WELLINGTON BALBO
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Bauru, São Paulo (Brasil)
Oração sem ação:
moeda de apenas
uma face
O jovem pregador
do Evangelho
rumava para
cidade próxima à
sua, estava
feliz pela
oportunidade de
servir a causa
do Cristo, era
com entusiasmo
que levava a
mensagem da Boa
Nova, em
palestra de
divulgação da
Doutrina
Espírita.
No caminho que
separava as duas
localidades um
imprevisto o
apanhou de
surpresa, grave
dor nos rins
indicava que a
noite seria
longa e
provavelmente
visitaria
hospital. De
quando em quando
cálculos renais
incomodavam-no,
convocando sua
presença a
pronto socorro
para receber os
benefícios da
ciência pelas
abençoadas mãos
da medicina.
À medida que se
aproximava da
cidade onde
seria realizado
o evento, a dor
tornava-se mais
e mais aguda.
Teria mesmo que
parar em
hospital da
cidade e
desmarcar a
palestra.
Chateado com o
rumo que tomava
a situação,
lembrou-se da
prece e seus
benefícios.
Rogaria o
auxílio da
Espiritualidade,
na esperança de
poder participar
do evento.
Orou
fervorosamente,
deixou que
falasse seu
coração em
sentida prece
dirigida aos
benfeitores
espirituais.
Enquanto
conversava com
os Céus sentia
uma onda de
calor
invadir-lhe o
íntimo do Ser a
sinalizar que
suas rogativas
seriam
atendidas.
A hora da
palestra se
aproximava e
gradativamente a
dor do jovem
pregador
diminuía,
aumentando sua
confiança.
Chegou ao local
do evento sem
qualquer
resquício do
constrangimento
orgânico.
Realizou a
palestra
tranqüilamente,
cumprindo seu
papel. Ao
término do
evento, após os
costumeiros
abraços, sentiu
novamente as
agulhadas
impiedosas
provocadas pelos
cálculos renais,
no entanto,
agora mais
tranqüilo,
poderia curtir
sua dor no
hospital mais
próximo sem a
preocupação em
ter que
desmarcar a
palestra de
divulgação da
Boa Nova.
A história acima
mostra
claramente o
benefício da
Espiritualidade
em favor do
jovem pregador.
O leitor poderá
estranhar a
afirmação,
porquanto o
benefício foi
apenas parcial,
permitindo-lhe
tão-somente a
realização da
palestra. Após o
término do
evento a dor
retornou. Que
benefício é
este?
Ora, a
oportunidade de
servir uma causa
nobre e poder,
mesmo que por
alguns minutos,
livrar-se do
incômodo e
mal-estar, já é
um grande
benefício
prestado pela
Espiritualidade.
Não podemos
ignorar a
questão do
merecimento.
Provavelmente o
protagonista do
fato em questão
não era portador
de méritos que o
livrassem por
completo da dor
física. Há
situações que
devemos passar
para nosso
próprio
amadurecimento
espiritual, e
talvez fosse
necessário que
ele passasse por
esse
constrangimento
orgânico, para
poder dar mais
valor à
existência e
importância à
saúde.
Em nossas
orações,
fatalmente, um
pedido que não
falta é o de
saúde.
Costuma-se dizer
que: com saúde
podemos tudo,
corremos atrás
do prejuízo e
damos a volta
por cima.
Pede-se saúde a
Deus, contudo
poucos são
aqueles que se
preocupam em
cuidar da saúde
verdadeiramente.
Filhos mimados
costumam culpar
os pais pelos
seus desatinos,
mesmo depois de
serem socorridos
inúmeras vezes
por eles. E é
assim que muitos
de nós agimos,
como se nosso
bem-estar
competisse
tão-somente ao
Todo Poderoso.
Devemos deixar
de ser mimados.
É um lamentável
e prejudicial
engano
considerar que a
Espiritualidade
cuidará de nós
como se fôssemos
eternas
crianças. É
tempo de
amadurecer,
tomar a vida nas
próprias mãos. O
que não quer
dizer que não
podemos pedir
auxílio ao Alto.
Sim, podemos e
devemos contar
com o apoio da
Espiritualidade,
mas
imprescindível é
que também nos
ajudemos.
O interessante
deste fato é
mostrar que a
Espiritualidade
auxilia,
contudo, a
tarefa principal
fica sob nossa
responsabilidade.
Em “O
Evangelho
segundo o
Espiritismo”,
Capítulo XVII –
“Pedi e
Obtereis” –,
Kardec traz
notável exemplo
que
transcrevemos
abaixo:
“Tomemos um
exemplo. Um
homem se acha
perdido no
deserto. A sede
o martiriza
horrivelmente.
Desfalecido, cai
por terra. Pede
a Deus que o
assista, e
espera. Nenhum
anjo lhe virá
dar de beber.
Contudo, um bom
Espírito lhe
sugere a idéia
de levantar-se e
tomar um dos
caminhos que tem
diante de si.
Por um movimento
maquinal,
reunindo todas
as forças que
lhe restam, ele
se ergue,
caminha e
descobre ao
longe um regato.
Ao divisá-lo,
ganha coragem.
Se tem fé,
exclamará:
"Obrigado, meu
Deus, pela idéia
que me
inspiraste e
pela força que
me deste". Se
lhe falta a fé,
exclamará: "Que
boa idéia tive!
Que sorte a
minha de tomar o
caminho da
direita, em vez
do da esquerda;
o acaso, às
vezes, nos serve
admiravelmente!
Quanto me
felicito pela
minha coragem e
por não me ter
deixado abater!"
Notável exemplo
que demonstra a
importância de
nossas atitudes!
Há muitas
pessoas que
sofrem porque
desconsideram
princípios
básicos para uma
existência
saudável.
Consideram que a
Espiritualidade
resolverá tudo,
como num passe
de mágica. Vão
ao centro
espírita e tomam
passe, recebem
os presentes da
Espiritualidade,
experimentam uma
certa melhora
e... abusam,
incorrendo nos
equívocos que as
fizeram ter a
saúde
debilitada.
A oração é um
benefício que só
atingirá o
objetivo da
melhoria da
qualidade de
vida se for
aliada com a
prática. A
oração sem
iniciativa é
moeda de apenas
uma face e fica
assim com a
eficácia
comprometida.
Para que a
oração surta
efeito se faz
mister
introduzir a
outra face da
moeda, tomando
as rédeas da
própria vida e
agindo em
benefício
próprio, orando,
mas também
realizando em
prol de si
mesmo.
Pensemos nisso.
Referência
bibliográfica: