No Mundo Maior
André Luiz
(Parte
21)
Damos prosseguimento ao
estudo da obra
No Mundo Maior,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier,
publicada em 1947 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. A fé religiosa pode
ajudar no equilíbrio
mental do planeta?
R.: Sim. Esse foi um dos
pontos destacados por
Eusébio em sua preleção.
A fé religiosa, disse
ele, é fator de
equilíbrio mental do
mundo. Segundo Eusébio,
não é possível uma era
de paz exterior sem a
preparação interior do
homem para a aplicação
das Leis Divinas. (No
Mundo Maior, cap. 15,
pp. 202 e 203.)
B. Que disse Eusébio
sobre o verbalismo sem
obras?
R.: Ele, evidentemente,
censurou tal postura e
lembrou que a morte
surpreende não apenas o
materialista revel, mas
a todos quantos se valem
da religião para melhor
dissimular a
indiferença que lhes
povoa o mundo íntimo.
"Não julgueis esteja a
fé consagrada ao menor
esforço. Qual ocorre à
ciência, a religião tem
o seu trabalho
específico no mundo",
advertiu o instrutor.
(Obra citada, cap. 15,
pp. 204 e 205.)
C. Como poderemos
atender à elevação
destinação que nos cabe?
R.: De acordo com o
pensamento de Eusébio,
temos todos deveres
imediatos junto às
paisagens de crime e
treva, de inquietação e
sofrimento. O irmão
caído é nossa carga
preciosa, a dificuldade
é nosso incentivo santo,
a dor é nossa escola
purificadora. É
indispensável, pois,
abraçar-nos uns aos
outros, em nome de
Jesus, que nos reformou
a mente, alçando-a a
planos superiores pela
ascensão gloriosa,
através do sacrifício.
Somente assim
atenderemos à elevada
destinação que nos cabe.
(Obra citada, cap.
15, pp. 207 a 209.)
Texto
para leitura
108. Como agiam os
cristãos primitivos
- Na palestra de
Eusébio, ao contrário da
primeira vez, era
reduzido o número de
companheiros
encarnados, que ali se
contavam por poucas
centenas, assistidos
porém por quantidade
considerável de
cooperadores
desencarnados. Quando
André chegou ao
recinto, parecia que
Eusébio já havia
iniciado a preleção há
muito tempo. Extasiados,
os ouvintes
registravam-lhe o verbo
tocado de luz celestial,
com pasmo indisfarçável.
Confundidos e
ajoelhados, em grande
número, na relva fresca,
sentiam-se
repentinamente
transportados ao
paraíso... Eusébio
falava sobre a fé
religiosa como fator de
equilíbrio mental do
mundo. Dizia que não era
possível uma era de paz
exterior, sem a
preparação interior do
homem para a aplicação
das Leis Divinas. "Ser
cristão, outrora –
asseverou o Instrutor –,
simbolizava a escolha da
experiência mais nobre,
com o dever de
exemplificar o padrão de
conduta consagrado pelo
Mestre Divino.
Constituía ininterrupto
combate ao mal com as
armas do bem,
manifestação ativa do
amor contra o ódio,
segurança de vitória da
luz contra as sombras,
triunfo inconteste da
paz construtiva sobre a
discórdia derruidora".
Lembrou então que, ante
a perseguição do Estado
Romano, os adeptos do
Evangelho não se
expunham a polêmicas
mordazes, não se
enredavam nas teias do
personalismo
dissolvente, não
dilapidavam
possibilidades
preciosas, mas se amavam
em nome do Senhor e
ofereciam a própria
vida, em penhor de
gratidão àquele que não
trepidara em seguir para
a Cruz. "Sabiam perder
vantagens transitórias,
para conquistar os
imperecíveis tesouros
celestiais.
Sacrificavam-se uns
pelos outros, na viva
demonstração do
devotamento fraternal.
Repartiam os sofrimentos
e multiplicavam os
júbilos entre si",
asseverou Eusébio,
perguntando a seus
ouvintes o que ele
fizeram da esperança
transformadora, da
confiança sem
vacilação, da fé viva
que os patriarcas
adquiriram a preço de
sangue e lágrimas...
(Cap. 15, pp. 202 e 203)
109. O Evangelho
guarda a beleza do
primeiro dia -
Eusébio passou, então,
a relatar as inúmeras
barreiras que foram
erguidas pelos cristãos
de nosso tempo: o tóxico
do dogmatismo, o cárcere
das interpretações
literais, a hostilidade
franca em nome do Reino
de Deus, as rixas e
dissensões, a
concorrência incabível
em demanda de imaginária
obtenção de privilégios
divinos. Antigamente, os
companheiros do Cristo
disputavam a
oportunidade de servir;
hoje, porém, procuramos
as mínimas ocasiões de
sermos servidos.
Reverenciamos a Luz do
Senhor, mas mantemo-nos
nas sombras do egoísmo.
Proclamamos a sua
doutrina de paz, e
incentivamos a guerra
fratricida. "Por que
estranhas convicções
supondes conquistar o
paraíso, à força de
afirmativas labiais?",
indagou o Instrutor. Era
preciso, contudo,
reconhecer o caráter
sublime da tarefa dos
cristãos no mundo. Jesus
fundou a Religião do
Amor Universal, e seu
Evangelho, em suas
bases, guarda a beleza
do primeiro dia.
Sofisma algum conseguiu
empanar o brilho do
"amai-vos uns aos
outros, como eu vos
amei"... Depois, Eusébio
alertou-os para o perigo
de encarcerar os
serviços da fé nos
templos suntuosos,
dizendo-lhes que a pompa
do culto exterior só faz
realçar o desatino de
suas perigosas ilusões
acerca da vida
espiritual. "Em vão
ergueis castelos de
opinião para o
verbalismo sem obras",
asseverou Eusébio,
lembrando-lhes que, se a
morte surpreende o
materialista revel, abre
também o tribunal da
reta justiça a todos
quantos se valeram da
religião para melhor
dissimular a
indiferença que lhes
povoa o mundo íntimo.
"Não julgueis esteja a
fé consagrada ao menor
esforço. Qual ocorre à
ciência, a religião tem
o seu trabalho
específico no mundo",
advertiu o amorável
palestrante. (Cap. 15,
pp. 204 e 205)
110. Sejamos irmãos
uns dos outros -
Eusébio prosseguiu sua
palestra, lembrando que
os cristãos são chamados
a colaborar na harmonia
da mente humana. Na
atuação da fé positiva –
lembrou ele – reside a
força que regula as
paixões e os impulsos
irresistíveis da
animalidade de que todos
emergimos. Jesus não
confinou seus
ensinamentos aos
templos de pedra, nem
impôs aos seus
seguidores normas
rígidas de ação.
Pediu-lhes simplesmente
amor e entendimento, fé
sincera e bom ânimo para
os serviços edificantes.
Ao encontrar Madalena,
não divaga em
conversações vazias, mas
interessa-lhe o coração
no sublime apostolado,
a que ela se entregaria
devotadamente. Visitando
Zaqueu, abençoa-lhe o
esforço nobre e
construtivo.
Dirigindo-se à mulher
samaritana, não desce
às contendas inúteis:
impressiona-a pelo
contacto de sua alma
divina, fazendo-a
abandonar o velho
cântaro da fantasia,
para buscar as fontes
eternas. Convivendo com
cegos, leprosos, loucos
e doentes de todos os
matizes, exemplificou a
vida social, baseada na
fraternidade pura e nos
elevados estímulos à
santificação. E mesmo na
cruz, ao lado de ladrões
confessos, não hesitou
dirigir-lhes a palavra
fraterna, inflamada de
amor. Como, pois,
invocar-lhe o nome para
justificar os desvarios
da separação por motivos
de fé? como valer-se
dele para deflagrar
combates de opinião,
acendendo fogueiras de
ódio em prejuízo do bem
comum? André notou que
as palavras de Eusébio
produziam em todos
profunda impressão. A
maioria chorava em
comoção irrepressível.
Eusébio, porém,
continuava, impávido:
"Não se vos reclama a
transferência do
depósito espiritual da
crença veneranda. Em
todos os setores, onde a
sementeira do Cristo
desabrocha, é possível
honrar a Divina Lei,
gravando-lhe os
parágrafos sublimes no
coração. O que se pede
do vosso espírito de
crença é o
aproveitamento das
bênçãos celestiais
esparzidas sobre vós em
caudalosas correntes de
luz". Era preciso,
pois, não limitar a
demonstração da
confiança no Altíssimo
aos cerimoniais do culto
externo, varrendo a
indiferença que enregela
as basílicas suntuosas.
Sejamos verdadeiros
irmãos uns dos outros.
Transformemos a igreja
no doce lar da família
cristã, quaisquer que
sejam nossas
interpretações. (Cap.
15, pp. 206 e 207)
111. A
salvação é contínuo
trabalho de
aprimoramento
- Prosseguindo a
preleção, Eusébio
lembrou que, amando e
socorrendo, crendo e
agindo, Jesus amparou a
mente desequilibrada do
mundo greco-romano,
infundindo-lhe vida
nova. "Assim,
igualmente, cada
discípulo da fé
redentora pode e deve
cooperar no reerguimento
dos irmãos frágeis e
vacilantes", asseverou
o Instrutor. "Fugi ao
farisaísmo dos tempos
modernos que se recusa
ao auxílio fraternal, em
nome do gênio satânico
do cisma dogmático.
Jesus nunca foi pregador
da desarmonia, jamais
endossou a vaidade
petulante dos que pelos
lábios se declaram
puros, mantendo o
coração atascado no lodo
miasmático do orgulho e
do egoísmo fatais!" É
preciso, ao contrário,
mobilizar nossa
confiança no
Todo-Misericordioso,
dilatando o seu reino
bendito de redenção,
porque aguardar o Céu,
menosprezando a Terra, é
obra de insensatez.
Ninguém jamais
subornará a Justiça
Divina, embora muitos
cultivem a idéia de um
comércio ridículo com a
Divindade. Todos temos
deveres imediatos junto
às paisagens de crime e
treva, de inquietação e
sofrimento. O irmão
caído é nossa carga
preciosa, a dificuldade
é nosso incentivo santo,
a dor é nossa escola
purificadora. É
indispensável, pois,
abraçar-nos uns aos
outros, em nome de
Jesus, que nos reformou
a mente, alçando-a a
planos superiores pela
ascensão gloriosa,
através do sacrifício.
Somente assim
atenderemos à elevada
destinação que nos cabe.
Eusébio destacou, por
fim, a importância da
harmonização de todos em
Jesus Cristo, para
equilibrarmos a esfera
carnal, evitando a
subversão dos valores
espirituais e
afugentando as trevas
que ameaçavam as
organizações
político-religiosas.
"Temei a ciência que
estadeie sem a
sabedoria, livrai-vos do
raciocínio que calcula
sem amor, revisai a fé
para que seus impulsos
não se desordenem, à
míngua de edificação",
acentuou Eusébio. "A
salvação é contínuo
trabalho de renovação e
de aprimoramento. Ao
mundo atormentado
proclamemos a nossa fé
em Cristo Jesus para
sempre!..." Finda a
palestra, diante de uma
assembléia prosternada e
estupefata, um grupo de
colaboradores
desencarnados elevou a
voz em harmonias,
entoando comovente
cântico de glorificação
ao Supremo Senhor.
André notou que os
amigos encarnados não se
afastaram animados e
otimistas, porque muitos
deles, compreendendo
talvez os erros da
crença transviada, se
retiravam cabisbaixos,
soluçando... (Cap. 15,
pp. 207 a 209)
(Continua no próximo
número.)