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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 78 - 19 de Outubro de 2008

WALDENIR APARECIDO CUIN
wacuin@ig.com.br
Votuporanga, São Paulo (Brasil)  

Reparar as nossas faltas 

– Podemos nós, já nesta vida, resgatar as nossas faltas?

– Sim, reparando-as. Mas não julgueis repará-las por algumas privações pueris ou por meio de doações de após morte, quando de nada mais necessitais." Questão nº 1.000, de O Livro dos Espíritos – Allan Kardec 

O verdadeiro homem de bem é aquele que empreende esforços no sentido de superar sua natureza inferior, visando sair da ignorância para a angelitude, sabendo que tal caminhada lhe custará enormes sacrifícios e renúncias. 

E, naturalmente, se luta para domar suas más tendências, é óbvio que ainda não logrou a ascensão que deseja, do que podemos compreender, seguramente, que ainda prossegue com dificuldades para acertar em tudo, donde alguns erros podem acontecer. 

Dessa forma, as falhas verificadas precisam de reparos. Nesta vida, a criatura consciente e responsável poderá iniciar sua jornada de resgate abreviando seu sofrimento e lançando luzes no porvir. 

Tomemos como exemplo as próprias lições do Cristo, que, em contato com Madalena, a jovem que fazia comércio do seu próprio corpo, escandalizando a sociedade da época, recomendou que ela se tornasse a mãe da humanidade. Essa mulher de fibra e propósitos inquebrantáveis, abandonando o que fazia, lançou-se a servir um grupo de leprosos, num vale de grandes sofrimentos, conseguindo com tal determinação sublimar sua vida, saindo da inferioridade para os píncaros da sublimação interior. 

Os erros ainda decorrem da nossa pouca compreensão dos reais valores da vida. Muitas vezes, por falta de um melhor amadurecimento espiritual, deliberamos trilhar por certas estradas que nos conduzem a notáveis equívocos, somente verificados tempos depois, exigindo reparos e redirecionamento da nossa vida. Identificado o erro, imperioso se torna que nos lancemos, com urgência, a consertá-lo, para que complicações maiores não advenham. 

Vimos, certa feita, uma pessoa muito experiente aconselhar uma jovem arrependida, que por descuido fizera um aborto, a prestar horas de serviço numa instituição que acolhia crianças pobres. Agindo assim ela iniciava a reparação da sua falta. 

Conhecemos um homem que durante anos viveu da dependência tóxica e na vida criminal; hoje, arrependido, percorre as escolas, instituições, associações, em inúmeras cidades, contando sua dramática história e as conseqüências de seus enganos para que jovens e crianças não conheçam o abismo em que ele caiu.

Existem múltiplas maneiras e formas de iniciarmos um processo de reparação das nossas faltas, já nesta vida. É um grande equívoco pensar que, deixando nossos bens, após a morte, estaremos corrigindo os nossos erros. Na verdade, deixamos os bens porque não podemos levá-los. Naturalmente, isso não é altruísmo, é ignorância mesmo. 

Na verdade, no atual estágio evolutivo em que mourejamos, as falhas fazem parte dos nossos dias, não podemos ignorar isso. Façamos, sim, o máximo esforço para evitá-las, no entanto, as que cometemos precisam de reparos. Então, usemos a nossa criatividade e firmemos propósitos de fazer todo o bem possível, na direção do próximo, uma vez que os atos benéficos servirão como atenuantes em nosso favor. 

Alimentar uma criança carente, socorrer uma mãe pobre, ajudar um jovem viciado, visitar um casebre onde a dificuldade impera, prestar horas de trabalho em entidades assistenciais, conversar com uma mãe aflita ante a desencarnação de um filho, acolher um chefe de família desempregado, dar um banho num idoso abandonado, ouvir a lamentação de um desesperado, trabalhar pela educação do povo, indiscutivelmente, são recursos que muito contribuirão para o reparo das nossas faltas. 

Reflitamos. 
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita