MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
No Mundo Maior
André Luiz
(Parte
16)
Damos prosseguimento ao
estudo da obra
No Mundo Maior,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier,
publicada em 1947 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. As lesões da alma
podem ser tratadas
apenas com remédios?
R.: Não. A medicina
tradicional pode
inventar mil modos de
auxiliar o corpo
enfermo, mas foge à sua
competência a prática da
medicina da alma, que
ampare o espírito
enleado nas sombras.
Haja mais amor ante os
vales da demência, e as
quedas cederão lugar a
experiências
santificantes. O amor
espiritualizado, filho
da renúncia cristã, é a
chave capaz de abrir as
portas do abismo para
onde rolaram e rolam
milhares de criaturas,
todos os dias.
Distribuamos a bênção do
entendimento entre os
homens; estendamos mão
forte a todos os
espíritos que se
encontram prisioneiros
do distúrbio das
sensações, fazendo-lhes
sentir que as oficinas
do trabalho renovador
permanecem abertas a
todos os filhos de Deus,
aperfeiçoando-lhes os
sentimentos,
sublimando-lhes os
impulsos, dilatando-lhes
a capacidade espiritual.
(No Mundo Maior, cap.
11, pp. 160 a 162.)
B. Como nos libertar do
cativeiro do sexo
atormentado?
R.: O cativeiro dos
tormentos do sexo é
questão pertinente à
alma e demanda processo
individual de cura, que
o espírito resolverá no
tribunal da própria
consciência. Os
escravos das
perturbações do campo
sensorial só por si
mesmos serão liberados,
dilatando o
entendimento,
compreendendo os
sofrimentos alheios e as
dificuldades próprias, e
aplicando, enfim, o
"amai-vos uns aos
outros", tanto na
doutrinação, como no imo
da alma, com as melhores
energias do cérebro e
com os melhores
sentimentos do coração.
(Obra citada, cap.
11, pp. 162 e 163.)
C. Que faltou à teoria
de Freud?
R.: Freud centralizou
seu ensino no impulso
sexual, a que conferiu
caráter absoluto,
enquanto duas correntes
de psicologistas,
inicialmente filiadas a
ele, se diferenciaram na
interpretação. A
primeira delas estuda o
anseio congênito da
criatura, no que se
refere ao relevo
pessoal, enquanto a
segunda proclama que,
além da satisfação do
sexo e da importância
individualista, existe o
impulso da vida
superior que tortura o
homem terrestre mais
feliz. Angústia sexual,
aquisição de poder e
idéia de superioridade,
eis as três vertentes,
que se identificam e são
dotadas de uma certa
dose de razão.
Falta-lhes, porém, o
conhecimento básico do
reencarnacionismo. Não
podemos afirmar que
tudo, nos círculos
carnais, constitua sexo,
desejo de importância e
aspiração superior; mas,
chegados à compreensão
de agora, podemos
assegurar que tudo, na
vida, é impulso criador.
(Obra citada, cap.
11, pp. 164 e 165.)
Texto
para leitura
85. As angústias
afetivas - Vários
aspectos constituem essa
jornada sublimadora:
desejo, posse, simpatia,
carinho, devotamento,
renúncia, sacrifício.
Por vezes, a criatura
demora-se anos, séculos,
existências diversas de
uma estação a outra.
Raros conseguem
manter-se no posto da
simpatia, com o
equilíbrio
indispensável. Poucos
atravessam a província
da posse sem duelos
cruéis com os monstros
do egoísmo e do ciúme,
aos quais se entregam
desvairadamente, e
reduzido número percorre
os departamentos do
carinho sem se
algemarem, por largo
trecho, aos gnomos do
exclusivismo. Muitas
vezes, só após milênios
de provas cruciantes e
purificadoras, consegue
a alma alcançar o zênite
luminoso do sacrifício
para a suprema
libertação, no rumo de
novos ciclos de
unificação com a
Divindade. "O êxtase do
santo foi, um dia, mero
impulso, como o diamante
lapidado viveu na
aluvião, ignorado entre
seixos brutos",
asseverou o palestrante.
"Claro está que, assim
como se submete o
diamante ao disco do
lapidário, para atingir
o pedestal da beleza,
assim também o instinto
sexual, para coroar-se
com as glórias do
êxtase, há que
dobrar-se aos
imperativos da
responsabilidade, às
exigências da
disciplina, aos ditames
da renúncia", ponderou o
iluminado Instrutor. Ele
não queria, com isso,
sugerir a execução de
programas de
santificação compulsória
no mundo carnal, porque
nenhum homem
conseguiria negar a
fase da evolução em que
se encontra. O hotentote
inculto não pode, só
por usar a beca de um
catedrático, dar aula
sobre Direito Romano.
Não desejam os
Benfeitores Espirituais,
portanto, preconizar no
mundo regras rigoristas
de virtude artificial,
nem favorecer qualquer
regime de relações
inconscientes. A
bandeira deles é,
sobretudo, a do
entendimento fraternal.
Seu trabalho visa a que
a luz da compreensão se
faça entre os
encarnados, a fim de que
as angústias afetivas
não arrojem tantas
vítimas à voragem da
morte, intoxicadas de
paixões criminosas. São
incontáveis os crimes
que campeiam na Terra,
devidos à incompreensão
sexual, determinando
perigosos e estranhos
processos de loucura, em
toda parte. Milhões de
pessoas se conservam
semiloucos nos lares ou
nas instituições, porque
se tornaram incapazes do
devotamento e da
renúncia, e submergem,
pouco a pouco, no
tenebroso charco das
alucinações. O ciúme, a
insatisfação, o
desentendimento, a
incontinência e a
leviandade alastram
terríveis fenômenos de
desequilíbrio, e para
tratar tão complexo
problema não é
suficiente o recurso da
Medicina, sem atingir-se
a intimidade das causas.
(Cap. 11, pp. 158 e
159)
86. O amor
espiritualizado - O
Instrutor mostrou, em
seguida, o porquê da
insuficiência dos
recursos médicos no
tratamento do problema.
"A personalidade não é
obra da usina interna
das glândulas, mas
produto da química
mental", asseverou. As
lesões do pensamento não
podem ser sanadas com a
injeção de hormônios. A
genética poderá, um dia,
determinar o sexo ao
embrião, mas não é capaz
de atingir a zona mais
alta da mente, que
manterá característicos
próprios,
independentemente da
forma exterior. A
medicina inventará mil
modos de auxiliar o
corpo enfermo, mas foge
à sua competência a
prática da medicina da
alma, que ampare o
espírito enleado nas
sombras... Haja mais
amor ante os vales da
demência, e as quedas
cederão lugar a
experiências
santificantes. "O amor
espiritualizado, filho
da renúncia cristã, é a
chave capaz de abrir as
portas do abismo para
onde rolaram e rolam
milhares de criaturas,
todos os dias", declarou
o palestrante.
"Distribuamos a bênção
do entendimento entre os
homens; estendamos mão
forte a todos os
espíritos que se
encontram prisioneiros
do distúrbio das
sensações, fazendo-lhes
sentir que as oficinas
do trabalho renovador
permanecem abertas a
todos os filhos de Deus,
aperfeiçoando-lhes os
sentimentos,
sublimando-lhes os
impulsos, dilatando-lhes
a capacidade espiritual.
Lembremos aos corações
desalentados que tal é o
sexo em face do amor,
quais são os olhos para
a visão, e o cérebro
para o pensamento: não
mais do que
aparelhamento de
exteriorização",
acrescentou o Instrutor.
O campo do amor é
infinito em sua essência
e manifestação, mas é
preciso fugir às
aberrações e aos
excessos, reconhecendo,
porém, que todos os
seres nasceram no
Universo para amar e
serem amados. Por vezes,
é certo, vigoram para
muitos, temporariamente,
os imperativos da prova
benéfica, os deveres
expiatórios, as
exigências do serviço,
em que estudantes,
devedores e missionários
se obrigam a longas
fases de fome e sede do
coração. Mas isso não
constitui obstáculo ao
amor. Jesus não
partilhou o matrimônio
normal na Terra, e sua
família cresce todos os
dias... "A construção da
felicidade real não
depende do instinto
satisfeito", ajuntou o
palestrante. (Cap. 11,
pp. 160 a 162)
87. A
solução definitiva
- A conduta do Mestre
comprovou que é
possível cooperar na
extensão do Infinito
Bem, amando e
abnegando-se, com
exclusão do egoísmo e do
propósito inferior de
sermos amados, conforme
os caprichos próprios. A
permuta de células
sexuais entre os seres
encarnados, garantindo
a continuidade das
formas físicas em
processo evolucionário,
é apenas um aspecto das
multiformes permutas de
amor. O intercâmbio de
forças simpáticas, de
fluidos combinados, de
vibrações sintonizadas
entre almas que se amam,
paira acima de qualquer
exteriorização tangível
de afeto, sustentando
obras imperecíveis de
vida e de luz. É
preciso, pois,
desenvolver carinhosa
assistência aos que se
desesperam no mundo,
ensinando-os a libertar
a mente das malhas do
instinto, abrindo-lhes o
caminho aos ideais do
amor santificante e
recordando-lhes que
fixar o pensamento no
sexo torturado, com
desprezo dos demais
departamentos da
realização espiritual, é
estacionar,
inutilmente, no trilho
evolutivo e entregar-se,
inerme, à influência de
perigosos monstros da
imaginação, quais o
despeito, a inveja, o
desespero e a amargura,
que podem levar à
inconsciência e à
loucura. O amor, por sua
vez, encontra sempre
mundos novos e, para
isso, basta à criatura o
abandono da ociosidade.
O cativeiro nos
tormentos do sexo é
questão da alma e
demanda processo
individual de cura, que
o espírito resolverá no
tribunal da própria
consciência.
Compreendamos: os
escravos das
perturbações do campo
sensorial só por si
mesmos serão liberados,
dilatando o
entendimento,
compreendendo os
sofrimentos alheios e as
dificuldades próprias, e
aplicando, enfim, o
"amai-vos uns aos
outros", tanto na
doutrinação, como no imo
da alma, com as melhores
energias do cérebro e
com os melhores
sentimentos do coração.
(Cap. 11, pp. 162 e 163)
88. O que falta à
teoria de Freud -
Finda a preleção, foram
propostas ao Instrutor
diversas questões. A
primeira versou sobre a
doutrina esposada por
Freud, para quem quase
todas as perturbações
psíquicas se radicam no
sexo desviado,
pensamento esse que foi
modificado por alguns
discípulos do grande
médico austríaco. O
sábio instrutor elucidou
a dúvida, esclarecendo
que Freud centralizou
seu ensino no impulso
sexual, a que conferiu
caráter absoluto,
enquanto duas correntes
de psicologistas,
inicialmente filiadas a
ele, se diferenciaram na
interpretação. A
primeira delas estuda o
anseio congênito da
criatura, no que se
refere ao relevo
pessoal, enquanto a
segunda proclama que,
além da satisfação do
sexo e da importância
individualista, existe o
impulso da vida
superior que tortura o
homem terrestre mais
feliz. Angústia sexual,
aquisição de poder e
idéia de superioridade,
eis as três vertentes.
"Diremos, por nossa vez,
– acentuou o Instrutor –
que as três escolas se
identificam, portadoras
todas elas de certa dose
de razão, faltando-lhes,
todavia, o conhecimento
básico do
reencarnacionismo".
Representam elas belas e
preciosas casas de
princípios científicos,
sem, contudo, o telhado
da lógica. "Não podemos
afirmar que tudo, nos
círculos carnais,
constitua sexo, desejo
de importância e
aspiração superior; no
entanto, chegados à
compreensão de agora,
podemos assegurar que
tudo, na vida, é impulso
criador. Todos os seres
que conhecemos, do verme
ao anjo, são herdeiros
da Divindade, que nos
confere a existência, e
todos somos depositários
de faculdades
criadoras", asseverou o
sábio Instrutor. "A fera
olvida a índole
selvagínea, ao lamber,
com ternura, um filho
recém-nato. E mais da
metade dos milhões de
espíritos encarnados na
Crosta da Terra, de
mente fixa na região dos
movimentos instintivos,
concentram suas
faculdades no sexo, do
qual se derivam
naturalmente os mais
vastos e freqüentes
distúrbios nervosos",
acrescentou o Instrutor.
(Cap. 11, pp. 164 e
165)
89. Rumo à angelitude
- O Instrutor lembrou,
em seguida, que grande
parte das criaturas,
havendo conquistado a
razão, acima do
instinto, permanecem nos
desatinos da
prepotência, seduzidas
pelo capricho do
autoritarismo, famintas
de evidência e realce,
ainda que ligadas a
trabalho proveitoso e a
paixões nobres, muitas
vezes... Pequeno grupo
de pessoas, por fim,
após atingir o
equilíbrio sexual na
zona instintiva do ser
e depois de obter os
títulos que seu trabalho
lhes confere, e com os
quais dominam na vida,
em pleno regime de
responsabilidade
individual, passam a
fixar-se na região
sublime, na
superconsciência, não
mais encontrando a
alegria integral no
contentamento do corpo
físico ou na evidência
pessoal, e procuram
alcançar os círculos
mais altos da vida,
absorvidos em idealismo
superior. "Para esses, –
acentuou o Instrutor – o
sexo, a importância
individual e as
vantagens do
imediatismo terrestre
são sagrados pelas
oportunidades que
oferecem aos propósitos
de bem fazer;
entretanto, no santuário
de suas almas
resplandece nova luz..."
Eles cresceram em
sentimentos; pressentem
a Divindade e anseiam
por sua identificação
com ela. São os homens e
as mulheres que, havendo
realizado os mais altos
padrões humanos, se
candidatam à
angelitude... De um modo
ou de outro, porém, tudo
isso decorre das
faculdades criadoras,
herdadas de Deus, em
jogo permanente nos
quadros da vida... (Cap.
11, pp. 165 e 166)
(Continua no próximo
número.)