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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 83 - 23 de Novembro de 2008

CHRISTINA NUNES
cfqsda@yahoo.com.br
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

O Espiritismo renovado


Espiritismo renovado, porém não adulterado.

Com a sucessão inexorável dos dias, cada um deles inédito, o espírito humano vai tomando nova forma. A infinidade de experiências a que são submetidas cada alma reencarnante molda progressivamente o barro, impulsionando o espírito humano, ainda que muitas vezes à revelia de uma percepção mais clara, a um entendimento melhor acerca do que constitui os objetivos mais nobres a serem alcançados em nosso orbe para a sua melhoria até ao ponto em que transcenda definitivamente o estágio de mundo de provas para o de regeneração.

Neste contexto, o trabalho espírita não pode, e não deve, ficar estanque. Haja vista que a própria Espiritualidade responsável pela revelação monumental da Codificação nos deixou rastros inequívocos a serem seguidos rumo a um conhecimento maior das maravilhas da vida nas esferas invisíveis, importa que não desperdicemos a colaboração dos obreiros da hora que passa, no seu esforço bem-intencionado de prosseguimento à divulgação das realidades maiores que nos aguardam.

Sem embargo, inúmeros deles vieram com este fim, de antemão devidamente preparados, em acordo com os seus mentores desencarnados e equipes espirituais assistentes; nada obstante, em contrapartida a isso, há uma tendência incômoda, de entremeio ao labor espírita atual, de se questionar com excessivo rigor a validade do trabalho de novos nomes que surgem, com ênfase para o trabalho literário do Espiritismo.

Evoca-se, amiúde, a importância de não se perder de vista as diretrizes – válidas! – do Controle Universal de conteúdo proposto por Allan Kardec. Todavia, com vistas nesta orientação, imprescindível notar quão ilógico se torna, a partir disso, o admitirem-se como idôneas e dignas de estudo e de assimilação tão-somente as obras da própria Codificação em si. Pois a que ficaria reduzido um movimento de tal magnitude e importância para o avanço e esclarecimento do ser humano, se emparedado desta forma excludente do esforço de quase todos os trabalhadores que, em ordem crescente, se apresentam para enriquecê-lo e para acrescentar informações vitais que em boa hora surgem em consonância com o preparo gradativo de que nos fazemos portadores para as verdades de implicação mais ampla?!

Temos hoje, no rastro do trabalho sublime iniciado por intermédio da missão refulgente do nosso saudoso Chico Xavier, obras de valia inqualificável, tais como os livros do Espírito André Luiz - dado o seu teor altamente elucidativo do que constitui, nas suas minúcias, a intimidade das esferas invisíveis, e do modo de vida que a cada um de nós espera no sem-número de estâncias transitórias, colônias e cidades situadas nas diversas camadas da invisibilidade circundantes do astral terreno. Obras preciosas como as de Vera Lúcia Marinzek, Elisa Masseli e Dario Sandri Jr, além de contribuições já consagradas como as de Orson Peter Carrara e Richard Simonetti, nivelam em qualidade e inquestionável importância em termos de seriedade e de idoneidade de conteúdo, para todo o sincero interessado por informações confiáveis que lhe norteiem o espírito a um novo e mais amplo degrau de consciência, e isto tanto na área da literatura doutrinária quanto na dos romances espíritas ou psicografados.

As revelações espíritas guardam intimidade com o próprio influxo renovador da vida, dentro e fora de nós; o que por si rejeita a asfixia de qualquer dogma ou ortodoxia exagerada, próxima ao fanatismo. Ou correremos o risco de incidir em erros clamorosos perpetrados noutras vertentes religiosas e filosóficas do passado, com conseqüências reconhecidamente funestas para o progresso do espírito humano. Afinal, há outras formas sutis de se queimar, simbolicamente, livros em praça pública!

Não se quer com isso dizer que devemos negligenciar, adulterar ou modificar, ao influxo de personalismos, de caprichos ou conveniências ligadas às nossas limitações pessoais, os pilares imprescindíveis da Doutrina, cujos parâmetros de bom senso são irrefutáveis. Qualquer indício franco de estultícia, absurdo doutrinário ou fantasia doentia deve ser energicamente refutado em prol da divulgação de uma mensagem lídima, e portadora em si mesma da invulnerabilidade contra os ataques dos maliciosos que, em sua totalidade, se fundamentam no desconhecimento e na ignorância – encontrando, tão só nisso, a sua desvalia e fragilidade! Todavia, é preciso lucidez extrema aliada ao bom senso para, no esforço empenhado de manutenção da integridade do movimento, não se incorrer em injustiças e em unilateralidade de visão para com companheiros de labor sinceros e idôneos, que principiam a sua trajetória ao lado dos mais experientes - com isso atirando fora, desavisadamente, como cascalho inútil, as pérolas de insuspeitado valor, descartadas muitas vezes em função de se verem simplesmente despidas de consagração e de renome no reconhecimento popular.

Pensemos que se assim fora, o próprio Cristianismo nascente se veria alijado de continuidade nos desdobramentos preciosos de sua missão como indelével farol de amor através dos séculos, se, à conta de seus louváveis continuadores, se considerasse somente como tais aqueles primeiros discípulos e evangelistas, descartando-se vultos que vieram depois, como Paulo de Tarso, Francisco de Assis e tantos outros que, ainda nos nossos dias, reencarnam com o compromisso incansável de não deixar esmorecer o ideal maior de luz, de paz e de harmonia, concebido por Jesus para a melhoria definitiva dos rumos e objetivos da vida humana.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita