ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)
Suicídio e
loucura
"Há uma
conseqüência à
qual o suicida
não pode
escapar: é o
desapontamento."
(1)
Em mensagem
inserta no livro
"O Evangelho
segundo o
Espiritismo",
capítulo cinco,
item vinte e
cinco, François
de Genève narra
o seguinte:
"Sabeis por que,
às vezes, uma
vaga tristeza se
apodera de
vossos corações
e vos leva a
considerar
amarga a Vida? É
que vosso
Espírito,
aspirando à
felicidade e à
liberdade, se
esgota jungido
ao corpo que lhe
serve de prisão,
em vãos esforços
para sair dele.
Reconhecendo
inúteis esses
esforços, cai no
desânimo e, como
o corpo lhe
sofre a
influência,
toma-vos a
lassidão, o
abatimento, uma
espécie de
apatia, e vos
julgais
infelizes”.
Em seguida, o
nobre Espírito
faz a seguinte
exortação:
“Crede-me,
resisti com
energia a essas
impressões que
vos enfraquecem
a vontade. São
inatas no
espírito de
todos os homens
as aspirações
por uma Vida
melhor; mas não
as busqueis
neste mundo e,
agora, quando
Deus vos envia
os Espíritos que
Lhe pertencem,
para vos
instruírem
acerca da
felicidade que
Ele vos reserva,
aguardai
pacientemente o
anjo da
libertação, para
vos ajudar a
romper os liames
que vos mantém
cativo o
Espírito.
Lembrai-vos de
que, durante o
vosso degredo na
Terra, tendes de
desempenhar uma
missão de que
não suspeitais,
quer
dedicando-vos à
vossa família,
quer cumprindo
as diversas
obrigações que
Deus vos
confiou. Se, no
curso desse
degredo-provação,
exonerando-vos
dos vossos
encargos, sobre
vós desabarem os
cuidados, as
inquietações e
tribulações,
sede fortes e
corajosos para
os suportar.
Afrontai-os
resolutos...”
Entendemos com
Kardec (1) que
“(...) a
religião, a
moral, todas as
filosofias
condenam o
suicídio como
contrário às
leis da
Natureza.
Entretanto, por
que não se tem
esse direito? Ao
Espiritismo
estava reservado
demonstrar, pelo
exemplo dos que
sucumbiram, que
o suicídio não é
uma falta,
somente por
constituir
infração de uma
lei moral,
consideração de
pouco peso para
certos
indivíduos, mas
também um ato
estúpido, pois
que nada ganha
quem o pratica,
antes, o
contrário é o
que se dá, como
no-lo ensinam,
não a teoria,
porém os fatos a
que ele nos põe
sob as vistas”.
Explica ainda o
ínclito Mestre
Lionês (2):
"O Homem carnal,
mais preso à
Vida corpórea do
que à Vida
espiritual, tem,
na Terra, penas
e gozos
materiais.
O Homem moral,
que se colocou
acima das
necessidades
factícias
criadas pelas
paixões, já
neste mundo
experimenta
gozos que o
homem material
desconhece. A
moderação de
seus desejos lhe
dá ao Espírito a
calma e
serenidade.
Ditoso pelo bem
que faz, não há
para ele
decepções, e as
contrariedades
lhe deslizam por
sobre a alma,
sem nenhuma
impressão
dolorosa
deixarem”.
Com sua habitual
sabedoria,
continua Kardec
(3):
"(...)
Interroguem
friamente suas
consciências
todos os que são
feridos no
coração pelas
vicissitudes e
decepções da
Vida; remontem
passo a passo à
origem dos males
que os torturam
e verifiquem se,
as mais das
vezes, não
poderão dizer:
Se eu houvesse
feito, ou
deixado de fazer
tal coisa, não
estaria em
semelhante
condição.
“Ora, encarando
as coisas deste
mundo da maneira
por que o
Espiritismo faz
que ele as
considere, o
homem recebe com
indiferença,
mesmo com
alegria, os
reveses e as
decepções que o
houveram
desesperado
noutras
circunstâncias,
evidente se
torna que essa
força, que o
coloca acima dos
acontecimentos,
lhe preserva de
abalos a razão,
os quais, se não
fora isso, a
conturbariam”.
Profunda
conhecedora da
alma humana,
Joanna de
Ângelis consegue
acoplar as mais
recentes
conquistas da
psicologia com
os milenares
ensinamentos de
Jesus, e,
partindo dessas
premissas, logra
atingir
conclusões que,
não deixando em
absoluto,
margens a
dúvidas, dado à
racionabilidade
de seus
critérios,
leva-nos, também
ao mesmo patamar
de compreensão.
Acompanhemos,
pois, seu
raciocínio, ao
fazer uma
análise dos
fatores
predisponentes
ao suicídio e à
loucura, ao
mesmo tempo em
que relaciona,
na seqüência, a
profilaxia ideal
a ser adotada no
combate às
sementes da
angústia que são
nutridas pela
tristeza, mágoa,
rebeldia
sistemática
(4):
"A tristeza que
agasalhas,
levando-te à
mortificação
interior, de que
não te consegues
libertar, é
fator destrutivo
nos alicerces da
personalidade.
“A mágoa, que
conservas como
ácido que te
corrói os
tecidos do
sentimento,
constitui morbo
que em breve
terminará por
vencer as tuas
resistências.
“A rebeldia
sistemática, a
que te
agrilhoas,
transformará as
tuas aspirações
duramente
acalentadas em
resíduos de
infelicidade e
tormento
infindável.
“Defrontas os
problemas que se
manifestam no
teu dia-a-dia
entre a
irritação e o
desespero,
estabelecendo
matrizes de
aflições que te
conduzirão ao
auto-aniquilamento.
“Essa melancolia
que te penetra a
mente, tecendo
as malhas da
depressão, é
sinal de alarme
que não podes
desconsiderar.
“Essa aflição
que se agiganta,
dominando-te o
equipamento
nervoso,
convida-te a uma
mudança de
atitude, que não
deves postergar.
Isto que te
consome,
desaparecendo e
ressurgindo em
roupagens de
configuração
nova, é desafio
que deves
enfrentar com
estoicismo, para
saires da
desarmonia”.
Em seguida, a
nobre Mentora dá
o seguinte
aviso:
“Sejam quais
forem os fatores
afligentes ou
depressivos que
te cheguem,
invitando-te ao
cultivo do
pessimismo ou da
irritabilidade,
não devem
encontrar
guarida nos teus
painéis
mentais.
“Problemas e
dificuldades
representam
prova com que
crescemos na
direção da Vida.
Desse modo,
realiza a
assepsia mental
pela preservação
do otimismo e da
irrestrita
confiança em
nosso Pai
Celestial.
“Quando a Vida
te parecer sem
objetivos e
estiveres a
ponto de cair,
renova os
teus conceitos e
ora, buscando a
divina
inspiração,
haurindo, então,
a força que te
propiciará sair
do ocaso
emocional e
transformará os
teus problemas
em ação de
benemerência
para os teus
irmãos,
descobrindo, por
fim, que a
linguagem
universal do bem
é a terapia
preventiva e
curadora para o
suicídio e a
loucura”.
Fontes:
(1)
KARDEC, Allan.
O Livro dos
Espíritos.
83. ed. Rio [de
Janeiro]: FEB,
2002, q. 957.
(2) KARDEC,
Allan. O
Livro dos
Espíritos.
83. ed. Rio [de
Janeiro]: FEB,
2002, q. 941.
(3)
KARDEC, Allan.
O Evangelho
segundo o
Espiritismo.
121. ed. Rio [de
Janeiro]: FEB,
2003, cap. V,
item 4 e 14.