Texto para leitura
218. O Antigo Testamento
é o livro sagrado de um
povo – o povo hebreu. O
Evangelho é o livro
sagrado da Humanidade.
As verdades essenciais
que ele contém acham-se
ligadas às tradições de
todos os povos. (P. 268)
219. A essas verdades,
porém, muitos elementos
inferiores vieram
associar-se. Assim, o
Evangelho pode ser
comparado a um vaso
precioso em que, no meio
da poeira e das cinzas,
se encontram pérolas e
diamantes. (PP. 268 e
269)
220. Os Evangelhos não
estão concordes sobre os
fatos mais notáveis
atribuídos a Jesus, como
sua primeira aparição
após a crucificação: só
Marcos e João assinalam
Maria Madalena como
testemunha do fato. (PP.
269 e 270)
221. Com a Ascensão
dá-se o mesmo: Mateus e
João dela não falam. (P.
270)
222. Sobre os Evangelhos
apócrifos, segundo
Fabrícius, havia trinta
e cinco. Embora
desprezados hoje, não
eram, contudo,
destituídos de valor aos
olhos da Igreja, que se
baseou num deles para
estabelecer a crença na
descida de Jesus aos
infernos, admitida no
concílio de Nicéia, da
qual não fala nenhum dos
Evangelhos canônicos.
(P. 270)
223. Os manuscritos
originais dos Evangelhos
desapareceram, sem
deixar qualquer
vestígio. Foram
provavelmente destruídos
por ocasião da
proscrição geral dos
livros cristãos,
ordenada pelo imperador
Deocleciano em 303. (PP.
270 e 271)
224. Celso, desde o
século II, no “Discurso
verdadeiro”, lançava
aos cristãos a acusação
de retocarem
constantemente os
Evangelhos e eliminarem
no dia seguinte o que
havia sido inserido na
véspera. (P. 271)
225. Depois da
proclamação da divindade
do Cristo (século IV) e
da introdução no sistema
eclesiástico do dogma da
Trindade (século VII),
muitas passagens do Novo
Testamento foram
modificadas, a fim de
que exprimissem as novas
doutrinas (ver João, I,
5 e 7). “Vimos –
diz Leblois, pastor em
Estrasburgo – na
Biblioteca Nacional, na
de Santa Genoveva, na do
mosteiro de Saint-Gall,
manuscritos em que o
dogma da Trindade está
apenas acrescentado à
margem. Mais tarde foi
intercalado no texto,
onde se encontra ainda.”
(P. 272)
226. Sobre o sentido
oculto contido na
Bíblia, diz Orígenes:
“As Escrituras são de
pouca utilidade para os
que as tomem como foram
escritas. A origem de
muitos desacertos reside
no fato de se apegarem
à sua parte carnal e
exterior”. (P. 272)
227. E o grande pensador
cristão nos recomenda:
“Procuremos, pois, o
espírito e os frutos
substanciais da Palavra
que são ocultos e
misteriosos”. (P. 272)
228. Em suas obras o
historiador judaico
Josefo faz profissão de
sua fé na reencarnação e
refere que era essa a
crença dos fariseus. O
padre Didon, em sua
“Vida de Jesus”, o
confirma. (P. 273)
229. O sábio beneditino
Dom Calmet, em seu
“Comentário” sobre
as Escrituras, diz que
muitos doutores judeus
acreditavam que as almas
de Adão, Abraão e
Finéias animaram
sucessivamente vários
homens da sua nação. (P.
274)
230. De todos os padres
da Igreja, foi Orígenes
quem afirmou, do modo
mais positivo, a
reencarnação. (P. 275)
231. A preexistência da
alma e a reencarnação
explicam as aparentes
anomalias da vida. Os
sofrimentos, segundo
Orígenes – que adotara a
esse respeito a opinião
de Platão – seriam
curativos da alma,
correspondendo à
necessidade simultânea
da justiça e do amor,
não nos sendo imposto o
sofrimento senão para
nos melhorarmos. (P.
276)
232. Após a Vulgata,
tradução latina do
grego, há expressões
relativas à ação dos
Espíritos a que foi
acrescido o
qualificativo sanctus
que não constava do
original grego. Surgiu
assim a expressão
Espírito Santo,
inexistente no texto
grego, pois que o
Espírito Santo, como
terceira pessoa da
Trindade, foi imaginado
apenas no fim do século
II. (P. 277)
233. A “Didaquê”,
pequeno tratado
descoberto em 1873 numa
biblioteca em
Constantinopla,
apresenta um quadro da
Igreja primitiva, em que
se vê que os cristãos
daquele tempo conheciam
perfeitamente as
práticas necessárias
para se entrar em
comunicação com os
Espíritos, e não perdiam
ocasião de a cultivar.
(P. 279)
234. O autor relata dois
fatos de escrita direta
ocorridos com o papa São
Leão e com os bispos
reunidos no concílio de
Nicéia, nos quais os
Espíritos do apóstolo
Pedro e de dois bispos
católicos deixaram
registradas suas
mensagens. (PP. 279 e
280)
235. Embora muitos
padres atribuam as
manifestações espíritas
à ação do demônio, nem
todos na Igreja pensam
assim. O mesmo se dá no
seio das igrejas
protestantes. Léon Denis
menciona a respeito
vários depoimentos. (PP.
281 a 285)
236. Em Londres, o
reverendo Hawis pregava
recentemente a “doutrina
dos mortos” na igreja de
Marylebone, e convidava
seus ouvintes a passar
pela sacristia, após o
sermão, para examinar
fotografias de
Espíritos. (P. 282)
237. O autor transcreve
o famoso artigo em que o
Sr. Savage, pastor da
Igreja Unitária de
Boston e emérito
escritor muito conhecido
nos Estados Unidos,
narra de que modo foi
levado a acreditar nos
fatos espíritas. (PP.
283 e 284)
238. Nesse artigo, o Sr.
Savage declara: “eu
descobri fatos que
provam que o eu
não morre e que, depois
do que chamamos morte,
ainda é capaz, em certas
condições, de entrar em
comunicação conosco”.
(P. 284)
(Continua na próxima
edição.)