ADAMS AUNI
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Rio de Janeiro, RJ (Brasil)
Meditar
para transcender
Nossos conteúdos
culturais nos levam a
crer que já possuímos
condições específicas
para explicar todas as
coisas, mesmo quando
muitas delas nos são
ainda inexplicáveis. No
entanto, percebemos que
os conhecimentos que
portamos não são
suficientes para
abordarmos certos
assuntos e obter com
eles respostas que nos
preencham as dúvidas,
logo, deveremos buscar
em outras fontes de
conhecimento, para
banhar a nossa árida
indisciplina mental que
necessita de fluidez
cognitiva e muito
trabalho no
processamento.
Em alguns casos o
conhecimento não está lá
fora ou, melhor dizendo,
não vem de fora para
dentro, mas, sim, do
conhecimento de si
mesmo. Nesse caso
podemos entender que a
prática da meditação nos
auxiliaria a alcançar o
autoconhecimento. Porém,
percebemos ainda certa
confusão quanto a
determinar o que venha a
ser meditação e as
demais estruturas que
formam uma meditação, ou
que propriamente levam à
meditação.
Segundo
a visão budista, o auge
da meditação é a
não-mente, isto é, você
estar fora da sua
própria mente, assumindo
sua consciência
transcendental e
observando “do lado de
fora” a própria mente e
os próprios pensamentos.
Segundo esses
entendimentos orientais,
nos relacionamos ora com
sujeito e ora com
objetos. A nossa
“materialidade” nos
relacionaria os
sentimentos e emoções
com coisas, logo,
objetos e não sujeitos,
que seriam as mentes
mais transcendentais,
mais desapegadas a
objetos.
Mente não é consciência,
mas a consciência está
ligada à mente e podemos
concluir que, ao meditar
e elevar o padrão
mental, poderíamos
acessar níveis mais
depurados da mente até
alcançar a consciência.
No budismo, a meditação
é um treino para acalmar
a mente, deixando-a
disponível apenas para
nos percebermos em
essência. Porém, ainda
não sabemos ao certo o
que é mente e onde ela
se localiza e tampouco o
que é consciência e onde
ela também se localiza.
Mas pelo que já se fala
a respeito, mente e
consciência estariam
interligadas em um
continuum.
Interpenetradas entre
si, distintas e
separadas por suas
estruturas “materiais”,
que se apresentam
interligadas em uma
mesma estrutura
altamente sutil. Porém,
uma não é a outra e
vice-versa, apenas se
formam como em uma malha
de várias espessuras e
de vários tons e de
elementos compatíveis
entre si, a fim de
promover a comunicação
entre eles.
De acordo com alguns
fenômenos físicos, em
estudos realizados
quanto à capacidade de
manipulação da matéria
sob a atuação do
pensamento, é possível
especular que mente é
matéria. Mantendo essa
idéia podemos também
entender que a
consciência, embora bem
mais sutil que a mente,
também é matéria.
As coisas se relacionam
de alguma forma, se
ligam de alguma forma,
não há como dizer que a
mente promove algo no
cérebro, sem entender
que para que isso ocorra
é necessário que estejam
interligados, que
existam condutores que
ligam a mente ao
cérebro. Informação é o
que estrutura todas as
coisas animadas e
inanimadas. É a
estrutura da informação
que constitui todas as
coisas; existe, mas onde
se estabelece e como se
comporta para que tudo
exista ainda é
especulação da ciência.
Como se processa um
pensamento? Se ele
existe, existe um
registro energético
dele, logo, ele pode ser
medido, ou pelo menos
suas atuações. Com isso,
é energia, que pode ser
quantificada, logo, de
novo, matéria.
Os estudos preliminares
em neurociência e
psicologia transpessoal
nos levam a crer que há
indicações de que
haveria outras “camadas”
da consciência, que
entendemos se seguiria
em uma “depuração”
contínua até o Espírito.
Uma questão estranha
surge: se é assim algo
tão sutil e fora do
alcance do entendimento
material conhecido,
logo, sem uma relação
com este “mundo”, o
Espírito estaria mesmo
por aqui ou em algum
lugar distante?
Há estudos que colocam
as respostas quânticas
em escalas de dimensões
espaciais diminutas.
Esses estudos alegam que
isso tudo que
teoricamente se afirma
ocorre de verdade,
porém, perceptíveis em
escalas ainda
infinitamente pequenas,
determinando com isso
outras dimensões da
relação espaço e
tempo.
Se pensamento é matéria,
a mente que o processa
também é matéria, então,
a consciência, que
abarca a mente, matéria
é também; claramente
estamos falando de
escalas
microscopicamente
infinitas, pois de outra
forma haveria percepção
desse universo abstrato
pelos sentidos e
possibilidades de
acompanhamento por
aparelhos de medição.
Qual seria a diferença
básica nos
comportamentos das
mentes?
A mente se comporta
basicamente em quatro
estágios ou níveis.
Algumas mentes seguem em
uma progressão
geométrica e avançam, se
relacionando com os
outros seres, mente a
mente. Ora com objeto,
ora com o sujeito. Uns
com os outros, e
aprendendo por tentativa
e erro, porém, sem um
objetivo. Muitas outras
mentes nem por esta
associação mental
conseguem, e estacionam
em um mesmo estágio por
longo tempo, às vezes
por toda uma existência.
Uma mente comum vive por
associações, logo, é uma
mente indisciplinada.
Uma mente concentrada se
porta centrada dentro de
tarefas e atividades
mais específicas,
focando e possibilitando
produções mais
organizadas. Uma mente
contemplativa apresenta
um outro comportamento,
se mantém serena e
processando já em altas
esferas, permanece
centrada e concentrada
na contemplação, tal
qual a observação de uma
obra de arte, admirando
uma paisagem, analisando
a beleza de uma flor, o
que proporciona uma
elevação das ondas hertz
cerebrais, promovendo a
sustentação para
processos mentais mais
externos da órbita da
materialidade.
A prática constante e de
forma correta da
meditação promove
“ondas” mentais que
alcançam esferas além da
própria “estrutura”
mental, ligando-se com
“estruturas” mentais
mais complexas,
promovendo progressão
para um nível espiritual
mais depurado.
A meditação praticada de
forma dedicada e regular
promove efeitos
curativos e de
equilíbrio
psico-bio-físico,
auxilia o entendimento
de si mesmo e a
recuperação do
“Espírito” ao
“perispírito”, seguindo
esse resultado até se
expressar na matéria do
corpo físico.
Na meditação podemos
crer que estamos em
contato com algo muito
superior, mentores ou
guias espirituais. Isso
também pode ocorrer,
porém, é mais provável
que estejamos em contato
com o nosso eu interior,
nossas reservas
pretéritas e nossos
arquivos do
inconsciente.
Formados por acúmulos
mentais de outras
experiências, esses
arquivos, que não
desaparecem com a morte
do corpo físico, se
acumulam para que sejam
trabalhados futuramente,
ou sirvam de banco de
dados para novas
decisões e escolhas do
Espírito. Nesse contexto
é possível encontrar
inúmeros pontos de
estudos trazidos por
Carl Gustav Jung,
Stanislav Grof, Herbert
Frohlich, Danah Zohar e
muitos outros.
A meditação promove
ações positivas em todas
as estruturas do ser
(consciência, mente e
corpo), partindo sempre
de dentro para fora, dos
meandros mais profundos
e longínquos do
Espírito, indo atuar na
consciência, que reflete
sobre a mente, se
instala no cérebro e se
expressa no corpo
físico. Um círculo de
aprendizado e
autoconhecimento, logo,
maior autoconhecimento
leva a maior libertação.
As mudanças ocorrem em
regiões remotas do ser
para quando, devidamente
sustentadas, possam
promover as curas e as
remissões, ditas
espontâneas. A paz de
espírito que adquirimos
por aprender a meditar e
a respirar proporciona
um saudável bem-estar e
uma felicidade tão pura
que não se sabe de onde
vem, pois não imaginamos
que possamos alcançar
tal graça de Deus.
Nos estudos
ortomoleculares e nos
fundamentos da física
quântica, reconhecemos
que o alimento é
energia. É comum vermos
os alimentos (carnes,
peixes, verduras,
frutas, cereais,
laticínios e legumes)
apenas pelos cinco
sentidos, que nos
limitam, quando
deveríamos entendê-los
como cápsulas de
energia, que devem ser
trabalhadas em nosso
organismo como pilhas
renovadoras e
reparadoras, em uma
troca intensa e dinâmica
de forças atômicas, e
entendamos como
“atômicas”, nesse caso,
como forças
microscópicas e
incrivelmente fortes.
Estudando o
comportamento atômico e
suas subpartículas,
sabemos que as forças
que envolvem os átomos
são fracas comparadas às
forças que formam o
agregamento das
subpartículas do núcleo,
que são chamadas de
força forte. O nosso
organismo tem capacidade
para retirar de cada um
desses elementos a
energia para se
recompor. O próprio ar é
composto de inúmeras
estruturas atômicas que
supririam as condições
mais básicas de
sobrevivência, mesmo
dentro dessa estrutura
de carbono que é o nosso
corpo físico, matéria
sutil adensada e
organizada conforme os
moldes do perispírito,
seguindo as instruções
previamente adquiridas e
repassadas pelo
Espírito.
Mantendo as atividades
fisiológicas ativas por
longo tempo, evitando
entrar em colapso,
bastando apenas o
exercício do
autocontrole, da
respiração e da
disciplina da mente. Os
Yogues, figuras
representativas na
Índia, se disciplinam a
essa condição, limitando
ao organismo material
apenas o mínimo e
indispensável para a sua
manutenção, e muitas
vezes colocando-os a
esforços extremos de
resistência, justamente
para demonstrar essas
possibilidades. A
conservação do corpo e
os processos da mente em
suas estruturas e no
equilíbrio de seus
processos dependem dessa
disciplina.
Enquanto ainda nos
virmos apenas como
figuras corporificadas,
haverá dor e sofrimento,
pois muitos nos chamam
de cadáveres ambulantes
se insistirmos em não
nos vermos como
Espíritos com
potencialidades além da
materialidade perecível
e entrópica.
Na verdade haverá mais
sofrimento que dor, pois
a dor é passageira. A
dor promove ação e
mudança. Dor e
sofrimento estão ligados
a processos mentais mais
lentos, mais materiais.
Quando adquiridos ou
estimulados os processos
mentais mais complexos,
para um maior
entendimento das coisas,
a dor e sofrimento não
terão o mesmo efeito.
Assim, ao mudarmos o
nosso padrão mental,
valorizando as coisas
sempre positivamente,
não sentiremos mais a
dor, pois não
precisaremos mais da dor
para mudar ou aprender.
Para existir, o
sofrimento tem que ser
alimentado por quem o
padece, ninguém promove
sofrimento ao outro sem
que esse permita ou
possibilite. Uma mente
automática, presa nas
coisas comuns, precisará
de situações que a façam
sair do automatismo,
para começar a pensar,
refletir e despertar do
sono da ilusão.
O exercício do desapego,
amplamente ilustrado e
ensinado na filosofia e
cultura budista é de
fundamental importância
para que os ocidentais,
que não possuem a
cultura do meditar,
possam entender melhor
esse objetivo de vida.
Os ocidentais podem
desenvolver algo
similar, no sentido do
autoconhecimento e
desapego, desenvolvendo
a compaixão na prática
da caridade. Pode levar
tempo, mas ao longo
dessa prática ocorrerão
inúmeras mudanças na
alma, indeléveis, e
essas mudanças são para
sempre.
O mecanismo do bem é de
fundamental importância
nos processos
meditativos. É bem
possível, na observância
e prática do bem,
alcançar o
autoconhecimento
meditando sobre todas as
experiências vividas. O
budismo promove a
prática do bem em todas
as situações do
cotidiano e, dentro de
seus ensinamentos,
apresentam-se as “Quatro
nobres verdades” que
dizem o seguinte: o
sofrimento existe, o
sofrimento tem causa,
podemos eliminar a causa
do sofrimento e há um
caminho para acabar com
o sofrimento.
Precisamos “observar”
como a mente se comporta
e dimensionar fatos,
emoções e sentimentos,
obtendo mudança do
padrão mental auxiliado
pela meditação. É
necessário amenizarmos o
ruído interior. O tempo
é relativo a essas
questões: mais tempo
pratica, mais tempo
quer, mais tempo vem.
Mais nos vemos fora
desse tempo material e
egoístico, com sua seta
constante seguindo a
entropia sobre as
estruturas materiais,
mais nos libertamos
dessa marcha lancinante
que engana os sentidos
do ser.
Maior a nossa busca
espiritual, mais
promoveremos a entrada e
a permanência em estados
alterados e elevados da
consciência. A
materialidade em nós,
que reside no vale das
ondas de expressão
espiritual, se faz
menor, promovendo o que
pode ser chamado de um
comportamento da ação
negentrópica, revertendo
processos degenerativos
como a velhice e outras
doenças. Porém, é todo o
ser, corpo e espírito,
mente e consciência, que
deve se envolver até
estar comprometido; não
basta apenas exercitar
sem se envolver no
processo e exigir
resultados de conversão.
Há necessidade de nos
convertermos e nos
comprometermos sem
expectativas
imediatistas dos
resultados. Projetarmos
os resultados no futuro,
fora de nós mesmos e de
nossa própria medida
temporal e material,
portanto, certo e
consciente, desde o
início, da certeza dos
resultados que
alcançaremos.
O tempo relativo ao
resultado que desejamos
promove em nós a calma e
a paciência, na certeza
de estarmos a caminho,
portanto, na certeza e
na felicidade de já
estarmos de posse do
objetivo, independente
de quanto tempo e
esforço ainda
precisaremos. É
importante meditarmos
com fé, certeza e
confiança nas coisas
futuras, mesmo sem
vê-las de imediato. É
esse o fundamento da
meditação: promover em
nós “o sair de nós
mesmos”. É esse nosso
“se encontrar” em suas
rememorações e registros
angélicos para obter as
respostas, consolo e paz
de espírito. Nesse
momento, estarmos em
contato vertical com o
Criador, pois o Criador
está em tudo que criou e
nas criaturas que criou.
Somos todos anjos em
potencial, essa semente
é preexistente em nós.
Se ainda não podemos
encontrá-los face a face
nos céus, já podemos
encontrá-los ombro a
ombro em tudo à nossa
volta e em todos os
seres e mentes ao nosso
alcance.
O passo-a-passo rumo ao
desprendimento mental é
subirmos camada por
camada da consciência,
onde poderemos estar em
contato com todas essas
expressões da verdade;
isso não está limitado a
poucos, mas poucos se
limitam a isso, pois
depende de esforço e
disciplina mental e
moral.
Comprometimento com a
verdade, como já
proclamava Gandhi.
A verdade de Deus em
todos nós e em tudo que
está à nossa volta e não
percebemos e, ainda,
equivocados, proferimos
que Deus não nos ama.
O que é a mente? Um
atributo, uma expressão
estrutural da
consciência.
O que é a consciência?
Um atributo, uma
expressão estrutural do
Espírito.
O que é o Espírito? Um
atributo, uma expressão
estrutural de Deus.
São as várias fases e
estágios de nós mesmos,
depende de cada um onde
quer estar e viver em
função dessa relação.
Alcançar a vida futura
declarada por Jesus não
é aguardar o desencarne,
isso não nos torna
santos, mas viver em
qualquer estágio
evolutivo e em qualquer
momento da encarnação,
já, essa vida futura.
A vida futura é uma
condição moral e não
local. A vida moral de
Espíritos superiores e
iluminados.
E o exercício da
meditação auxilia a
alcançar esses níveis e
a entendê-los desde
hoje, desde já e desde
agora.