WELLINGTON BALBO
wellington_plasvipel@terra.com.br
Bauru, São Paulo (Brasil)
Zuzu Angel,
Allan Kardec,
Júlio César...
O filme Zuzu
Angel,
estrelado por
Patrícia Pillar
e Daniel de
Oliveira,
retrata os
negros anos de
repressão em que
viveu nosso país
na ditadura
militar. A
história
envolvente
mostra a saga da
famosa
figurinista Zuzu
Angel, que busca
desesperadamente
notícias sobre o
corpo de seu
filho mais
velho, torturado
e morto pela
ditadura que
imperava em
nosso país.
O filme emociona
do começo ao
fim. Zuzu Angel
é um exemplo de
garra e valentia
na luta em prol
da liberdade de
expressão
humana. Foi
assassinada por
sua coragem,
aliás, é comum
tentarem calar
os ideais
libertadores.
Foi assim com
Ghndhi, Luther
King, Chico
Mendes e tantos
outros, mas as
idéias são
inquebrantáveis
e ultrapassam os
milênios quando
repousam sobre a
verdade. Nada
pode deter a
marcha do
progresso do
pensamento
humano, porque
ele assenta-se
em leis naturais
que emanam do
Criador.
Hoje já não
vivemos mais a
difícil época da
ditadura, a
expressão humana
ganhou asas e as
manifestações
são livres. Tão
livres que o
goleiro Júlio
César,
insatisfeito com
as críticas
feitas pelo
presidente Luis
Inácio Lula da
Silva à seleção
canarinho,
sugeriu ao chefe
do executivo
nacional que se
mudasse para a
Argentina.
Imagine se o
atleta sugerisse
a mudança ao
General Emílio
Garrastazu
Médici em plena
ditadura
militar!
A introdução e
sugestão do
excelente filme
foram para
mostrar que a
liberdade de
expressão
implica,
necessariamente,
responsabilidade
pela ação. Júlio
César foi, no
mínimo,
deselegante ao
se dirigir ao
presidente da
nação nesses
termos.
Não podemos
confundir livre
expressão com
falta de
educação. As
críticas ocorrem
em todas as
esferas e é
sinal de
maturidade
analisá-las com
coerência e
saber
digeri-las. As
críticas são as
pedras nos
sapatos dos
mimados e
melindrosos, que
não suportam os
apupos e as
situações
contrárias.
Inevitável nessa
questão fazer
uma salada e
misturar Zuzu
Angel, Júlio
César e Allan
Kardec.
O codificador do
Espiritismo
trazia consigo
duas
características
fantásticas: não
reprimia
ninguém, nem os
mais ferozes
críticos do
Espiritismo.
Homem educado e
alma sensível,
sabia respeitar
o direito de
expressão
alheia, óbvio:
Kardec era
educador e não
ditador. A outra
peculiaridade de
sua ímpar figura
era afirmar que
os críticos
seriam os
grandes aliados
e potentes vozes
de divulgação da
Doutrina
Espírita. Uma
visão
extremamente
diferente do
senso comum. Em
geral a
tendência é
repudiar a
crítica e o
crítico,
erguendo um muro
separatista: os
que concordam e
os que
discordam. É uma
cultura que
cresceu ao longo
da caminhada
humana e
fermentou
guerras e
divisões, gerou
conflitos,
promoveu revoltas e subjugou povos, colocando sempre em situação oposta e
animosa aqueles
que não comungam
dos mesmos
ideais.
Lamentável! Mas
figuras como
Kardec e Zuzu
Angel servem de
protótipos para
o ser humano na
questão da livre
expressão, que
reafirmamos: não
deve vir em
consórcio com a
falta de
educação, como
fez o goleiro da
seleção
brasileira de
futebol. Curioso
é que se cogita
a liberdade de
se expressar,
contudo, não se
cogita do
respeito que
deve permear as
relações
humanas. No
contexto da vida
em sociedade é
imperioso
tenhamos
educação ao
falar, ao
conversar e
também ao
discordar do
outro, caso
contrário
incorreremos em
grave equívoco e
transformaremos
a liberdade de
expressão em
confusa
comunicação,
onde parecerá
que tudo e todos
estão contra
nós, mesmo os
mais sinceros e
fiéis amigos.
Pura questão de
educação!
Pensemos nisso.