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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 72 - 7 de Setembro de 2008

EDUARDO AUGUSTO LOURENÇO
eduardoalourenco@hotmail.com
Americana, São Paulo (Brasil)

A renovação do
nosso interior

 
O homem aperfeiçoou a tecnologia e a comunicação. A ciência procurou desvendar as engrenagens de como funciona o universo íntimo.

A medicina está utilizando-se de técnicas cada vez mais avançadas. O entretenimento chegando aos lares pela televisão, computador e Internet. Tudo isto vindo para facilitar a vida humana, gerando conforto, saúde e diversão.

Todas estas ferramentas e conquistas fazem parte do processo evolutivo da humanidade, e do desenvolvimento intelectual do ser humano.

Enquanto o lado intelectual do homem evolui, contribuindo para o progresso material, ele acabou esquecendo-se de si próprio, de lapidar e construir o principal, que é o seu mundo íntimo, de reformular os sentimentos inferiores, de renovar os pensamentos negativistas, egoístas e mesquinhos, deixando de lado o seu desenvolvimento moral.

De maneira geral, os homens pensaram na grandeza, iludiram-se pelas luzes coloridas da cidade grande, ofuscando suas vistas, se esbaldaram na construção de palácios, gastaram fortunas em obras gigantescas, mas se esqueceram de olhar para o lado e ver que seus semelhantes, seres da mesma espécie, passam fome e passam frio. Necessitam de uma palavra de carinho, de um gesto que lhes dê esperança, e querem se sentir importantes e reconhecidos perante a própria espécie humana. 

A humanidade prova do próprio remédio pela indiferença, pelo descaso, pelo egoísmo de enfrentar seus tesouros na escravidão do consumismo desenfreado.

As fugas no alcoolismo, a sexolatria compulsiva, os tranqüilizantes maquiando as dores da alma. A insatisfação gerada no íntimo por não repartir seu talento pessoal com quem precisa. 

O ser deixou-se abater pelo ter, o amor sumiu com a sombra do egoísmo. A humildade apagou-se com a grandeza do orgulho e o homem racional insiste em retornar ao mundo animal. 

A humanidade adoece, tentando buscar respostas e soluções rápidas, sem entender o processo pelo qual está passando. 

É preciso reconhecer que temos um mundo íntimo e que precisamos cuidar dele com muito zelo. Regando com amor, adubando com a prática da caridade, amadurecendo e florescendo com a reflexão sincera. 

Sócrates falava do conhece-te a ti mesmo, Jesus dizia da plantação e da colheita, que uma árvore má não pode dar frutos bons e uma árvore boa não pode dar frutos maus. Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, nos falou da “Reforma Íntima”. 

 A mudança é necessária para entendermos melhor o significado da vida. O ser tem duas asas que o fazem voar, a asa do conhecimento (razão – pensamento) e a asa do sentimento (moral – caridade). É o desenvolver destas asas que o levará rumo à evolução. 

A emoção e a razão atuam no palco da mente em estreita sintonia na maior parte do tempo. Ambas trocam informações para nos mostrar qual é o melhor caminho. 

A harmonia entre as duas é sempre constante, a emoção produzindo e orientando as operações da mente racional, e a razão controlando os impulsos emocionais. Razão e emoção são independentes, mas estão interligadas no cérebro.

A mesma força que temos em fazer o mal, temos para fazer o bem. O poder curador da prece é alívio balsâmico para quem recebe e para quem faz, forma-se uma corrente fluídica de um para com o outro. Esse fluido recebe o impulso da vontade, do amor e da fé. É o veículo do pensamento, como a luz é veículo do fluido cósmico. 

A prece reajusta o sistema imunológico, fortalecendo o organismo, revigora as células fadigadas, restabelece os órgãos doentes, revitaliza a esperança do oprimido e reanima a alma aflita. A felicidade e a alegria ativam o centro cerebral que inibe os sentimentos negativos e favorece o aumento da energia existente.  

Silencia aqueles que geram pensamentos negativistas e pessimistas, proporciona tranqüilidade, faz o corpo recuperar-se mais depressa do estímulo de emoções perturbadoras, tendo mais disposição e entusiasmo para enfrentar as dificuldades da vida e qualquer tarefa imediata. 

A neuropsicóloga Dra. Lúcia Willadino Braga, médica da Rede Sarah de Brasília, que é um dos centros de reabilitação mais importante do país. No trabalho de um ano, a Dra. Lúcia concluiu que os pacientes que eram cuidados pelos familiares obtinham resultados 50% superiores aos daqueles que eram tratados pelos profissionais do Hospital Sarah. A comparação indica que a química do afeto ativa funções cerebrais. 

A Dra. Lúcia disse que “muitas mães envolvidas no projeto eram analfabetas e não tinham conhecimento algum. Ao longo do processo de reabilitação dos filhos, superaram profissionais tarimbados”

O neurocirurgião Raul Marino Jr., 68 anos, um dos maiores especialistas em neurocirurgia do país, autor do livro “A Religião do Cérebro” (ed. Gente), diz que “A vivência da espiritualidade ajuda no bom funcionamento do organismo. As pessoas que têm fé se recuperam melhor de tratamentos de doenças crônicas”. E diz que “práticas como a prece, a meditação e a contemplação modificam a produção de substâncias do cérebro que têm atuação em locais como o sistema límbico, envolvido no processamento das emoções”. 

O oncologista Riad Yunes, do Hospital do Câncer de São Paulo, diz que: “Os pacientes que têm religiosidade parecem suportar mais as dores e o tratamento. Também lidam melhor com a idéia da morte”. 

Afirma o Sr. Thomas McCormick, do departamento de História e Ética Médica da Universidade de Washington (EUA), que “hoje, há muitas evidências científicas de que a fé e métodos como a oração e meditação ajudam os indivíduos”.          

O médico Harol Koenig, da Universidade de Duke (EUA), afirma que “as pessoas que adotam práticas religiosas ou mantêm alguma espiritualidade apresentam 40% menos chance de sofrer de hipertensão, têm um sistema de defesa mais forte, são menos hospitalizadas, se recuperam mais rápido e tendem a sofrer menos de depressão quando se encontram debilitadas por enfermidades”. 

O psicólogo e clínico João Figueiró, do Centro Multidisciplinar da Dor, do Hospital das Clínicas (HC/SP), diz que “setores do sistema nervoso relacionados à percepção, à imunidade e às emoções são alteráveis por meio das crenças e significados atribuídos aos fatos, entre outros fatores. Assim, um indivíduo religioso tem condições de atribuir significados elevados ao seu sofrimento físico e padecer menos do que um ateu ou agnóstico”

O ser que ama estimula ação parassimpática, o oposto fisiológico da mobilização para “lutar-ou-fugir”, partilhada pelo medo e a ira. 

Um ato de amor, falamos aqui do amor incondicional, gera um conjunto de reações em todo o nosso organismo, cria um estado geral de calma e satisfação, relaxamento, ânimo, facilitando e cooperando com as engrenagens do universo íntimo, como diz o Dr. Antônio Damásio: “O amor não precisa ser necessariamente físico. O sistema de prazer do cérebro pode ser ativado por sensações não sexuais, não físicas. Podemos sentir uma profunda serenidade com um ato de fé, ou nos satisfazer plenamente escutando uma bela sinfonia ou contemplando uma escultura... Todas as alternativas são válidas!”  

O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade na sua maior pureza. Questiona sua consciência sobre os seus próprios atos e pergunta se não violou essa lei, se não fez o mal, se fez todo o bem que podia, se ninguém tem nada a se lamentar dele, enfim, se fez a outrem tudo aquilo que gostaria que os outros lhe fizessem”. (O Evangelho segundo o Espiritismo – cap. 17, item 3.)   
 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita