ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)
A
impressionabilidade
"Além do que
podemos
imaginar,
influem os
Espíritos em
nossos
pensamentos e
atos, a tal
ponto que, de
ordinário, são
eles que nos
dirigem" - "O
LIVRO DOS
ESPÍRITOS" - q.
459
Segundo
ensinamento de
Allan Kardec,
em questão de
mediunidade,
“(...) a
impressionabilidade
é a faculdade
rudimentar
indispensável ao
desenvolvimento
de todas as
outras.
Todos os médiuns
são
necessariamente
impressionáveis,
sendo assim a
impressionabilidade
mais uma
qualidade geral
do que
propriamente
especial...
Difere da
impressionabilidade
puramente física
e nervosa, com a
qual é preciso
não seja
confundida,
porquanto,
pessoas há que
não têm nervos
delicados e que
sentem mais ou
menos o efeito
da presença dos
Espíritos, do
mesmo modo que
outras –
absolutamente –
não os
pressentem.
Essa faculdade
se desenvolve
pelo hábito e
pode adquirir
tal sutileza,
que aquele que a
possui
reconhece, pela
impressão que
experimenta, não
só a natureza,
boa ou má, do
Espírito que lhe
está ao lado,
mas até a sua
individualidade,
como o cego
reconhece, por
um certo não sei
quê, a
aproximação de
tal ou qual
pessoa.
Assim, são
chamados
“médiuns
sensitivos” ou
“impressionáveis”
às pessoas
suscetíveis de
sentir a
presença dos
Espíritos por
uma impressão
vaga, por uma
espécie de leve
roçadura sobre
todos os seus
membros,
sensação que
elas não podem
explicar”.
A influência dos
Espíritos é tão
ostensiva que
não existe
nenhum lugar ou
situação onde
possamos nos
subtrair à essa
influenciação.
O que podemos
fazer, isto sim,
é
“selecionar”
a qualidade dos
Espíritos que
nos
influenciam. Aí
entra a questão
moral, vez que
os Espíritos se
aproximam por
questão de
afinidade e
sintonia.
Entanto, Kardec
também explica
não guardar
relação o
desenvolvimento
da mediunidade
com o
desenvolvimento
moral do médium,
vez que a
faculdade
mediúnica se
radica no
organismo físico,
independendo
pois, do moral.
Mas o mesmo não
se dá com o seu
uso, que pode
ser bom ou mau,
conforme as
qualidades do
médium.
Kardec oferece
alguns exemplos
de influência
ostensiva dos
Espíritos, onde
a
impressionabilidade
pôde ser
insofismavelmente
demonstrada.
Diz ele:
“Assistimos uma
noite à
representação da
ópera Oberon, em
companhia de um
médium vidente
muito bom. Havia
na sala grande
número de
lugares vazios,
muitos dos
quais, no
entanto, estavam
ocupados por
Espíritos, que
pareciam
interessar-se
pelo espetáculo.
Alguns se
colocavam junto
de certos
espectadores,
como que a lhes
escutar a
conversação.
Cena diversa se
desenrolava no
palco: por
detrás dos
atores muitos
Espíritos, de
humor jovial, se
divertiam em
arremedá-los,
imitando-lhes os
gestos de modo
grotesco;
outros, mais
sérios, pareciam
inspirar os
cantores e fazer
esforços por
lhes dar
energia. Um
deles se
conservava
sempre junto de
uma das
principais
cantoras.
Julgando-o
animado de
intenções um
tanto levianas e
tendo-o evocado
após a
terminação do
ato, ele acudiu
ao nosso chamado
e nos reprochou,
com severidade,
o temerário
juízo: “Não
sou o que
julgas, disse;
sou o seu guia e
seu Espírito
protetor; sou
encarregado de
dirigi-la.”
Depois de alguns
minutos de uma
palestra muito
séria,
deixou-nos,
dizendo: “Adeus;
ela está em seu
camarim; é
preciso que vá
vigiá-la.”
Em seguida,
evocamos o
Espírito Weber,
autor da ópera,
e lhe
perguntamos o
que pensava da
execução da sua
obra. “Não de
todo má; porém,
frouxa; os
atores cantam,
eis tudo. Não há
inspiração.
Espera,
acrescentou, vou
tentar dar-lhes
um pouco do fogo
sagrado.” Foi
visto, daí a
nada, no palco,
pairando acima
dos atores.
Partindo dele,
um como eflúvio
se derramava
sobre os
intérpretes.
Houve, então,
nestes, visível
recrudescência
de energia.
Outro fato que
prova a
influência que
os Espíritos
exercem sobre os
homens,
à revelia
destes:
Assistíamos,
como nessa
noite, a uma
representação
teatral, com
outro médium
vidente.
Travando
conversação com
um Espírito
espectador,
disse-nos ele:
“Vês aquelas
duas damas sós,
naquele camarote
da primeira
ordem? Pois bem,
estou
esforçando-me
por fazer que
deixem a sala.”
Dizendo isso, o
médium o viu ir
colocar-se no
camarote em
questão e falar
às duas. De
súbito, estas,
que se mostravam
muito atentas ao
espetáculo, se
entreolharam,
parecendo
consultar-se
mutuamente.
É assim que
muitas vezes
fomos testemunha
do papel que os
Espíritos
desempenham
entre os vivos.
Observamo-los em
diversos lugares
de reunião, em
bailes,
concertos,
sermões,
funerais,
casamentos,
etc., e por toda
parte os
encontramos
atiçando paixões
más, soprando
discórdias,
provocando rixas
e rejubilando-se
com suas
proezas”.
Destacamos cinco
condições para
evitarmos as más
companhias
espirituais:
1 -
Colocarmo-nos
sempre com fé
sincera, sob a
proteção de Deus
e solicitar a
assistência de
nosso Espírito
Protetor;
2 -
Aplicarmo-nos ao
estudo
perseverante das
questões que
envolvem o
intercâmbio
entre os dois
planos da Vida:
o Espiritual e o
carnal;
3 -
Evangelizarmo-nos;
4 - Passar no
crivo da razão
tudo que
provenha dos
Espíritos,
inclusive do
Mentor da Casa
que
freqüentamos. Os
Espíritos
Superiores não
se incomodam com
nossos zelos,
enquanto que os
inferiores se
irritam de
imediato.
5 - Fechar as
portas abertas
ao acesso dos
maus Espíritos
pelas
imperfeições
morais que
porventura ainda
oneram nossa
economia
espiritual.
Assim
procedendo, não
há como cair
voluntária ou
involuntariamente
na dependência
dos maus
Espíritos que
pululam à nossa
volta, e não
teremos o que
temer de nossa
impressionabilidade.
-
KARDEC,
Allan.
O
Livro
dos
Médiuns.
71.ed.
Rio [de
Janeiro]:
FEB,
2003, 2ª
parte,
cap.
XIV,
item
161.