WILSON CZERSKI
wilsonczerski@brturbo.com.br
Curitiba, Paraná
(Brasil)
O homem e a casa
planetária – animais,
ancestrais e irmãos
Oportunas e necessárias
as preocupações com a
ecologia. E apesar das
resistências encontradas
em certas coletividades
e mesmo países que
insistem em sobrepor
seus interesses
particularistas acima
dos da sociedade
globalizada, muito já se
tem feito no sentido de
se criar verdadeiramente
uma relação de respeito
para com a natureza.
Governos, instituições
públicas e privadas,
universidades e
cientistas, ONGs e
indivíduos em diversas
partes do mundo têm
oferecido estudos,
alertas, iniciativas,
programas e cuidados
para não comprometer
ainda mais a nossa casa
planetária.
Os Espíritos Superiores
ensinam-nos duas coisas
básicas a esse respeito.
Na questão 185 de O
Livro dos Espíritos
asseveram que não só os
seres vivos evoluem do
ponto de vista físico e
moral, mas também os
mundos, incluindo a
Terra, estão submetidos
à lei de progresso.
“Sofrerá ela uma
transformação
semelhante, tornando-se
um paraíso terrestre,
quando os homens se
fizerem bons”. E
isto, de certa forma,
nos tranqüiliza,
contrariando as
previsões catastrofistas.
A outra observação
extraímos da mesma obra,
questão 540, onde somos
informados que “tudo
se encadeia na Natureza,
desde o átomo primitivo
arcanjo, pois ele mesmo
começou pelo átomo”.
Temos, então, que desde
os primeiros esforços de
organização celular, por
trás está presente um
princípio inteligente
que nela atuará,
buscando um
desenvolvimento contínuo
e simultâneo que lhe
permitirá, de um lado,
possuir um instrumento
biológico cada vez mais
aperfeiçoado,
propiciando condições
sempre melhores de
expressão no plano
material e, de outro,
expandir o seu campo de
experiências,
incorporando ao seu
patrimônio espiritual as
aquisições obtidas
graças a este mesmo
desenvolvimento.
Deus não criou a alma
humana pronta como a
vemos manifestar-se
hoje, dotada de
inteligência, capacidade
de raciocínio, memória,
etc. Ao contrário, teve
ela origem, segundo o
autor espiritual André
Luiz, há cerca de 1,5
bilhão de anos,
habitando as mais
rudimentares formas de
vida biológica e desde
então, num processo
lento e difícil,
acumulando experiências
cada vez mais
significativas, ascendeu
à escala superior de
desenvolvimento até
atingir as faculdades
que hoje caracterizam o
ser humano. E irá além,
trilhando os caminhos da
razão em transição para
a intuição, adquirindo
recursos intelectuais e
morais, seguirá sempre
para frente em busca da
sua auto-realização e
cumprindo a destinação
que lhe foi posta por
Deus ainda naquele
momento longínquo no
tempo quando a criou.
Nesta jornada infinita,
avizinha-se da época
predita pelo Cristo em
que faria coisas tais
quais Ele fizera e ainda
muito mais. “Sois
deuses”, declarou em
resumo.
Pois, muito bem. Como
dissemos, no início, a
total ignorância sobre
essa destinação do
homem, dos demais seres
viventes e do próprio
globo que deve, em breve
– para a escala
universal do tempo –
abrigar uma sociedade
renovada em seus
valores, substituindo a
classificação de mundo
de provas e expiações
pela condição de
regenerado, é que ainda
nos deparamos com
atitudes absurdas que
agridem o meio ambiente.
Aqui é o presidente da
maior e única
superpotência mundial a
pisar em tratados que
visam limitar a emissão
de gases poluentes na
atmosfera. Acolá, países
atrasados cuja economia
combalida depende do uso
de recursos agressivos
como fonte de energia.
Razões econômicas,
sociais, culturais e até
religiosas, como o rio
Ganges, determinam ações
nefastas que comprometem
em pequena, média e
grande escalas a
paisagem e a qualidade
de vida do planeta. Mas
fundamentalmente as
causas de destruição
estão no egoísmo e na
ambição desenfreada.
Desmatamento, queimadas,
esgotos lançados nos
rios e oceanos, produtos
químicos no ar, espécies
da flora e da fauna em
extinção.
Recentemente, tomamos
conhecimento que no
Círculo Polar Ártico, os
esquimós cobram de
turistas 6 000 dólares
para cada autorização de
abate de morsas. É bem
verdade que eles só
fazem transferir um
direito que lhes é
conferido pelas leis
canadenses. Mas há
outras matanças
periódicas como a das
focas, lá mesmo nas
geleiras, em chocante
espetáculo sanguinolento
já mostrado em
fotografias e imagens de
televisão. Também no
Ártico, ursos polares
são abatidos ao preço de
20 000 dólares por
cabeça.
Nas savanas africanas,
além da caça clandestina
nas reservas, há os
safáris promovidos pelos
próprios governos para
atender a sede de morte
de estrangeiros
endinheirados. Como o
americano Pete Studwell
que se orgulha de já ter
matado 11 ursos, 13
alces, um bisão, 300
veados e outros animais.
No Zimbábue, a matança
de leões, zebras,
leopardos e elefantes
rende 40 milhões de
dólares por ano. Na
Grã-Bretanha persiste a
polêmica sobre a caça à
raposa e o Japão se nega
a suspender em
definitivo a captura de
baleias.
Se já não bastasse
criarmos - com auxílio
da recente engenharia
genética - milhões de
animais para nos servir
de alimento, matamos
para satisfação de
desejos mórbidos e,
diga-se, herdados do
nosso próprio passado de
ser que já estagiou pelo
reino animal. É o
instinto que ainda não
cedeu completamente à
razão. Por outro lado,
milhares de pessoas
dedicam-se com extremo
desvelo à pesquisa e
salvação de espécies
ameaçadas de extinção e
mesmo de indivíduos
submetidos à ameaça de
vida.
Há esperanças com os
avanços importantes na
legislação brasileira
quanto à preservação de
espécies nativas através
do IBAMA. Ou a lei no
Rio de Janeiro que
concede aposentadoria a
animais que tenham
prestado serviços ao
homem durante muitos
anos. Em São Paulo, todo
dono de cão tem que
providenciar seu
registro, garantindo com
isso que não será
recolhido para ser
sacrificado inutilmente
e também se possa
exercer controle sobre
condições de saúde
evitando danos à
população humana.
Allan Kardec, ao
preparar o Livro dos
Espíritos, dedicou o
capítulo XI da segunda
parte quase inteiro, só
para tratar de temas
envolvendo as plantas e
os animais. Destacamos a
questão 597 onde se
afirma que os animais
possuem um princípio
independente da matéria
que sobrevive ao corpo;
a 601, que diz estarem
eles também submetidos à
lei do progresso e a
607, onde, entre outras
coisas, somos
esclarecidos de que é
neles, os animais, que o
princípio inteligente se
elabora e se
individualiza, ensaiando
para a vida humana,
quando, então, passará à
condição de ESPÍRITO. E
finalizam os Benfeitores
Espirituais dizendo que
“Crer que Deus
pudesse ter feito
qualquer coisa sem
objetivo e criar seres
inteligentes em futuro,
seria blasfemar contra a
sua bondade, que se
estende sobre todas as
suas criaturas”.
Respeitemos, pois, não
só os companheiros
humanos, mas estendamos
o nosso carinho a todos
aqueles que, mesmo
movidos por impulsos
inconscientes, anelam
atingir o grau de
adiantamento que hoje já
desfrutamos. Irmãos
menores como se referia
Francisco de Assis, eles
colaboram conosco, seja
alimentado-nos,
alegrando-nos,
ornamentando o ambiente
ou contribuindo de
outras formas para
tornar nossa passagem
pela Terra mais
agradável. Plantas e
animais, sob tutela
justa e bondosa dos
homens, podem
transformar a casa
planetária em lugar
muito saudável e feliz.