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O Espiritismo responde
Ano 2 - N° 83 - 23 de Novembro de 2008 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
  

Paula nos formula esta pergunta: – Há pessoas, sobretudo vinculadas a outras religiões cristãs, que alegam que os espíritas não têm pela Bíblia nenhum respeito. Há verdade em tais alegações?

A resposta é: Não. Os espíritas respeitam a Bíblia e a estudam, procurando extrair dela ensinamentos que possam concorrer para o progresso do ser humano.

Tal postura não impede que reconheçamos, como os advogados alemães Christian Sailer e Joachim Hetzel, que existem no Antigo Testamento passagens de muita crueldade e relatos de coisas bárbaras como genocídio, racismo, execuções de adúlteros e homossexuais e perversidades diversas atribuídas à vontade de Deus.

Como já foi comentado nesta revista, Sailer e Hetzel pediram em agosto de 2000 à ministra da Família da Alemanha, Christine Bergmann, que incluísse as Escrituras na lista dos livros considerados perigosos para as crianças. A posição dos advogados alemães não constituiu, porém, uma novidade porque em Israel há pessoas que pensam também assim, como o ex-presidente israelense Ezer Weizman, que afirmou no final de 1997 que algumas palavras da Bíblia são improcedentes. “Há coisas no (Velho) Testamento nada simpáticas, indignas de ser lidas”, asseverou Weizman numa conferência, dando como exemplo as palavras atribuídas a Moisés no cap. XXXII do Deuteronômio.

Em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. 1, item 2, Allan Kardec adverte que a lei de Moisés é composta de duas partes distintas: a lei de Deus, recebida no Monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, estabelecida por ele mesmo”. “A lei de Deus é inalterável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo.”

O erro, que vem sendo repetido pelas religiões cristãs, foi considerar a Bíblia um livro sagrado, intocável, expressão fidedigna da palavra de Deus. Se isso fosse verdade, as cerimônias religiosas e os ritos que ali se contêm não poderiam ter sido excluídos da prática religiosa adotada pelas religiões tradicionais, como a circuncisão.

Jesus, como sabemos, não seguia ao pé da letra as prescrições bíblicas, e mais de uma vez demonstrou a inconsistência de muitas delas, como a que manda se apedreje até à morte a mulher adúltera e a que dá ao dia de sábado um status especial.  
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita