Depois da festa
Álvaro Teixeira de
Macedo
Não te entregues na
Terra à vil mentira,
Desfaze a teia da
filáucia humana,
Que a Morte, em breve,
humilha e desengana
A demência da carne que
delira...
O gozo desfalece à
própria gana,
Toda vaidade ao báratro
se atira,
Sob a ilusão mendaz
chameja a pira
Da verdade, celeste,
soberana.
Finda a festa de baldo
riso infando,
A alma transpõe o túmulo
chorando,
Qual folha solta ao
furacão violento.
E quem da luz não fez
templo e guarida,
Desce gemendo, de alma
consumida,
Ao turbilhão de cinza e
esquecimento.
O poeta Álvaro Teixeira
de Macedo nasceu no
Recife em 13 de janeiro
de 1807 e desencarnou em
7 de dezembro de 1849,
na Bélgica, onde era
encarregado dos negócios
do Governo Imperial do
Brasil. Publicou, em
livro, um poema
heróico-burlesco — A
Festa de Baldo. O soneto
acima, psicografado pelo
médium Francisco Cândido
Xavier, integra o livro
Parnaso de
Além-Túmulo.