WEB

BUSCA NO SITE

Página Inicial
Capa desta edição
Edições Anteriores
Quem somos
Estudos Espíritas
Biblioteca Virtual
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français   
Jornal O Imortal
Vocabulário Espírita
Biografias
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français Spiritisma Libroj en Esperanto 
Mensagens de Voz
Filmes Espiritualistas
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Efemérides
Esperanto sem mestre
Links
Fale Conosco

Estudando a série André Luiz
Ano 2 - N° 79 - 26 de Outubro de 2008

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  

No Mundo Maior

André Luiz

(Parte 17)

Damos prosseguimento ao estudo da obra No Mundo Maior, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicada em 1947 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. O conhecimento da reencarnação é importante para solucionar as questões da alma?

R.: Sim. É impossível resolver tais questões em caráter defini­tivo sem as noções de evolução, aperfeiçoamento, responsabilidade, reparação e eternidade. Não vale descobrir complexos e frustrações, identificar lesões psíquicas e deficiências mentais, sem as reme­diar. Em suma, não satisfaz o simples exame da casca: é essencial atingir o cerne e determinar modificações nas causas e, para isso, é im­prescindível admitir a realidade do reencarnacionismo e da imortali­dade. (No Mundo Maior, cap. 11, pp. 167 e 168.) 

B. Qual é a principal característica da esquizofrenia?

R.: A esquizofrenia, originando-se de sutis perturbações do or­ganismo perispirítico, traduz-se no corpo denso por surpreendente con­junto de moléstias variáveis e indeterminadas. Essa seria a principal característica da enfermidade: a di­versidade de moléstias variadas e indeterminadas. (Obra citada, cap. 12, pp. 169 e 170.) 

C. Os crimes que praticamos ficam de algum modo gravados?

R.: Sim, ficam gravados na consciência. E é isso que o caso Fabrício mostrava: um doente sem paz, que escapara à justiça do homens, mas não pôde eliminar dos escaninhos da consciência os resquícios dos males praticados. Os remanescentes do crime estavam guardados em sua mente como carvões em paisagem denegrida, após incêndio devorador, e esses carvões convertiam-se em brasas vivas, sempre que excitados pelo sopro das recordações. (Obra citada, cap. 12, pp. 173 e 174.) 

Texto para leitura

90. A chave da reencarnação - O Instrutor acrescentou ainda que muitas vezes as criaturas instituem o mal, desviam a corrente natural das circunstâncias benéficas, envenenam as oportunidades e, por isso, es­tacionam longuíssimo tempo em tarefas reparadoras ou expiatórias. Mesmo aí, porém, é forçoso observar a manifestação incessante do poder criador que nos é próprio. Em verdade, caem eles nos despenhadeiros do crime, lançam-se aos vales da sombra, mas, organizando e reorgani­zando as próprias ações, adquirem o patrimônio bendito da experiência e, com a experiência, alcançam a luz, a paz, a sabedoria e o amor com que se aproximam de Deus. "Concluímos, deste modo, – finalizou o Ins­trutor – que, se a psicologia analítica de Freud e de seus colabora­dores avançou muito no campo da investigação e do conhecimento, resol­vendo, em parte, certos enigmas do psiquismo humano, falta-lhe, no en­tanto, a chave da reencarnação, para solucionar integralmente as questões da alma. Impossível é resolver o assunto em caráter defini­tivo, sem as noções de evolução, aperfeiçoamento, responsabilidade, reparação e eternidade. Não vale descobrir complexos e frustrações, identificar lesões psíquicas e deficiências mentais, sem as reme­diar... Em suma, não satisfaz o simples exame da casca: é essencial atingir o cerne e determinar modificações nas causas. Para isto, é im­prescindível confessar a realidade do reencarnacionismo e da imortali­dade. Até lá, portanto, auxiliemos nossos amigos do mundo na conquista da confiança em si mesmos, na penetração da esperança divina e no con­tínuo auto-aprimoramento pelo trabalho redentor". (Cap. 11, pp. 167 e 168) 

91. Um caso de esquizofrenia - André foi com Calderaro a confortável residência, onde um nobre cavalheiro se encontrava em repouso. O en­fermo chamava-se Fabrício e engolfava-se, no momento da visita, em profunda meditação. A seu lado, humilde entidade desencarnada parecia aguardar a chegada do Assistente. "Fabrício vai melhorando; no en­tanto, continuam os fenômenos de angústia. Tem estado inquieto, aflito...", narrou a protetora espiritual. O desequilíbrio integral, por enquanto, não erigira seu império, acrescentou a entidade. Calde­raro indagou, então, a André se ele já examinara casos de esquizofre­nia (1). André pouco sabia, além de que tal enfermidade constitui uma das mais inquietantes questões da psiquiatria moderna. O Assistente explicou-lhe, então, que a psiquiatria tem sido, há muito tempo, campo de batalha entre fisio­logistas e psicologistas, que apresentam razões substanciais nos argu­mentos com que se digladiam. Para Calderaro, a psicologia trataria melhor o problema, por escalpelá-lo nas adjacências das causas profun­das, ao passo que a fisiologia analisa os efeitos e procura remediá-los na superfície. Dito isto, ele pediu que André examinasse o cérebro de Fabrício. O autor de "Nosso Lar" ficou aterrado com as inquietudes que povoavam a mente do enfermo. O cérebro deste apresentava anomalias estranhas; toda a face inferior mostrava manchas sombrias; os distúr­bios da circulação, do movimento e dos sentidos eram visíveis. Fabrí­cio fora classificado pelo Assistente como esquizofrênico, acrescen­tando que tal enfermidade, originando-se de sutis perturbações do or­ganismo perispirítico, traduz-se no corpo denso por surpreendente con­junto de moléstias variáveis e indeterminadas. Naquele momento, por exemplo, o enfermo apresentava um quadro de neurastenia cérebro-car­díaca (2). Essa seria a principal característica da esquizofrenia: a di­versidade de moléstias "variadas" e "indeterminadas". (Cap. 12, pp. 169 e 170) 

92. O caso Fabrício - André observou detidamente Fabrício e percebeu-lhe imagens torturantes na tela da memória. Ensimesmado, o enfermo não se dava conta do que ocorria externamente. Os braços estavam imóveis, os olhos parados, mas a zona mental semelhava-se a fornalha ardente. Ele ouvia o passado. Recordava a figura de um velhinho agonizante; escutava-lhe as palavras da última hora do corpo, recomendando a seus cuidados três jovens presentes também ali, na paisagem de suas remi­niscências. Parecia que o moribundo era seu pai, e os jovens, irmãos. De repente, as lembranças mudavam. O ancião e os jovens pareciam re­voltados contra ele; acusavam-no; dirigiam-lhe palavras descarido­sas. Fabrício tentava desfazer-se do passado, mas em vão: as mesmas recordações atrozes vergastavam-lhe a consciência. No organismo eram visíveis os estragos causados pelo uso intensivo de analgésicos. Sem dúvida, aquele homem deveria estar duelando consigo mesmo, havia muitos anos. Daí a pouco, uma senhora idosa penetrou o recinto convidando-o a alimentar-se; ele não se moveu. A matrona insistiu, afável, mas em vão. E porque prosseguisse, com atenção, buscando ministrar-lhe um caldo, Fabrício levantou-se, de súbito, como se houvera de repente en­louquecido. Esbravejou expressões inconvenientes e ingratas e, rubro de cólera, repeliu o alimento, surpreendendo a todos pela crise de nervos destrambelhados. A esposa saiu do quarto enxugando os olhos e Calderaro esclareceu: "Está no limiar da loucura, e ainda não envere­dou francamente pelo terreno da alienação mental, graças à dedicação de velha parenta desencarnada que o assiste, vigilante". Dito isto, fez aplicações magnéticas de reconforto no paciente e, com Fabrício mais calmo, narrou que aquele homem, em passado recente, apropriou-se de grande herança, depois de haver prometido ao pai velar pelos irmãos mais novos. Mais tarde, sentindo-se senhor da situação, desamparou os irmãos e expulsou-os do lar, arrojando-os à penúria e a dificuldades de toda sorte. Dois morreram num sanatório, em catres da indigência, minados pela tuberculose que os surpreendeu em excessivas tarefas no­turnas, e o outro desencarnou relegado à miséria e ao infortúnio, an­tes dos trinta anos, presa de profunda avitaminose, resultante da su­balimentação a que fora compelido. (Cap. 12, pp. 171 a 173) 

93. Um doente sem paz - Fabrício fizera tudo aquilo, escapando com a ajuda de rábulas bem remunerados à justiça dos homens; entretanto, não pôde eliminar dos escaninhos da consciência os resquícios dos males praticados. Os remanescentes do crime são guardados em sua mente como carvões em paisagem denegrida, após incêndio devorador, e esses carvões convertem-se em brasas vivas, sempre que excitados pelo sopro das recordações. Enquanto senhor dos patrimônios da resistência fí­sica, ele lograra fugir de si mesmo, sem dificuldades. "O dinheiro fá­cil, a saúde sólida, os divertimentos e os prazeres desempenhavam para ele a função de pesadas cortinas entre o personalismo arrogante e a realidade viva", explicou Calderaro. O tempo cansou-lhe, contudo, o aparelho fisiológico e consumiu-lhe a maioria das ilusões. Pouco a pouco, encontrou-se a si mesmo. Na viagem de volta ao próprio eu, viu-se a sós com as lembranças de que não conseguira escoimar-se. A mente atormentada não encontrava refúgio consolador. Se rememorava o passado, este lhe exigia reparação; se buscava o presente, não obtinha tranqüilidade para se manter no trabalho sadio; e quando tentava er­guer-se a plano superior, desejoso de orar ao Altíssimo, era surpreen­dido, aí, por dolorosas advertências, no sentido de inadiável correção da falta cometida. Assim, interessou-se tardiamente pelo destino dos irmãos. Todos haviam partido para o além-túmulo. Vendo a impraticabi­lidade de rápida retificação do tortuoso destino, fixou-se então nas zonas mais baixas do ser; perdeu as ambições nobres e os ideais sa­dios; passou a ignorar os recursos da esperança. As vantagens mate­riais, longe de confortá-lo, infundiam-lhe agora pavoroso tédio e in­dizível desgosto. Sentindo-se incriminado no tribunal da própria cons­ciência, passou a ver perseguidores em toda a parte, adquirindo, as­sim, fobias lamentáveis. Para ele, todos os pratos estavam envenena­dos; desconfiava de quase todos os familiares e não tolerava as anti­gas relações. O excesso de recursos materiais fê-lo descrente da ami­zade sincera, conferiu-lhe noções de privilégio que nunca mereceu, acentuou-lhe a independência destrutiva, extinguiu-lhe no coração a bendita luz do verbo "servir"... (Cap. 12, pp. 173 e 174) (Continua no próximo número.)

_______________________

(1) Esquizofrenia – termo que engloba várias formas clínicas de psicopatia e distúrbios mentais próximos a ela, cuja característica fundamental é a dissociação e a assintonia das funções psíquicas, disto decorrendo fragmentação da personalidade e perda de contato com a realidade.

(2) Neurastenia – perda geral do interesse, estado de inatividade ou fadiga extrema que atinge tanto a área física quanto a intelectual, associado especialmente a quadros hipocondríacos e histéricos.  
 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita