Paula nos formula esta
pergunta: – Há pessoas,
sobretudo vinculadas a
outras religiões cristãs,
que alegam que os espíritas
não têm pela Bíblia nenhum
respeito. Há verdade em tais
alegações?
A resposta é: Não. Os
espíritas respeitam a Bíblia
e a estudam, procurando
extrair dela ensinamentos
que possam concorrer para o
progresso do ser humano.
Tal postura não impede que
reconheçamos, como os
advogados alemães Christian
Sailer e Joachim Hetzel, que
existem no Antigo Testamento
passagens de muita crueldade
e relatos de coisas bárbaras
como genocídio, racismo,
execuções de adúlteros e
homossexuais e perversidades
diversas atribuídas à
vontade de Deus.
Como já foi comentado nesta
revista, Sailer e Hetzel
pediram em agosto de 2000 à
ministra da Família da
Alemanha, Christine Bergmann,
que incluísse as Escrituras
na lista dos livros
considerados perigosos para
as crianças. A posição dos
advogados alemães não
constituiu, porém, uma
novidade porque em Israel há
pessoas que pensam também
assim, como o ex-presidente
israelense Ezer Weizman, que
afirmou no final de 1997 que
algumas palavras da Bíblia
são improcedentes. “Há
coisas no (Velho) Testamento
nada simpáticas, indignas de
ser lidas”, asseverou
Weizman numa conferência,
dando como exemplo as
palavras atribuídas a Moisés
no cap. XXXII do
Deuteronômio.
Em “O Evangelho segundo o
Espiritismo”, cap. 1, item
2, Allan Kardec adverte que
a lei de Moisés é composta
de duas partes distintas: a
lei de Deus, recebida no
Monte Sinai, e a lei civil
ou disciplinar, estabelecida
por ele mesmo”. “A lei de
Deus é inalterável; a outra,
apropriada aos costumes e ao
caráter do povo, se modifica
com o tempo.”
O erro, que vem sendo
repetido pelas religiões
cristãs, foi considerar a
Bíblia um livro sagrado,
intocável, expressão
fidedigna da palavra de
Deus. Se isso fosse verdade,
as cerimônias religiosas e
os ritos que ali se contêm
não poderiam ter sido
excluídos da prática
religiosa adotada pelas
religiões tradicionais, como
a circuncisão.
Jesus, como sabemos, não
seguia ao pé da letra as
prescrições bíblicas, e mais
de uma vez demonstrou a
inconsistência de muitas
delas, como a que manda se
apedreje até à morte a
mulher adúltera e a que dá
ao dia de sábado um status
especial.
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