A Revue Spirite
de 1861
Allan
Kardec
(Parte
13)
Damos continuidade ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1861. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 14
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. Como, segundo Kardec,
podemos reconhecer o
verdadeiro espírita?
O verdadeiro espírita,
disse o Codificador, é
reconhecido por suas
qualidades, e a primeira
é a abnegação da
personalidade. É, pois,
por seus atos que o
reconhecemos, mais que
pelas palavras. O
verdadeiro espírita não
é movido pela ambição,
nem pelo amor-próprio.
(Revue Spirite de
1861, p. 363.)
B. Que compromissos
contraem os que assumem
a condição de espírita?
Na visão do Sr.
Desqueyroux, de
Bordeaux, com a doutrina
contraímos compromissos
que consistem, na
verdade, em quatro
deveres: dever de
submissão, que nos faça
ouvir com docilidade;
dever de afeição, que
nos faça amar com
ternura; dever de zelo,
para defender seus
interesses com ardor;
dever de prática, que
nos faça honrá-la por
nossas obras. (Obra
citada, p. 371.)
C. O Espiritismo prega o
proselitismo?
Não. Cabe aos espíritas
falar abertamente do
Espiritismo, sem
afetação e, sobretudo,
sem buscar forçar
convicções nem fazer
prosélitos a todo custo.
Escreveu Kardec: “O
Espiritismo não deve ser
imposto: vem-se a ele
porque dele se
necessita”. (Obra
citada, pp. 388 e 389.)
Texto para leitura
225. “Coisa séria --
afirma Kardec -- é
confiar a alguém a
suprema direção da
doutrina”, visto que um
indivíduo pode, com
idéias errôneas,
arrastar a sociedade por
uma rampa perigosa e até
à sua ruína. (P. 362)
226. O verdadeiro
espírita é reconhecido
por suas qualidades, e a
primeira é a abnegação
da personalidade. É,
pois, por seus atos que
o reconhecemos, mais que
pelas palavras. O
verdadeiro espírita não
é movido pela ambição,
nem pelo amor-próprio.
(P. 363)
227. A
Revue publica a carta
que Erasto dirigiu aos
espíritas de Bordéus.
(PP. 364 a 368)
228. Incentivando-os a
manter a concórdia, de
que até então deram
provas brilhantes,
Erasto lembrou aos
espíritas bordeleses:
“Encarando como
subversiva toda doutrina
contrária à moral do
Evangelho e aos
princípios gerais do
Decálogo, que se resumem
nesta lei concisa: Amai
a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como
a vós mesmos, ficareis
invariavelmente unidos”.
(P. 365)
229. No banquete
oferecido ao Codificador
pelos espíritas
bordeleses, falaram o
Sr. Lacoste, o Sr. Sabò,
o Sr. Desqueyroux e, por
fim, Allan Kardec, e
seus discursos foram
transcritos pela Revue.
(PP. 368 a
374)
230. Representando o
Grupo de operários
espíritas, o Sr.
Desqueyroux, mecânico de
profissão, afirmou:
“Para nós é inefável
felicidade havermos
nascido numa época em
que podemos ser
esclarecidos pelo
Espiritismo”. (P. 371)
231. “Mas -- reconhece
Desqueyroux -- não é
bastante conhecer e
desfrutar essa
felicidade. Com a
doutrina, contraímos
compromissos, que
consistem em quatro
deveres diferentes:
dever de submissão, que
nos faça ouvir com
docilidade; dever de
afeição, que nos faça
amar com ternura; dever
de zelo, para defender
seus interesses com
ardor; dever de prática,
que nos faça honrá-la
por nossas obras.”(P.
371)
232. Na seqüência, o Sr.
Desqueyroux lembrou que
“há momentos na vida em
que a razão talvez
pudesse sustentar-nos,
mas há outros em que se
tem necessidade de toda
a fé que o Espiritismo
dá, para não
sucumbirmos”. (P. 371)
233. Em sua alocução,
Kardec disse ser
providencial o fato de
se inaugurar uma
sociedade espírita que
se inicia pela reunião
espontânea de cerca de
300 pessoas, atraídas
não por vã curiosidade,
como a de Bordéus. (P.
372)
234. Atribuindo esse
interesse à campanha
contrária ao Espiritismo
feita por um jornalista
do Courrier de la
Gironde, Kardec
finalizou seu discurso
agradecendo ao autor do
artigo por sua
involuntária
colaboração. (P. 374)
235. A
Revue publica duas
fábulas em versos,
escritas pelo Sr. Dombre,
de Marmande, o qual
também foi ao encontro
espírita realizado em
Bordéus. Na segunda,
intitulada “O Ouriço, o
Coelho e a Pega”, seu
autor destaca a
importância da caridade,
quando o coelho ajuda o
ouriço, apesar de
desestimulado pela pega:
“O coelho respondeu: -
Nenhuma inquietação/ Nos
deverá afastar de
impulsos benfeitores;/
Vale bem mais expor-se à
ingratidão/ Do que
faltar aos sofredores!”
(N.R.: Ouriço é um
roedor. Pega é uma ave
da família dos
corvídeos, de cor
preta.) (PP. 374 a
378)
236. Noticiando a
publicação da 2a. edição
de “O Livro dos
Médiuns”, Revue e
ampliada por Kardec,
este diz que, seguindo-a
pontualmente,
evitar-se-ão os escolhos
tão numerosos que
costumam chocar os
neófitos inexperientes.
(P. 379)
237. Comentando o
lançamento da 1a.
publicação feita pela
Sociedade Espírita de
Metz, Kardec a elogia e
adverte que as
publicações
intempestivas podem ser
mais nocivas do que
úteis à propagação do
Espiritismo. (PP. 379 e
380)
238. Falando do
Espiritismo na América,
em que se destaca o
trabalho do juiz Edmonds,
de Nova York, Kardec
transcreve parte de um
texto escrito pelo Dr.
Edmonds em 1854, três
anos antes do advento d’
O Livro dos Espíritos:
“De nossa conduta
depende nosso destino
futuro e não de nossa
adesão a esta ou àquela
seita religiosa, mas de
nossa submissão a este
grande preceito: Amar
a Deus e ao Próximo...
Não devemos adiar a
nossa conversão. Nós
próprios devemos
trabalhar pela nossa
salvação, não mais
tarde, mas agora;
não amanhã, mas hoje”.
(P. 384)
239. Os espíritas, diz
Kardec, têm uma bela e
importante missão a
cumprir: espalhar a luz
em seu redor. (P. 388)
240. Cabe-lhes falar
abertamente do
Espiritismo, sem
afetação e, sobretudo,
sem buscar nem forçar
convicções, nem fazer
prosélitos a todo custo.
“O Espiritismo não
deve ser imposto: vem-se
a ele porque dele se
necessita.” (P. 389)
241. Partidário decidido
da idéia de se criarem
vários grupos, em lugar
de um só, numeroso, nas
cidades maiores, Kardec
diz que, quando o
primeiro grupo se tornar
muito numeroso, que faça
como as abelhas: funde
outros. (P. 391)
242. Os novos grupos
serão outros tantos
centros de ação,
irradiando em seu
respectivo círculo, e
mais poderosos para a
propaganda do que uma
sociedade única. (P.
391)
243. A
uniformidade na
doutrina, quer a
sociedade seja una, ou
fracionada, será a
conseqüência natural da
unidade de base que os
grupos adotarem. Ela
será completa em todos
os que seguirem a linha
traçada pelo Livro
dos Espíritos e pelo
Livro dos Médiuns.
(N.R.: Não existiam
então os demais livros
que compõem o Pentateuco
Kardequiano.) (P.
391)
(Continua no próximo
número.)