LEDA MARIA
FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
Observemo-nos
“Aquele que diz
permanecer nele, deve
também andar como ele
andou.”
(I João, 2:6.)
Essa passagem faz parte
de uma carta na qual
João pretende fornecer,
àqueles que queriam
caminhar com Jesus, o
testemunho dos
apóstolos, mostrando
suas lutas íntimas para
reformularem seus
sentimentos. João
conclama a todos a
lutarem contra a
fragilidade da natureza
humana, e não se
acomodarem a ela.
Diz-nos, também, que o
verdadeiro Cristianismo
está na observância do
mandamento do amor que o
Mestre renovou, lançando
novas luzes sobre ele, e
que “aquele que diz
conhecê-Lo, e não guarda
os mandamentos, é
mentiroso, pois não há
nele a verdade”. Se
pretendemos cooperar com
o Cristo, e nos
colocamos em posição de
aprendizes, é
imprescindível
sintonizarmos a estação
de nossa vida com o Seu
Evangelho Redentor.
Quando Jesus atribuiu a
si próprio a qualidade
de Caminho, Verdade e
Vida, não fez,
certamente, uma
declaração de ordem
pessoal, mas referiu-se
à mensagem que trouxera
ao mundo em nome de
Deus, nosso Pai.
Reportou-se aos ensinos,
ao roteiro que traçava a
moral que nos conduziria
à perfeição, isto é, a
tudo que Ele
exemplificava. O
Evangelho é o Caminho
que o aprendiz segue,
porque seguindo-o não
nos perderemos nas
estradas sombrias da
incompreensão, do
inconformismo, da
injustiça e de tantos
outros sentimentos que
abrigamos ainda em
nossos corações; é a
Verdade, porque seus
ensinamentos são
verdadeiros e, portanto,
eternos - podem passar
séculos, milênios que as
palavras nele contidas
permanecerão vivas,
atuais, para sempre; é
Vida porque a alma se
alimenta dele, e quem o
pratica viverá para
sempre, pois representa
a vida que o seguidor de
Jesus deve viver.
Entretanto, agora
perguntamos: quantos de
nós que se propondo ser
aprendizes do Evangelho
conseguem,
verdadeiramente,
permanecer ao lado do
Mestre e,
principalmente, andando
como ele andava,
praticando, vivenciando
e exemplificando cada
ensinamento que
transmitia? Muitos de
nós se encantam com as
palavras do amado
Mestre, emocionam-se ao
ouvir as histórias de
sua vida, mas quantos,
realmente, sentem no
coração, no íntimo do
seu ser, o chamamento à
prática desse Evangelho?
Quando nos propomos a
trabalhar em Seu nome é
necessário que nos
observemos, atentamente,
e busquemos saber se
falamos uma coisa e
exemplificamos outra.
Dessa maneira, muitas
vezes, afirmamos viver
com a bondade de Jesus e
não hesitamos em nos
atirar contra os
semelhantes, através da
maledicência e da
crueldade. Muitos de nós
garantem compreender o
otimismo de Jesus
através de sua fé
inabalável nos desígnios
de Deus; entretanto,
diante dos problemas que
nos afligem a
existência,
entregamo-nos ao
pessimismo e ao
desespero, na certeza de
que o Pai nos abandonou
e que estamos sozinhos.
E o que dizer das vezes
em que proclamamos a
fraternidade do Cristo,
dizendo da nossa
admiração pelo amor que
espalhava onde quer que
fosse e, no entanto,
incentivamos a discórdia
e a separação?
Jesus tinha uma vida
simples e da mesma
maneira passava seus
ensinamentos. Admiramos
essa simplicidade no
Mestre, mas conseguimos
complicar os problemas
que nos surgem no
caminho evolutivo.
Emmanuel nos adverte
que, se nos confessamos
aprendizes do Evangelho,
observemos nossos
próprios passos, e
busquemos escutar no
íntimo do nosso ser as
palavras do Mestre
Condutor de nossa
existência,
convocando-nos a ter
coerência entre o que
prometemos e o que
realizamos, entre o
ideal e o esforço. Quem
segue o Cristo vive seu
apostolado. Entre o
ideal que é viver Seu
Evangelho e o esforço
que despendemos para
vivê-lo fica a pergunta
que Jesus,
incessantemente, nos
faz: “Que buscais?” É
imprescindível
meditarmos sobre o que
realmente buscamos, e
qual é a qualidade do
nosso esforço no
cumprimento dos deveres
que nos competem, não
importa quais sejam
eles. Lembremo-nos que o
nome de Jesus está
empenhado em nossas
mãos. Procuremos
compreendê-Lo para que
possamos nos afeiçoar a
Ele e, verdadeiramente,
amá-Lo.
Quando o apóstolo João
declara: “aquele que diz
permanecer nele, deve
também andar como ele
andou”, pretendeu dizer
tão-somente que quem se
afirma seguidor de Jesus
deve imitar-lhe a
conduta, buscando viver
na exemplificação em que
o Mestre viveu. Para que
possamos, assim,
vivenciar, mister se faz
que analisemos o que
fazemos; que observemos
o que dizemos; que
meditemos em torno das
nossas aspirações mais
ocultas, procurando a
resposta à indagação do
Mestre Amigo: “Que
buscais?”
Entretanto, mesmo que a
dúvida nos assuste e o
medo faça morada em
nossos corações,
continuemos sem temor,
servindo e cooperando,
porque, mesmo
vacilantes, Ele espera
que cada um de nós O
ajude a melhorar o lugar
onde vivemos. E a partir
de nosso lar, das
pessoas que estão mais
próximas de nós,
esforcemo-nos para não
decepcionar esse Querido
Amigo que sabe que, mais
cedo ou mais tarde, com
mais ou menos
sofrimentos, estaremos
ao Seu lado. Como
sabemos que todo dia é
tempo de renovar nossas
aspirações, e que todo
instante é recurso de
começar o melhor, não
vamos deixar para amanhã
as renovações que
possamos fazer hoje.
E que renovações são
essas? Vejamos. Dizemos,
muitas vezes, que não
agüentamos mais o clima
de luta na experiência
doméstica, entretanto,
se fizermos força no
cultivo da renúncia que
beneficia a harmonia,
transformaremos nossa
casa em um refúgio de
amor. Dizemos, tantas
vezes, que não
suportamos mais o amigo
desajustado, mas, se
fizermos força no
exercício da tolerância,
é possível consigamos
convertê-lo, amanhã, em
colaborador ideal.
Desanimados, dizemos,
muitas vezes, que não
adianta ensinar o bem,
no entanto, se fizermos
força para exemplificar
o que ensinamos,
atingiremos realizações
de valores
incalculáveis. Dizemos
estar desistindo da
caridade ante os golpes
da ingratidão, mas se
fizermos força para
prosseguir,
encontraremos na
caridade a perfeita
alegria de servir.
Como podemos sentir, não
é fácil seguir o Mestre,
mas, se já estamos a
caminho, por que não
fazê-lo? Meus irmãos,
que Jesus nos ampare na
nossa real vontade de
seguir-lhe os passos, e,
fortalecidos pelo Seu
amor, que nunca nos
abandonou, roguemos ao
Pai que nos abençoe as
propostas de mudança e
de crescimento que
buscamos a cada dia em
nossas existências.
Bibliografia:
EMMANUEL
(Espírito) – Fonte
Viva, [psicografado
por] F.C.Xavier – FEB,
Rio de Janeiro/RJ – 16
ed., Lições 134 e 167.
EMMANUEL
(Espírito) – Religião
dos Espíritos,
[psicografado por
F.C.Xavier] – FEB, Rio
de Janeiro/RJ, 8 ed., “O
Obreiro do Senhor”, p.
81.
AUTORES
DIVERSOS – O Espírito
da Verdade,
[psicografado por]
F.C.Xavier e Waldo
Vieira - FEB - Rio de
janeiro/RJ – 10 ed.,
Lições 35 e 54.