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Jóias da poesia contemporânea
Ano 2 - N° 92 - 1º de Fevereiro de 2009
 


Perto e longe


João Marques Renato da Cunha

 

Na câmara olorosa, antes do réveillon,

Há sedas no alvo leito e holandas de bordados,

Fitas e rendas sobre os móveis entalhados,

Loções no toucador, pentes, rouge e baton...

 

Na mesma casa, em quarto pobre e de mau tom,

Ante um catre modesto há roupas sem plissados,

Forros sem bibelots, limpos e descuidados,

Um livro de orações e a paz de um ninho bom...

 

Duas irmãs no mundo, em diversos destinos...

Uma, a sofrer, fruindo ilusões passageiras;

Outra, a penar, gemendo entre sonhos mofinos...

 

Cada qual conduzindo um dever e uma cruz,

Caminham, perto e longe, embora companheiras,

Buscando o mesmo amor... sonhando a mesma luz...

 

 

Renato da Cunha, poeta gaúcho, nasceu em Porto Alegre em 15/4/1869 e faleceu em 2 de maio de 1901. O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

 


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