– O endeusamento
do médium
constitui perigo
para a
mediunidade? Por
quê?
Raul Teixeira:
Evidentemente
que tudo aquilo
que constitui
motivo de
tropeço na
estrada de
qualquer
criatura
naturalmente
poderá levá-la à
queda. Em se
tratando de
médium e de
mediunidade,
todo e qualquer
endeusamento é
plenamente
dispensável,
mesmo porque
entendemos que o
médium não fala
por si próprio.
O que ele
apresenta de
positivo, de
nobre, de
engrandecedor,
deve-se à
assistência e à
misericórdia dos
Espíritos do
Senhor, não
havendo motivo,
portanto, para
que se vanglorie
de uma virtude,
de uma grandeza
que ainda não
lhe pertencem.
Por outro lado,
se o fenômeno ao
qual ele serve
de intermediário
não constitui
essa
grandiosidade,
se são fenômenos
modestos, ou se
houve algum
equívoco ou
alguma
fragilidade nas
colocações que
alguma entidade
apresentou,
também não é
motivo para que
o médium se
atormente, se
entristeça,
porque terá sido
apenas o filtro.
Necessita, sim,
a partir de
então, de ter o
cuidado de estar
cada dia mais
vigilante, para
que esse
empobrecimento
não se amplie,
para que não
seja
co-participante
dessa
deficiência e
para que ele,
cada vez mais,
se dê conta de
que a vaidade
poderá ser-lhe
prejudicial.
Por isso,
qualquer
endeusamento é
desnecessário, é
improfícuo. Isso
não dispensa que
os companheiros,
que estejam
lidando com o
médium, o possam
incentivar para
que ele cresça,
para que ele se
desenvolva cada
vez mais e
melhor, para que
estude, para que
sirva, para que
trabalhe. Assim
afirmamos porque
temos visto
oculta por trás
desse broquel do
não-endeusamento
uma parte muito
considerável de
um personalismo
infeliz, de um
despeito
torturante.
Muitas vezes,
diz-se que não
se deve elogiar
o médium, porque
não haveria
necessidade para
tanto. Porém,
não se lhe diz
nenhuma palavra
que o impulsione
para a frente,
determinando uma
posição de
despeito, ou de
indiferença. Se
não precisamos
dizer à criatura
que ela é um
médium melhor
que Chico
Xavier, e todos
saberão que é
uma inverdade,
poderemos dizer:
prossiga, meu
irmão ou minha
irmã, vá
adiante... O
Chico também
começou nas
lutas das suas
experiências
iniciais, claro
que estamos
deixando de lado
aquela
continuidade de
tarefas que ele
vem fazendo
desde
reencarnações
anteriores, mas,
de qualquer
maneira, mesmo
em encarnações
anteriores ele
iniciou pelo
simples, pelas
coisas mais
modestas, e se
hoje ele é esse
filão de
grandiosa
mediunidade, é
porque
esforçou-se,
devotou-se nesse
anelo da
perfeição
espiritual.
O endeusamento,
então, será
sempre
dispensável,
mormente para
aqueles médiuns
que estejam
começando, mas
não deveremos
deixar de
incentivá-los,
doutrinariamente,
para que não
sejam
desanimados pela
onda terrível
que agride
médiuns e
mediunidades,
nesses dias, que
lança descrédito
e tenta jogar
desdouro por
sobre a tarefa
mediúnica.
Do livro
Diretrizes de
Segurança,
de autoria de
Divaldo P.
Franco e José
Raul Teixeira,
publicado pela
Editora Fráter Livros
Espíritas Ltda.,
de Niterói-RJ.