A Revue Spirite
de 1861
Allan Kardec
(Parte
11)
Damos continuidade ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1861. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 14
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. Que relação existe,
segundo Kardec, entre o
Espiritismo e o
Cristianismo?
Depois de propor, em
texto divulgado na
Revue, que nós
espíritas devemos pregar
a doutrina pelo exemplo,
Kardec diz que o
Espiritismo assenta suas
bases no próprio
Cristianismo e no
Evangelho, do qual é
simples aplicação. (Revue
Spirite de 1861, pp. 316
e 317.)
B. Na volta ao mundo
espiritual, que é que
nos será perguntado?
Ninguém, afirma Erasto,
nos perguntará o que
possuímos na Terra, mas
o uso que fizemos do que
aqui possuímos. (Obra
citada, p. 320.)
C. As pessoas que nascem
com retardamento mental,
como os cretinos,
percebem o que se passa
ao seu lado?
Sim. Sua alma está
aprisionada num corpo
cujos órgãos impotentes
não podem exprimir seu
pensamento. Tais pessoas
estão moralmente no
estado dos letárgicos
que vêem e ouvem o que
se passa ao seu redor,
sem poderem exprimi-lo.
Assim, troçar,
injuriá-los e
maltratá-los, como fazem
por vezes, é aumentar
seu sofrimento. (Obra
citada, pp. 327 e 328.)
Texto para leitura
187. Aludindo aos
adversários do
Espiritismo, Kardec
disse: “Vendo os
benefícios morais que
ele proporciona, as
consolações que dá, os
crimes que já impediu, a
gente se pergunta: quem
tem interesse em o
combater?” (P. 315)
188. E ele mesmo
respondeu: os
incrédulos, os
ignorantes e os que têm
interesses materiais a
defender. (P. 315)
189. A
terceira categoria de
adversários é mais
perigosa, por ser tenaz
e pérfida: para defender
interesses que possam
ser feridos, combatem na
sombra, e as flechas
envenenadas da calúnia
não lhes faltam. (P.
315)
190. Kardec então lhes
propôs continuassem a
pregar pelo exemplo e a
fazer o Espiritismo
compreendido com suas
conseqüências salutares,
e os próprios incrédulos
seriam forçados a falar
dele com respeito. (P.
316)
191. O Cristianismo, ao
surgir, teve que lutar
contra uma potência
terrível: o Paganismo. O
Espiritismo nada tem a
destruir, porque assenta
suas bases no próprio
Cristianismo e no
Evangelho, do qual é
simples aplicação. (P.
316)
192. A
moral que ele ensina é
boa ou má? É subversiva?
Eis a questão. Ora,
desde que é a moral do
Evangelho desenvolvida e
aplicada, condená-la
seria condenar o
Evangelho. (P. 317)
193. Impedindo inúmeros
suicídios, devolvendo a
paz e a concórdia a
muitas famílias,
tornando mansos e
pacientes homens
violentos e coléricos,
dando resignação e
consolo aos que não os
tinham, reconduzindo a
Deus os que o
desconheciam, o
Espiritismo, longe de
antagonista, é o mais
poderoso auxiliar da
Religião. (P. 317)
194. Em carta dirigida
aos espíritas de Lião,
Erasto se diz
propagandista da
liberdade individual,
indispensável ao
desenvolvimento dos
encarnados, e afirma que
a igualdade proclamada
pelo Cristo é a
igualdade ante a justiça
de Deus, ou seja, o
direito de subir na
hierarquia dos Espíritos
e atingir um dia os
mundos onde reina a
perfeita felicidade. (P.
320)
195. Igualdade diante de
Deus é a verdadeira
igualdade, assevera
Erasto. Ninguém
perguntará a nós o que
possuímos na Terra, mas
o uso que fizemos do que
aqui possuímos. (P. 320)
196. Erasto disse ainda
que, se o Cristianismo
preconizou a igualdade e
as leis igualitárias, o
Espiritismo oculta em
seus flancos a
fraternidade e suas
leis, obra grandiosa e
durável, que os séculos
futuros bendirão. (P.
321)
197. Na carta, Erasto
sugere aos espíritas
lioneses seguirem o
exemplo dado pelos
espíritas de Bordéus.
(P. 322)
198. Ele aconselha
também repelir a todos
os Espíritos que pregam
a divisão e o
isolamento. (P. 323)
199. Advertindo sobre o
perigo da fascinação,
Erasto repetiu um
conselho clássico dado
por ele em Paris: “é
melhor repelir dez
verdades momentaneamente
do que admitir uma só
mentira, uma única
teoria falsa”. (PP. 323
e 324)
200. Em mensagem dada na
Sociedade Espírita de
Paris, o Espírito de
Eugène Scribe admitiu
que, com os dons
recebidos de Deus,
deveria ter feito melhor
para a humanidade, em
sua última existência
terrena. (PP. 325 e 326)
201. Pierre Jouty
(Espírito) diz que os
cretinos são seres
punidos na Terra pelo
mau uso feito de
poderosas faculdades.
“Sua alma – diz Pierre –
está aprisionada num
corpo cujos órgãos
impotentes não podem
exprimir seu pensamento.
Esse mutismo moral e
físico é uma das mais
cruéis punições
terrestres.” (P. 327)
202. Eles estão
moralmente no estado dos
letárgicos que vêem e
ouvem o que se passa ao
seu redor, sem poderem
exprimi-lo. Assim,
troçar, injuriá-los e
maltratá-los, como fazem
por vezes, é aumentar
seu sofrimento. (PP. 327
e 328)
203. Um Espírito disse
em Lião que o ciúme é o
companheiro do orgulho e
da inveja. Invejar o
rico é, porém, ignorar
que ele é apenas um
intendente de Deus: se
fizer mau uso de sua
fortuna, ser-lhe-ão
pedidas contas severas.
(P. 330)
204. Também em Lião, foi
recebida linda mensagem
sobre a caridade. “A
caridade, meus amigos,
se faz de muitas
maneiras. Podeis fazê-la
por pensamento, palavras
e obras”, afirmou o
Espírito, que desdobrou
a seguir sua idéia. (P.
331)
205. Concluindo a
mensagem, seu autor diz:
“Eu vos dou esta máxima
do Cristo: Amai-vos
uns aos outros.
Praticai esta máxima;
uni-vos em torno desta
bandeira e dela
recebereis a felicidade
e a consolação”. (P.
332)
(Continua no próximo
número.)