MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
No Mundo Maior
André Luiz
(Parte
15)
Damos prosseguimento ao
estudo da obra
No Mundo Maior,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier,
publicada em 1947 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. No momento em que se
dá o abortamento, que se
passa com o
reencarnante?
R.: Segundo o caso
Cecília, narrado neste
livro, o ser abortado
reagiu ao ser
violentado, como que
aderindo,
desesperadamente, às
paredes placentárias, e
sua mente começou a
despertar à medida que
aumentava o esforço de
extração. Semidesperto,
o Espírito refletia
extremo desespero;
lamentava-se com gritos
de aflição; expedia
vibrações mortíferas;
balbuciava frases
desconexas. (No Mundo
Maior, cap. 10, pp. 149
a 151.)
B. O ódio pode matar?
R.: Sim. Segundo
Calderaro, o ódio vem
exterminando diariamente
criaturas no mundo, com
intensidade e eficiência
mais arrasadoras que as
de todos os canhões da
Terra. No abortamento
provocado por Cecília,
ela acabou perecendo por
influência direta do
psiquismo do Espírito
rejeitado. (Obra
citada, cap. 10, pp. 152
e 153.)
C. Os desequilíbrios
decorrentes do sexo
cessam com a morte do
corpo físico?
R.: Não. Os enigmas do
sexo não se reduzem a
meros fatores
fisiológicos, mas
constituem fenômeno
peculiar ao psiquismo
humano, em marcha para
superiores zonas da
evolução. É, pois,
inútil supor que a morte
física ofereça solução
pacífica aos Espíritos
em extremo
desequilíbrio, que
entregam o corpo aos
desregramentos
passionais. Sua loucura
não procede de simples
modificações do
cérebro: dimana da
dissociação dos centros
perispiríticos, o que
exige longos períodos de
reparação. A sede do
sexo não se acha no
corpo grosseiro, mas na
alma. (Obra citada,
cap. 11, pp. 154 a 157.)
Texto
para leitura
80. O aborto -
Cecília, apesar de tão
sensatos conselhos, fez
enorme esforço para
tornar ao corpo denso,
pronunciando ríspidas
palavras de negação,
inopinadas e ingratas.
Desfazendo-se da
influência pacificadora
de Calderaro, ela
regressou gradativamente
ao campo sensorial, em
gritos roucos. O
Assistente procurou
tranqüilizar a genitora.
O processo de loucura
por insurgência parecia
consumado; era preciso
confiá-la ao poder da
Suprema Proteção Divina.
Cecília despertou no
corpo exigindo o aborto
imediato. Fixando a
enfermeira, disse ter
tido um pesadelo
terrível. Sonhara que
sua mãe lhe pedia
paciência e caridade.
Ela, porém, iria até ao
fim. A enfermeira,
inspirada pelo
Assistente, fez-lhe
ainda diversas
ponderações
respeitáveis. Cecília
estava, contudo,
irredutível, de modo
que, para assombro de
todos, ante a genitora
em pranto, começou a
extração do feto. André,
penosamente
surpreendido, verificou
com espanto que o
pequenino reagia ao ser
violentado, como que
aderindo,
desesperadamente, às
paredes placentárias. A
mente do filhinho
começou a despertar à
medida que aumentava o
esforço de extração. Os
raios escuros não
partiam agora só do
cérebro materno; eram
igualmente emitidos pela
organização embrionária,
estabelecendo maior
desarmonia. André
reparou que a enfermeira
subtraía ao vaso
feminino somente
pequena porção de carne
inânime, porque a
entidade reencarnante,
como se forças vigorosas
a mantivessem atraída ao
corpo materno, oferecia
condições
especialíssimas, adesa
ao campo celular que a
expulsava. Semidesperto,
o Espírito refletia
extremo desespero;
lamentava-se com gritos
de aflição; expedia
vibrações mortíferas;
balbuciava frases
desconexas. Parecia que
André se encontrava
perante duas feras
terrivelmente algemadas
uma à outra. O filhinho
impedido de nascer
transformara-se em
perigoso verdugo do
psiquismo materno e,
premindo com impulsos
involuntários o ninho de
vasos do útero,
precisamente na região
onde se efetua a permuta
dos sangues materno e
fetal, provocou ele o
processo hemorrágico,
violento e abundante,
numa cena chocante.
(Cap. 10, pp. 149 a
151)
81. A
entidade expulsa promete
vingança
- Expulso indebitamente,
mas mantido ali por
forças incoercíveis, o
organismo perispirítico
da entidade impedida de
reencarnar alcançou em
movimentos espontâneos a
zona do coração.
Envolvendo os nódulos da
aurícula direita,
perturbou as vias do
estímulo, determinando
choques tremendos no
sistema nervoso central.
O fluxo hemorrágico
agravou-se. "Odeio-o!
odeio-o!" – clamava a
mente materna em
delírio, sentindo ainda
a presença do filho na
intimidade orgânica.
"Nunca embalarei um
intruso que me lançaria
à vergonha!" Os dois
pareciam sintonizados na
onda de ódio, porque a
mente dele, exibindo
estranha forma de
apresentação, respondia:
"Vingar-me-ei! Pagarás
ceitil por ceitil! não
te perdoarei!... Não me
deixaste retomar a luta
terrena, onde a dor, que
nos seria comum, me
ensinaria a desculpar-te
pelo passado delituoso e
a esquecer minhas
cruciantes mágoas...
Renegaste a prova que
nos conduziria ao altar
da reconciliação.
Cerraste-me as portas da
oportunidade redentora;
entretanto, o maléfico
poder, que impera em ti,
habita igualmente
minh´alma..." A
entidade, movida pela
ira, prometia vingar-se
duramente daquela que
não o quisera para o
serviço do amor... A
cena era indescritível.
Os raios mentais
destruidores
cruzavam-se, de espírito
a espírito. Calderaro
orou, invocando auxílio
exterior; de fato, pouco
depois, uma turma de
trabalhadores
espirituais penetrou o
recinto. O Assistente
ministrou instruções;
era preciso ajudar a mãe
desventurada, que
permaneceria junto da
filha infeliz, até à
consumação da
experiência. A
desencarnação de Cecília
não tardaria. (Cap. 10,
pp. 151 e 152)
82. O ódio mata mais
do que as guerras -
Saindo da casa de
Cecília, o Assistente
revelou a André que o
ódio vem exterminando
diariamente criaturas no
mundo, com intensidade e
eficiência mais
arrasadoras que as de
todos os canhões da
Terra. O fato a que eles
haviam assistido todos
os dias se repete na
esfera carnal.
Estabelecido o império
de forças tão
detestáveis sobre
aquelas almas
desequilibradas, que a
Providência procurou
reunir no instituto da
reencarnação, era
necessário confiá-las
doravante ao tempo, para
que a dor operasse os
corretivos
indispensáveis. Agora,
de nada valeria a
intervenção direta. "Só
poderemos cooperar com
a oração do amor
fraterno, aliada à
função renovadora da
luta cotidiana",
esclareceu Calderaro.
Consumara-se para ambos
doloroso processo de
obsessão recíproca, de
amargas conseqüências no
espaço e no tempo, e
cuja extensão não se
poderia prever. (Cap.
10, pp. 152 e 153)
83. Problemas do
sexo - André foi
levado pelo Assistente a
um curioso centro de
estudos, onde elevados
mentores ministram
conhecimentos aos
companheiros aplicados
ao trabalho de
assistência na Crosta.
Eles se reuniam uma vez
por semana, e o tema
daquele dia versava
sobre problemas
atinentes ao sexo. Pouco
mais de duas centenas de
companheiros do plano
espiritual ouviam, com
atenção, iluminado
condutor de almas. O
palestrante falava sem
afetação: "No exame das
causas da loucura,
entre individualidades,
sejam encarnadas, sejam
ausentes da carne, a
ignorância quanto à
conduta sexual é dos
fatores mais decisivos".
O Instrutor espiritual
referiu-se aos milhões
de almas que as
angústias do sexo
dilaceram todos os dias,
um problema premente que
já ensandeceu muitos
cérebros de escol e não
podia ser atacado a
tiros de verbalismo, de
fora para dentro, à moda
dos médicos
superficiais, que
prescrevem longos
conselhos aos pacientes,
tendo, na maioria das
vezes, absoluto
desconhecimento da
enfermidade. "Agora que
nos distanciamos das
imposições mais rijas da
forma, sem nos
libertarmos, contudo,
dos ascendentes
fundamentais de suas
leis, que ainda nos
subordinam as
manifestações,
compreendemos que os
enigmas do sexo não se
reduzem a meros fatores
fisiológicos", asseverou
o iluminado Instrutor.
Tais enigmas não
resultam de automatismos
nos campos da estrutura
celular, mas constituem
fenômeno peculiar ao
psiquismo humano, em
marcha para superiores
zonas da evolução. É,
contudo, doloroso
verificar a desarmonia
em que se afundam os
homens, com sombrios
reflexos nas esferas
imediatas à luta
carnal. O cativeiro da
ignorância, no campo
sexual, continua
escravizando milhões de
criaturas, no mundo
inteiro. (Cap. 11, pp.
154 a 156)
84. A
evolução humana
- O palestrante,
prosseguindo sua
preleção, observou ser
inútil supor que a morte
física ofereça solução
pacífica aos espíritos
em extremo
desequilíbrio, que
entregam o corpo aos
desregramentos
passionais. Sua loucura
não procede de simples
modificações do
cérebro: dimana da
dissociação dos centros
perispiríticos, o que
exige longos períodos de
reparação. "A sede do
sexo –asseverou o
Instrutor– não se acha
no corpo grosseiro, mas
na alma, em sua sublime
organização". Explicou
então que, na esfera
carnal, os homens e as
mulheres distinguem-se
segundo sinais orgânicos
específicos. Na esfera
espiritual imediata,
prepondera ainda o jogo
das recordações da
existência terrena, em
trânsito para as regiões
mais altas. Nestas
–esclareceu o
palestrante – "sabemos,
porém, que feminilidade
e masculinidade
constituem
característicos das
almas acentuadamente
passivas ou francamente
ativas". Os Espíritos
adquirem,
gradativamente, na
variação de suas
experiências, qualidades
divinas, como a energia
e a ternura, a fortaleza
e a humildade, o poder e
a delicadeza, a
inteligência e o
sentimento, a iniciativa
e a intuição, a
sabedoria e o amor, até
lograrem o supremo
equilíbrio em Deus. Não
podemos esquecer,
acrescentou ele, que
nenhuma exteriorização
do instinto sexual na
Terra, qualquer que
seja sua forma de
expressão, será
destruída, mas
transmudada no estado de
sublimação. Até as
manifestações dos
chamados irracionais
participam do mesmo
impulso ascensional. Na
época primitiva, a
eclosão sexual primava
pela posse absoluta: a
personalidade
integralmente ativa do
homem dominava a
personalidade totalmente
passiva da mulher. O
trabalho paciente dos
milênios transformou,
porém, essas relações.
"A mulher-mãe e o
homem-pai deram acesso –
acentuou o Instrutor – a
novos sopros de
renovação do espírito".
"Com bases nas
experiências sexuais, a
tribo converteu-se na
família, a taba
metamorfoseou-se no
lar, a defesa armada
cedeu ao direito, a
floresta selvagem
transformou-se na
lavoura pacífica..."
Estimulada pela força
criadora do sexo, a
coletividade humana
avança, embora
vagarosamente, para o
supremo alvo do divino
amor. (Cap. 11, pp. 156
e 157)
(Continua no próximo
número.)