GERSON SIMÕES
MONTEIRO
gerson@radioriodejaneiro.am.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Prisão de livros
Proferíamos uma
palestra em um
Centro Espírita,
quando
observamos a
Biblioteca
instalada em um
armário de duas
portas, próximo
à mesa de onde
falávamos,
trancado por
fora com dois
grossos
cadeados.
Finda a nossa
exposição,
perguntei ao
presidente da
Casa, quando nos
conduzia até a
porta de saída,
o porquê daquele
forte esquema de
segurança para
os livros. Ele
nos respondeu,
com toda a
espontaneidade,
que se tratava
de impedir o
desaparecimento
de livros.
Diante da
explicação
daquele
dirigente,
aproveitei a
oportunidade
para lhe falar a
respeito da
chamada
Biblioteca
Aberta, onde os
livros são
colocados em
estantes ou em
prateleiras sem
portas, de
preferência no
salão de
reuniões
públicas,
possibilitando
ao leitor
escolher à
vontade os
livros de sua
preferência.
Lembrei-lhe,
inclusive, que a
atual técnica de
vendas empregada
nos
supermercados é
semelhante, e
produz bons
efeitos, porque
promove a
identificação do
cliente com os
produtos
expostos,
permitindo a
livre escolha,
sem
interferência de
balconistas e
gerando essa
liberdade
verdadeiro
estímulo para o
aumento de
vendas.
Tempos depois,
aquele dirigente
nos informou que
a Instituição já
havia adotado o
processo de
Biblioteca
Aberta, por
terem os demais
diretores
entendido a
nossa sugestão e
também, segundo
eles, valeria a
pena emprestar
50, 60 ou 100
livros, mesmo
que o Centro
viesse a perder
duas ou três
obras, pois essa
perda seria
compensada pelo
resultado
altamente
positivo, do
ponto de vista
espiritual, com
o empréstimo de
maior número de
livros. Depois
desse
esclarecimento,
arrematou o
presidente
daquele Centro:
“Afinal, o
objetivo da
Biblioteca no
Centro Espírita
é difundir o
conhecimento do
Espiritismo, e
não servir de
prisão de livros”.
É claro que
quando a
Instituição
possuir obras
raras no seu
acervo
bibliográfico
deverá cercá-las
de todos os
cuidados e,
nesse caso, sim,
os cadeados
devem funcionar.
Caso o Centro
disponha de
espaço, pode até
organizar uma
Sala de Leitura
para consultas
internas.
Aliás, a Sala de
Leitura, a nosso
ver, pode ser
instituída mesmo
sem a presença
de obras raras
na Biblioteca.
Seria um convite
ao estudo do
Espiritismo,
levando-se em
conta que há
quem não
disponha de
local adequado
em casa para
estudar, por
motivos vários,
como, por
exemplo, ruídos
e barulhos
provocados pelo
intenso tráfego
na rua; familiar
que assiste à
televisão ou
ouve rádio com
volume muito
alto e os que,
pelas suas
atividades no
lar, acabam
esquecendo e não
reservando um
momento
necessário ao
estudo
indispensável da
Doutrina.
Desde que haja
local e horário
disponível no
Centro Espírita,
a Sala de
Leitura nos
parece uma boa
sugestão. E
mesmo que não
haja sala
disponível, o
próprio salão de
reuniões pode
ser convertido
em Sala de
Leitura e, com a
instalação da
Biblioteca
Aberta, não será
sequer
necessária a
presença do
bibliotecário,
pois o próprio
leitor pode
retirar o livro
à vontade. Só
precisaria um
colaborador da
Casa para abrir
e fechar a sede
do Centro, no
horário previsto
para o
funcionamento da
mencionada sala.