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Ano 2 - N° 78 - 19 de Outubro de 2008

JORGE HESSEN
jorgehessen@gmail.com
Brasília, Distrito Federal (Brasil)


Religiões e o sublime princípio da beneficência

Temos muitas religiões, mas pouca religiosidade. O Cristianismo, atualmente, é a religião mais difundida no mundo, com cerca
de 2 bilhões de fiéis, e se divide em três ramos principais: Catolicismo, Igreja Ortodoxa e Protestantismo
 

Jesus foi o primeiro proponente do serviço social de que a História tem notícia. Antecedendo as propostas da ciência psicológica moderna, defendidas por renomados pesquisadores, o Mestre de Nazaré, há dois mil anos, comprovava que a legítima felicidade não é individual, mas o somatório da felicidade das pessoas que se encontram em nossa dimensão de vida quotidiana. A solidariedade e a beneficência são fundamentos máximos de bem-viver. Falamos de religião e rotulamos nossa crença, porém, enquanto não descermos até nosso irmão necessitado, não chegaremos à maturidade espiritual.

Na Terra, surgiram várias denominações filosófico-religiosas para apontarem a trilha da beneficência. Algumas delas bifurcaram-se, enquanto outras anatematizaram-se e a mensagem, que apontava o caminho da caridade, ficou truncada por ausência do amor entre nós.

Temos muitas religiões, mas pouca religiosidade. O Cristianismo, atualmente, é a religião mais difundida no mundo, com cerca de 2 bilhões de fiéis. Divide-se em três ramos principais: Catolicismo, Igreja Ortodoxa e Protestantismo. O movimento cristão organiza-se, primeiro, em Jerusalém e é, a princípio, um movimento dentro do Judaísmo. Posteriormente, os cristãos são perseguidos pelo Império Romano. A situação muda em 313, quando o imperador Constantino lhes concede liberdade de culto. Em 392, o Cristianismo passa a ser a religião oficial do Império, e missionários são enviados a várias partes da Europa para fundar igrejas, ocupando todo o continente. No fim da Idade Média, a expansão européia leva o Cristianismo à América e à Ásia. A partir do Século XIX missionários chegam, também, à África e ao leste da Ásia, espalhando o Evangelho por todo o mundo.

Neste ponto do texto, pedimos licença para consignar algumas definições breves sobre religião [i] e iniciemos com o Catolicismo. O termo deriva do grego katholikos (universal). A adoção desse nome vem da idéia de uma igreja que pode ser aceita e levar a mensagem a qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo. Está associada à expansão do Império Romano e ao surgimento dos novos reinos em que este se divide. Sua difusão se vincula ao desenvolvimento da civilização ocidental e ao processo de colonização e aculturação de outros povos. Hoje, o Catolicismo possui mais de 1 bilhão de adeptos, aproximadamente 18,7% da população mundial. A maioria (cerca de 39%) encontra-se na América Latina. O Brasil é o país que reúne o maior número de católicos no mundo. Segundo o IBGE, 120 milhões de brasileiros declaravam-se católicos em 1991 (cerca de 83% da população do país).[ii] 

O Protestantismo surgiu com a chamada Reforma Protestante, iniciada pelo teólogo alemão Martinho Lutero 

Da Igreja de Roma, surge a Renovação Carismática Católica nos Estados Unidos, em meados da década de 60, divergindo de alguns conceitos do Vaticano. Nessa trilha, nasce, na mesma década, a Teologia da Libertação, principalmente na América Latina, em que se destaca o teólogo brasileiro e ex-frade franciscano, Leonardo Boff, um dos formuladores do movimento. No livro “Jesus Cristo Libertador” (1972), Boff admite o emprego das teorias marxistas na análise do atraso das sociedades do terceiro mundo.

Sobre o Protestantismo[iii], sabemos ter surgido como movimento cristão com a chamada Reforma Protestante, iniciada pelo teólogo alemão Martinho Lutero (foto), no Século XVI, que rompe com a Igreja Católica. As críticas de Lutero ao Catolicismo começam em 1517. O alemão defende ser a fé o elemento fundamental para a salvação do indivíduo e condena a venda de indulgências pela Igreja e o relaxamento dos costumes do clero da época. O Protestantismo divide-se em Protestantismo histórico, criado a partir da Reforma, e Protestantismo pentecostal,

surgido no começo do Século XX. Calcula-se que o Protestantismo tenha cerca de 500 milhões de adeptos em todo o mundo. O Brasil reúne o maior número de protestantes da América do Sul, cerca de 13 milhões de pessoas, segundo pesquisa realizada pelo instituto Datafolha em 1994.[iv]

O Judaísmo é considerado a primeira religião monoteísta da humanidade. Cronologicamente, é a primeira das três religiões originárias de Abraão (as outras são o Cristianismo e o Islamismo). Existem,

atualmente, cerca de 13,5 milhões de judeus no mundo, dos quais 4 milhões em Israel. No Brasil, segundo o IBGE, havia cerca de 86 mil em 1991. A Federação Israelita do Estado de São Paulo estima que, hoje, esse número chegue a 110 mil.[v]
 

O Islamismo é uma religião monoteísta fundamentada nos ensinamentos de Maomé, contidos no livro islâmico, o “Alcorão” (do árabe al-qur'ãn, leitura)[vi]. A palavra islã significa submeter-se e exprime a submissão à lei e à vontade de Alá (Allah, Deus em árabe). Estima-se que reúna mais de 1 bilhão de fiéis (18% da população mundial), em especial no Norte da África, no Oriente Médio e na Ásia. Há duas facções do Islamismo – os sunitas e os xiitas. Calcula-se que 83% dos muçulmanos sejam sunitas. Para eles, a autoridade espiritual pertence à comunidade como um todo. Os xiitas (16% dos muçulmanos) são partidários de Ali, marido de Fátima,

filha de Maomé. Seus descendentes teriam a chave para interpretar os ensinamentos do Islã. São líderes da comunidade e continuadores da missão espiritual de Maomé. A rivalidade com os sunitas é tragicamente exacerbada, sobretudo após a revolução iraniana liderada por Ruhollah Khomeini.[vii] 

O Espiritismo é doutrina religiosa baseada na crença da existência do espírito, independente do corpo 

Existem os princípios dos Hinduísmos, a rigor um conjunto de conceitos, doutrinas e práticas religiosas que surgem na Índia a partir de 2000 a.C. Estão embasados no Vedas[viii]. Suas características principais são o politeísmo e a crença na reencarnação. Estima-se que, hoje, exista mais de um bilhão de adeptos no mundo.

O Budismo é um sistema ético, religioso e filosófico, fundado pelo príncipe hindu Sidarta Gautama (563 a.C.?-483 a.C.?), o Buda, por volta do Século VI a.C. Ensina como superar o sofrimento e atingir o nirvana[ix] por meio de disciplina mental e de uma forma correta de vida.  O Confucionismo é outro ramo religioso do mundo oriental, e, também, é uma filosofia, uma ideologia política. É um legado da tradição literária, baseado nas idéias do filósofo chinês Confúcio (551 a.C.-479 a.C.). Permaneceu como doutrina oficial na China, durante quase 2 mil anos, do Século II até o início do Século XX. Atualmente, 25% da população chinesa afirmam viver segundo a ética confucionista. Fora da China, o Confucionismo possui cerca de 6,3 milhões de seguidores, principalmente no Japão, na Coréia do Sul e em Cingapura.[x] No Confucionismo, não existem sacerdotes ou igrejas. As cinco virtudes essenciais são: o amor ao próximo, a justiça, o cumprimento das regras adequadas de conduta, a autoconsciência da vontade do Céu e a sabedoria e sinceridade desinteressadas. Somente aquele que respeita o próximo é capaz de desempenhar seus deveres sociais.

O Espiritismo é doutrina religiosa baseada na crença da existência do espírito (alma), independente do corpo, e em seu retorno à Terra em sucessivas encarnações, até atingir a perfeição. Sua principal corrente é, para alguns, o Kardecismo, formulado em 1857, no “Livro dos Espíritos”, pelo professor francês, Allan Kardec (1804-1869), pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail. O Espiritismo afirma que as reencarnações permitem a evolução gradativa do espírito para se redimir de erros passados. Todas as faltas podem ser reparadas. Não há estatística mundial sobre o número de seguidores do Espiritismo. No Brasil, segundo o IBGE, cerca de 1,6 milhões de pessoas declaravam-se espíritas em 1991. De acordo com uma pesquisa realizada em 1994, pelo instituto Datafolha, esse número chega a 5,5 milhões.[xi] Atualmente, cerca de 20 milhões de brasileiros têm alguma simpatia pelos princípios kardecianos.

As religiões ensinam sobre a importância da beneficência. O Espiritismo afirma que “Fora da Caridade não há Salvação”. Os Benfeitores do além nos advertem que sem caridade toda fé religiosa se resume a uma adoração sem proveito; a esperança não passa de uma flor incapaz de frutescência e a própria filantropia se circunscreve a um jogo de palavras brilhantes, em torno do qual os nus e os famintos, os necessitados e enfermos costumam perecer pronunciando maldições. 

O Cristo nos pede cooperação para a sementeira do Evangelho Redivivo que a Doutrina Espírita veicula 

O Espírito Neio Lúcio cita, no último capítulo do livro “JESUS NO LAR”, o seguinte trecho: "(...) após o último culto doméstico na casa de Simão Pedro, nas vésperas de embarcar para a cidade de Sidon, o Mestre abriu o livro de Isaías e comentou-o com sabedoria, após o que, proferindo a prece de encerramento, advertiu: - Pai, ajude os que não se envergonham de ostentar felicidade ao lado da miséria, do infortúnio e da dor.(...)Ergue aqueles que caíram sob o excesso do conforto material".[xii] (destacamos).

“Num belo apólogo , conta Rabindranath Tagore que um lavrador, a caminho de casa, com a colheita do dia, notou que, em sentido contrário, vinha suntuosa carruagem, revestida de estrelas. Contemplando-a, fascinado, viu-a estacar, junto dele, e, semi-estarrecido, reconheceu a presença do Senhor do Mundo, que saiu dela e estendeu-lhe a mão a pedir-lhe esmolas...

O quê? - refletiu, espantado - o Senhor da Vida a rogar-me auxílio, a mim, que nunca passei de mísero escravo, na aspereza do solo? Conquanto excitado e mudo, mergulhou a mão no alforje de trigo que trazia e entregou ao Divino Pedinte apenas um grão da preciosa carga. O Senhor agradeceu e partiu. Quando, porém, o pobre homem do campo tornou a si do próprio assombro, observou que doce claridade vinha do alforje poeirento... O grânulo de trigo, do qual fizera sua dádiva, tornara à sacola, transformado em pepita de ouro luminescente... Deslumbrado, gritou:

-Louco que fui!... Por que não dei tudo o que tenho ao Soberano da Vida?  [xiii]

Na atualidade da Terra, quando o materialismo compromete edificações veneráveis da fé, no caminho dos homens, sabemos que o Cristo pede cooperação para a sementeira do Evangelho Redivivo que a Doutrina Espírita veicula. E, propondo este artigo humilde à guisa de um punhado de gravetos para o lume da Nova Revelação, reenfatizo, humildemente, ante a bondade do Cristo:

“-Ah! Senhor!... Compreendo a significação de teus apelos e a grandeza de tua munificência, mas perdoa ao pequenino servo que sou, se nada mais tenho de mim para te dar!” [xiv]

A lição é clara e expressiva o suficiente. Por isso, reflitamos sobre ela, para que não permaneçamos na sombra do comodismo, na forma de prática religiosa, só por conta da etiqueta social. 

 

[i] Cf. Almanaque Abril 98.

[ii] idem.

[iii] O nome protestante é atribuído, na época, aos partidários da Reforma que protestam contra a Dieta (assembléia convocada pelos reis) de Espira (1529). A Igreja Protestante, também conhecida como Evangélica, reivindica a reaproximação da Igreja com o cristianismo primitivo.

[iv] Cf. Almanaque Abril 98.

[v] idem.

[vi] coletânea das diversas revelações transcendentes recebidas por Maomé de 610 a 632.

[vii] Cf. Almanaque Abril 98.

[viii] conhecimento, em sânscrito, conjunto de textos sagrados compostos de hinos de louvor e ritos.

[ix] estado d’alma de  total paz e plenitude.

[x] Cf. Almanaque Abril 98.

[xi] idem.

[xii] Xavier, Francisco Cândido. Jesus no Lar, Ditado pelo Espírito Neio Lúcio, RJ: Ed. FEB, 2002.

[xiii] Dedicatória de Ismael Gomes Braga in livro Cartas e Crônicas, psicografia de Chico Xavier, ditado pelo Espírito Irmão X, RJ: ed. FEB, 1966.

[xiv] Idem.

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita