição, que o
Universo é o campo de
educação do espírito
imortal, e a vida, o seu
conduto de ascensão para
um ideal mais belo. (P.
137)
112. A ciência da
matéria, quando ensina
que a fatalidade e a
força regem o mundo,
aniquila todo impulso,
toda energia moral nos
fracos e nos deserdados
da existência, e faz
penetrar o desespero no
lar de inúmeras
famílias. (P. 139)
113. Os materialistas
não percebem das coisas
mais que a aparência e a
superfície. Eles não
conhecem da vida
infinita senão os
aspectos inferiores. O
sonho deles é um
pesadelo. (PP. 140 e
141)
(Continua na próxima
edição.)