MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
No Mundo Maior
André Luiz
(Parte
25)
Damos prosseguimento ao
estudo da obra
No Mundo Maior,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier,
publicada em 1947 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. A qual de seus
familiares André Luiz
encontrou na região de
trevas?
R.: Seu próprio avô
Cláudio, que ainda não
sabia que desencarnara,
apesar de passados mais
de quarenta anos desde
seu falecimento. Seu
estado era, contudo,
lastimável. (No Mundo
Maior, cap. 18, pp. 231
a 233.)
B. Qual foi a reação do
avô ao saber que aquele
era seu querido neto?
R.: A emoção de ambos
foi indescritível.
Tornando mentalmente a
cenários da infância
longínqua, André
sentira-se novamente
menino e, vencendo de um
salto o espaço que o
separava do avô,
ajoelhou-se aos seus
pés, cobriu-lhe as mãos
de beijos e perguntou:
"Vovô Cláudio, pois o
senhor não me conhece
mais?" E ante o olhar
dos circunstantes, que
gritavam, André –
amparado por Calderaro,
que também enxugava
lágrimas discretas –
sustentou o avô nos
braços, como se
transportasse, louco de
alegria, precioso fardo
que lhe era doce e leve
ao coração. (Obra
citada, cap. 18, pp. 233
a 235.)
C. Em casos como o de
Cláudio a reencarnação é
importante no
tratamento?
R.: Sem dúvida. Cláudio,
que tinha imenso remorso
pelo que fizera a uma
irmã de nome Ismênia,
precisava de tratamento
e de cuidados, e era
impossível prever quando
teria condições de
respirar atmosfera mais
elevada. A conclusão a
que chegaram os
protetores era que o
enfermo, para melhorar
com mais rapidez e
eficiência, deveria
retornar à experiência
carnal, o que mostra
como a reencarnação é
importante para a
recuperação dos
indivíduos. (Obra
citada, cap. 19, pp. 236
e 237.)
Texto
para leitura
125. O caso Cláudio
- O avô, bastante
aliviado por encontrar
alguém de suas relações,
contou então que desde
muito estava preso
naquela região
misteriosa, referta de
perigos e de monstros,
mas abundante de ouro,
de muito ouro. Na
seqüência, rogou a André
ajuda para poder sair
dali. Ajoelhado, de
braços estendidos para o
neto, ele repetia:
"Quero voltar..., rever
os meus, sentir-me em
casa novamente!" André
abraçou-o, compungido,
mas, sem desejar
chocá-lo com revelações
inoportunas,
explicou-lhe: "Cláudio
M..., sois vítima de
lamentável engano. Vossa
casa antiga cerrou-se
com os olhos físicos que
já desapareceram!
Encarcerastes o
espírito num sonho vão
de mentirosas riquezas.
A morte vos arrebatou a
alma do domicílio
carnal, vai para mais de
quarenta anos". O ancião
desatou em pranto
convulso. "Bem o sinto!
– murmurou, inspirando
compaixão. – Tenho a
cabeça afogueada,
incapaz de raciocinar;
mas... e o ouro, o ouro
que ajuntei com tanto
suor?" André pediu-lhe
reparasse nas suas
próprias mãos, para ver
que o patrimônio,
acumulado à custa das
dificuldades alheias,
convertera-se em
lodacentos detritos.
Cláudio contemplou a
lama que sobraçava, e
gritou, aterrorizado.
Em seguida, pousando em
André os olhos
lacrimosos, considerou:
"Será o castigo? Minha
falta para com Ismênia
exigia punição..."
Relatou então que, ao
morrer, seu pai lhe
confiara uma irmã,
Ismênia, que não era
filha legítima de sua
casa. Sua mãe, contudo,
a criara com o mesmo
desvelo que dedicara a
ele. Quando se viu,
porém, sozinho, ele
escorraçou a irmã do
ambiente doméstico.
Provou que ela não
partilhava seus laços
consangüíneos, para
melhor assenhorear-se da
fortuna legada pelo pai.
Ismênia implorou e
sofreu; no entanto, ele
a relegou a miserável
destino, cioso da sólida
base financeira que
havia herdado. Ficou
rico e multiplicou seus
cabedais, ganhando
sempre. Entendia,
porém, que tudo fora em
vão... O castigo tardou,
mas enfim chegara...
(Cap. 18, pp. 231 a 233)
126. André toma nos
braços o avô querido
- André pensou em
abrir-lhe o coração
comovido até às
lágrimas. O Assistente
recomendou-lhe
silêncio. A medida
seria de todo
inoportuna. Cláudio
continuou em suas
recordações e depois
indagou de seus
familiares, revelando o
desejo de saber o que
foi feito de sua
fortuna, que ele
acumulara, olvidando a
própria alma, bem como o
destino de Ismênia.
Considerou, em seguida,
que seus pais já haviam
falecido e que seus
filhos, certamente, o
haviam esquecido. Ele
se sentia desprezado,
sem ninguém. "Valei-me,
emissários do Eterno! –
rogou Cláudio –, não
abandoneis um ancião
traído em suas ambições
e propósitos! agora, que
me reconheço, tenho
medo, muito medo..."
Depois, com uma grossa
cortina de lágrimas no
olhar, afirmou que só
uma pessoa no mundo se
recordaria dele, e, se
soubesse do seu
paradeiro, lhe
estenderia suas mãos
protetoras... Era uma
referência direta ao
estimado autor da Série
Nosso Lar: "Meu neto
André Luiz era a luz de
meus olhos. Muita vez,
os carinhos dele me
aquietavam o torturado
pensamento. Em muitas
ocasiões manifestei, em
casa, o desejo de que
ele se consagrasse à
Medicina. Destinei-lhe
um legado para esse fim.
Pretendia vê-lo fazendo
o bem que eu, homem
ignorante, não soubera
praticar". Mencionou
então que freqüentemente
o assaltava o remorso
pela extorsão infligida
à irmã, mas se consolava
com a idéia de que o
neto do seu coração, de
algum modo, gastaria o
dinheiro que ele
indebitamente
aferrolhara,
educando-se, como
convinha, para
benefício de todos,
porque André, com
certeza, seria o
benfeitor dos pobres e
dos doentes, espargiria
sementes dadivosas onde
sua existência inútil
espalhara pedras e
espinhos de
insensatez... Dito isto,
Cláudio perguntou a
André se ele poderia
levar notícia suas ao
neto que ele supunha
distante. André não
conseguiu suportar
tamanha emoção.
Lembrou-se de seu avô
acariciando seus cabelos
e compreendeu a extensão
de seu débito para com
ele, relativamente ao
diploma de médico que
ele não soubera honrar
no mundo. Tornando
mentalmente a cenários
da infância longínqua,
sentiu-se novamente
menino e, vencendo de um
salto o espaço que o
separava do avô,
ajoelhou-se aos seus
pés, cobriu-lhe as mãos
de beijos e perguntou:
"Vovô Cláudio, pois o
senhor não me conhece
mais?" Impossível
descrever o que se
passou. Ante o olhar dos
circunstantes, que
gritavam, uns
revoltados, outros
rindo, incapazes de
entender aquela cena,
André – amparado por
Calderaro, que também
enxugava lágrimas
discretas – sustentou o
avô nos braços, como se
transportasse, louco de
alegria, precioso fardo
que lhe era doce e leve
ao coração. (Cap. 18,
pp. 233 a 235)
127. Cláudio relata
sua vida a Cipriana
- Quando Cipriana
regressou, encontrou
André banhado em
lágrimas. Em breve
relato, ela se inteirou
de tudo o que acontecera
e ponderou: "Dispomos de
tempo curto; e como não
será possível ao doente
acompanhar-nos, cumpre
interná-lo já em algum
recolhimento, aqui
mesmo". Cláudio, apesar
do júbilo de haver
reconhecido o querido
neto, não guardava
razoável equilíbrio:
pronunciava ainda
frases desconexas, em
que o nome de Ismênia
era com freqüência
repetido. Ele precisava
de tratamento e de
cuidado, advertiu a
instrutora, que
acrescentou: "É
impossível prever quando
se achará em condições
de respirar atmosfera
mais elevada". Em
seguida, auscultou o
velhinho semilouco e,
decorridos alguns
instantes, informou:
"André, nosso enfermo,
para melhorar com mais
rapidez e eficiência,
deveria retornar à
experiência carnal".
André pediu-lhe sua
intercessão e Cipriana
aquiesceu, de pronto,
explicando que, em se
tratando de
reencarnação por meras
atividades reparadoras,
sem projeção nos
interesses coletivos, de
modo mais amplo, seu
concurso pessoal podia
ser mais decisivo e
imediato. "Temos nestes
sítios – informou a
instrutora – grande
número de benfeitores,
providenciando
reencarnações em grande
escala nos círculos
regenerativos. Vejamos
como estudar a situação
futura deste irmão."
Cipriana interrogou, na
seqüência, o velhinho,
que lhe relatou o mal
que fizera a Ismênia,
uma filha que seu pai
tivera na mocidade,
antes de se casar.
Espoliada e expulsa de
casa, Ismênia buscou
abrigo em residência de
família abastada, que
lhe cedeu, por favor, um
lugar de copeira, com
remuneração desprezível.
Mais tarde, premida por
dificuldades materiais
de toda a sorte,
desposara um homem rude
e cruel, que a seviciara
e lhe dera algumas
filhas em dolorosas
condições de
miserabilidade. Relatou,
por fim, os indignos
ideais que nutrira no
terreno da sovinice,
estremecendo os corações
dos que o escutaram.
(Cap. 19, pp. 236 e 237)
(Continua no próximo
número.)