CRISTIAN MACEDO
cristianmacedo@potencial.net
Porto Alegre,
Rio Grande do
Sul (Brasil)
A Escala
Espírita
Allan Kardec
chamou de Escala
Espírita a
classificação
dos Espíritos.
Com ela podemos
saber qual o
nível dos
Espíritos que
entram em
contato conosco,
'bem como saber
onde nos
encaixamos nela
e quanto nos
falta para
atingir a
perfeição.
A Escala
Espírita seguiu
esta ordem de
publicação:
1º O Livro
dos Espíritos,
1ª edição,
1857.
2º Revista
Espírita,
Fevereiro de
1858,
3º Instrução
Prática das
Manifestações
Espíritas
(1858),
4º O Livro
dos Espíritos,
2ª edição
(1860).
Os rudimentos
desta
classificação
aparecem em
1857, na
primeira edição
de O Livro
dos Espíritos.
Do item 55 ao
57, os Espíritos
apresentam a
Allan Kardec
três ordens de
Espíritos:
1ª Espíritos
puros;
2ª Espíritos
bons;
3ª Espíritos
imperfeitos.
Comentando as
respostas dos
Espíritos, Allan
Kardec inicia
uma
classificação da
terceira ordem,
apresentando-a
assim:
1º Os
Espíritos
neutros: Os
que não são
bastante bons
para fazer o bem
nem bastante
maus para fazer
o mal.
2º Os
Espíritos
impuros: Os
que são
inclinados ao
mal que é o
objeto de suas
preocupações.
3º Os esprits
follets (1):
“ São
levianos,
malignos,
insensatos, mais
turbulentos que
maus; metem-se
em tudo e se
comprazem em
causar pequenos
desgostos e
risotas, ou de
induzir
maliciosamente
em erro para
mistificações.
Podem ser
designados
também pelos
termos
lunáticos,
tentadores".
Em fevereiro de
1858 a Escala
Espírita é
publicada pela
primeira vez com
esse título.
Nessa
oportunidade
Allan Kardec
deixa claro
alguns pontos da
elaboração da
Escala (2):
1º - O que
demarca as
diferenças dos
Espíritos:
"Não pertencem
eternamente à
mesma ordem e
que, em
consequência,
essas ordens não
constituem
espécies
distintas: são
graus do
desenvolvimento";
"A classificação
dos Espíritos é
baseada em seu
grau de
progresso, nas
qualidades
adquiridas e nas
imperfeições de
que devem
despojar-se".
2º - Sobre as
fronteiras entre
uma classe e
outra:
"Cada categoria
só apresenta um
caráter marcante
no seu conjunto;
mas de um a
outro grau a
transição é
insensível e nos
limites a nuança
se apaga, como
nos ramos da
Natureza, nas
cores do
arco-íris ou nos
vários períodos
da vida humana.
Pode-se pois
formar um maior
ou menor número
de classes,
conforme o ponto
de vista sob o
qual se
considerar o
assunto".
3º - Sobre a
participação dos
Espíritos e de
Allan Kardec na
confecção da
Escala:
"Para eles o
pensamento é
tudo: deixam-nos
a forma e a
escolha das
expressões, as
classificações ―
numa palavra, os
sistemas";
"É que eles [os
sábios
botânicos] não
inventaram as
plantas nem seus
caracteres;
observaram as
analogias e,
segundo estas,
formaram grupos
ou classes.
Assim também
nós: nem
inventamos os
Espíritos nem
seus caracteres;
vimos e
observamos.
Julgamo-los
por suas
palavras e atos,
depois os
classificamos
por suas
similitudes.
Eis o que
qualquer um, em
nosso caso,
teria feito";
" (...) não
podemos
reivindicar a
autoria de todo
o trabalho. Se o
quadro que damos
a seguir não foi
traçado
textualmente
pelos Espíritos
e se é nossa
a iniciativa,
todos os
elementos que o
compõem foram
hauridos em seus
ensinamentos:
o que nos
restava era
apenas formular
uma disposição
material".
Aqui, Allan
Kardec retoma o
que os Espíritos
lhe apresentaram
em 1857:
"Os Espíritos
geralmente
admitem três
categorias
principais ou
grandes
divisões. Na
última, na base
da escala, estão
os Espíritos
imperfeitos, que
devem ainda
percorrer todas
ou quase todas
as etapas; são
caracterizados
pela
predominância da
matéria sobre o
Espírito e pela
inclinação para
o mal. Os da
segunda são
caracterizados
pela
predominância do
Espírito sobre a
matéria e pelo
desejo do bem:
são os bons
Espíritos. A
primeira,
enfim,
compreende os
Espíritos puros,
os que atingiram
o grau supremo
de perfeição".
E esclarece
sobre sua
participação:
"Esta divisão
nos parece
perfeitamente
racional e
apresenta
caracteres bem
definidos. Só
nos restava
destacar, em
número
suficiente de
divisões, as
nuanças
principais do
conjunto;
foi o que
fizemos com o
concurso dos
Espíritos,
cujas benévolas
instruções
jamais nos
faltaram".
Ainda em 1858,
no primeiro
semestre, é
publicado o
livro
Instrução
Prática das
Manifestações
Espíritas.
No primeiro
capítulo do
Instrução, Allan
Kardec afirma
que a
diferenciação
das ordens dos
Espíritos é um
dos mais
importantes
princípios da
Doutrina
Espírita.
Não houve mais
alterações na
Escala até
1860.
Com a publicação
da segunda
edição de O
Livro dos
Espíritos,
Allan Kardec
traz uma nova
classe de
Espíritos à
Escala. Se
anteriormente
ela continha 9
classes, agora
são 10.
Na realidade,
não surge uma
classe do
"nada". A classe
dos "Espíritos
batedores" já
estava contida
na oitava
classe, a dos
Espíritos
Levianos.
Para finalizar,
eis um esquema
apresentando as
transformações
da Escala:
1857:
1ª
ordem
Espíritos
puros
|
|
2ª
ordem
Espíritos
bons |
|
3ª
ordem
Espíritos
imperfeitos |
Espíritos
neutros
Espíritos
impuros
Esprits
follets
|
1858:
1ª
ordem
Espíritos
puros
|
Classe
única |
2ª
ordem
Espíritos
bons
|
2ª
classe
ESPÍRITOS
SUPERIORES
3ª
classe
ESPÍRITOS
SÁBIOS
4ª
classe
ESPÍRITOS
CULTOS
5ª
classe
ESPÍRITOS
BENEVOLENTES
|
3ª
ordem
Espíritos
imperfeitos |
6ª
classe
ESPÍRITOS
NEUTROS
7ª
classe
ESPÍRITOS
PSEUDO-SÁBIOS
8ª
classe
ESPÍRITOS
LEVIANOS
9ª
classe
ESPÍRITOS
IMPUROS
|
1860:
1ª
ordem
Espíritos
puros
|
Classe
única |
2ª
ordem
Espíritos
bons
|
2ª
classe
ESPÍRITOS
SUPERIORES
3ª
classe
ESPÍRITOS
SÁBIOS
4ª
classe
ESPÍRITOS
CULTOS
5ª
classe
ESPÍRITOS
BENEVOLENTES
|
3ª
ordem
Espíritos
imperfeitos |
6ª
classe
ESPÍRITOS
BATEDORES
7ª
classe
ESPÍRITOS
NEUTROS
8ª
classe
ESPÍRITOS
PSEUDO-SÁBIOS
9ª
classe
ESPÍRITOS
LEVIANOS
10ª
classe
IMPUROS
|
Referências:
(1) Segundo o
dicionário:
follet: maluco,
tonto; travesso;
esprit follet,
duende. Em 1858,
Kardec muda o
nome dessa
classe para
Esprits légers,
Espíritos
levianos.
(2) Os grifos
são nossos.
Nota do Autor:
Este trabalho
foi realizado
pelo Grupo de
Estudos da
Filosofia
Espírita -
filosofiaespirita@gmail.com