MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
No Mundo Maior
André Luiz
(Parte
10)
Damos prosseguimento ao
estudo da obra
No Mundo Maior,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier,
publicada em 1947 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. As emissões do ódio
podem causar o mal a uma
pessoa?
R.: Sim. Calderaro
afirma que, se o amor
emite raios de luz, o
ódio arremessa estiletes
de treva. Segundo ele,
nos lobos frontais
recebemos os
estímulos do futuro,
no córtex abrigamos as
sugestões do presente
e no sistema nervoso,
propriamente dito,
arquivamos as
lembranças do passado.
O obsidiado, que era
atendido naquele
momento, estava sendo
bombardeado por
energias destrutivas do
ódio na região de
serviços do presente,
isto é, em suas
capacidades de
crescimento, de
realização e de trabalho
nos dias que correm. E
tal situação, decorrente
da culpa, compelia-o a
descer mentalmente para
a zona de
reminiscências do
passado, onde o seu
comportamento é
inferior, raiando pela
semi-inconsciência dos
estados evolucionários
primitivos. "Esmagadora
maioria dos fenômenos de
alienação psíquica
procedem da mente
desequilibrada",
explicou o Instrutor.
(No Mundo Maior, cap. 7,
pp. 100 a 102.)
B. De que promanam os
desequilíbrios mentais?
R.: Ao fazer breve
referência aos
tratamentos utilizados
pela psiquiatria no
passado, como o choque
elétrico e a
hipoglicemia, Calderaro
disse que desde remota
antigüidade o homem
compreendeu,
intuitivamente, que a
maioria dos casos de
alienação mental
decorrem da ausência da
alma à realidade. Mas,
em verdade, todo
desequilíbrio promana do
afastamento da Lei, isto
é, a lei de causa e
efeito está sempre
presente em casos dessa
natureza. (Obra
citada, cap. 7, pp. 102
e 103.)
C. Que podemos esperar
de uma família
sintonizada com os altos
objetivos da vida?
R.: A família é uma
reunião espiritual no
tempo, e, por isto
mesmo, o lar é um
santuário. Muitas vezes,
mormente na Terra,
vários de seus
componentes se afastam
da sintonia com os mais
altos objetivos da vida;
todavia, quando dois ou
três de seus membros
aprendem a grandeza das
suas probabilidades de
elevação, congregando-se
intimamente para as
realizações do espírito
eterno, são de esperar
maravilhosas
edificações. (Obra
citada, cap. 8, pp. 108
e 109.)
Texto
para leitura
53. Substância negra
como o piche envolve o
menino -
Impressionava a estranha
atitude dos dois
infelizes que cercavam o
menino. Calderaro
explicou, porém, que os
dois náufragos, duendes
do ódio e da vingança,
do mesmo modo que o
enfermo era um
remanescente do crime,
encontravam-se na fase
derradeira da salvação.
Em breve, conforme o
programa redentor já
traçado, ambos
ingressariam naquele
mesmo lar, na qualidade
de irmãos do antigo
adversário. Pelo menino
paralítico, eles
consumiriam energias,
transformando as negras
algemas do ódio em
alvinitentes liames de
luz, nos quais
refulgiria o amor
eterno. Chegado esse
tempo, a força do perdão
restituiria o enfermo à
liberdade... Até lá,
importava zelar com
empenho pela valorosa
mulher, em quem as
Forças Divinas
respeitavam a vocação
para o martírio, por
iluminar a vida e
enriquecer a obra de
Deus. Nesse momento, um
dos verdugos
desencarnados moveu-se
e tocou com a destra o
cérebro do doentinho.
Extrema palidez e enorme
angústia transpareceram
no semblante do
paralítico. A infeliz
entidade emitia, através
das mãos, estrias negras
de substância
semelhante ao piche,
que atingiam o encéfalo
do menino,
acentuando-lhe as
impressões de pavor. O
Instrutor informou: "Se
o amor emite raios de
luz, o ódio arremessa
estiletes de treva. Nos
lobos frontais recebemos
os estímulos do
futuro, no córtex
abrigamos as
sugestões do presente
e no sistema nervoso,
propriamente dito,
arquivamos as
lembranças do passado.
Nosso pobre amigo está
sendo bombardeado
por energias
destrutivas do ódio na
região de serviços do
presente, isto é, em
suas capacidades de
crescimento, de
realização e de trabalho
nos dias que correm". E
Calderaro esclareceu que
tal situação, decorrente
da culpa, compelia-o a
descer mentalmente para
a zona de
reminiscências do
passado, onde o seu
comportamento é
inferior, raiando pela
semi-inconsciência dos
estados evolucionários
primitivos. "Esmagadora
maioria dos fenômenos de
alienação psíquica
procedem da mente
desequilibrada",
acrescentou o benfeitor
espiritual. (Cap. 7, pp.
100 a 102)
54. Causa do
desequilíbrio mental
- O doente passou a
contorcer-se,
evidenciando todos os
característicos da
idiotia clássica. Os
órgãos revelavam
estranhos deslocamentos.
O sistema endócrino
patenteava indefiníveis
perturbações. Calderaro
explicou: "Os raios
destrutivos
alcançam-lhe a zona
motora, provocando a
paralisação dos centros
da fala, dos movimentos,
da audição, da visão e
do governo de todos os
departamentos
glandulares. Na verdade,
essa dolorosa situação
cronificou-se, pela
repetição desta
ocorrência milhares de
vezes, em quase duas
centenas de anos". A
conduta do enfermo era
estranha. Fixando a
mente na "região dos
impulsos automáticos",
seu padrão de
comportamento era
efetivamente sub-humano.
Ele voltava a viver
estados primários, dos
quais a individualidade
já emergiu há muitos
séculos. Calderaro fez
breve referência aos
tratamentos utilizados
pela psiquiatria da
época, como o choque
elétrico e a
hipoglicemia, lembrando
que antigamente as
vítimas da loucura eram
conduzidas a poços de
víboras, a fim de que a
horrível comoção
operasse a transformação
súbita da mente
desequilibrada. É que
desde remota antigüidade
o homem compreendeu,
intuitivamente, que a
maioria dos casos de
alienação mental
decorrem da ausência da
alma à realidade.
Podemos afirmar,
contudo, disse
Calderaro, "que todo
desequilíbrio promana do
afastamento da Lei", ou
seja, a lei de causa e
efeito está sempre
presente em casos dessa
natureza. Ele observou
então que, no caso em
pauta, o choque elétrico
nada surtiria, porque
ali estavam diante do
eclipse total da mente,
cuja retificação
reclamava a ação do
tempo. As águas
pantanosas do mal,
represadas longamente no
coração, não se escoam
facilmente. O plano
mental de cada um de nós
não é vaso de conteúdo
imaginário: é
repositório de forças
vivas, qual o veículo
físico de manifestação
que nos é próprio,
enquanto peregrinamos na
Crosta Planetária. (Cap.
7, pp. 102 e 103)
55. A
rogativa da mãe
- Aquele seria um caso
típico de mongolismo? –
indagou André Luiz.
Calderaro disse que não:
tratava-se de um
fenômeno de
desequilíbrio espiritual
absoluto. Em situações
raríssimas ocorrem
perturbações de tal
natureza com causas
substancialmente
fisiológicas, ajuntou o
Instrutor. Evidente que
não se pode desconhecer
o paralelismo
psicofísico, pois quem
vive na Crosta Terrestre
terá sempre a defrontar
com a forma perecível,
em primeiro lugar.
"Nossos companheiros da
medicina humana batizam
as moléstias mentais
como lhes apraz,
detendo-se nas questões
da periferia, por
distraídos dos problemas
fundamentais do
espírito", acrescentou
Calderaro. Naquele
momento, a mãe do
garoto, que não contava
ainda trinta anos,
acercou-se do enfermo.
De pé junto ao berço,
afagou-lhe a fronte
molhada de suor, afastou
a colcha rendada,
levantou-o e abraçou-o,
ungindo-o com o mais
terno dos carinhos. O
menino aquietou-se. Em
seguida, ela pôs-se a
orar, banhada em
lágrimas, afigurando-se
para André um cisne da
região espiritual a
desferir maravilhoso
cântico. Enquanto ela
orava, Calderaro
operava, reparando-lhe
as forças nervosas em
verdadeira transfusão
de fluidos sadios que
ele transferia de si
próprio para a valorosa
mulher. Na prece, a
jovem entremeava a
rogativa com
considerações
tipicamente humanas:
Por que seu filho
nascera assim? por que o
sofrimento dos seres
pequeninos? E chorava,
implorando a bênção
divina, para que as
energias lhe não
faltassem na luta.
Calderaro quis que
André respondesse à
rogativa, mas este se
esquivou,
considerando-se sem
condições espirituais
para isso. (Cap. 7, pp.
103 a 105)
56. Resposta à prece
- Calderaro colocou suas
mãos sobre os lobos
frontais da bondosa
mulher, como que
atraindo a mente materna
para a região mais
elevada do ser, e passou
a irradiar-lhe tocantes
apelos, como se lhe fora
desvelado pai falando ao
coração. A mãezinha
recebia em forma de
idéias e sugestões
superiores as palavras
de ânimo e de consolação
que lhe eram ditadas
pelo Instrutor. E pouco
a pouco sua disposição
íntima tomava um
renovado alento. Na
epífise lhe surgira
suave foco de claridade
irradiante e de seus
olhos começaram a brotar
lágrimas diferentes. A
claridade branda,
fluindo do cérebro,
desceu para o tórax, de
onde, então, se evolaram
tênues fios de luz que a
ligaram ao filho
enfermo. Ela contemplou
o pequeno, agora calmo,
e podia-se ouvir seus
pensamentos sublimes.
Sim, Deus não a
abandonaria e lhe daria
forças para cumprir até
ao fim o cometimento que
tomara a ombros, com a
beleza do primeiro sonho
e com a ventura da
primeira hora.
Sustentaria o
desventurado rebento de
sua carne, como se fora
um tesouro celeste. Ele
era mais digno de seu
devotamento e renúncia,
pela aflitiva condição
em que nascera, e por
isso a ele se dedicaria
com maior intensidade.
Deus sabia decerto por
que ele viera assim ao
mundo. Não lhe bastaria
confiar no Supremo Pai?
Nesse estado d'alma e
num transporte de
indefinível carinho, a
jovem mãe inclinou-se
sobre o leito e beijou o
doentinho nos lábios,
com o júbilo de quem
osculava um anjo
celestial. Numerosas
centelhas de luz se
desprenderam, então,
desse contacto afetivo
entre ambos e se
derramaram sobre as duas
entidades inferiores,
que se inclinaram
também, como que menos
infelizes, perante
aquela nobre mulher que
mais tarde lhes serviria
de mãe. O trabalho de
assistência estava
findo, mas Calderaro
observou que,
examinando aquela
criança como enigma sem
solução, alguns médicos
insensatos da Terra lhe
proporiam talvez a
eutanásia, sem saber que
entre as paredes daquele
lar modesto o Médico
Divino, utilizando um
corpo incurável e o
amor, até o sacrifício,
de um coração materno,
restituía o equilíbrio a
Espíritos eternos, para
que sobre as ruínas do
passado pudessem
irmanar-se para
gloriosos destinos.
(Cap. 7, pp. 106 e 107)
57. O santuário do
lar - Marcelo vinha
sendo assistido por
Calderaro há muito tempo
e sua situação era de
triunfo integral. Dócil
à influência espiritual,
encontrara na prece e na
atividade espiritual o
suprimento de energias
de que necessitava.
Diferentemente do caso
do jovem paralítico
atendido na noite
anterior, o problema de
perturbação essencial
ali já estava resolvido;
o reajustamento da vida
surgia pleno de
esperanças novas; a paz
regressou ao tabernáculo
orgânico. Existiam,
contudo, as recordações,
os remanescentes dos
dramas vividos no
passado a aflorar sob
forma de fenômenos
epileptóides. "Se o mal
demanda tempo para
fixar-se, é óbvio
–acentuou Calderaro– que
a restauração do bem
não pode ser
instantânea. Assim
ocorre com a doença e a
saúde, com o desvio e o
restabelecimento do
equilíbrio". No interior
da casa, uma cena
encantadora de piedade
doméstica surpreendeu a
André: um homem, uma
mulher e um rapaz
achavam-se imersos nas
divinas vibrações da
prece, cercados de
grande número de
entidades
desencarnadas.
Admirando a harmonia
daqueles três corações
unidos nos mesmos
nobres pensamentos e
propósitos, que
miríficos fios de luz
entrelaçavam, o
Instrutor comentou: "A
família é uma reunião
espiritual no tempo, e,
por isto mesmo, o lar é
um santuário. Muitas
vezes, mormente na
Terra, vários de seus
componentes se afastam
da sintonia com os mais
altos objetivos da vida;
todavia, quando dois ou
três de seus membros
aprendem a grandeza das
suas probabilidades de
elevação, congregando-se
intimamente para as
realizações do espírito
eterno, são de esperar
maravilhosas
edificações". (Cap. 8,
pp. 108 e 109) (Continua
no próximo número.)