Uma amiga nos pergunta em
que consiste a
bicorporeidade.
No fenômeno de
bicorporeidade, o corpo
espiritual ou perispírito da
pessoa se projeta, se
desdobra, se desprende, e,
depois de desdobrado, se
materializa, às vezes com
auxílio de algum Espírito
desencarnado que participa
da operação de ectoplasmia,
popularmente chamada de
materialização.
Eis como Kardec define o
fenômeno: "Isolado do corpo,
o Espírito de um vivo pode,
como o de um morto,
mostrar-se com todas as
aparências da realidade.
Demais, pelas mesmas causas
que temos exposto, pode
adquirir momentânea
tangibilidade. Este
fenômeno, conhecido pelo
nome de bicorporeidade, foi
que deu azo às histórias de
homens duplos, isto é, de
indivíduos cuja presença
simultânea em dois lugares
diferentes se chegou a
comprovar." (O Livro dos
Médiuns, item 119.)
Segundo Gabriel Delanne
comprovou-se que a aparição
pode conversar com as
pessoas e mesmo bater à
porta e beber água. Ora, se
a aparição anda, conversa e
engole água, tal fato não
pode constituir uma imagem
mental, mas é, sim, uma
verdadeira materialização da
alma de um vivo. (A Alma é
Imortal, p. 110.)
Explica Delanne: "No curso
da vida, a alma se acha
intimamente unida ao corpo,
do qual não se separa
completamente, senão pela
morte. Mas, sob a ação de
diversas influências: sono
natural, sono provocado,
perturbações patológicas, ou
forte emoção, lhe é possível
exteriorizar-se bastante
para se transportar, quase
instantaneamente, a
determinado lugar e, em lá
chegando, tornar-se visível
de maneira a ser
reconhecida." (A Alma é
Imortal, p. 112.)
Observa Delanne que, de modo
geral, os relatos mostram
que para a alma
desprender-se é preciso que
o corpo esteja mergulhado em
sono, ou que os laços que a
prendem ao corpo se hajam
afrouxado por uma emoção
forte ou por doença. As
práticas magnéticas ou os
agentes anestésicos
acarretam também, por vezes,
os mesmos resultados. Outra
constatação importante,
resultante dos exemplos
citados, é que a forma
visível da alma é cópia
absolutamente fiel do corpo
terrestre. A identidade
entre a pessoa e seu duplo é
completa, e não se limita à
reprodução dos contornos
exteriores do ser material,
pois que alcança até a
íntima estrutura
perispirítica, ou seja,
todos os órgãos do ser
humano existem na sua
reprodução fluídica. (Cf. A
Alma é Imortal, p. 114.)
A bicorporeidade é fenômeno
mediúnico ou anímico, isto
é, não-mediúnico? No meio
espírita, há quem o
considere fenômeno mediúnico
e há quem o considere
fenômeno anímico,
não-mediúnico. Este é, por
exemplo, o pensamento de
Demétrio Pável Bastos, que
escreveu em seu livro
"Médium - Quem é, Quem não
é", cap. XXVII, p. 74 a 77:
"A bicorporeidade é, em
última análise, uma
auto-materialização.
Observe-se que aqui não
concorreu para a consecução
do fenômeno nem Espírito nem
qualquer outra pessoa que
tenha servido de
intermediária: a Alma operou
por si mesma. Classificação:
Segundo Allan Kardec -
trata-se de fenômeno
não-mediúnico.
Justificativa: do fenômeno
participa um só figurante, o
sensitivo."
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