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Estudando a série André Luiz
Ano 2 - N° 76 - 5 de Outubro de 2008

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  

No Mundo Maior

André Luiz

(Parte 14)

Damos prosseguimento ao estudo da obra No Mundo Maior, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicada em 1947 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. Quando, no processo reencarnatório, a gestante se rebela, há dificuldades para a consecução do programa traçado?

R.: Sim. Há muitas dificuldades. Quando tal fato se dá, é difícil, senão impos­sível, executar o programa traçado. (No Mundo Maior, cap. 10, pp. 141 a 143.)

B. Uma educação mal orientada por parte da mãe pode prejudicar o futuro de um filho?

R.: Pode, sem dúvida. E tal era o caso de Cecília, cuja mãe nunca lhe permitira o trabalho, satisfizera todos os seus desejos, favorecera-lhe o ócio e fizera com que a filha acreditasse que desfrutava de uma posição mais elevada que a das outras criaturas, concorrendo assim, ainda que indiretamente, para que Cecília não se preparasse devidamente para a vida.  (Obra citada, cap. 10, pp. 147 e 148.)

C. O bem e o mal que praticamos assumem um vulto diferente depois da desencarnação?

R.: Sim. "Depois do sepulcro – afirmou a mãe de Cecília –, o dia do bem é mais luminoso, e a noite do mal é, sobremaneira, mais densa e tormentosa.” Com essa nova visão, proporcionada pela desencarnação, a humilhação é vista como uma bênção, e a dor como preciosa opor­tunidade. (Obra citada, cap. 10, pp. 147 a 149.) 

Texto para leitura

75. O caso Cecília - Atendendo ao pedido de uma mãe aflita, já desen­carnada, Calderaro foi visitar Cecília, que, segundo a mãe, encon­trava-se à beira de extremo desastre. Criada com mimos excessivos, a jovem desenvolveu-se na ignorância do trabalho e da responsabilidade, não obstante pertencer a nobilíssimo quadro social. Filha única, en­tregue desde cedo ao capricho pernicioso, tão logo se achou sem a pre­sença maternal no plano carnal (a mãe desencarnara oito anos antes), precipitou-se, aos vinte anos, nos desvarios da vida mundana. Despro­tegida, assim, pelas circunstâncias, não se havia preparado convenien­temente para enfrentar os problemas do resgate próprio. Sem a proteção espiritual peculiar à pobreza, sem os abençoados estímulos dos obstá­culos materiais, e tendo, contra as suas necessidades íntimas, uma profunda beleza transitória do rosto, a jovem renascera, seguida de perto por um cúmplice de faltas graves, desde muito desencarnado, ao qual se vinculara por tremendos laços de ódio, em passado próximo. Foi assim que, abusando da liberdade, em ociosidade reprovável, adquiriu deveres da maternidade sem a custódia do casamento. Solteira, rica e prestigiada pelo nome da família, encontrava-se nessa situação, aos vinte e cinco anos, deplorando o compromisso assumido e lutando, com desespero, por desfazer-se do filhinho imaturo, o mesmo comparsa do passado que, por "acréscimo de misericórdia divina", buscava dessa ma­neira aproveitar o erro da ex-companheira para a realização de algum serviço redentor, com a supervisão dos Benfeitores Espirituais. (Cap. 10, pp. 140 e 141) 

76. Aborto iminente - Cecília recolhera da sua própria leviandade o ex­tremo recurso capaz de retificar-lhe a vida; no entanto, a infortunada criatura reagia ferozmente ao socorro divino com uma conduta lastimá­vel e perversa. Os laços entre ela e o filho presuntivo eram de amar­gura e de ódio, consubstanciando energias desequilibrantes. Ora, o es­pírito feminino há que recolher-se ao santuário da renúncia e da espe­rança, se pretende vitória. Mas, quando a mulher se rebela, insensível às sublimes inspirações da vontade divina, é difícil, senão impos­sível, executar o programa traçado. Médicos negaram-lhe a ajuda para o aborto. Valera-se, então, de drogas venenosas, das quais vinha abu­sando intensivamente. A situação mental dela era, pois, de lastimável desvario. André e Calderaro a encontraram estirada no leito, deba­tendo-se em convulsões atrozes. A seu lado, achavam-se a mãe desencar­nada e uma enfermeira terrestre. A mãe, ao vê-los, rogou por auxílio. O quadro fisiológico da jovem era comovente: o feto estava prestes a ser expulso. Todos os centros endócrinos da gestante estavam em desor­dem e os órgãos autônomos trabalhavam aceleradamente; o coração acu­sava es­tranha arritmia; debalde as glândulas sudoríparas se esforçavam por expulsar as toxinas em verdadeira torrente invasora. Nos lobos fron­tais, a sombra era completa; no córtex motor, a perturbação era mani­festa; somente nos gânglios basais havia suprema concentração de ener­gias mentais, mostrando que a infeliz se recolhera ao campo mais baixo do ser, dominada por impulsos desintegradores dos próprios sentimen­tos, transviados e incultos. Dos gânglios basais desciam esti­letes es­curos, que assaltavam as trompas e os ovários, penetrando a câmara uterina, como finas lanças de treva a incidir sobre o feto, en­tão com quatro meses. A gestante emitia pensamentos de ódio pelo filho, que ela dizia não haver pedido à vida. Por isso, expulsá-lo-ia... (Cap. 10, pp. 141 a 143) 

77. A mãe dá conselhos a Cecília - A mente do filhinho, percebendo os pensamentos da jovem, suplicava, chorosa: "Poupa-me! poupa-me! quero acordar no trabalho! quero viver e reajustar o destino... ajuda-me! resgatarei minha dívida!... pagar-te-ei com amor..., não me expulses! tem caridade!..." Cecília, em resposta, dizia mentalmente: "Nunca! nunca! amaldiçoado sejas! prefiro morrer a receber-te nos braços! En­venenas-me a vida, perturbas-me a estrada! detesto-te! morrerás!..." E, à medida que assim pensava, os raios trevosos continuavam descendo, a jacto contínuo. Pouco depois, Cecília dirigiu-se com decisão à en­fermeira, exigindo o aborto naquela noite. A enfermeira, considerando o estado da enferma, ponderou que deixassem a intervenção para outra ocasião; a gestante, contudo, insistiu na exigência, lembrando ainda que seu pai não poderia saber de nada. Calderaro aproximou-se e impôs sua destra sobre a fronte da enfermeira, e momentos depois Cecília sorveu o cálice de sedativo que a companheira lhe ofereceu, atendendo à influência indireta do Assistente. Adormecida pela ação do remédio, a gestante desligou-se parcialmente do corpo denso e passou a ver os Espíritos ali presentes, com a ajuda de Calderaro, que lhe aplicou fluidos magnéticos sobre o disco foto-sensível do aparelho visual. Ela deteve-se admirada na contemplação de sua mãe, que chorava copiosa­mente. A genitora abraçou-se a ela e falou-lhe com carinho, pedindo-lhe, antes de mais nada, que Cecília abandonasse a sinistra aventura programada para a noite. Que ela não se precipitasse nas trevas, quando as mãos divinas lhe abriam as portas da luz. Era preciso ter coragem, fé, desassombro. As convenções sociais são importantes, a so­ciedade tem seus princípios justos, mas há momentos na vida em que de­vemos permanecer com Deus, e mais ninguém. "A maternidade iluminada pelo amor e pelo sacrifício", acentuou a genitora, "é feliz em qual­quer parte, ainda mesmo quando o mundo, ignorando a causa de nossas quedas, nos nega recursos à reabilitação". (Cap. 10, pp. 144 e 145) 

78. "Brasas na consciência" - A palavra materna insistia em que era preciso ter coragem, fé e sacrifício, para vencer as dificuldades. Se ela cedera aos golpes infrenes da paixão, abandonando os ideais aos primeiros impulsos do desejo, era agora imprescindível evitar o des­penhadeiro fatal, contornar a voragem traiçoeira, agarrar-se ao salva-vidas do supremo dever. Era preciso aceitar o ministério da materni­dade dolorosa com o sacrifício de encantadoras aspirações. Era prová­vel que seu pai a abandonasse e que os entes mais queridos a despre­zassem, mas que martírio não enobrece o espírito disposto ao resgate de seus débitos, com dedicação ao bem e serenidade na dor? "Não será melhor a coroa de espinhos na fronte do que o monte de brasas na cons­ciência?", ponderou a respeitável senhora. Se o mal pode perder-nos, o bem retifica sempre. Indispensável, pois, renunciar e enfrentar as vi­cissitudes, para vencer... Cecília escutava essas palavras, quase in­diferente, disposta a não ceder, mas a genitora insistia, energica­mente, para que ela não se detivesse naquela atitude impassível, ad­vertindo-a para a transitoriedade da forma física e para a necessidade da evolução do próprio espírito. "No teu madeiro de sofrimento íntimo, ouvirás enternecedoras vozes de um filho abençoado...", lembrou-lhe a mãe, aludindo ao filho que se preparava para reencarnar. Se o mundo a ferisse, ele seria, junto dela, o suave representante da Divindade... Que falta lhe faria o manto das fantasias, se dois pequeninos braços a cingissem, carinhosos e fiéis, conduzindo-a à renovação para a vida superior? (Cap. 10, pp. 146 e 147) 

79. A mãe reconhece os próprios erros - Nesse momento, Cecília, infun­dindo assombro por sua agressividade, objetou em pensamento: "Como não me disseste isso antes?" E lembrou-lhe que ela, na Terra, nunca lhe permitira o trabalho, satisfazendo todos os seus desejos, favorecendo-lhe o ócio, fazendo-a crer em posição mais elevada que a das outras criaturas... Enfim, a mãe não a preparara para a vida e ela, agora, debatia-se com um problema atribulativo, sem coragem de humilhar-se. "Esmolar serviço remunerado não é o ideal que me deste, e enfrentar a vergonha e a miséria será para mim pior que morrer", replicou-lhe a filha. Era-lhe, pois, impossível retroceder... A venerável matrona chorou com mais amargura, agarrou-se à filha com mais veemência e su­plicou: "Perdoa-me pelo mal que te fiz, querendo-te em demasia... O' filha querida, nem sempre o amor humano avança vigilante! Por vezes a cegueira nos compele a erros clamorosos, que só o golpe da morte em geral expunge". Ela reconhecia, sim, sua participação indireta em seu infortúnio, mas, entendendo agora a extensão e a delicadeza dos deve­res maternos, não desejava que a filha viesse colher espinhos no mesmo lugar onde ela, a mãe, sofria agora os resultados amargos de sua im­previdência. "Depois do sepulcro – afirmou a genitora –, o dia do bem é mais luminoso, e a noite do mal é, sobremaneira, mais densa e tormentosa. Aceita a humilhação como bênção, a dor como preciosa opor­tunidade. Todas as lutas terrenas chegam e passam; ainda que perdurem, não se eternizam". A mãe de Cecília falou-lhe então de seus próprios fracassos, quando esquecera a necessidade do esforço pessoal na prá­tica do bem. Ela ainda não chorara suficientemente para redimir-se de tão lastimável erro, mas não queria que sucedesse o mesmo à filha, na áspera trilha da regeneração. "Bem-aventurados os que chegam à morte crivados de cicatrizes que denunciam a dura batalha", asseverou a amo­rável senhora, insistindo em que ainda era tempo para a jovem retornar ao caminho da retidão. (Cap. 10, pp. 147 a 149) (Continua no próximo número.)
 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita