Balbo, Antonio
Augusto
Nascimento e Katia Fabiana
Fernandes,
editores
responsáveis
pelas
entrevistas
publicadas pela
revista.
Eis, a seguir,
na íntegra, a
parte final da
entrevista:
O Consolador:
Por que razão
escasseiam nas
casas espíritas
as reuniões que
chamávamos
antigamente de
sessões de
desobsessão, que
tantos
benefícios
trouxeram a
inúmeros
cidadãos com
problemas
obsessivos?
Há inúmeras
razões para
esses
esfriamento na
realização desse
tipo de
reuniões,
algumas cujas
raízes estão nas
instituições
enquanto outras
podem estar nas
pessoas que
atuam nessas
instituições na
condição de
médiuns.
Antigamente, ao
que sabemos, as
reuniões de
desobsessão eram
um momento
sagrado do
centro espírita,
para o qual não
se levava
qualquer pessoa.
Para dela
participar,
tinha-se que ser
médium mesmo,
com as condições
morais de tal
maneira firmes
que suportassem
o assédio
concomitante ou
posterior das
entidades
infelizes
envolvidas,
mantendo conduta
ilibada na
sociedade e na
família,
adquirindo o que
se chama de
autoridade
moral.
Os médiuns de
então, quase
sempre pessoas
muito modestas,
mantinham um
regime de
dedicação aos
trabalhos do
bem, trabalhando
a si mesmos para
merecer essa
convivência com
os Prepostos de
Jesus nesse
labor de socorro
espiritual.
Temos que convir
a dificuldade de
muita gente,
hoje em dia,
para assumir
compromissos.
Seja pelas
experiências de
indisciplina
cultivadas, seja
pelas condições
das grandes
cidades, que
dificultam os
translados das
pessoas de um
para outro lado.
Assim, é costume
em muitos
lugares os
médiuns faltarem
muito aos
trabalhos,
porque chegam
tarde da lida
profissional,
porque
frequentam
festas e não
perdem nenhuma,
porque qualquer
motivo é motivo
para não
comparecer e,
assim, não criam
vínculos
psíquicos com a
atividade nem
com os
Benfeitores da
tarefa.
No campo dos
centros
espíritas,
muitos não têm
critérios
doutrinários
para a escolha
dos seus
dirigentes das
sessões e optam,
quase sempre,
por companheiros
que mesmo quando
têm boa vontade,
desconhecem a
profundidade e a
dinâmica daquilo
que foram
chamados a
fazer; não têm
voz ativa,
conquistada pela
autoridade moral
e pela
convivência
semanal com os
médiuns que,
então, fazem
como querem na
sessão; não
exigem dos
membros das
sessões
mediúnicas a
participação nas
reuniões de
estudos do
centro, o que
permite que
muitos médiuns
só compareçam à
instituição nos
dias e horários
dessas sessões,
não conseguindo
higienizar as
mentes por meio
dos estudos, das
análises, das
discussões
felizes, das
trocas afetivas,
mas mantendo
cacoetes
dispensáveis que
afivelam à
mediunidade
propriamente
dita,
predispondo-se
muitas vezes ao
surto anímico ou
às investidas
mistificadoras,
que proliferam
nos terrenos
onde vigora a invigilância.
Poucos
dirigentes
espíritas sabem
que não deve ser
qualquer médium
convidado para
atender aos
trabalhos
desobsessivos.
Não é por ser
psicofônico,
vidente ou
psicógrafo que
um médium terá
condições gerais
para participar
de trabalhos tão
graves, tão
sérios. Pessoas
que mantêm o
tabagismo, o
alcoolismo ou o
uso de quaisquer
outras drogas de
tropismo
neurológico;
indivíduos que
mantêm-se nas
faixas da
prostituição
sexual, por mais
modernas que
estejam tais
práticas nas
metrópoles e
quejandos,
certamente não
serão os mais
recomendados
para atender
nessas sessões.
Mas pessoas de
língua grande,
que não sabem
guardar a
discrição
exigida por
esses labores
bem como as que
portam
desarranjos
emocionais, que
gritam, que se
acabam de chorar
se chove ou se
faz sol, não
devem ser
chamadas para
tão sérios
compromissos.
São encontrados
ainda, em muitas
instituições,
médiuns que não
se falam, que
estão brigados,
participando dos
serviços de
mediunidade com
o objetivo de
atender à
desobsessão.
Acintes desses
tipos contribuem
bastante para
que as sessões
vão deixando aos
poucos de ser
sessões de
desobsessão para
converter-se em
sessões de
obsessão.
São, realmente,
muitas as
possíveis causas
do esvaziamento
das condições
espirituais de
uma atividade
desobsessiva,
mas,
fundamentalmente,
encontramos como
causa primordial
o próprio ser
humano,
inadaptado às
disciplinas,
desejoso de
fazer o que lhe
dá na cabeça,
ou, pela
ausência de
conhecimento e
maturidade,
tornando-se
instrumento de
fascinadores, de
mistificadores
que, quando não
os torna grandes
empeços no corpo
das sessões,
afastam-nos do
grupo, a fim de
explorá-los mais
facilmente,
impondo-lhes a
perda da
oportunidade
reencarnatória.
Somente a
seriedade do
trabalho,
baseado no
estudo sério e
continuado, da
ação fraternal
em favor dos
necessitados a
nossa volta
associada aos
esforços pela
autotransformação,
farão com que
retornemos às
sessões de
desobsessão que
reflitam o
Pentecostes, em
cuja estrutura
os filhos do
Calvário, os
caídos e os
sedentos de luz
poderão
reencontrar o
coração vivo e
amoroso do
Mestre Jesus.
O Consolador:
Qual deve ser a
atitude dos
dirigentes
espíritas
relativamente a
essa enxurrada
de obras
mediúnicas de
origem duvidosa,
que tem
infestado o
mercado de
publicações
espíritas nos
últimos tempos?
Será que Kardec,
no seu tempo,
ficaria calado
diante dessas
obras?
Acredito que num
período em que o
planeta está
vivendo
tormentos de
todos os tipos,
confirmando o
que considera
Allan Kardec, em
seu livro A
Gênese, ao
afirmar que,
hoje, não são
mais as
entranhas do
planeta que se
agitam: são as
da Humanidade,
não poderia o
nosso Movimento
Espírita estar
livre dessa
avalanche
atormentadora de
más influências,
seja de
indivíduos
aventureiros e
insanos
─
que anseiam por
vitórias
passageiras e/ou
lucrativas, sem
a necessária
consciência do
tipo de semente
que estão
plantando para
colheita
complexa no
porvir ─
seja de
entidades
desencarnadas
que continuam
zombando dos
esforços da Luz,
das Falanges
Crísticas, que
visam desfazer
as sombras que
se demoram sobre
a Terra.
Na medida em que
os dirigentes
espíritas vão se
tornando mais
lúcidos e, por
conseguinte,
mais coerentes
com os
princípios do
Espiritismo,
conseguem dar-se
conta de que
qualquer obra
que divulguemos
em nome da nossa
Doutrina deve
ter a chancela
do bom senso
kardequiano.
Compreenderão
que não vale
oferecer ao
grande público
tudo o que vai
surgindo no
mercado livresco
porque tenha o
título de obra
mediúnica ou
espírita, a fim
de obter o tão
esperado
“lucro”.
Primeiro, porque
nem tudo o que é
mediúnico tem
que ser
espírita, já que
a mediunidade
não é patrimônio
do Espiritismo.
Segundo, porque
o critério
utilizado pelo
Codificador do
Espiritismo para
a seleção e
publicação de
textos é
bastante
rigoroso,
indiscutivelmente
responsável.
Sempre que
alguém se põe a
publicar e a
comercializar
produtos sem
qualidade
genuinamente
espírita, no
mínimo comete o
erro de
lesa-verdade
espírita, o que
ao longo do
tempo deve
acarretar muitas
coisas graves
nas mentes dos
que as leem sem
os necessários
filtros do
conhecimento dos
livros de
Kardec.
Com relação a
Allan Kardec,
estou certo de
que não
aceitaria tal
fato com a
passividade que
temos encontrado
no nosso
Movimento, uma
vez que são
muitos os
dirigentes, nos
mais variados
níveis de
responsabilidades,
que não têm
coragem de
afrontar o
status quo
vigente nesse
campo literário,
seja para não
terem
aborrecimentos e
se pouparem das
investidas
retaliadoras dos
interessados na
manutenção do
que acontece
agora, seja
porque também
não dispõem do
necessário senso
crítico para ver
os elementos
antiespíritas ou
inverídicos que
tais obras
contêm.
É na Revista
Espírita,
publicada por
Kardec no mês de
maio de 1863,
quando ele faz
um exame das
comunicações
mediúnicas que
lhe eram
enviadas, que
encontramos suas
palavras
dizendo: Em
grande número
encontramo-las
notoriamente
más, no fundo e
na forma,
evidente produto
de Espíritos
ignorantes,
obsessores ou
mistificadores e
que juram pelos
nomes mais ou
menos pomposos
que as assinam.
Publicá-las
teria sido dar
armas à crítica.
Vemos, assim,
que o
Codificador do
Espiritismo
tomava posição e
se pronunciava a
respeito com a
firmeza que o
caracterizava.
Temos lido
livros ditos
mediúnicos onde
são apresentados
o chulo da
pornografia, das
descrições
libidinosas,
fantasiosas
descrições que
não suportam o
crivo da razão
espírita, ao
lado de outras
coisas sem nexo,
sem sentido para
o processo de
renovação e
crescimento da
criatura humana,
sob a ótica do
Consolador.
Vejamos o que
escreve Kardec
no texto
supracitado:
Para começar
convém delas
afastar (das
massas) tudo
quanto, sendo de
interesse
privado, só
interessa àquele
que lhe
concerne.
Depois, tudo
quanto é vulgar
no estilo e nas
ideias, ou
pueril pelo
assunto. Uma
coisa pode ser
excelente em si
mesma, muito boa
para servir de
instrução
pessoal; mas o
que deve ser
entregue ao
público exige
condições
especiais.
Infelizmente o
homem é
inclinado a
supor que tudo o
que lhe agrada
deve agradar aos
outros. O mais
hábil pode
enganar-se; tudo
está em
enganar-se o
menos possível.
Há Espíritos que
se comprazem em
alimentar a
ilusão em certos
médiuns. Por
isso nunca seria
demais
recomendar a
estes não
confiar em seu
próprio
julgamento. É
nisso que os
grupos são
úteis: pela
multiplicidade
de opiniões que
podem ser
colhidas. Aquele
que, neste caso,
recusasse a
opinião da
maioria,
julgando-se mais
esclarecido que
todos, provaria
superabundantemente
a má influência
sob a qual se
acha.
Vale a pena
continuar a ler
o que nos diz o
Codificador,
Allan Kardec
sobre o tema em
apreço:
Aplicando estes
princípios de
ecletismo às
comunicações que
nos enviaram,
diremos que em
3.600 há mais de
3.000 que são de
uma moralidade
irreprochável, e
excelentes como
fundo; mas que
desse número não
há mais de 300
para
publicidade, e
apenas cem de um
mérito
inconteste.
Essas
comunicações
vieram de muitos
pontos
diferentes.
Inferimos que a
proporção deve
ser mais ou
menos geral. Por
aí pode
julgar-se da
necessidade de
não publicar
inconsideradamente
tudo quanto vem
dos Espíritos,
se se quiser
atingir o
objetivo a que
nos propomos,
tanto do ponto
de vista
material quanto
do efeito moral
e da opinião que
os indiferentes
possam fazer do
Espiritismo.
Bem entendemos,
pois, que Kardec
não se
acomodaria
silenciosamente,
como não se
acomodou em sua
época. Hoje em
dia nos
deparamos com um
espírito
acomodatício em
nosso Movimento,
o que se mostra
indicativo do
descompromisso
de muitos com a
grandeza e
clareza do
Espiritismo,
nada obstante
continuem
ocupando as mais
diversas
posições nos
seus campos de
atividades.
O Consolador: Um
fato bem
peculiar em
grande parte dos
Estados Unidos e
da Europa é a
existência de
grupos espíritas
fundados e
mantidos por
brasileiros,
cujos
trabalhadores e
frequentadores
são em sua
maioria
brasileiros.
Poucos grupos
conseguiram
despertar nos
nativos a
vontade de
aprender a
doutrina
espírita. O que
é possível fazer
para reverter
esse quadro?
Será sempre de
muito bom
proveito para o
exercício da
nossa humildade
o fato de não
atribuirmos aos
brasileiros, que
vivem no
exterior,
qualquer missão
messiânica. É
muito importante
não
introjetarmos na
alma nenhuma
vaidade
relativamente a
nossa postura
diante de outros
povos ou de
outros países,
se quisermos ser
bem aproveitados
pelo Mundo
Espiritual
Superior em
qualquer labor
feliz ao que nos
queira vincular.
Não deveremos
perder de vista
que nesses
países, para
onde vão viver
muitos
brasileiros,
existe uma ou
mais culturas
que lhes são
próprias, tanto
quanto existe a
sua religião
predominante.
Imaginar que
poderemos chegar
em algum deles e
fazer como
fizeram no
descobrimento do
Brasil os
religiosos
portugueses, ou
seja, montar o
nosso altar
(nossa mesa) e
celebramos nossa
primeira missa
(nosso primeiro
culto, sessão,
etc.), à revelia
dos seus filhos
naturais, dos
seus hábitos ou
de suas crenças,
tendo todos a
nossa volta nos
adorando e nos
aplaudindo,
seria uma
ingenuidade,
para dizer o
mínimo.
É bem real que
muitos
brasileiros que
eram espíritas
no Brasil,
sentindo falta
dos seus
ambientes de
atividade
espírita daqui,
tenham criado
uma pequena
célula de
estudos, muitas
vezes tendo
início em suas
residências,
numa garagem,
etc., e mais
comum ainda é
que acorram
outros
compatriotas
que, seja pelo
sentimento de
isolamento em
que se veem,
seja por sua
necessidade
afetiva ou, de
fato, pela sede
de voltar a
sorver em grupo
as bênçãos dos
estudos
espíritas,
desejam estar
juntos.
A mim me parece
que a proposta
mais coerente
será a de bem
vivenciar, onde
quer que estejam
os brasileiros
espíritas, de
tal modo os
princípios
espíritas, que
os nativos
passem a ver
neles, nas
relações sociais
que mantenham,
pessoas com
hábitos muito
diferentes, com
posições muito
equilibradas e
justas, em meio
a uma vida
relacional de
muito respeito,
harmonia e
lucidez. Isso,
sem dúvida,
arrastaria muita
gente em virtude
da curiosidade
em saber em que
fontes esses
estrangeiros
recolhem tanta
clareza, tanto
bom-senso e
tanta firmeza de
propósitos do
bem para viver,
mesmo diante das
adversidades que
são comuns para
quem vive num
país estranho ao
seu.
Vemos, nada
obstante, que os
grandes
problemas de
aproximação com
os nativos nas
células
espíritas que se
formam, começam
pelo fato de não
haver o domínio
da língua do
país para um
relacionamento
equilibrado ou
capaz de
entretecer os
necessários
diálogos
explicativos;
por outro lado,
outro
impedimento é
encontrado na
situação
documental de
incontável
número de
brasileiros, uma
vez que se acham
na ilegalidade
nesses países.
Como conviver
com quem poderá
tomar contato
com essa
situação e
possivelmente
denunciá-los às
autoridades?
Como tornar-se
“missionário”
declarado, de
fronte erguida e
sem temores,
quando se está
ilegalmente em
terras alheias?
Temos, ainda,
outros elementos
que pesam nessa
relação de
brasileiros com
nacionais de
outros países. É
que muitos que
são espíritas lá
fora, não o eram
desde o Brasil.
Conheceram o
Espiritismo no
exterior. Assim,
para muitos,
faltam as
habilidades de
como administrar
uma casa
espírita,
realizar as
sessões, os
estudos e as
demais
atividades,
passando a ouvir
e copiar as
informações de
visitantes, nem
sempre
amadurecidos
para dar-lhes a
orientação
precisa. É assim
que encontramos
grupos espíritas
de brasileiros
no exterior que
seguem a “linha”
de alguém,
conhecido seu,
do Sul ou do
Norte
brasileiros, em
outros
grupamentos, os
lidadores seguem
a “linha” do
Nordeste ou do
Sudeste, e
muitos mais
ainda, não
seguem somente
indicações de
federativas
brasileiras,
mas, o que quase
sempre é mais
complicado,
ligam-se a
maneirismos
dessa ou daquela
instituição do
nosso país ou
desse ou daquele
médium, e os
problemas se vão
avolumando como
se pode ver.
Assim, não se
trata de
reverter o
quadro da
ausência de
nativos de
outras nações em
células
espíritas de
brasileiros em
seus países,
trata-se de os
próprios
brasileiros
terem a clareza
indispensável a
respeito do que
é o Espiritismo,
da seriedade dos
seus princípios
e evitarem a
“colagem” dos
modos de fazer
trabalhos
espíritas no
nosso país, e
passem a prestar
mais atenção na
cultura do país
onde estão,
procurando
melhor
entendimento da
mesma, a fim de
melhor se
aproximar dos
seus nacionais.
É comum
encontrarmos no
exterior as
células
espíritas
fundadas por
brasileiros com
nomes dos Guias
conhecidos no
Brasil que, por
mais respeitados
ou amados por
nós, aqui, nada
informam ou
significam para
o povo do país.
Nenhum cuidado
de identificar
os vultos
espíritas do
país onde estão,
a fim de que, a
partir do nome
─
caso desejem dar
nomes de pessoas
─
possam instigar
a simpatia de
quem dessas
instituições
queira se
aproximar.
Quantos nobres
espíritas,
espiritualistas
importantes ou
pesquisadores
destacados
conhecemos na
Espanha, na
França, na
Bélgica, na
Itália, na
Inglaterra, na
Alemanha ou nos
Estados Unidos?
Nomes espanhóis
como os de
Amália Domingo y
Soler, José
Fernandez
Colavida
(conhecido como
o Kardec
espanhol),
Francisco
Ballester Galés,
Angel Aguarod;
franceses como
os de Léon
Denis, Gabriel
Delanne,
Alexandre
Delanne, Albert
De Rochas, Paul
Leymarie,
Camille
Flammarion, Jean
Meyer; italianos
como os de
Eusápia
Paladino,
Ernesto Bozzano,
César Lombroso;
ingleses como os
de Arthur Conan
Doyle, Alfred
Russel Wallace,
Stainton Moses,
William Crookes,
Florence Cook;
alemães como os
de Johann
Fredrich
Zöllner, Gustav
Fechner, Wilhelm
Weber;
americanos como
os de Henry
Slade, Cora
Scott Hatch,
Edgard Cayce,
Harriet Beecher
Stowe (médium
que psicografou
o famoso livro
‘A Cabana do Pai
Thomas’),
Abraham Lincoln,
Horace Hambling,
Frank Carpenter,
Charles Schockle,
Joseph Banks
Rhine, dentre
incontáveis
outros nomes,
mais ou menos
famosos,
médiuns,
pesquisadores,
escritores,
trabalhadores
diversos que em
seus países
estenderam
luminosa ponte
entre o
território do
materialismo e
dos problemas
humanos aos
campos do
Espírito
imortal, donde
procedem as
inspiradas
soluções para os
problemas
planetários.
Dessa forma,
creio que o
amadurecimento
das comunidades
brasileiras, que
vão aprendendo a
viver nos países
dos outros,
procurando
acurar os
estudos das
línguas bem como
um maior e
melhor
conhecimento das
culturas desses
países, sem o
anseio
perturbador e
sem sentido de
construir onde
estejam uma
“mini-república
brasileira”, em
sinal de
respeito a quem
lhes abriu as
portas ou que os
suporta, mesmo
sob a incômoda
lona da
ilegalidade,
alcançarão, com
o tempo, a
simpatia e a
aproximação de
muitos corações
que passarão a
interessar-se
pelo
Espiritismo. Por
agora, e durante
um bom tempo,
precisarão os
espíritas
brasileiros no
exterior levar a
sério não apenas
o Espiritismo,
mas, e
fundamentalmente,
a realidade de
que estão em
alheias terras
diante do dever
de estudar, de
trabalhar, de
servir e, como
propôs a nobre
pensadora
italiana, Chiara
Lubich, aprender
a florir onde
Deus os
plantou...
O Consolador:
Muitas casas
espíritas não
são filiadas à
federativa do
seu Estado. O
que pode ser
feito para que
tal ocorrência
seja minimizada?
Uma vez que as
adesões dos
centros
espíritas
brasileiros às
suas federativas
estaduais são
estabelecidas em
bases
fraternais, não
existindo
nenhuma
imposição
federativa, a
não ser a
exigência de que
as práticas
institucionais
do centro
estejam bem
ajustadas aos
ensinamentos da
Doutrina
Espírita, nem
sempre são
claros os
motivos que
levam muitos
deles a não se
filiar.
Quero crer que
haja por parte
das federativas
o interesse nas
filiações dos
centros, a fim
de que exista um
Movimento
Espírita mais
fortalecido no
qual os
integrantes
cooperem para
maior e melhor
divulgação do
Espiritismo no
seio da
sociedade. Por
outro lado,
admito que seja
também do
interesse dos
centros
espíritas a
vinculação às
federativas,
considerando-se
as
possibilidades
de
enriquecimento
material e
humano dos seus
trabalhos, a
partir da
integração que
se estabelece
com as demais
instituições,
com as trocas de
experiências,
que se convertem
em somatório que
sempre visa o
progresso.
Os dois campos,
desse modo,
devem se
aproximar,
procurar um
contato mais
fraternal
possível, que
permita a
formalização do
vínculo, ou
seja, a
filiação.
O Consolador:
Devemos entender
como de
responsabilidade
do Movimento
Espírita a
construção e
manutenção de
hospitais,
creches, asilos?
Não; de nenhum
modo o Movimento
Espírita tem
responsabilidade
na construção de
obras de
assistência
social. Todos os
espíritas,
cidadãos e
cidadãs, devem
ter sempre em
mente que o que
fazemos é um
esforço que nos
interessa não
somente porque
vamos amparar
alguém, em
termos
materiais, mas
também porque
conseguimos pôr
no campo prático
muito dos
elementos
teóricos que
aprendemos no
Espiritismo.
Nenhum espírita
deve ser ingênuo
ao ponto de
admitir que seja
nossa
responsabilidade
construir obras
de pedra. Pelos
impostos que
toda a sociedade
paga aos cofres
dos governantes,
é da alçada dos
poderes
constituídos e
não da nossa a
construção das
obras sociais de
que necessite a
sociedade.
Importante,
contudo, é
percebermos que,
apesar da
consciência que
devemos ter de
tudo isso, não
nos cabe ver
alguém padecendo
ao nosso redor
sem que tomemos
alguma
providência
socorrista, uma
vez que na nossa
rua ou no nosso
bairro o governo
muitas vezes
somos nós
mesmos, os que
nos achamos mais
próximos dos
necessitados.
Alimentar os que
têm fome, vestir
os desnudos,
visitar os
enfermos e os
presidiários,
são ensinamentos
que aprendemos
de Jesus.
O que não
deveremos é
criar obras
materiais e
gastarmos todo o
tempo e
preocupações com
elas
─
a neurótica
agonia por
realizar
atividades que
nos garantam
dinheiro: os
almoços, os
chás, os
lanches, os
bazares
intermináveis,
costumam retirar
senhoras e
cavalheiros dos
grupos de
estudos, por
pretextarem que
estão muito
ocupados e
cansados na
busca de
recursos
materiais
─
deixando de lado
o tempo que
pertenceria aos
estudos
espíritas, ao
nosso
aprimoramento
como pessoas,
nosso auxílio ao
crescimento de
outros
companheiros,
imaginando que a
caridade, como a
entendia Jesus,
dispensa o nosso
esforço pelo
aformoseamento
espiritual
próprio. Nada
que nos retire
do dever de
aprender para
crescer deve nos
ocupar,
primordialmente,
os pensamentos.
Quem se sentir
inclinado a
realizar
atividades
assistenciais
junto ao
próximo, poderá
apresentar-se
como responsável
voluntário em
alguma obra
social, em sua
cidade, que
trate de
crianças, de
idosos, de
internos penais,
de aidéticos ou
de outros
enfermos, etc.
Se, porém, o
nosso ideal
institucional
nos remete à
criação e
manutenção de
alguma obra
desses tipos, é
por entendermos
que daremos a
devida conta de
tudo. Não nos
caberá viver
reclamando da
sorte, da
indiferença do
mundo ou da
insensibilidade
dos governantes.
Tomemos do
arado, conforme
permitam nossas
possibilidades,
e avancemos
contentes,
estudiosos,
reflexivos e
fiéis servidores
da Vida
Imortal.
O Consolador: Há
um descompasso
da época em que
vivemos com
relação à
educação dos
filhos. Os
tempos
diferentes da
atualidade,
diretamente
afetados pela
velocidade da
comunicação
virtual,
trouxeram uma
realidade
difícil e
complexa para
pais e
educadores, o
que também
afetou o
movimento
espírita, antes
bem mais
dedicado à
evangelização
infantil e às
atividades da
mocidade
espírita. Como
vencer o
desinteresse de
dirigentes
espíritas quanto
à importância da
atenção a jovens
e crianças em
nossas
instituições?
Em realidade,
toda a nossa
vida está
pautada em algo
que chamamos
escala de
valores. Cada
indivíduo,
assim, tem
valores
distintos dos
outros. Para
quem tem a
educação dos
filhos como algo
importante,
apesar dos
tempos difíceis
e dos desafios
vividos, têm-nos
juntos dos seus
corações,
amigos,
companheiros,
apesar de ter
cada qual sua
personalidade,
seu
temperamento,
suas
idiossincrasias.
Para quem pensa
primeiro nos
recursos
financeiros, nas
aparências
sociais, sem
clara noção de
que seus filhos
são espíritos e
que lhes não
pertencem como
objetos, com
certeza
encontrarão
todos os
impedimentos
provocados pelas
mídias, pelos
companheiros dos
filhos, e por
tudo mais que
teime em
intervir no
relacionamento
doméstico.
Vivendo no mesmo
mundo midiático
que todos nós,
atravessando as
horas de aperto
e violência como
nós, bem como
enfrentando as
mesmas
exigências
econômicas,
vemos irmãos de
outras crenças
bem junto aos
seus familiares,
indo as suas
igrejas em
conjunto, orando
e vivendo. Por
que somente os
espíritas não
conseguiremos
trazer os
filhos,
educá-los
conforme manda o
figurino e
fazê-los pessoas
de bem? Alguma
coisa está
errada e, com
certeza, não é
com o
Espiritismo,
mas, sim, com as
nossas escalas
de valores.
Quanto aos
centros
espíritas e seus
serviços de
evangelização de
crianças e de
jovens, cabe-nos
avaliar a sua
qualidade, pois
nessa época
referida de
comunicação
virtual, de
internets, de
blogs e de tudo
o mais, não se
admite que as
nossas
“aulinhas” ainda
sejam dadas à
base de
historinhas
contadas
oralmente
─
nem sempre há
bons contadores
de histórias nas
casas espíritas
o que torna
enfadonha a
exposição
─
e pelos quadros
de giz, sem que
os jovenzinhos
participem,
façam, busquem,
investiguem,
cantem ou
“naveguem na
rede”. É
incontestável
que nem todos os
centros
espíritas
dispõem de
recursos
materiais para
oferecerem aos
evangelizandos o
que há de mais
moderno em
termos
didáticos-pedagógicos.
Assim, deveremos
investir na
melhor
qualificação dos
nossos
evangelizadores
para que
consigam cativar
da garotada,
desde a simpatia
com que a receba
até o modo como
lhe serão
apresentados os
assuntos.
Olhando por
outro prisma,
não há como
imaginar que
filhos gostem de
ir ao centro
espírita para
receber as
instruções
espíritas, sendo
que seus
genitores não
vão, não se
dedicam e,
quando em casa,
têm uma vida
relacional
bastante
sofrível com a
família. É, de
fato, o exemplo
que costuma
arrastar.
O Consolador:
Considerando que
o Espiritismo é
uma religião
eminentemente
educadora e que
o Espírito
reencarna para
aperfeiçoar-se,
você não acha
que as
atividades que
visam à
evangelização
da criança têm
deixado de
receber o apoio
na proporção da
importância da
tarefa? Por que
não há um
incentivo maior,
da parte dos
Espíritos, no
sentido de
chamar a atenção
dos dirigentes
de entidades
espíritas para a
evangelização
infantil, a fim
de que apóiem
esse trabalho?
Sim, quase
sempre
encontramos
pouca atenção
por parte de
muitos
dirigentes
espíritas para
com a
evangelização
infanto-juvenil.
Vale a pena
enfatizar a
questão das
escalas de
valores que têm
os indivíduos e,
em função deles,
as instituições
ou setores de
atividades que
eles dirigem.
Tais escalas
estabelecem o
que poderemos
chamar de missão
da instituição.
Enquanto o
objetivo dos
espíritas não
corresponder aos
objetivos do
Espiritismo,
essas atividades
não terão bom
desenvolvimento.
Muitos
dirigentes dão
grandíssimo
valor às sessões
mediúnicas (há
centros que se
orgulham de
terem dezenas
delas, em dias
variados da
semana), outros
se esmeram nas
atividades
sociais junto
aos pobres e
estropiados,
possivelmente
porque não vejam
sentido na
orientação dos
que estão
recomeçando as
próprias
experiências no
planeta.
A muita gente
passa
despercebido o
fato de que as
entidades
atendidas nas
sessões
mediúnicas, como
sofredoras ou
como obsessoras,
ou muitas
daquelas que
comparecem
repletas de
necessidades de
toda a ordem,
são exatamente
aquelas às quais
não se
oportunizou a
orientação para
a vida, as
instruções
espirituais ou a
evangelização,
se quisermos
tratar assim.
Não vale a pena,
então, deixarmos
as crianças e os
jovens ao
abandono das
preciosas lições
de renovação
espiritual, a
fim de que, no
futuro, não se
tenham muitas
almas a serem
atendidas nas
sessões
mediúnicas ou
nos trabalhos de
assistência
material.
Parece-me um
contrassenso ver
confrades
espíritas que
não valorizam
esses labores
espirituais
profiláticos.
De parte dos
Espíritos, não
têm eles mais
como tentar
despertar os
encarnados das
suas ilusões ou
da sua letargia.
Há anos, o
Espírito
Estevão, Guia
Espiritual do
saudoso médium
capixaba Júlio
Cezar Grandi
Ribeiro,
escreveu numa
mensagem uma
frase que a
Federação
Espírita
Brasileira tomou
como slogan para
as suas
campanhas
evangelizadoras:
A criança e
jovem reclamam
orientação no
bem. Evangelize,
coopere com
Jesus. Temos
recebido
incontáveis
instruções do
Mundo Espiritual
enfatizando a
grandeza da
evangelização ou
espiritização da
criança e do
jovem, seja nos
textos de
Emmanuel, de
Joanna de
Ângelis, de
Estevão, de
Camilo e de
tantos outros
Benfeitores que
luxuriam esse
escrínio de luz
das orientações
imortais que nos
chegam na Terra.
Cabe aos
espíritas
estarmos atentos
para as mesmas,
refletir a
respeito delas e
as colocarmos na
pauta das nossas
ocupações e
serviços na
Seara.
O Consolador:
Pesquisa
recente,
realizada por
importante
revista
brasileira,
constatou uma
triste
realidade: os
jovens
espíritas, em
sua maioria,
aprovam o aborto
e a pena de
morte. Como vê
essa questão? O
que falta para
que nossos
jovens possam
absorver os
princípios
espíritas, que
são claramente
contrários ao
aborto e à pena
de morte?
É natural que os
jovens
frequentadores
de centros
espíritas tenham
essa postura
diante do aborto
e da pena de
morte. Eles
estão discutindo
esses temas nas
escolas, nas
universidades,
nas rodas dos
amigos, menos
nos centros
espíritas.
É muito comum
encontrarmos
grupamentos de
jovens espíritas
cheios de boa
vontade, de
alegria, de
entusiasmo, mas
sob a
coordenação de
pessoas que, por
não terem o
aprofundamento
das teses
espíritas,
evitam tanger
essas questões
das quais não
saberiam
desincumbir-se
perante os
moços. Assim é
que encontramos
grupos enormes
de moços
espíritas que
estão sendo
treinados para
cantar e tocar
instrumentos com
beleza e
harmonia ou que
se esmeram nas
artes cênicas,
tudo para
apresentações de
grande beleza
estética, sem a
menor dúvida,
mas que se acham
vazios dos
conteúdos mais
profundos
trazidos pelo
Espiritismo.
Aquilo que
reprochamos em
outras religiões
está acontecendo
nos territórios
do Espiritismo.
Lamentávamos as
pessoas que
tinham suas
religiões para
efeitos da vida
social, e que
nada recebiam
delas para
orientar suas
vidas, para
falar-lhes da
morte,
ressaltando o
seu papel de
Espíritos no
mundo com
grandes
necessidades de
amor e de
instrução. Na
hora mais
apertada da
existência essas
pessoas estão
perdidas e
desesperadas,
tendo vivido o
tempo todo em
redor dos
altares, nos
passos dos seus
líderes ou
enredados a mil
e uma
cerimônias.
Temos visto o
mesmo nos campos
do nosso
Movimento
Espírita,
considerando-se
as aplaudidas
exceções.
Muitos dos
nossos jovens,
portadores das
dificuldades
trazidas do
remotos ou
próximos
passados, que
reencarnaram no
seio do
Espiritismo para
que encontrassem
a tábua de
salvação dos
coerentes e
luminosos
ensinamentos,
diante da
omissão ou
inadvertência
dos que com eles
lidam, veem-se
com dificuldade
para suplantar
as pressões do
sexo destravado,
da drogadição,
da violência ou
da vida fútil,
perdidos entre
baladas e
embalos,
marcados por
tatuagens e
perfurados por
piercings, sem
nenhum cuidado
consigo mesmos,
como quaisquer
jovens com os
quais nos
deparamos pelos
caminhos.
O Espírito
Emmanuel, por
meio de Chico
Xavier, escreveu
no cap. 151 do
seu livro
Caminho, Verdade
e Vida, que não
podemos esquecer
que a mocidade é
a fase da
existência
terrestre que
apresenta maior
número de
necessidades no
capítulo da
direção.
Por que não
consegue mais
dialogar com os
jovens? O que se
passa na mente
dos pais, dos
dirigentes, dos
evangelizadores,
relativamente
aos seus
espirituais
compromissos? É
urgente a
necessidade de
mais acurados
estudos e
reflexões de
todos os
espíritas, pais,
dirigentes,
evangelizadores
e jovens, a fim
de que
alcancemos o
entendimento dos
porquês da nossa
vida na Terra e
não atiremos
fora tão
formosas
oportunidades.
Elucida-nos,
ainda, Emmanuel
que o moço
poderá e fará
muito se o
espírito
envelhecido na
experiência não
o desamparar no
trabalho. Nada
de novo
conseguirá
erigir, caso não
se valha dos
esforços que lhe
precederam as
atividades. Em
tudo, dependerá
dos seus
antecessores.
O Consolador: Em
sua opinião,
como os
dirigentes
espíritas podem
auxiliar o jovem
na canalização
do vigor juvenil
para a
construção do
mundo de
regeneração?
Primeiro, será
preciso fazer do
centro espírita
um lugar
agradável,
fraterno e
envolvente para
a criança e para
o jovem, sem
nenhuma
necessidade de
que se construam
piscinas,
quadras
esportivas ou
salões de funk
para que se
sintam atraídos.
O ambiente se
mostrará
agradável quando
haja nele o
envolvimento
fraternal, onde
o jovem possa
exprimir-se,
perguntar,
opinar e
apresentar seus
problemas sem
receber olhares
de superior
hipocrisia.
Depois, será
importante que
seja convidado a
participar das
atividades da
instituição que
estejam ao nível
das suas
possibilidades,
o que implica
que os lidadores
mais velhos
deverão conhecer
os mais moços
por estarem
junto deles,
acompanhando-os,
observando-os e
assistindo-os.
O jovem não se
fixará em
instituições
onde não tenha
nada o que
fazer, onde só
compareça para
ouvir,
sentadinho,
leituras e
falações de
pessoas que
supostamente
saibam mais do
que ele. De
natureza muito
dinâmica, é
compreensível
que, ressalvados
os casos mais
complicados, o
jovem goste de
cooperar, de
participar
ativamente,
devendo ser para
isso preparados.
Convidá-los para
acompanhar-nos
em visitas a
outras obras, a
outras
instituições, a
entidades que
prestam serviço
ao semelhante
necessitados
quais creches,
hospitais,
asilos, tudo
isso vai
sensibilizando a
alma do Espírito
reencarnado nas
suas primeiras
idades.
É muito bom
quando temos,
num centro
espírita, um
relacionamento
saudável entre
os trabalhadores
mais velhos e os
jovens, uma vez
que os primeiros
precisam contar
com a força e a
disposição dos
mais moços,
enquanto estes
carecem do
norteamento e da
experiência dos
mais velhos.
Quando isso se
dá, em bases de
afeto e de
respeito, temos
excelente
conquista de
corações para a
liberdade, para
a vivência ética
e para o
trabalho com
Jesus.
O Consolador:
Uma das maiores
preocupações
atuais são os
rumos do
movimento
espírita, visto
que, em face do
seu crescimento
quantitativo,
tem havido
desvios e
distorções
graves. Todavia,
o que é muito
interessante,
cresce também o
interesse pela
genuína
divulgação
espírita.
Vivemos um
paradoxo ou
esses são mesmo
os caminhos do
amadurecimento
da mentalidade
humana,
inclusive dentro
do movimento
espírita?
É historicamente
comprovado que
todo movimento
que se torna
massivo costuma
perder em
qualidade, isso
aconteceu com o
Budismo, com o
Cristianismo e o
Espiritismo não
escaparia. Vejo,
no entanto, em
nosso Movimento
Espírita um
fenômeno que
para mim é muito
preocupante,
trata-se do
espírito de
descomprometimento
de muitos
companheiros que
tomam a frente
das suas
atividades. Caso
esses líderes,
coordenadores,
dirigentes,
presidentes, ou
que outros nomes
recebam,
sentissem mais
ardor pelo
Espiritismo, se
o conhecessem a
ponto de
compreenderem
que somos nós
que crescemos
quando o
elevamos, com
certeza haveria
esse crescimento
que acompanhamos
no Movimento,
sem perder,
contudo, a
qualidade.
Seria preciso
que os centros
espíritos fossem
dirigidos por
pessoas ou por
grupos de
pessoas bastante
lúcidos,
conhecedores dos
fundamentos do
Espiritismo e
com acendrado
respeito pelo
público que,
ávido, chega as
nossas
instituições
desejando
aprender ou
necessitando de
algum tipo de
ajuda, ou as
duas coisas em
conjunto. Seria
importantíssimo
se os dirigentes
compreendessem a
afirmação do
Espírito Bezerra
de Menezes,
quando escreveu
pelas mãos de
Chico Xavier que
o centro
espírita é o
educandário
básico da mente
popular, e que,
a partir daí,
levassem a sério
a sua missão de
educar a mente
humana, de
orientar ou
reorientar o
espírito humano
para que ele
alcance seus
nobres destinos
ao largo da
reencarnação.
Enquanto isso
for apenas um
sonho, um
devaneio nosso,
não poderemos
impedir que o
Movimento
Espírita sofra
essa invasão de
descomprometidos,
de incautos e
mesmo de alguns
aventureiros,
que se adonam
das casas
espíritas e de
suas atividades
e que impedem
─
estando a
serviço do caos,
dos inimigos do
Cristo,
consciente ou
inconscientemente
─
o salutar
desenvolvimento
da sua mensagem
pelo mundo.
Mesmo percebendo
essa perda de
qualidade na
medida em o
nosso Movimento
cresce em
quantidade de
pessoas, aqueles
que primam pela
genuína
divulgação da
mensagem
espírita devem
continuar nesse
afã, nessa
empreitada, uma
vez que cada um
de nós dará
conta à
consciência do
que tenha feito
com os talentos
da Doutrina,
baseados que
estamos na
orientação que
Jesus transmitiu
aos Discípulos (Lc.
16,2) ao dizer
que o
administrador de
um homem rico
foi denunciado
por
defraudar-lhe os
bens, e que foi
chamado diante
do dono dos bens
e indagado: Que
isto que ouço
contar a teu
respeito? Dá
conta da tua
administração...
Repito, então,
que cada qual
terá que prestar
conta da
administração
que fez desse
tesouro, desse
bem formoso que
é a Doutrina
Espírita.
O Consolador:
Como você vê o
Movimento
Espírita
Brasileiro? Ele
avança como
deveria ou está
aquém das
expectativas? E
mais:
considerando os
problemas que a
sociedade
terrena está
enfrentando,
qual deve ser a
prioridade
máxima dos que
dirigem o
movimento
espírita, aqui e
no exterior?
O nosso
Movimento
Espírita
brasileiro tem
crescido na
proporção das
capacidades das
suas lideranças.
Quanto mais
lúcidas,
conhecedoras,
dinâmicas e
antenadas com o
futuro, melhor
se apresenta,
aqui e ali, o
nosso Movimento
brasileiro.
Diante dos
graves problemas
experimentados
pela sociedade
de todo o mundo,
na atualidade, a
prioridade maior
de todos os
espíritas,
particularmente
dos dirigentes
do Movimento
Espírita de
todos os
lugares, deveria
ser o
compromisso de
adquirir o
indispensável
conhecimento dos
seus princípios
e ter a coragem
de pautar-se por
eles no
dia-a-dia das
pelejas
humanas.