Logo que
transferiu
domicílio de
Curitiba para
Florianópolis,
meu pai passou a
ser portador de
sintomatologia
de mediunidade.
Com os
desconfortos
compreensíveis,
próprios de quem
ignora essa
fenomenologia,
resolveu aceitar
as sugestões de
procurar
orientação
espírita.
Conheceu Oswaldo
Mello, fundador
da Federação
Espírita
Catarinense,
secretário do
Pacto Áureo. Foi
orientado por
esse admirável
espírita
catarinense e
com rapidez
impressionante
desataviou-se
das práticas
católicas. Nesse
novo contexto de
sua vida, eu
nasci, e nem
sequer fui
batizado. Fui
educado,
portanto, desde
a infância sob
as bênçãos da
orientação
Espírita.
O
Consolador: Qual
é a sua
formação?
Graduado em
Direito pela
Universidade
Federal de Santa
Catarina, sou
Auditor Fiscal
de Controle
Externo
concursado do
Tribunal de
Contas do Estado
de Santa
Catarina.
O
Consolador: Que
livros você já
escreveu?
Publicamos os
seguintes
livros: O
Cristão Moderno,
Educação da
Vontade,
Dinâmica do
Pensamento e
Temas de Amor e
Vida.
O Consolador:
Qual o
retorno dos
leitores que
tiveram contato
com seus livros?
O retorno tem
sido muito
agradável.
Recebo
informações de
palestrantes que
nossos escritos
têm sido
utilizados para
a elaboração de
suas palestras.
Recebemos cartas
e telefonemas
com manifestação
de gratidão.
Tudo isso é
muito
gratificante.
O Consolador:
O que você pode
destacar de suas
obras? E como
proceder para
adquiri-las?
O que posso
dizer é que são
obras simples,
que escrevi como
manifestação de
gratidão à
Doutrina
Espírita, ao
tempo que tive
por objetivo
auferir recursos
para ajudar nas
tarefas sociais.
Os temas são
importantes para
nosso cotidiano.
Tratam do
pensamento, da
vontade e de
questões que nos
fazem refletir a
respeito da
vida, de nossa
origem e nossa
destinação. As
obras destacam a
importância do
conhecimento e
do amor, sem os
quais felicidade
e paz não passam
de fantasia.
Estão esgotados
todos os
títulos. Estamos
revendo as obras
antes de decidir
por novas
edições.
Trabalho em novo
projeto de
publicações que
deve ser levado
à prática no
primeiro
semestre de
2009.
O Consolador:
Que cargos você
já exerceu no
Movimento
Espírita?
Diretor do
Departamento
Doutrinário,
palestrante,
coordenador de
grupo de estudos
e dirigente de
reunião
mediúnica do
Centro Espírita
“Amor e
Humildade do
Apóstolo”.
Presidente do
Centro Espírita
“Amor e
Humildade do
Apóstolo”.
Diretor do
Departamento
Doutrinário da
Federação
Espírita
Catarinense.
Presidente da
Federação
Espírita
Catarinense,
cujo cargo
deixamos em
fevereiro
último.
Atualmente, além
dos compromissos
com a Sociedade
Espírita
“Renascer”,
dedicamo-nos às
palestras e aos
seminários.
O Consolador: A
qual instituição
espírita você
está atualmente
vinculado?
Durante a
infância, a
juventude e
parte da
existência
adulta tivemos a
bênção de
freqüentar,
estudar e
trabalhar no
Centro Espírita
“Amor e
Humildade do
Apóstolo”, a
instituição
espírita mais
antiga de
Florianópolis
(fundada em
1910), e a
terceira do
Estado.
Atualmente,
estou vinculado
à Sociedade
Espírita
Renascer, que
mantém o Centro
de Educação
Infantil
Renascer, que
atende às
famílias com
risco social no
município de São
José – Grande
Florianópolis.
Sou o atual
presidente e
coordenador da
Área Social da
Instituição.
O Consolador:
Qual é
o seu
envolvimento nas
atividades de
assistência e
promoção social
e o que tem
sentido nessa
tarefa?
Desde a
juventude
estamos
comprometido com
atividades de
assistência e
promoção social,
sob orientação
espírita.
Atualmente, a
entidade que
dirigimos atende
às famílias de
um bairro
caracterizado
pelo risco
social. Mantemos
o Centro de
Educação
Infantil –
Creche Renascer.
Albergamos
oitenta e duas
crianças em
período
integral.
Estamos no
começo de um
programa com
adolescentes, ao
tempo que nosso
projeto é
ampliar o
atendimento às
famílias, com
mais amplo
processo de
promoção social.
Considero que as
atividades de
assistência e
promoção social
constituem
excelente espaço
de exercício da
fraternidade e
solidariedade,
exatamente
porque as
experiências
vividas nesse
espaço de
realizações são
portadoras de
excelente
material de
aprendizado.
O Consolador:
Que lições você
pode relatar
acerca dessas
atividades?
Destaco a
excelência da
concepção
espírita de
provas e
expiações,
porquanto
constatamos
dramas
expiatórios
importantes,
enquanto
favorece à
caridade amplo
terreno para
realizações
nobilitantes. Em
face disso,
identificamos a
necessidade de
reeducação,
certos de que a
maior caridade
que se pode
praticar é
reeducar o ser.
Recentemente, em
uma
segunda-feira,
eu visitava cada
uma das salas,
para ver as
crianças,
abraçá-las,
conversar com as
educadoras. Na
sala das
crianças
menores, de dois
e três anos de
idade, um
menino,
visivelmente
abatido, estava
no colo de uma
das educadoras,
que media sua
temperatura com
termômetro.
Estava com
febre, e
reclamava com os
seguintes
dizeres: “Eu
quero meu vovô”.
Ele é muito
ligado ao avô,
sua referência
paterna em casa.
Pensamos que se
tratava de
desencarnação.
Porém, soubemos
que o avô estava
preso, acusado
de determinado
delito. A
Instituição
prestou todos os
cuidados
compatíveis à
criança. Tive a
oportunidade de
refletir com as
educadoras que o
mal que
praticamos
irradia-se como
a bomba atômica
que produz o
cogumelo de
efeitos
devastadores.
Todos que
rodeiam o autor
do mal sofrem.
Aquele senhor,
com a prática do
mal, atingiu
toda a família,
feriu a
sociedade.
O Consolador:
Sua atuação no
Movimento
Espírita
destaca-se pelas
intensas
atividades
doutrinárias,
especialmente no
tocante a
palestras e
seminários. Qual
é sua motivação
para
realizá-las?
Desde a infância
tenho fascínio
pelo
Espiritismo.
Quando a
professora de
ensino religioso
na escola
pública em que
eu estudei
afirmava que
Espiritismo não
era religião
cristã, eu
rebatia com
disposição. Um
dos episódios
marcantes de
minha
existência, do
qual sempre me
recordo com
satisfação, foi
quando deixei as
reuniões de
evangelização
(estudo do
Espiritismo para
as crianças) e
me inscrevi no
Grupo Jovem, aos
treze anos de
idade. Uma
motivação
interna
irresistível a
mim me
impulsiona a
servir o ideal
espírita. Um
amigo estranhou
quando soube que
não sou (e
nenhum
trabalhador
espírita) remunerado
para trabalhar
na divulgação da
doutrina. E se
me perguntam o
porquê dessa
dedicação, não
preciso fazer um
discurso para
justificar.
Apenas digo:
“Porque esse
trabalho me
deixa feliz”.
O Consolador:
Fale-nos do
movimento
espírita em sua
cidade e no
Estado de Santa
Catarina.
Florianópolis
tem um Movimento
Espírita
dinamizado por
25 instituições
filiadas, 18
localizadas na
ilha e 7 no
continente.
Algumas
instituições não
se encontram
filiadas; dentre
elas há as que
logo
providenciarão a
solicitação de
adesão à
Federação
Espírita
Catarinense. Em
todas as Casas a
freqüência é
excelente, com
demonstração
viva de que a
Doutrina
Espírita
satisfaz os
anseios da
criatura humana.
No Estado, temos
130 Centros
Espíritas
filiados. O
Estado é
organizado com o
formato de 16
Conselhos
Regionais (CRE),
que facilitam a
sintonia da
Federação com as
instituições.
Atividades
regionais e de
nível estadual
se pluralizam
para melhor
equipar os
trabalhadores
espíritas de
estímulos e
qualificação no
desempenho de
nossos misteres.
O Consolador:
Como foi sua
gestão à frente
da Federação
Espírita
Catarinense?
O três anos de
mandato que
desempenhei no
cargo de
presidente da
Federação
Espírita
Catarinense
foram muito
importantes,
pela experiência
que me
proporcionou.
Posso dizer que
hoje me encontro
mais forte
interiormente
para o
enfrentamento
dos desafios
existenciais,
porque as
dificuldades que
enfrentei foram
austeras. Se os
pioneiros do
Movimento
Espírita tiveram
que enfrentar a
intolerância
religiosa, hoje
os desafios
encontram-se no
âmbito do
próprio
movimento.
Contudo, tive a
honra de mais
uma vez servir
ao ideal que
abençoa minha
vida. Focamos a
preparação do
servidor
espírita:
palestrantes,
evangelizadores,
monitores de
grupos de
estudos,
médiuns,
atendentes
fraternos,
enfim,
procuramos
contemplar o
leque de
serviços que a
Casa Espírita
disponibiliza à
comunidade, com
atenção especial
a quem executa
as tarefas,
qualificando-o
doutrinaria e
tecnicamente.
Duas lições
ficaram bem
caracterizadas
para mim,
enquanto estive
na presidência
da FEC: que o
conhecimento é
indispensável a
quem deseja
servir à causa
do Cristo.
Estudar sempre
deve ser o lema
individual de
nossa condição
de servidores. O
conhecimento
espírita nos
auxilia a
compreender,
entender e
praticar as leis
de Deus. O
conhecimento
espírita não se
satisfaz com
breve exame. O
que destaco, ao
lado do estudo,
é a vivência do
bem em todas as
situações. No
contexto do
nosso Movimento,
o espírito de
cooperação, de
solidariedade e
desprendimento,
para que sejamos
úteis e
assertivos.
Movimento
Espírita não se
coaduna com
disputas,
rancores, nem se
adapta a
facções,
partidos,
disputas pelo
poder. O
Movimento
Espírita só
perde com tudo
isso.
O Consolador:
Como o amigo
tem encarado os
temas polêmicos
que circulam
atualmente no
Movimento
Espírita?
Observo com
tranqüilidade,
certo de que são
ocorrências
próprias de um
Movimento que,
por ser humano,
é portador das
qualidades e
equívocos
inerentes ao ser
humano que ainda
se encontra nas
pelejas
evolutivas. O
que é importante
é a permanência
segura em nossos
postos de
serviços,
conscientes das
tarefas que
devemos
desempenhar à
luz do
Espiritismo, com
humildade,
desprendimento e
hábito de
estudo. Sempre
que os temas
polêmicos
parecem ameaçar
a integridade do
venerando
Movimento, tenho
permanecido
sereno e
imperturbável no
estudo e na
vivência das
rigorosas
diretrizes da
Codificação, sem
receio, e sem
contra-atacar, o
que mais inflama
os que,
presunçosos,
pretendem
introduzir na
seara concepções
e técnicas
estranhas.
Nosso Movimento
tem demonstrado,
apesar das
dificuldades,
suficiente
maturidade para
não conceder
espaço às
novidades
não-espíritas,
mas que
pretendem impor.
Nas reuniões do
Conselho
Federativo
Nacional, na
FEB, tive a
alegria de
constatar que
todas as
federativas
estaduais
encontram-se
inquebrantáveis
diante de
propostas
intrometidas. A
FEB realiza
admirável
trabalho,
assumindo a
liderança
mundial de
divulgadora do
Espiritismo no
mundo, exaltando
a Codificação
Kardequiana
através do
Estudo
Sistematizado da
Doutrina
Espírita.
O Consolador:
E os temas
polêmicos que
envolvem a
sociedade, como
a
descriminalização
do aborto, têm
sido objeto de
debate nos
círculos de
estudos?
Os temas
polêmicos
existentes na
sociedade, que
preocupam
educadores,
sociólogos,
autoridades e
legisladores,
são muito
importantes,
porque respondem
pelo
comportamento
social. O
aborto, por
exemplo, é tema
grave.
Recentemente
tivemos a
alegria de
acompanhar o
afastamento de
uma tentativa de
descriminalizar
sua prática no
Congresso
Nacional. Outras
tentativas serão
feitas por
legisladores,
pressionados que
são por
determinadas
entidades que
fazem o lobby na
intimidade do
Congresso. Essas
questões nos
preocupam em
face das
conseqüências de
práticas como o
aborto, a pena
de morte, a
eutanásia e as
pesquisas com
células-tronco
embrionárias sem
considerar
critérios de
bioética.
A sociedade
ainda vive os
estertores da
ignorância
acerca da
origem, natureza
e destinação
espiritual da
criatura humana,
por isso
pretendem, com o
raciocínio
apressado e as
conclusões
imediatistas,
obter licenças
para permanecer
nas condutas
viciosas,
extravagantes e
egoístas.
Segundo os
Espíritos, a
Doutrina
Espírita tem por
missão a
regeneração
moral da
humanidade. A
tarefa de
divulgação e
vivência de seus
postulados pelos
espíritas é o
meio pelo qual
se alcançará
superior
objetivo. Por
isso, devemos
permanecer nos
estudos do
conhecimento que
enriquece o
pensamento e na
prática que
enobrece o
caráter.
O Consolador:
Como é ser
advogado e
espírita?
O Espiritismo
ajuda toda e
qualquer
atividade. O
profissional com
o conhecimento
espírita
desempenha sua
tarefa
compenetrado de
sua missão no
mundo. Tive a
oportunidade de
atuar como
liberal durante
três anos, e
fiquei assustado
com alguns
clientes, e não
foram poucos,
que chegavam com
uma causa, mas
traziam
sugestões de
providências
contrárias à lei
e à ética-moral.
É evidente que
rechacei todas
as propostas.
Certo dia, antes
de entrarmos
para uma
audiência
judicial, a
testemunha que
eu acompanhava
perguntou-me: -
O que devo
falar? E eu lhe
respondi: - A
verdade.
Responda com
tranqüilidade a
tudo o que o
magistrado
perguntar, sem
receios.
Surgiu a
oportunidade de
prestar concurso
público, através
do qual
ingressei no
serviço público
estadual, e
nesse âmbito se
enfrentam novos
desafios. A vida
é assim, um
desafio após o
outro. Quem é
beneficiado com
o conhecimento
espírita e
decide ser
cumpridor de
seus deveres,
com austeridade
ético-moral, em
qualquer
profissão, terá
condições de
colaborar com um
mundo melhor
para se viver.
O Consolador:
Suas palavras
finais.
Gostaria de
enfatizar que o
espírita é
portador do mapa
do tesouro, que
tem indicações
claras de como
chegar ao baú
repleto de jóias
que tornam a
criatura rica.
Acontece que
essa riqueza é o
conhecimento que
rasga os
horizontes da
mente para o
encontro com a
verdade, que,
uma vez
incorporada ao
patrimônio
intelecto-moral
do ser,
transforma-o no
trabalho e no
amor.
Enriquecidos,
felizes com essa
conquista,
tornamo-nos
divulgadores
desse mapa, para
que todos se
beneficiem.
Problemas,
dificuldades,
sofrimentos, são
nossos
acompanhantes
disciplinadores,
para coroar de
méritos todo o
empenho de
servir
desinteressadamente.