“(...)
Cuidemos
de
instruir-nos,
mas não
nos
injuriemos.”
(Platão)
As
dificuldades
e
limitações
das
criaturas
ampliam-se
quando
reunidas
em
sociedades,
provocando
– não
raro –
entrechoques
que
minam as
mais
elevadas
intenções
na
lavoura
do
Bem... O
egoísmo,
a
vaidade
e a
presunção
estão na
raiz
desses
males.
As lutas
intestinas
estão
quase
sempre
presentes
nos
conglomerados
humanos
inclusive
e,
incompreensivelmente,
nos
arraiais
cristãos,
onde
todos
deveriam
ser
reconhecidos
por
muito se
amarem,
conforme
estipulou
o Mestre
Maior.
Certamente,
como
células
cristãs,
as
Sociedades
Espíritas
não
estão
infensas
a essas
convulsões,
em
conseqüência
do
personalismo
soez, do
egoísmo,
do
autoritarismo,
do
azinhavre
do
“homem
velho”
e do
generalizado
despreparo
para os
trabalhos
em
equipe.
Existem
criaturas
absolutistas,
tenazes,
refratárias
e que
não
medem
esforços
para
terem
seus
nomes
sob os
“spotlights”
da
evidência;
criam
novidades
só para
poderem
dizer
que não
pensam e
agem
como os
outros,
pois
lhes
sofre o
amor-próprio
por
ocuparem
uma
posição
secundária.
Logicamente
o que
conseguem
criar é
apenas o
que
podemos
chamar
de
confusão,
cizânia,
cismas...
Se,
porém, o
Espiritismo
não pode
escapar
às
fraquezas
humanas,
com as
quais se
tem de
contar
sempre,
pode-se,
todavia,
neutralizar-lhes
as
conseqüências,
minimizando-lhes
o mal.
Há que
se
detectar
e,
quanto
possível,
dentro
dos
parâmetros
e ética
cristã,
oferecer
cuidadoso
combate
aos
movimentos
desagregadores,
sustentando,
por
todos os
meios
possíveis,
a
unificação
em torno
dos
objetivos
do
Cristo
do qual
somos
servidores.
Isso é o
que
podemos
depreender
das
oportunas
palavras
de
Kardec
contidas
no livro
Obras
Póstumas.
Segundo
ainda o
Mestre
Lionês,
um dos
maiores
obstáculos
com o
qual se
vê a
braços o
Espiritismo
e que
pode
retardar-lhe
a
propagação
é – sem
sombra
de
dúvida –
a
falta de
unidade.
Que
fazer
para
eliminar
o
divisionismo
e as
discórdias
intestinas
dos
arraiais
espiritistas?
Qual
seria a
vacina
profilática
contra a
cizânia?
Joanna
de
Ângelis
responde
(1):
“A
cizânia
deve ser
combatida
frontalmente
onde
quer que
o bem
instaure
o seu
reinado.
Para
tanto,
faz-se
necessário
que cada
membro
ativo do
grupo da
ação
nobilitante
compreenda
o
impositivo
da
humildade.
A
cizânia
constitui,
pela sua
própria
estrutura,
adversário
ferino
da obra
de
edificação
do bem,
onde
quer que
se
manifeste.
Parte
integrante
da
personalidade
humana,
o
espírito
da
cizânia
facilmente
se
instala
onde o
homem se
encontra.
Estimulada
pelo
egoísmo,
distende
com
muitas
possibilidades
as suas
tenazes,
surpreendendo
quantos
incautos
se
permitem,
por
invigilância,
trucidar...
Soez,
persistente,
contínua,
a
cizânia,
ao
manifestar-se,
divide o
corpo
coletivo
em
falsos
grupos
de
eleição,
que logo
se
entredisputam
primazia,
estabelecendo
o
combate
aguerrido
e franco
sob os
disfarces
da
pusilanimidade
ou da
simulação.
A
cizânia
nasce
sempre
no seio
da
vaidade
que se
faz
nutrir
pela
presunção.
Esquece,
portanto,
os
títulos
e
valores
a que te
apegas,
pois que
eles
nada
valem
diante
d’Aquele
a quem
serves
ou a
quem
procuras
servir.
A obra
do bem
tem
passado
sem ti e
depois
que
passes
ela
prosseguirá
passando.
Algumas
vezes o
veneno
da ira
amargurará
teus
lábios;
em
muitas
ocasiões
a
balbúrdia
dos
desocupados
te
atordoará,
envolvendo-te
em
atroada
avassaladora;
repentinamente
sentirás
a mágoa
insidiosa
e
injustificável,
açulando
a
indiferença
muda,
que te
ameaça
cruel; a
tentação
de “tudo
abandonar”,
reiteradamente
chegará
à tua
casa
mental;
a
deserção
de
inúmeros
companheiros
será
estímulo
para o
teu
desânimo;
as
facilidades
do
caminho
estarão
fascinantes
à tua
frente,
convidativas;
e
perguntarás:
Que
fazer?
Reage à
cizânia,
impedindo
que ela
te
domine
no
pensar,
no
falar, a
fim de
que não
se
desdobre
através
do agir.
Se te
sentires
inquieto
no
serviço
que te
compete
realizar,
insultado
por
companheiros
que não
acreditam
no teu
esforço,
silencia
e
produze
mais;
trabalha
pelo bem
de
todos,
utilizando
os
recursos
de que
disponhas
e
preenche
os
espaços
mentais
vazios,
não
concedendo
trégua à
ociosidade.
Recorre
aos
recursos
espíritas:
vigia
e ora,
ora
sempre,
para
adquirires
resistência
contra o
mal que
infelizmente
ainda
reside
em nós;
permuta
conversação
enobrecida,
pois que
as boas
palavras
e os
pensamentos
bons
renovam
as
disposições
espirituais;
utiliza
o
recurso
do passe
socorrista,
rearticulando
as
forças
em
desalinho;
sorve um
vaso de
água
fluidificada,
restaurando
a
harmonia
das
células
em
desajustamento
e,
sobretudo,
realiza
o bom
serviço.
Nenhum
mal
consegue
triunfo
no
terreno
reservado
ao bem
atuante...
Não te
concedas
a
insensata
cooperação
com o
pessimismo
ou o
desalento,
a
rebeldia
ou o
egoísmo,
estimulando
a
produção
do erro
ou a
multiplicação
da
anarquia”.
Completa
Santo
Agostinho
(2):
“Por
bem
largo
tempo,
os
homens
se têm
estraçalhado
e
anatematizado
mutuamente
em nome
de um
Deus de
paz e
misericórdia,
ofendendo-o
com
semelhante
sacrilégio.
O
Espiritismo
é o laço
que um
dia os
unirá,
porque
lhes
mostrará
onde
está a
verdade,
onde o
erro.
Durante
muito
tempo,
porém,
ainda
haverá
escribas
e
fariseus
que o
negarão,
como
negaram
o
Cristo.
Quereis
saber
sob a
influência
de que
Espíritos
estão as
diversas
seitas
que
entre si
fizeram
partilha
do
mundo?
Julgai-o
pelas
suas
obras e
pelos
seus
princípios.
Jamais
os bons
Espíritos
foram os
instigadores
do mal;
jamais
aconselharam
ou
legitimaram
o
assassínio
e a
violência;
jamais
estimularam
os ódios
dos
partidos,
nem a
sede das
riquezas
e das
honras,
nem a
avidez
dos bens
da
Terra.
Os que
são
bons,
humanitários
e
benevolentes
para com
todos,
esses os
seus
prediletos
e
prediletos
de
Jesus,
porque
seguem a
estrada
que este
lhes
indicou
para
chegaram
até Ele”.
Referências:
(1)
FRANCO,
Divaldo.
Florações
Evangélicas.
4 ed.,
Salvador:
LEAL,
2000,
cap. 35,
pp.
153-155.
(2)
KARDEC,
Allan.
O
Livro
dos
Espíritos.
88
ed.,
Rio [de
Janeiro]:
FEB,
2006,
Conclusão
(in
fine).