O determinismo
absoluto não é
ensinado pelo
Espiritismo
1. Para os
Espíritos
Superiores não
existe
determinismo
absoluto. O que
chamamos
fatalidade
existe
unicamente pela
escolha que o
Espírito fez, ao
encarnar, desta
ou daquela
prova.
Escolhendo-a,
institui para si
uma espécie de
destino, que é a
conseqüência
mesma da posição
em que se acha
colocado em face
da escolha
feita.
Evidentemente,
os Instrutores
espirituais
referem-se aí às
provas físicas,
porque no que
toca às provas
morais e às
tentações o
Espírito é
sempre senhor de
ceder ou
resistir, visto
que Deus lhe
conferiu a
liberdade de
escolha - o
livre-arbítrio.
Mesmo para as
pessoas que
pareçam
perseguidas por
um fatalismo
marcante, as
causas de suas
vicissitudes, se
não estão na
vida presente,
têm sua origem
no passado, em
existências
anteriores.
2. É importante,
antes de tudo,
não se confundir
determinismo com
fatalidade.
Determinismo é
um sistema
filosófico que
nega ao homem o
direito de agir
livremente, isto
é, de acordo com
sua vontade.
Esse sistema tem
a representá-lo
atualmente os
positivistas e
os materialistas
de todas as
escolas; mas é
curioso notar
que sua origem
se encontra na
escolástica
religiosa, que
subordinava
rigorosamente à
influência da
Providência
Divina a
determinação da
vontade. O
determinismo
materialista,
como o
determinismo
religioso,
negando o
livre-arbítrio,
suprime, em
conseqüência, a
responsabilidade
da pessoa.
3. A
ideologia do
determinismo vem
de longe. Na
mitologia grega,
encontramos a
concepção das
Parcas:
criaturas que
teciam a teia do
destino, na qual
era colhida a
espécie humana,
sem que esta
dela se pudesse
libertar. Para
os primeiros
pensadores
gregos, o
destino das
pessoas estava
intimamente
ligado à crença
no poder
absoluto das
forças do
Universo. O
destino do homem
estaria, segundo
tal pensamento,
determinado por
elas; a pessoa,
impotente ante
elas, devia
tão-somente
obedecer-lhes.
4 .Para
Pitágoras e seus
adeptos, a
natureza do
Universo seria
formada de
maneira a
determinar o
destino das
pessoas. Os
segredos de sua
sorte estariam
encerrados nos
números e
somente podem
ser desvendados
se se
compreender seu
significado.
Entender a
linguagem dos
algarismos
seria, assim,
fundamental à
compreensão dos
destinos
humanos.
5. Heráclito
ensinava que o
processo cósmico
obedece a
determinadas
leis. Toda
mudança estaria
de acordo com
uma lei fixa e
imutável, lei
que constitui o
princípio básico
do mundo, à qual
o homem estaria
completamente
sujeito.
Heráclito
refere-se a essa
lei ou princípio
chamando-a, às
vezes, destino;
outras vezes,
justiça.
Kant propugnou o
livre-arbítrio
como necessário
ao homem moral
6. Quem primeiro
procurou afastar
o homem da idéia
de um destino
inexorável foram
os filósofos
gregos chamados
sofistas.
Segundo eles, o
homem não podia
ficar
inteiramente
preso a um
processo ou a
leis de que não
pudesse
desvencilhar-se.
Parecia-lhes
impossível que o
homem não
exercesse certo
efeito sobre o
próprio destino.
Sócrates também
não aceitava tal
domínio sobre os
homens. Para
ele, o
conhecimento
constituiria sua
realização
suprema.
Alcançando o
conhecimento, o
homem agiria com
acerto; sem o
conhecimento,
corria o risco
de agir com
desacerto. Além
dessa concepção
tão clara,
Sócrates
entendia ainda
que o homem
pode, pelo
conhecimento,
ter certa
influência sobre
o seu destino na
Terra e na vida
futura.
7. Platão era
defensor da
liberdade. O
homem – propunha
Platão – pode
vencer e de fato
vence os
objetivos do
mundo. Embora
criatura do
Criador divino,
pode ordenar sua
vida de modo a
vivê-la com
espírito de
justiça e
sensatez.
Aristóteles
também
acreditava na
liberdade do
homem. Segundo
ele, a moral não
era questão de
lei inevitável,
mas de livre
escolha: o homem
tem liberdade de
fazer o que é
bom ou o que é
mau.
8. Outros
filósofos gregos
que entraram em
cena
posteriormente
acreditavam ou
não no
determinismo.
Epicuro, por
exemplo, não
considerava o
homem um títere
de forças
inexoráveis; o
livre-arbítrio
afigurava-se-lhe
importante. Os
estóicos
pensavam
diferentemente,
entendendo que o
mundo é o
resultado de
leis fixas e
imutáveis.
9. Os pensadores
gregos
religiosos
concebiam uma
liberdade
relativa para o
homem. Fílon
acreditava que a
encarnação da
alma constituía
uma queda, uma
perda parcial da
liberdade que
ela possuía
antes da
encarnação.
Plotino também
acreditava na
liberdade
original, ou
seja, o corpo é
uma prisão e a
alma ligada ao
corpo está
prisioneira, não
é livre. Os
pensadores
cristãos dos
primeiros tempos
do Cristianismo
e os da Idade
Média, sobretudo
os apologistas,
acreditavam num
homem
basicamente
livre e
entendiam que
sua queda
advinha da
ligação com o
corpo. Pelágio
doutrinava que
Deus concedeu
liberdade ao
homem para que
ele possa
escolher entre o
bem e o mal,
dentro do
espírito do
livre-arbítrio.
10. Mais
próximos da
nossa época,
enquanto
Espinosa
apresenta-se
totalmente
determinista,
Jean-Jacques
Rousseau
entendia que o
homem é livre,
não um joguete
das leis
naturais, mas
uma alma que
luta para viver
segundo a
liberdade que
possui. Kant
também propugnou
o livre-arbítrio
como necessário
ao homem moral.
O homem não é
fatalmente
levado à prática
do mal
11. Até aqui
vimos as
principais
idéias dos
seguidores e dos
não seguidores
do determinismo,
uma divergência
que ainda
persiste em
nossos dias. O
Espiritismo,
contudo, ensina
que não existe
um fatalismo, um
determinismo que
norteia a vida
do homem. Os
constrangimentos
à sua livre
vontade resultam
de débitos
contraídos em
existências
anteriores que
precisam ser
resgatados. Sem
a admissão da
doutrina da
reencarnação
torna-se difícil
entender as
nuanças desse
fato.
12. Das lições
espíritas,
podemos afirmar
que o homem
subordina-se a
um
livre-arbítrio
relativo, que se
expande ao longo
do processo
evolutivo, e a
um determinismo
relativo,
decorrente dos
equívocos
cometidos no
passado e que
devem ser
corrigidos e
reparados. A
reencarnação
anula, portanto,
a idéia de que
haja contradição
entre
livre-arbítrio e
determinismo e
oferece-nos a
ponte destinada
a ligá-los entre
si, de modo que
se não choquem
nas conjecturas
do intelecto.
13. A
questão do
livre-arbítrio,
ensina Kardec,
pode resumir-se
assim: O homem
não é fatalmente
levado ao mal;
os atos que
pratica não
foram
previamente
determinados; os
crimes que
comete não
resultam de uma
sentença do
destino. Pode
ele, por prova
ou por expiação,
escolher uma
existência em
que sofra um
arrastamento
para o crime,
quer pelo meio
onde se ache
colocado, quer
pelas
circunstâncias
que lhe
sobrevenham, mas
será sempre
livre de agir ou
não agir.
14. A
fatalidade, como
vulgarmente é
entendida, supõe
a decisão prévia
e irrevogável de
todos os
acontecimentos
da vida,
qualquer que
seja sua
importância. A
fatalidade não
é, porém, uma
palavra vã, pois
ela existe, de
fato, na posição
que o homem
ocupa na Terra e
nas funções que
aí desempenha,
em conseqüência
do gênero de
vida que seu
Espírito
escolheu como
prova, expiação
ou missão. Feita
a escolha, a
chamada
programação
reencarnatória,
ele sofrerá
fatalmente todas
as vicissitudes
e todos os
arrastamentos a
ela inerentes.
Cessa aí, porém,
a fatalidade,
pois da sua
vontade depende
ceder ou não às
influências e
aos
arrastamentos a
que
voluntariamente
se sujeitou. Os
pormenores dos
acontecimentos
ficam, por sua
vez,
subordinados às
circunstâncias
que ele próprio
cria com seus
atos e atitudes.
15. Concluindo,
podemos dizer
que há
fatalidade nos
acontecimentos
que se
apresentam, por
serem
conseqüência da
escolha que o
Espírito fez de
sua existência
de encarnado,
mas nunca
existirá
fatalidade nos
atos da vida
moral. Fique
claro, contudo,
que na escolha
feita pelo
Espírito são
levados em conta
os ditames da
lei de causa e
efeito, ocasião
em que
determinadas
situações
poderão ser
incluídas na
chamada
programação
reencarnatória,
com vistas à
expiação e à
reparação de
danos
anteriormente
produzidos pelo
reencarnante.
Respostas às
questões
propostas
1. O Espiritismo
admite o chamado
determinismo
absoluto?
R.: Não. Segundo
os Espíritos
Superiores não
existe
determinismo
absoluto.
2. Existe
diferença entre
determinismo e
fatalidade?
R.: Sim. Não se
pode confundir
determinismo com
fatalidade.
Determinismo é
um sistema
filosófico que
nega ao homem o
direito de agir
livremente, isto
é, de acordo com
sua vontade. O
que chamamos
fatalidade
existe
unicamente pela
escolha que o
Espírito, ao
encarnar, fez
desta ou daquela
prova.
Escolhendo-a,
institui para si
uma espécie de
destino, que é a
conseqüência
mesma da posição
em que se acha
colocado em face
da escolha
feita.
3. Com relação
ao tema acima,
quais eram as
opiniões de
Sócrates e
Platão?
R.: Quem
primeiro
procurou afastar
o homem da idéia
de um destino
inexorável foram
os filósofos
gregos chamados
sofistas.
Segundo eles, o
homem não podia
ficar
inteiramente
preso a um
processo ou a
leis de que não
pudesse
desvencilhar-se.
Sócrates também
não aceitava tal
domínio sobre os
homens. Para
ele, o
conhecimento
constituiria sua
realização
suprema.
Alcançando o
conhecimento, o
homem agiria com
acerto; sem o
conhecimento,
corria o risco
de agir com
desacerto. Além
dessa concepção
tão clara,
Sócrates
entendia ainda
que o homem
pode, pelo
conhecimento,
ter certa
influência sobre
o seu destino na
Terra e na vida
futura. Platão
era defensor da
liberdade. O
homem – propunha
Platão – pode
vencer e de fato
vence os
objetivos do
mundo. Embora
criatura do
Criador divino,
pode ordenar sua
vida de modo a
vivê-la com
espírito de
justiça e
sensatez.
4. A
respeito de
livre-arbítrio e
determinismo,
que é que nos
ensina o
Espiritismo?
R.: O
Espiritismo
ensina que não
existe um
fatalismo, um
determinismo que
norteia a vida
do homem. Os
constrangimentos
à sua livre
vontade resultam
de débitos
contraídos em
existências
anteriores que
precisam ser
resgatados. Das
lições
espíritas,
podemos afirmar
que o homem
subordina-se a
um
livre-arbítrio
relativo, que se
expande ao longo
do processo
evolutivo, e a
um determinismo
relativo,
decorrente dos
equívocos
cometidos no
passado e que
devem ser
corrigidos e
reparados.
5. Como
entender, à luz
do Espiritismo,
expressões deste
tipo: “O
acidente que
vitimou o jovem
foi uma
fatalidade”? A
fatalidade então
existe?
R.: A fatalidade
existe, sim, na
posição que o
homem ocupa na
Terra e nas
funções que aí
desempenha em
conseqüência do
gênero de vida
que seu Espírito
escolheu como
prova, expiação
ou missão. Feita
a escolha,
sofrerá ele
fatalmente todas
as vicissitudes
e todos os
arrastamentos a
ela inerentes.
Cessa aí, porém,
a fatalidade,
pois da sua
vontade depende
ceder ou não às
influências e
aos
arrastamentos a
que
voluntariamente
se sujeitou. Os
pormenores dos
acontecimentos
ficam, por sua
vez,
subordinados às
circunstâncias
que ele próprio
cria com seus
atos e atitudes.
Pode-se dizer,
pois, que existe
fatalidade nos
acontecimentos
que se
apresentam, por
serem
conseqüência da
escolha que o
Espírito fez de
sua existência
de encarnado,
mas nunca
existirá
fatalidade nos
atos da vida
moral. Fique
claro, contudo,
que na escolha
feita pelo
Espírito são
levados em conta
os ditames da
lei de causa e
efeito, ocasião
em que
determinadas
situações
poderão ser
incluídas na
chamada
programação
reencarnatória,
com vistas à
expiação e à
reparação de
danos
anteriormente
produzidos pelo
reencarnante.
Bibliografia:
O
Livro dos
Espíritos,
de Allan Kardec,
questões 851 e
872.
O
Problema do Ser,
do Destino e da
Dor,
de Léon Denis,
pág. 345.
O
Pensamento de
Emmanuel,
de Martins
Peralva, pág.
202.
Ensinamentos
Básicos dos
Grandes
Filósofos,
de S. E. Frost
Jr., tradução de
Leônidas Gontijo
de Carvalho, Ed.
Cultrix, pp. 137
a 149.