Quer você saber
em carta,
Meu caro Joaquim
Mamede,
Depois da morte
do corpo
Aquilo que nos
sucede.
A resposta
necessária
Pede à gente
tanto estudo,
Que muito
desencarnado,
Neste ponto,
fica mudo.
Digo, porém, a
você
Sem a menor
pretensão
Tanto a morte,
quanto a vida
Exigem
preparação.
Você sabe:
sempre erramos,
Conforme o senso
comum
Mas guarde a paz
em si mesmo,
Não guarde
remorso algum.
Trate o corpo
com cuidado,
Imite o zelo de
alguém
Que tendo uma
enxada só,
Protege a enxada
que tem.
Não chore as
crises da Terra,
Que a própria
vida se arruma,
Dos problemas
que carregue
Não faça queixa
nenhuma.
A favor da paz
dos outros,
Ante a fé na
qual se ampara,
Perdoe qualquer
prejuízo,
Agüente tapa na
cara.
Merece muito de
Deus,
Quem poda sombra
ou pesar,
Ajudando aos
companheiros
Lutando sem
reclamar.
Trabalhe quanto
puder,
Quanto puder
faça o bem,
Não há ninguém
sem valor
Não pense mal de
ninguém.
Julgar os
outros? Desista,
É questão em que
não entro,
Cada qual mostra
por fora
Aquilo que traz
por dentro.
As vezes vemos
na Terra
O crime ou a
perturbação,
Mas lembre:
vemos o mal,
Deus considera a
intenção.
Fale menos,
pense mais,
Cultive a comida
pouca
Muita gente
lembra peixe
Que se perde
pela boca.
No copo muita
atenção,
Naquilo que se
recebe,
Em qualquer
tempo, não tome
Água que gato
não bebe.
Quanto ao mais
cumpra o dever,
Recordando com
juízo,
Que a morte é
assim como a
lei:
Chega sempre que
é preciso.
Poema
psicografado por
Francisco
Cândido Xavier,
extraído do
livro “Retratos
da Vida", cap.
16, de Cornélio
Pires.